Muralhas da Praça de Almeida / Castelo e Fortaleza de Almeida
| IPA.00001382 |
Portugal, Guarda, Almeida, Almeida |
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Arquitetura militar, seiscentista e setecentista. Fortaleza terrestre de traçado abaluartado, da responsabilidade do engenheiro Pedro Gilles de Saint-Paul, segundo o método de António de Ville, representando uma das últimas tendências da arquitetura militar francesa. Tem planta hexagonal irregular, composta por seis baluartes poligonais, irregulares e desiguais entre si, interligados por cortinas, reforçadas por seis revelins, sendo circundada, em todo o seu perímetro, por fosso, estrada coberta e esplanada. Apresenta paramentos em talude, com a escarpa exterior em cantaria, coroados por cordão e parapeito liso ou de merlões e canhoneiras nos baluartes, tendo no ângulo flanqueado dos revelins e baluartes, no ângulo de espalda e sobre as portas guaritas cilíndricas, cobertas por domo, e sendo circundados em grande parte por berma. Os baluartes, acedidos por rampas, possuem obras a cavaleiro no ângulo de flanco, em alvenaria, com plataformas para lançamento de morteiros, alguns têm plataformas de tiro a barbete no ângulo flanqueado, adaptadas ao seu perfil, revestidas a alvenaria e precedidas de rampas, e / ou traveses. Quatro integram sob o terrapleno o paiol da respetiva bateria (baluartes de São Francisco, São Pedro, Santo António e Santa Bárbara), um integra amplas casamatas (o de São João de Deus) e um outro tem sobre o terrapleno o Trem de Artilharia (baluarte de Nossa Senhora das Brotas). As cortinas são rasgadas por duas portas, em arco de volta perfeita entre duplas colunas ou pilastras, suportando frontão, da ordem toscana ou dórica, respetivamente, ladeadas ou flanqueadas por compartimentos abobadados e com trânsito em curva, seccionado e fechado por portas nos extremos e rastrilhos intermédios. Têm as faces internas apenas com um arco simples e a cobertura em cantaria acedida por largas escadas. Subsistem duas poternas de verga reta. Os revelins, têm paramentos virados à praça rematados superiormente em crista e predominantemente acedidos por rampas, apresentando diferentes tamanhos e tipologias, existindo quatro apenas com faces (revelim da Cruz, dos Amores, do Paiol e da Tasqueira ou da Brecha), um com faces e flancos, anda que pequenos (revelim de Santo António) e um doble, com fosso intermédio. As portas dos revelins têm características semelhantes, mas mais simples e os trânsitos são retos. Num deles, conforme atestado pelo nome, ergue-se sobre o terrapleno paiol. O caminho coberto, acedido por rampas, possui travesses, praças de armas re-entrantes e salientes nos vértices, e, encostada à esplanada, uma banqueta de tiro corrida que era protegida por uma estacada de madeira. Ampla fortaleza constituindo simultaneamente praça de guerra, considerada a principal fortificação beirã a partir do séc. 17. Teve a sua construção iniciada logo em 1641 e prolongada até finais do séc. 18, marcada por ciclos de aceleração, abrandamento ou interrupção de obras, devido a ataques inimigos e dificuldades de financiamento, bem como por alterações às próprias técnicas de fortificação. Foi projetada com sete balauartes, possivelmente ainda implantados no terreno, mas passados dois anos abandona-se o projeto inicial e procede-se a alterações no traçado, sobretudo nos lados E. e O. onde se reforçaram as obras exteriores. Interiormente, o parapeito de todo o polígono principal possuía adarve, elemento invulgar nas fortificações abaluartadas portuquesas, contudo, com o alargamento de alguns baluartes após as invações francesas, o perfil do reparo foi retificado,eliminando-se o adarve. O reparo exterior apresenta algumas diferenças de aparelho devido às destruições causadas nos conflitos e posterior reconstrução, como é notório, por exemplo, a diferença entre o troço da escarpa do séc. 17 e a ampliação do séc. 19 no baluarte de Santo António, ou no baluarte de São Pedro. Relativamente às suas dimensões e apesar de ter tido quatro poternas, apresenta um reduzido número de portas (apenas duas), construídas sensivelmente no mesmo período, mas possuindo características diferentes, apontando para autoria distinta. O portal da porta magistral da Cruz, de ordem toscana, com aparelho almofadado e perfurado, é o mais exuberante e monumental, sendo semelhante ao que surge representado na gravura do frontispício do Tratado Les Fortifications, de Antoine de Ville. O portal da porta magistral de Santo António, construído em granito de grão mais fino, possui afinidades com o da Igreja da Misericórdia, podendo ser atribuído ao engenheiro Jerónimo Velho de Azevedo. A análise da porta magistral da Cruz, das suas alvenarias do trânsito e face posterior indicia que a forma inicial retangular do corredor foi alterada no lado interior da praça para curva, talvez devido à destruição de que parece ter sido alvo a construção inicial. As portas de Santo António possuem um sistema defensivo mais complexo, com o trânsito flanqueado por compartimentos abobadados e apresentando as paredes um pé direito invulgarmente alto e lateralmente reforçadas por arcos sobre pilares, funcionando como contrafortes sucessivos de suporte de terreno. A sua altura permitiu a criação de um piso intermédio, em madeira, assente em pilares e vigas. As portas da fortificação possuíam vários sistemas de defesa no trânsito, nomeadamente bueiro (porta da Cruz), rastrilhos e fojos, já que Vilhena de Carvalho refere em 1818, que os "alcapõees das portas não eram levantados há anos, por estarem quebrados e podres as lanças que os susoendiam". A atual ponte da porta magistral da Cruz foi construída sobre a rampa que temporariamente substituiu a ponte dormente destruída em 1810, conforme denota o aparelho da mesma. Dos baluartes, destaca-se o de São João de Deus com um sistema complexo de casamatas, com 20 compartimentos à volta de um corredor e pátio central, o qual serviria de embasamento à obra a cavaleiro projetada para o baluarte e que nunca chegou a ser construída. Os compartimentos à volta do pátio são do projeto inicial, mas os que flanqueiam o corredor foram construídos só no final do séc. 18, quando se abandonou definitivamente a ideia de construir a obra a cavaleiro. A remoção do terrapleno sobre as casamatas do pátio, ainda que possa constituir um elemento descaracterizador, acaba por permitir ver a invulgar e complexa estrutura das suas cobertudas, em telhados de cantaria. Quer o corredor, quer alguns compartimentos foram divididos em dois níveis, por um pavimento de madeira, para maior aproveitamento do espaço à prova de bomba,sendo um deles e o trânsito iluminados por janelas então abertas. Segundo Ana Luísa Quinta, os túneis abertos nos compartimentos devem ter sido realizados de forma apressada, provavelmente durante as guerras das Invasões Francesas, e os vãos em arco nos compartimentos 9 e 12 com túneis abertos na escarpa interior do baluarte, deviam permitir o acesso a galerias de contraminas. Relativamente às obras exteriores, destaca-se a existência de um revelim duplo, o único construído na Europa, com frente virada a Espanha, sendo o interior como que um reduto inacessível, visto não possuir vestígios da antiga estrutura de acesso, fazendo pensar que seria uma estrutura amovível em madeira. Desse, passava-se para o reduto exterior por ponte levadiça. Destaca-se ainda o revelim de Santo António, de grandes dimensões de modo a cobrir uma cortina mais prolongada, e com o pavimento do trânsito inclinado, para vencer o grande desnível entre o interior da praça e o revelim. Chegou-se a pensar subdividi-lo em dois volumes por fosso, mas abandonou-se a ideia. Os compartimentos do revelim da Cruz possuem lareira de desenho mais elaborado do que o das outras portas. Da antiga fortificação tardo-medieval subsistem as primeiras fiadas dos paramentos da escarpa e contra-escarpa do castelo, construído no séc. 16 e representado por Duarte de Armas, constituindo um castelo de transição. Segundo António Pires Nunes constitui um dos poucos ou o único castelo medieval que conserva o seu fosso (NUNES, 121). |
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Número IPA Antigo: PT020902030001 |
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Registo visualizado 6921 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Conjunto arquitetónico Edifício e estrutura Militar Castelo / Fortaleza
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Descrição
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Fortificação constituída por fortaleza de planta hexagonal irregular, composta por seis baluartes poligonais, irregulares e desiguais entre si, denominados de São Francisco, de São João de Deus, Santa Bárbara, de Nossa Senhora das Brotas ou do Trem, Santo António e São Pedro, interligados por cortinas, e pelas seguintes obras exteriores: o fosso, circundando a fortificação em todo o seu perímetro, seis revelins, designados da Cruz, dos Amores, Doble, do Paiol, de Santo António e da Brecha, estrada coberta e esplanadas. Apresenta paramentos em talude, com a escarpa exterior em cantaria, coroados por cordão e parapeito liso, exceto nos baluartes que têm merlões e canhoneiras; no ângulo flanqueado dos revelins e baluartes, no ângulo de espalda e a meio da cortina entre o baluarte de São Francisco e o de São João de Deus, bem como sobre as portas, dispõem-se guaritas cilíndricas, assentes em mísulas, rasgadas por três frestas de tiro e cobertas por domo sobre friso e cornija. Os paramentos são circundados em grande parte por berma e, interiormente, por adarve. Possui duas portas, uma a SE., denominada da Cruz, e outra a NO., denominada de Santo António, e duas poternas, uma junto à face N. do baluarte de São João de Deus, junto às casamatas, e a outra na gola do baluarte de são Francisco, perto da porta de são Francisco. Existem ainda dois acessos dissimulados para o fosso, talvez mais antigos, um complementar à segunda poterna e situado na gola do baluarte de São Pedro, e uma abertura escondida no Trem de Artilharia, à qual se acede através de longa escada de ligação à galeria acasamatada respetiva. FORTALEZA: A PORTA MAGISTRAL atualmente mais usada, designada DA CRUZ, rasga-se entre o baluarte de São Pedro e o de São Francisco, e apresenta portal em arco de volta perfeita, sobre os pés direitos, encimado por escudo liso oval envolvido por concheados e panóplias militares, assente em cornija sobre falsas mísulas relevadas; é ladeado por quatro colunas toscanas, sobre plintos comuns, com largos intercolúnios, sustentando frontão semicircular interrompido por guarita, tendo a cornija do frontão inferiormente quatro mísulas laterais; os plintos, fuste das colunas e o tímpano apresentam aparelho picotado. O portal insere-se em pano de muro trapezoidal, percorrido no terço inferior por cordão, assente em alambor. Possui trânsito em cotovelo coberto por abóbada de berço rasgada por um bueiro, acessível pela cobertura, existindo na base da parede, no seu enfiamento uma pia em cantaria, embebida. À esquerda desenvolve-se a casa da guarda, de planta retangular irregular, acessível por porta de verga reta e interiormente seccionada em três compartimentos, cobertos por abóbada de berço; o maior tem lareira central, assente em quatro pilares, é rasgado por três frestas de tiro de diferentes orientações para o trânsito e é iluminado por uma janela virada à praça e uma fresta quadrangular virada ao fosso; no extremo direito possui dois compartimentos, confrontantes, iluminados por janelas viradas à praça, o mais pequeno individualizado. Na face interna da porta, o trânsito é acessível por portal em arco de volta perfeita sobre os pés direitos, e as janelas da casa da guarda são molduradas e gradeadas. A porta tem cobertura exterior em lajes de cantaria, de perfil abatido, acessível por larga escada através do caminho coberto e, a NE., por uma mais pequena. O BALUARTE DE SÃO FRANCISCO apresenta os paramentos incompletos e a cota inferior ao reparo, com parapeito sobrelevado aos mesmos, com dezoito canhoneiras, de baterias lajeadas e com corredor no ângulo de espalda para a guarita e de ligação ao adarve. No ângulo de flanco esquerdo dispõe-se obra a cavaleiro, de perfil curvo a N., em alvenaria de pedra capeada a cantaria, com plataforma lajeada para tiros, acedida por rampa. No terrapleno dispõem-se ainda três traveses. Paralelo ao flanco do baluarte desenvolve-se escada de cantaria, flanqueada por muro para o paiol subterrâneo, de planta retangular, composto por dois compartimentos abobadados, acedidos por portal de verga abatida. O BALUARTE DE SÃO JOÃO DE DEUS apresenta o parapeito com vinte e oito canhoneiras, de baterias lajeadas, plataforma para tiros a barbete no ângulo flanqueado, precedida de rampa, e, no ângulo de flanco direito, praça alta com plataforma quadrangular para lançamento de morteiros. Na zona central o terrapleno foi removido, deixando à vista a cobertura das casamatas, construídas à prova de bomba e cobertas por múltiplos telhados de cápeas de cantaria. Têm acesso por pátio retangular irregular, rebaixado cerca de 2m relativamente ao nível da praça, pavimentado a lajes de cantaria e a alvenaria de pedra, acedido por rampa. As casamatas têm fachada terminada em cornija reta e são rasgadas por portal de verga reta, de aduelas em cunha sobre os pés direitos, e janela jacente gradeada e, superiormente, por duas janelas de peitoril, de diferentes tamanhos. Ladeia o portal poço e bebedouro, inicialmente alimentado pelo tanque existente sobre o primeiro compartimento disposto à esquerda do corredor. No interior possui vinte compartimentos de planta retangular ou quadrangular, organizados à volta de um corredor e pátio retangular central, descoberto, os cinco dispostos nos ângulos do baluarte não comunicando diretamente com o pátio. Na sequência do baluarte de São João de Deus, junto a uma zona convexa da escarpa interior, rasga-se num plano rebaixado uma POTERNA, de verga reta, com aduelas em cunha sobre os pés direitos, encimado por inscrição. Interior da galeria coberta por abóbada de berço, com dois vãos laterais confrontantes, de verga reta, de acesso aos compartimentos acasamatados, um deles tendo funcionado como paiol. Segue-se-lhe amplo vão retilíneo moderno, a denominada PORTA NOVA. O BALUARTE DE SANTA BÁRBARA em vinte e três canhoneiras com plataforma para tiros a barbete no ângulo flanqueado, precedida de rampa. Paralelamente ao flanco direito, desenvolve-se praça alta retangular, em alvenaria de pedra, com plataforma lajeada em U invertido, acedida por rampa também lajeada, e, à direita, praça baixa quadrangular irregular, com os ângulos direitos facetados, em cantaria, com plataforma quadrangular lajeada. O terrapleno não possui traveses. O BALUARTE DE NOSSA SENHORA DAS BROTAS OU DO TREM apresenta os paramentos da escarpa exterior do flanco direito destruídos superiormente, dispondo-se o terrapleno e parapeito em plano superior. Tem treze canhoneiras com baterias lajeadas e grande parte do seu terrapleno foi desbastado para construção do trem de artilharia. Entre este baluarte e o de Santo António, rasga-se a meio da cortina, com alambor e perfil em empena, a PORTA MAGISTRAL DE SANTO ANTÓNIO, com arco de volta perfeita sobre os pés direitos, encimado por brasão muito delido e ladeado por duplas pilastras sustentando entablamento dórico, de friso decorado por triglifos e métopas com elementos espiralados e flores, sustentando frontão triangular interrompido por guarita. O trânsito desenvolve-se com pavimento rampeado, pé direito elevado com uma primeira secção curva e uma direita mais comprida, definidas por arcos de volta perfeita que eram fechados por portas e um rastrilho. Entre a porta exterior e o rastrilho existe uma latrina à esquerda. Apresenta cobertura em abóbada de berço e as paredes laterais com nichos em arco de volta perfeita, doze do lado esquerdo e sete do direito, com espaçamento e dimensões mais ou menos regulares, para distribuição das cargas e estabilização da estrutura. No trânsito foi construído um piso intermédio de madeira, de que subsiste a escada de cantaria, com guarda plena do mesmo material, que lhe dava acesso na parede lateral direita, quatro pilares ao longo dessa parede que serviam de apoio à estrutura do pavimento elevado, e, de ambos os lados, os orifícios regulares onde encaixavam as vigas. Esse pavimento superior era iluminado pela janela retangular, moldurada e gradeada, rasgada sobre a porta interior do trânsito. Lateralmente, desenvolve-se de cada lado um compartimento, de planta retangular, avançando relativamente ao trânsito, formando um U na face interna da porta. Os compartimentos têm acesso por porta de verga reta moldurada, a da direita encimada por pequeno nicho em arco. Junto ao compartimento da direita existe escada de pedra de acesso à cobertura lajeada, de duas águas, e terrapleno. O BALUARTE DE SANTO ANTÓNIO possui os paramentos da escarpa exterior terminados num plano inferior ao terrapleno e parapeito, que tem treze canhoneiras com baterias lajeadas. No terrapleno dispõem-se três traveses em L e, no ângulo de flanco esquerdo, obra a cavaleiro, em cantaria, com plataforma acedida por rampa, sob a qual existe porta de verga reta de acesso a paiol. O BALUARTE DE SÃO PEDRO, com os paramentos da escarpa exterior terminados num plano inferior ao terrapleno e parapeito, tem dez canhoneiras com baterias lajeadas e dois traveses dispostos perpendicularmente ao ângulo flanqueado. Sob o terrapleno possui paiol subterrâneo, de planta retangular composta por dois compartimentos, abobadados, acedido por porta de verga reta sobre os pés direitos, rasgada na escarpa interior da gola. Sob a rampa de acesso ao baluarte existe ainda vão em arco de volta perfeita sobre os pés direitos e chave relevada, parcialmente entaipado, de comunicação com o fosso. OBRAS EXTERIORES: a fortaleza é circundada por FOSSO, com pavimento em terra, exceto junto ao revelim doble, onde passa estrada de ligação ao interior pela denominada porta nova. À frente de cada uma das cortinas dispõem-se revelins, de tamanhos e tipologia distinta. Em frente da porta magistral da Cruz, dispõe-se o REVELIM DA CRUZ OU DE SÃO FRANCISCO, estruturado por duas faces, com trânsito retangular e casa da guarda desenvolvida à direita, avançando para além do corpo do trânsito, ambos construídos à prova de bomba, e com cobertura em abóbada de berço. Tem portal em arco de volta perfeita, de aduelas largas, ladeado por pilastras toscanas sustentando entablamento encimado por espaldar recortado, decorado por brasão oval liso envolvido por volutas, entre duas almofadas retangulares relevadas, ladeado por dois plintos paralelepipédicos coroados por pontas de diamante; atrás do espaldar, ergue-se guarita. A casa da guarda, retangular, é composta por dois compartimentos, o maior de eixo longitudinal, acedido por porta de verga reta rasgada no extremo do trânsito, e iluminado por duas frestas viradas à esplanada, gradeadas. No topo possui porta de ligação ao compartimento mais pequeno, o aposento do oficial, iluminado por duas janelas molduradas e gradeadas, uma virada a NO. e outra a NE.; cada um dos compartimentos possui lareira. No ângulo flanqueado existe uma plataforma para tiros de barbete. O REVELIM DOS AMORES, mais pequeno que os outros e sem acesso atual ao terrapleno e à guarita, é composto por faces, com os paramentos virados à praça formando ângulo e lateralmente rematados em crista. Entre o baluarte de São João de Deus e o de Santa Bárbara, ergue-se o REVELIM DOBLE composto por dois volumes separados por fosso, com escarpa exterior em talude, ângulos exteriores facetados e os interiores formando crista recortada. O revelim interior tem atualmente uma escada de ferro disposta no ângulo interior para aceder ao terrapleno e à guarita. Ao interior, composto por uma galeria à prova de bomba, coberta por abóbada de berço, e com paiol próprio, acede-se por portal de verga reta sobre os pés direitos, com porta envidraçada, ladeado de escadas. Deste, passa-se para o revelim e reduto exterior por ponte em ferro, com guarda do mesmo material, através de portal de verga reta sobre os pés direitos. Entre o baluarte de Santa Bárbara e o do Trem implanta-se o REVELIM DE SANTA BÁRBARA OU DO PAIOL, composto apenas por faces, com guarita no ângulo flanqueado e tendo os paramentos virados à praça em crista recortada, formando ângulo, com rampa e escadas de dois lanços opostos de acesso ao terrapleno. Este é atualmente delimitado por estacas de madeira e arame. Nele ergue-se paiol de planta retangular e cobertura em telhado de duas águas, rematadas em beirada simples. As fachadas, em alvenaria de pedra aparente, são rasgadas a NE. e a SO. por porta de verga reta e a SE. por vão quadrangular. Interiormente possui sistema de ventilação com condutas em cotovelo. Nas imediações, ergue-se um outro edifício mais pequeno, também retangular e com coberturas em telhados de duas águas; as fachadas, são igualmente em alvenaria de pedra, rasgadas a SE. por janela quadrangular e a SO. por porta de verga reta. Em frente da porta magistral de Santo António ergue-se o REVELIM DE SANTO ANTÓNIO, de grandes dimensões e composto por faces e pequenos flancos, com paramentos da gola terminados em crista. Na face direita, inserido em falso alfiz delimitado por largas pilastras e terminado em cornija reta, abre-se portal em arco de volta perfeita encimado por brasão entre enrolamentos, e ladeado por orifícios de acionamento da antiga ponte levadiça; sobre o alfiz surge guarita. No seu enfiamento, desenvolve-se o trânsito retangular, coberto por abóbada de berço, e seccionado em três setores desiguais, por arcos de volta perfeita sobre os pés direitos, que tinham portas nos extremos e um rastrilho intermédio. É flanqueado por dois compartimentos de planta retangular irregular, mais largos na zona virada à praça, rasgados por quatro frestas de tiro orientadas para a ponte dormente sobre o fosso e por outras oito frestas nos dois primeiros setores do trânsito; são acedidos por porta de verga reta no terceiro setor do trânsito. No interior, o compartimento da esquerda, utilizado como prisão, possui lareira contígua à escarpa, ladeada por latrina e denota remodelação posterior com acréscimo de um piso intermédio e de pequeno compartimento quadrangular para paiol. O compartimento era iluminado por uma janela retangular, moldurada e com dupla grade, rasgada ao nível do piso térreo e do piso intermédio, o qual tinha acesso por escada, com um primeiro troço em cantaria que se conserva junto à entrada. O compartimento da direita, destinado ao corpo da guarda, é iluminado por janela retangular, virada à vila, moldurada e gradeada, e possui ao centro da zona mais larga lareira assente em quatro pilares. Adossada à face posterior da casa da guarda existe guarita quadrangular em cantaria, com cobertura piramidal. O conjunto da porta e compartimentos laterais tem cobertura de cantaria, de duas águas, acedida por extenso lanço de escadas que acede também à guarita sobre a porta; na zona das lareiras, erguem-se chaminés. Entre o baluarte de Santo António e o de São Pedro ergue-se o REVELIM DA TASQUEIRA OU DA BRECHA, apenas composto por faces, possuindo os paramentos virados à praça em crista e tendo no ângulo central rampa de acesso ao terrapleno. Para além da fortaleza e dos revelins, percorrendo todo o perímetro exterior do fosso e no alto da contara escarpa do mesmo, desenvolve-se o CAMINHO COBERTO, acedido por rampas, protegido por um reparo que servia de parapeito e possuindo nos vértices as denominadas praça de armas saliente ou re-entrante, conforme o ângulo em que se localizam. O caminho coberto apresenta ainda traveses dispostos irregularmente e, para além dele, a esplanada. |
Acessos
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EN 340 - Almeida |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto nº 14 985, DG, 1ª série, n.º 28, de 03 fevereiro 1928 / Decreto nº 28 536, DG, 1ª série, n.º 66, de 22 março 1938 / ZEP, Portaria, DG, 2ª série, n.º 97, de 24 abril 1962 |
Enquadramento
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Urbano, isolado, implantado no limite O. da região planáltica de Castela-Leão, a 7 Km da fronteira, de forma destacada, sobranceira ao vale do Rio Côa, a 763 m de altitude, dominado vasto horizonte. A fortificação moderna envolve o aglomerado urbano mais antigo, apresenta-se coberta por vegetação rasteira e não possui construções adossadas exterior ou interiormente, deixando livre a antiga estrada de armas. O revelim da Cruz é pontuado de árvores. Junto à porta magistral da Cruz, ergue-se o quartel de Infantaria do Terreiro das Freiras (v. PT020902030057) e, nas imediações, a Igreja e Hospital da Misericórdia de Almeida (v. PT020902030051). Próximo do baluarte São João de Deus ergue-se a Pousada de Nossa Senhora das Neves (v. PT020902030147) e no terrapleno do baluarte do trem o antigo Trem de Artilharia ou Picadeiro Real (v. PT020902030116). No extremo O. do núcleo urbano, com cota mais elevada, subsistem as fundações das estruturas do castelo, existindo passadiço em ferro sobre as mesmas para uma melhor visualização. Entre o baluarte de São João de Deus e a poterna denominada porta falsa existe espaço ajardinado flanqueando a estrada de armas. |
Descrição Complementar
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Sobre uma das janelas do compartimento do oficial do revelim da Cruz existe a inscrição "ANNO / DE / 1801". A fachada do baluarte de São João de Deus apresenta silhar sobre uma das janelas com a inscrição "ANNO / DE / 1797". No pátio de entrada, o poço, que funcionava simultaneamente como regulador do nível freático junto ao solo, é delimitado por amplas lajes de cantaria, com rebordo inferior, encimado por traves de madeira sustentando roldana. Ao lado corre caleira de cantaria e existe tanque bebedouro retangular que conduzia a água, por gravidade, para o corredor central das casamatas. O corredor das casamatas apresenta pavimento calcetado, inclinado e com pendente para o centro onde existe caleira onde corriam as águas até ao pátio interior, para um tanque ali existente de receção das águas fluviais. Do tanque, as águas são canalizadas para o fosso por caleira sob um dos compartimentos. À volta do pátio, as fachadas, ritmadas por gárgulas abertas, têm o corredor terminado em vão de arco de volta perfeita encimado por fresta e os compartimentos acedidos por porta de verga reta. Cada compartimento tem, no lado oposto ao acesso, um respiradouro, exceto o mais largo, e cobertura em abóbada de berço. Alguns são marcados lateralmente e no pavimento por orifícios regulares, onde se encaixavam as vigas e os prumos de madeira que sustentavam a estrutura de madeira para criação de um piso superior. O primeiro compartimento à esquerda do corredor, com grande chaminé, era iluminado pela janela esquerda da fachada do baluarte. Sobre o corredor de entrada existia também um segundo piso de madeira, iluminado pela janela sobre o portal e a fresta para o pátio; esse piso era acedido por escada com o primeiro lanço de madeira, conservando-se o segundo em cantaria, a partir do primeiro compartimento à direita do corredor. No segundo compartimento à direita do corredor, o único com pavimento num nível inferior à soleira da entrada, existe mina de água que termina num pequeno tanque e cuja captação é feita junto à escarpa interior da cortina que liga este baluarte ao de São Francisco. Na base da parede possui vão de comunicação com o quarto compartimento, para escoamento de águas superficiais. Sob as lajes do quarto compartimento à direita, e partindo de um vão na base da parede, para onde o chão se inclina, existe caleira de cantaria que conduz as águas para o tanque do pátio. O quarto e quinto compartimento têm o contra-arco da porta mais alto do que nos restantes e no topo têm duas cavidades, onde provavelmente encaixava uma estrutura de madeira. No nono compartimento existem três vãos nas paredes laterais e no décimo segundo um, todos em arco de volta perfeita, o último com escadas, dando início a galerias de contraminas abobadadas. O décimo quarto compartimento tinha porta dupla. A poterna junto ao baluarte de São João de Deus é encimada pela inscrição "ANNO / DE / 1797". Nas suas imediações abre-se a porta nova, de construção recente e reconfigurada em 2007 conforme lápide de bronze com a inscrição: "RECONFIGURAÇÃO DA IMAGEM / DA DENOMINADA PORTA NOVA / INAUGURADA EM 25 DE AGOSTO DE 2007 / SENDO PRESIDENTE / O Prof. António Baptista Ribeiro". Esta porta constitui amplo vão retilíneo interiormente revestida a lajes de granito rusticado, em dente de serra ou em ponta de diamante, intercalados com painéis de azulejos policromos. Na praça alta do baluarte de Santa Bárbara existe lápide com a seguinte inscrição: "... / ... / by the ... a Mine ../ breaco de Ciudad Rodrigo / 19 the January 1812. / O T... JOÃO BERESFORD do / Regtº Btª Nº 88 elo effeeto d'Huma / Mina que Voon na brecha de / Ciudad Rodrigo; e que ele entre / os primeiros montou e na noite / de 19 d. Janeiro 1812 / morreo na edade de 21 annos / SSEOS Marquez de campo Maior / de este modo mandou comemorar / a morte d'hum parente estimado". Na porta magistral de Santo António, o compartimento do lado direito ou disposto a S. é mais antigo e funcionou como casa do corpo da guarda; apresenta lareira contígua à parede da escarpa, com câmara de fumos assente em dois pilares, flanqueada por dois vãos estreitos, de enxalços oblíquos, virados à ponte dormente, exteriormente gradeados; junto à parede da escarpa tem ainda instalações sanitárias com três latrinas e uma pia em cantaria usada como lavabo. No lado oposto existe espaço individualizado, com paredes rebocadas, comunicando com o compartimento por porta de verga reta entre duas janelas jacentes e tendo viradas ao exterior, duas janelas gradeadas. O compartimento teve piso intermédio como denotam os orifícios laterais para encaixe das vigas e os dois de quatro pilares de granito que o sustentavam, sendo iluminado por janela virada à vila, gradeada. O acesso ao piso superior era feito por escada parcialmente de cantaria subsistente junto ao espaço individualizado. O compartimento esquerdo ou a N., mais pequeno e estreito, é amplo e iluminado por duas janelas, uma virada à vila e outra à porta, tendo no lado oposto uma latrina. Do antigo CASTELO subsistem apenas as fundações das estruturas, revelando dupla cintura de muralhas, correspondendo ao castelo propriamente dito, que tinham paramentos em talude, de cantaria, circundado em toda a extensão por fosso, com camisa e com a contra escarpa revestida a cantaria. Apresenta planta quase quadrangular, irregular, com os ângulos reforçados por torres circulares. A NO. do castelo existem ainda vestígios de outras estruturas, ainda que impercetíveis. |
Utilização Inicial
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Militar: castelo / fortaleza |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: marco histórico-cultural / Cultural e recreativa: museu / Política e administrativa: departamento municipal / Comercial e turística: posto de turismo |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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DRCCentro, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163 de 24 agosto 2009 |
Época Construção
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Séc. 13 / 14 (conjectural) / 16 / 17 / 18 / 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITETO: David Álvares (1641-1643); EMPREITEIROS: António Francisco Maio (1665); Domingos Vaz Heredes (1665); João Gonçalves (1667); Manuel Fernandes (1667). ENGENHEIROS: Agostinho de Andrade Freire (1647); Anastácio António de Souza Miranda (1790-1810); António Carlos Andreis (1762); António Velho de Azevedo (séc. 18); Casimiro José Fernandes (séc. 19); Fernão Teles Cotão (1642-1646); Francisco Gomes Chacon (1644); Francisco Gomes de Lima (1764); Francisco João Roscio (1764); Francisco Maclean (1744); Jacinto Lopes da Costa (1737-1738); Jerónimo Velho de Azevedo (séc. 18); João Alexandre de Charmont (1762); João Victoire Aliron de Sabione (1762); Joaquim Pedro Pinto de Sousa (1790); José Feliciano de Gouveia (1790); Luís de Alincourt (1762); Manuel de Azevedo Fortes (1737-1738); Matias José Dias Azedo (1790); Miguel Luís Jacob (1766); Pedro Vicente Vidal (1762); Pierre Gilles de Saint Paul (1643-1646); Pinto de Alpoim (1737-1738); Rodrigo Soares Pantoja (1644 - 1646); Vasco José Charpententier (1762). ENGENHEIRO ELECTROTÉCNICO: Domingos Cardoso (1998 / 1999). NÃO DETERMINADO: João Saldanha e Sousa (1641). PEDREIRO: Álvaro Pires (1508); Francisco de Anzinho (1508); Martim Lourenço (1508). |
Cronologia
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1039 - conquista da povoação aos mouros por Fernando Magno, de Leão e Castela; 1156 / 1190 - alternância da posse leonesa, muçulmana e portuguesa; 1190 - Reconquista portuguesa por Paio Guterres, denominado "Almeidão", alternando posteriormente na posse de leoneses e portugueses; 1217 - Almeida surge documentada pela primeira vez como vila leonesa, fazendo parte de um conjunto de povoações que protegiam a fronteira do Côa; 1296, 8 novembro - foral de D. Dinis, na sequência do qual se mandou (re)construir o castelo e talvez a cerca; 1369 - ampliação do castelo por D. Fernando; 1372 - D. Henrique II de Castela, casado com D. Isabel, filha de D. Fernando, invade Portugal; acordo entre D. Henrique e D. Fernando, sendo-lhe concedido Almeida durante três anos; 1383 - durante a crise dinástica o alcaide jura fidelidade a D. Beatriz, tomando o partido de Castela; 1386 - D. João I conquista Almeida; 1407 - vila passa a pertencer à Coroa, devido a troca de terras entre D. João I e o alcaide; 1453 - D. Afonso V doa Almeida a D. Pedro de Menezes; 1508, 9 setembro - carta de D. Manuel para Mateus Fernandes com o pedreiro Álvaro Pires examinarem as obras, dadas de empreitada a Francisco de Anzinho, mestre de obras biscaínho, por 1$550; 27 outubro - D. Manuel manda pagar ao pedreiro Martim Lourenço os dias que esteve em Almeida "a ver a obra que aí fez Francisco de Anzinho"; 1510 - foral por D. Manuel; representação de Almeida por Duarte de Armas *1; 1517 - demolição de edifícios na vila para construção de um novo castelo; lançamento na comarca de imposto de $100 por pessoa para as obras nos muros e fortaleza de Almeida; 1580 / 1640 - ruína progressiva das estruturas defensivas; 1640, depois - nomeação do 1.º governador de Armas da Beira, D. Álvaro de Abranches da Câmara, que manda erigir uma fortificação moderna "com quatro ou cinco redutos, metendo dentro dela Igreja, & castelo"; a direção das obras cabe a João Saldanha e Sousa; 1641, janeiro - já haviam começado as obras, ainda que de forma rudimentar; provavelmente a primeira fortificação era apenas um entrincheiramento; novembro - instalação do governo da província em Almeida, que se transforma em praça de guerra; 1641 / 1643 - o arquiteto David Álvares superintende as obras, "administrando os oficiais, pedreiros e mais trabalhadores e assistindo pessoalmente no trabalho das ditas fortificações" (ALVES, p. 64); não recebendo soldo, pede a isenção da décima, o que lhe foi concedido; 1642 - Fernão Teles de Menezes decide mandar "intrincheirar de pedra, & barro" a fortificação; D. João IV ordena ao engenheiro-mor do reino Carlos Lassart para "desenhar e reconhecer as fortificações de Entre Douro e Minho e Beira"; 1642 / 1646 - trabalha nas obras Fernão Teles Cotão; 1643, 28 fevereiro - despacho real ordena a Carlos Lassart que, à medida que fosse projetando as fortificações, deixe um oficial para orientar as obras; o engenheiro francês Pierre Gilles de Saint Paul presta serviço na Beira, possivelmente dirigindo os trabalhos em Almeida; 1644 - a fortaleza tinha a "cerca descortinada"; 9 julho - rei ordena que sepague ao engenheiro Pierre Gilles os dez meses de vencimento em atraso; segundo João Salgado de Araújo, encontrava-se em execução a "fortificação real", "em que se vay obrando, està johe inexpugnauel, & o ficara muito mais feito sete reductos que sua Magestade manda"; trabalhava nas obras o capitão Francisco Gomes Chacon; 1645, 26 fevereiro - o governo de Armas da Beira é confiado a D. Fernando de Mascarenhas, conde de Serém, que manda reduzir o perímetro da praça; espanhóis tentam atacar a vila, sem sucesso; 1646 - substituição de Pierre Girles na direção da obra pelo tenente-general Rodrigo Soares Pantoja; o governador da província manda ativar os trabalhos, reduzindo as dimensões do recinto inicialmente projetado; 1647 - trabalha nas obras o sargento-mor Agostinho de Andrade Freire; 1657 - D. Rodrigo de Castro, governador do Partido de Almeida, incrementa obras da fortificação, fazendo ou mandando fazer grandes modificações no seu traçado e perfil; séc. 17 - adaptação do castelo que passa a servir de armazém de pólvora; 1661 - data inscrita na abóbada do trânsito da porta magistral de Santa Cruz; segundo o conde de Mesquitela, a praça ainda não estava toda cercada, sendo possível entrar na vila por vários sítios, e não tinha fosso; 1663, 2 julho - importante confronto com os espanhóis, que são derrotados; referência a uma porta "que chamavam do Barro", possivelmente a porta da Cruz; 11 setembro - divisão da província da Beira em duas regiões, devido à grande fronteira; a região de Almeida fica com Pedro Jacques e Magalhães, mestre de campo general da província que se estabeleceu na vila; 1664 - planta espanhola retrata o reparo abaluartado com cinco baluartes mas, que parece não cercar completamente Almeida; 1665 - adjudicação da obra aos empreiteiros António Francisco Maio e Domingos Vaz Heredes; 1667 - trespasse da obra a João Gonçalves e a Manuel Fernandes; 1668, 13 fevereiro - assinatura de tratado de paz entre Portugal e Espanha; 1674 - data inscrita na parede lateral esquerda, junto à face exterior da porta magistral de Santo António, talvez assinalando o início da sua construção; 1676 - data inscrita na abóbada da porta magistral de Santo António e no trânsito da porta do revelim da Cruz; 1680 -demolição da Capela da Vera Cruz "para no lugar dela passarem as muralhas"; 1695 - explosão no castelo causa morte de cerca de 40 pessoas e grandes danos nas casas e fortificação; na sequência altera-se a configuração do castelo; data inscrita no trânsito da porta magistral de Santo António; séc. 18, início - ali trabalha Jerónimo Velho de Azevedo, auxiliado pelo filho António Velho de Azevedo; 1702 / 1714 - durante a guerra da sucessão de Espanha, Almeida serve como local de aquartelamento de tropas e base das operações da Beira; 1704, maio - invasão de Portugal por tropas espanholas; 1715, fevereiro - assinatura do tratado de paz entre Portugal e Espanha; 1728 - conclusão da abóbada do troço curvo do trânsito da porta magistral da Cruz; 1736 - explosão num armazém do baluarte de São Pedro; representação do revelim doble no plano da fortaleza; 1736, depois - alargamento do 2.º compartimento da porta do revelim das portas de Santo António; 1737 / 1738 - dirige as obras o Eng. Mor do reino Manuel de Azevedo Fortes, assistido pelos engenheiros Pinto de Alpoim e Jacinto Lopes da Costa; Manuel de Azevedo Fortes propõe a construção de: cavaleiro sobre o baluarte de São João de Deus; de uma conserva à frente do revelim dos Amores; "tenalham" frente à cortina entre os baluartes de São Pedro e de Santo António; cofres para defesa do fosso frente a todas as cortinas exceto da anterior e das portas; um paiol junto ao castelo; duas casernas à prova de bomba sob o terrapleno entre os baluartes de São Francisco e de Santa Bárbara; divisão do revelim de Santo António em dois corpos separados por fosso e dotados de uma porta a seguir a este; abertura de poternas nos baluartes de São Pedro, de São Francisco e cortina entre os baluartes de São João de Deus e de Santa Bárbara; a maior parte destas obras não foi executado; ao que parece, apenas estavam concluídas as portas de São Francisco, e apesar de todos os revelins estarem iniciados só dois, possivelmente os das portas, estavam acessíveis; 1746 / 1747 - expropriações de terreno para implantação da fortaleza; 1755, 1 novembro - terramoto provoca fendas em troços da muralha e ruína nos quartéis de infantaria; 1762, março - a fortaleza já tinha a sua forma completa, embora ainda não estivessem concluídos os revelins, a esplanada e os parapeitos do reparo; 20 março a maio - orienta as obras João Alexandre de Charmont; ali trabalham também os engenheiros João Victoire Aliron de Sabione, Luís de Alincourt, Vasco José Charpententier, Pedro Vicente Vidal e António Carlos Andreis; construção de uma conserva frente ao revelim de Santa Bárbara; correção do perfil dos parapeitos do reparo, então muito baixos, eliminando-se a estrada da ronda; construção de traveses nas cortinas entre os baluartes de São João de Deus e de Santa Bárbara, e de São Pedro e de Santo António e caminho coberto; obras a cavaleiro no ângulo de flanco; substituição da pedra do parapeito da estrada coberta, por terra, e construção parcial da sua paliçada; Charmont deixa ao sucessor, António Carlos Andreis, lista de obras a executar, nomeadamente a construção de conservas nos restantes revelins, exceto os das portas e o doble; dos traveses em falta; da obra a cavaleiro sobre o baluarte de São João de Deus quando os subterrâneos estivessem concluídos; abertura das poternas, com capoeiras dirigidas para o ângulo das golas dos revelins ou uns flancos baixos; algumas obras, consideradas inconvenientes pelos engenheiros militares, foram retificadas; 18 maio - Portugal declara guerra a França e Espanha; junho - inicio da cobertura das casamatas do baluarte de São João de Deus, sugerindo Francisco Maclean que estas fossem feitas à prova de bomba; abertura de uma poterna; 15 junho - Espanha declara guerra a Portugal e concentra elevado número de tropas espanholas e francesas na fronteira beirã; agosto - já funcionava a poterna do arsenal; construção de plataformas de madeira e abertura de canhoneiras em alguns baluartes; o excessivo número de canhoneiras executadas punha em perigo a resistência do reparo, pelo que tiveram em parte de ser fechadas; 25 agosto - capitulação da praça; 3 novembro - assinatura da Paz de Fontainebleau; 1763, 10 fevereiro - tratado de Paris, pondo fim à guerra dos Sete Anos; 11 abril - devolução da praça ao domínio português, nomeando-se marechal de campo Francisco Maclean; 1764, 9 maio - o conde de Lippe examina as baterias; levantamento do estado da praça por Miguel Luís Jacob com os ajudantes Francisco João Roscio e Francisco Gomes de Lima; 1766, 30 janeiro - Francisco Maclean obtém autorização real para se proceder a mais obras, incluindo latrinas para os soldados; elaboração do "Plano Geral das Obras Adicionais Necessárias à Defesa da Cidade de Almeida" pelo coronel Almeida Jacques Funck; Miguel Luís Jacob dirige as obras; apesar da insistência, algumas nunca foram feitas; 1766, cerca - construção do paiol sob baluarte de São Pedro, substituindo o que existia sobre o terrapleno; construção do paiol no revelim de Santa Bárbara; 1773 - substituição do marechal de Campo por Fernando da Costa Ataíde Theive; 1790 - data inscrita na porta do revelim da Cruz; 9 março - "Extracto de apontamentos sobre o estado atual desta fortificação, dos Reparos e Obras novas de q. Necessita...", do engenheiro Anastácio António de Sousa Miranda, que dirigiu as obras até 1810; os trabalhos tiveram a direção ainda de Matias José Dias Azedo assistido por Joaquim Pedro Pinto de Sousa e José Feliciano de Gouveia; 1796, 21 novembro - solicita-se a construção de uma bateria onde o inimigo a tinha feito em 1762; 1797 - data inscrita sobre porta da poterna junto ao baluarte de São João de Deus e na janela do trânsito deste baluarte, assinalando a sua conclusão; séc. 18, finais - eliminação da conserva do revelim de Santa Bárbara; 1801 - data inscrita sobre janela do compartimento do oficial do revelim da Cruz; 28 fevereiro - França declara guerra a Portugal; 2 março - Espanha, sob a aliança francesa, declara guerra a Portugal; entrega da defesa da Beira ao marquês de Alorna; a praça era governada pelo marechal de campo Gustavo Adolfo Hércules de Chermont, que acelera a execução do complemento do plano apresentado em 1795 e 1796, e expressa urgência em erigir o cavaleiro sobre o baluarte São João de Deus; Espanha invade pelo Alentejo; 6 junho - tratado de paz com Espanha; 29 setembro - formalização do tratado de paz com França; 1806, dezembro - Napoleão decreta o Bloqueio Continental impondo à Europa o encerramento dos portos aos navios ingleses, a que Portugal não aderiu; Napoleão ordena a invasão de Portugal por três vezes; 1807, 20 novembro - início da 1º invasão comandada por Junot; 1808, 13 janeiro - tomada da praça sem resistência pelos franceses; agosto - saída dos franceses de Portugal; nomeado governador de Almeida o coronel Francisco Bernardo da Costa; 1809, fevereiro - início da 2ª Invasão Francesa sob o comandado de Soult, não chegando Almeida a ser cercada; 1810, 15 agosto - Massena inicia o bombardeamento contra fortificação, durante a 3ª Invasão; 26 agosto - explosão do paiol do castelo; capitulação da fortaleza; Massena deixa o governo da praça ao general Brenier; 1811, 7 abril - Wellington investe sobre Almeida; 7 maio - ordem de Massena para destruir o máximo da fortaleza, por não poder socorrê-lo; 10 maio - franceses abandonam a praça pela poterna do baluarte de São João de Deus, provocando grande destruição no reparo; Almeida foi retomada pelas tropas aliadas e recuperada de forma provisória; 1813, 7 junho - ordem ao coronel Pedro Folque para fazer o projeto das pontes dormentes; 1814 - fim da guerra com os franceses; 1815 - Beresford propõe ao ministro da guerra o desmantelamento da praça e a remoção de grande parte da artilharia; 1817, 3 março - Beresford manda parar as obras e ordena que se mine a fortificação; outubro - início da colocação de minas contra a vontade do governador; 1819 - governador ordena aterrar o recinto do castelo para o transformar em passeio ou alameda; 1824 - Almeida é considerada como "um posto forte de campanha", por apenas oferecer uma defesa momentânea; 1828 - Câmara toma o partido de D. Miguel, mas a guarnição militar mantém-se fiel a D. Pedro; junho - tropas miguelistas cercam Almeida; 16 julho - rendição da guarnição da praça; 1834, 18 abril - evacuação da guarnição miguelista de Almeida; 22 abril - assinatura do tratado da Quádrupla Aliança, entre Inglaterra, França, Espanha e Portugal, que se obrigam a auxiliar-se na defesa das instituições parlamentares liberais; 26 maio - assinatura da convenção de paz em Évora-Monte, partindo D. Miguel para o exílio; inicia-se libertação dos liberais; 1847, 29 junho - assinatura da Convenção de Gramido pondo fim à guerra civil; 1853 - marechal Duque de Saldanha, comandante em chefe do exército português, nomeia comissão para examinar a fortificação e decidir o seu futuro militar; 1854 - vistoria à praça pela comissão, que a considera uma das mais fortes do reino, talvez a mais forte, devendo ser recuperada; descriminação dos trabalhos mais necessários; 1887, 27 agosto - Almeida volta à categoria de praça de guerra de 1.ª classe; 1888, 7 janeiro - toma posse novo governo da praça; 1893, setembro - após vistoria à praça, sugere-se a sua destruição parcial, abertura de amplas passagens, para maior facilidade de acesso e retirar-lhe o "caracter de fortificação defensável"; 1894 - saída da força de artilharia; 1895, 28 junho - Comissão Superior de Guerra ordena a desclassificação da praça; séc. 20, início - restabelecimento da ligação entre o revelim e a porta magistral da Cruz; 1926, outubro - parte para Almeida um esquadrão de cavalaria com sede em Aveiro; 1927, 26 janeiro - Ministério de Guerra obriga o esquadrão de cavalaria a recolher-se novamente em Aveiro; 19 fevereiro - partida do esquadrão de cavalaria; 1980 - construção da porta nova perto do baluarte São João de Deus; inauguração do museu militar na porta do revelim da Cruz; 1992 - instalação do Posto de Informação Turística na porta magistral da Cruz; 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 1996 - instalação de núcleo expositivo dedicado ao Regimento de Infantaria n.º 23, espaço de atividades para os escuteiros e sala multiusos na casa da guarda da porta magistral de Santo António; 2002, 25 agosto - inauguração do Centro de Estudos de Arquitetura Militar no revelim de Santo António; 2007, 25 agosto - inauguração da reconfiguração da porta nova; 20 dezembro - o imóvel é afeto à Direção Regional da Cultura do Centro, pela Portaria n.º 1130/2007, DR, 2.ª série, n.º 245. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura em alvenaria ou cantaria degranito; placa de betão; portas e caixilharia de madeira; vidros simples; pavimentos em cantaria; painéis de azulejos ou de granito a revestir o intradorso da porta nova; cobertura em telhado de telha ou de pedra. |
Bibliografia
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ALMEIDA, João de, Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses, Lisboa, 1945; ALVES, Alexandre, Artistas e Artífices nas Dioceses de Lamego e Viseu, vol. I, Viseu, 2001, p. 64; Almeida - Obras nas muralhas, in A Guarda, 16 Fevereiro 2006; ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS AMIGOS DOS CASTELOS, Riba Coa, Visita de Estudo, 1990; AZEVEDO, José Correia de, Inventário Artístico Ilustrado de Portugal. Beiras, vol. IV, Lisboa, [DL 1992]; BORGES, Moutinho, Almeida: entre o Côa e os Castelos... no caminho das invasões. Aldeias históricas de Portugal, Almeida, Câmara Municipal, 1998; CAMPOS, João, Almeida: As coberturas das “casmatas”, S.l., Câmara Municipal de Almeida, 2006; IDEM, Almeida. Portas e poternas da Praça-Forte, S.l., Câmara Municipal de Almeida, 2007; CAMPOS, coord. João, Almeida: Candidatura das fortificações abaluartadas da raia luso-espanhola a património mundial, UNESCO, Almeida, Câmara Municipal, 2009; Carta do lazer das Aldeias Históricas, Roteiro de Almeida e Castelo Mendo, janeiro 2000; CARVALHO, José Vilhena de, Almeida, Subsídios para a sua História, Viseu, 1973; IDEM, O castelo de Almeida: origem, história e destruição controvérsias, Rio de Janeiro, s.n., 1994; CONCEIÇÃO, Margarida Tavares da, Da Vila Cercada à Praça de Guerra. Formação do Espaço Urbano em Almeida (séculos XVI-XVIII), Lisboa, Livros Horizonte, 2002; GIL, Júlio, As Mais Belas Vilas e Aldeias de Portugal, Lisboa, 1984; IDEM, Os Mais Belos Castelos de Portugal, Lisboa, 1986; GOMES, Rita Costa, Castelos da Raia. Beira, vol. I, Lisboa, IPPAR, 1997; GONÇALVES, Luís Jorge Rodrigues, Os castelos da Beira interior na defesa de Portugal (séc. XII - XVI), [dissertação de mestrado], Lisboa, Faculdade de Letras de Lisboa, 1995; LOPES, Paulo, Alma até Almeida, in Casas de Portugal, n.º 47, Barcarena, Fevereiro - Março 2004, pp. 12-17; MOREIRA, Rafael, Do Rigor Teórico à Urgência Prática: a Arquitectura Militar, in MOURA, Carlos, dir., História da Arte em Portugal, o Limiar do Barroco, Lisboa, 1986; Museu Militar parado, in Nova Guarda, 13 Setembro 2006; NUNES, António Lopes Pires, Dicionário de Arquitectura Militar, Casal de Cambra, Caleidoscópio, 2005; PEREIRA, Mário, dir., Castelos da Raia da Beira, Distrito da Guarda, Guarda, 1988; QUINTA, Ana Luísa, A Fortaleza de Almeida. Uma perspectiva arquitetónica, s.l., Câmara Municipal de Almeida, 2008; VITERBO, Sousa, Dicionário Histórico e Documental dos Arquitectos, Engenheiros e Construtores Portugueses, vol. 1, Lisboa, 1922. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID, DRML |
Documentação Fotográfica
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IHRU: SIPA, DGEMN/DSID, DREMC/DM |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID, DREMC/DM; DGA/TT: Corpo Cronológico, Parte I, maço 7, doc. 50; Parte II, maço 16, doc. 25 |
Intervenção Realizada
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1695 - reconstrução e redefinição de elementos devido explosão no castelo; 1738 - obras nas abóbadas das portas da Cruz e casa da guarda contígua devido à destruição durante a guerra; 1744, julho / 1765, outubro, entre - obras orientadas pelo governador da praça Francisco Maclean, procedendo-se ao tapamento e "massissadas" das cavidades abertas pelo inimigo, para colocação de minas, do flanco alto no baluarte de Santa Bárbara, no castelo, nas bermas e nas obras exteriores; reparação dos troços do reparo com brechas: na cortina da porta de Santo António, no baluarte de São Pedro e no de Santo António, onde também foram reparados os parapeitos e abertas canhoneiras; reconstrução do armazém de pólvora no baluarte de Santo António; feitura de novo de treze guaritas da praça e obras exteriores; re-edificação da porta da Cruz e da ponte levadiça; construção de uma muralha de pedra e barro frente aos quartéis de infantaria, para sustentar as terras do terrapleno, que compreende parte do baluarte de São Pedro e parte da cortina das portas da Cruz; alteração do sistema de içamento da ponte levadiça da porta magistral da Cruz; 1766, cerca - preenchimento do intervalo entre a gola do baluarte de São Francisco e o convento e construção de duas rampas de acesso ao terrapleno desse baluarte; construção do paiol, em cantaria, sob essa zona e escada de acesso; construção de rampas de acesso ao terrapleno, entre os baluartes de São Pedro e de São João de Deus, com o revestimento parcial da escarpa interior; 1773 - obras na porta do revelim de Santo António; 1776 - obras na poterna do trem; 1777 - construção de latrinas; 1787 - obras na casa da guarda da porta magistral da Cruz; 1790 / 1791 - obras na porta do revelim da Cruz; 1791 - obras na porta do revelim de Santo António e prisão da respetiva porta magistral; obras noutras portas, com assentamento de lajedo, levantamento de paredes interiores, formação de latrinas e chaminés; obras nas casamatas do baluarte de São João de Deus; 1791, cerca construção dos meios pisos nas casas da guarda das portas de Santo António e no trânsito da magistral, com abertura de novas janelas e reforma das existentes; alteração do sistema de içamento das pontes levadiças; 1793, fevereiro - início do desaterro da poterna junto ao baluarte de São João de Deus; 4 fevereiro - início do revestimento a cantaria e cobertura em abóbada do baluarte de São João de Deus; 1795 - obras nos quartéis, visto as chuvas impossibilitarem trabalhos de movimentação de terras; 1796, 9 novembro - Anastácio de Sousa e Miranda argumenta a demolição das latrinas existentes e construção de novas, em madeira, "por fora da muralha das cortinas"; suspensão das obras nos quartéis para aumentar as da fortificação; dezembro - revisão geral da fortificação com relatório das prioridades de obra; 1797 - abertura de canhoneiras em alguns flancos e faces dos baluartes; recomeço das obras na poterna junto ao baluarte de São João de deus e construção de depósitos de pólvora; terraplanagem da esplanada entre os baluartes de Santo António e de São Pedro, corte de madeiras para a estacada do caminho coberto e telhado do trem; construção de armazéns para guarda de mantimentos, de paióis nos baluartes de São Pedro e de São Francisco e um de apoio aos baluartes de Santo António e de Nossa Senhora das Brotas; feitura de uma bateria no ângulo do saliente do revelim de Santo António e revestimento a alvenaria de parte do reparo; 1801 - conclusão da casa da guarda da porta do revelim da Cruz; 1804, outubro - governador informa ter-se desentulhado parte das casasmatas do cavaleiro do baluarte de São João de Deus, deixando à consideração superior o plano, perfil e orçamento de um telheiro no mesmo cavaleiro; estava entulhada e revestida a escarpa interior da cortina entre os baluartes de são João de Deus e de Santa Bárbara; construção de armazém no castelo; 1811 - planta com indicação das partes destruídas para avaliar as reparações necessárias *2; 1812, cerca - planta de Pedro Folque com indicação das obras realizadas; 1812 - reconstrução e restauro das zonas destruídas; como alternativa à porta da Cruz usa-se uma passagem através do fosso que subia ao baluarte de são Francisco e dai para dentro da vila; agosto - conclusão da reconstrução da estacada do caminho coberto; estavam quase completos os escarpamentos dos baluartes de São Pedro e de Santo António; trabalho nos baluartes de São Francisco e de Nossa Senhora das Brotas; reconstrução do revelim da Tasqueira; setembro / outubro - engrossamento dos parapeitos das cortinas destruídas e reparação lateral da porta da Cruz; semeia-se trevo nas escarpas e "espinhosas" nas obras exteriores para sustentação das terras; novembro - construção de "Travezes de Barricas nos Flancos dos Barbetes dos Baluartes de S. Francisco e de S. Pedro"; 1813, 6 setembro - Beresford manda executar abóbada da poterna do baluarte de São Pedro, até encontrar o cano que dava saída das águas da praça para o fosso; 1815 - construção de uma rampa da porta magistral da Cruz para o fosso; 1816 - conserto de estragos causados pelo inverno e reparação dos parapeitos, canhoneiras dos flancos e das faces dos revelins e outras; 1818 - nas casamatas ainda não estão concluídas algumas casernas; 1824 - reparação da ponte dormente da porta de Santo António; 11 agosto - suspensão das obras, exceto as da ponte; 1826 - substituição da porta exterior do paiol do revelim das portas de Santo António e conserto da porta e de uma janela no paiol de Santa Bárbara; reparação do telheiro dos "quartéis velhos"; 1825 - adaptação das pontes levadiças a dormentes, projetadas pelo engenheiro Casimiro José Fernandes; 1826 - reparação do "cancelão da avançada das Portas da Cruz"; 1888 - execução das pontes da porta de Santo António; DGEMN: 1938 - elaboração de caderno de encargos preconizando uma intervenção profunda, com trabalhos de limpeza e consolidação, escavação, demolição, desmontagem e remontagem de alvenarias existentes e colocação de nova argamassa de cal hidráulica e areia, na escarpa, alicerces, parapeitos e seu capeamento, degraus, guaritas e portas; proposta de colocação de novas portas nas casamatas e galeria do revelim doble; 1939 - ordena-se a demolição de anexos encostados à porta interior de Santo António; 1941 / 1942 - demolição de paredes de alvenaria argamassada, escavações para sondagens, regularização de terrenos e desentaipamentos na esplanada de Santo António, em anexos encostados à porta interior de Santo António, picadeiro, parte N. do baluarte de São Francisco, rampas do baluarte do fosso entre os baluartes de São Francisco e de Santa Bárbara e entre os de Santo António e de São Pedro, nos muros de vedação do fosso junto ao Hospital do Sangue e aos baluartes de Nossa Senhora das Brotas e de São João de Deus, na barbacã arruinada do baluarte de São Pedro; construção em alvenaria de perpeanho, com aproveitamento da pedra existente nas esplanadas de Santo António e de São Francisco, no baluarte do fosso junto aos baluartes de São Pedro e de Santo António e na praça alta; construção em cantaria a pico grosso no exterior da porta de São Francisco, baluarte do fosso entre os baluartes de São Pedro e de Santo António, praça alta, esplanadas de Santo António e de São Francisco, parte N. do baluarte de São Francisco, baluarte de Santo António e de São Pedro, nas portas de Santo António e de São Francisco, baluarte de Santa Bárbara e cortina de ligação, baluarte de Nossa Senhora das Brotas, casamatas e baluarte de São João de Deus; construção em cantaria a pico fino em cornija nas portas de Santo António e de São Francisco; levantamento e assentamento de lajedo de cantaria apicotada nas portas de Santo António e de São Francisco, casamatas; apeamento e reposição de cantarias das paredes do cunhal interior do baluarte de São João de Deus, porta falsa junto ao baluarte de Nossa Senhora das Brotas e das abóbadas das portas de Santo António e de São Francisco, portas falsas e hospital de sangue; limpeza geral de cantarias na primeira linha de infantaria, fosso, baluartes, cortina principal, praça alta e casamatas; 1942 - reconstrução parcial do remate da porta de Santo António e sua guarita, com execução de parapeitos e limpeza da cantaria; 1943 - início das sondagens e escavações dos alicerces do castelo medieval; 1951 - conclusão da reconstrução de parte da escarpa da face direita do revelim da Cruz; 1962 - conclusão do primeiro "Plano de Restauro e Valorização da Vila de Almeida", da autoria do arquiteto Amoroso Lopes; 1962 / 1963 - consolidação e reconstrução de Cortina no revelim da Brecha; 1963 - arranjo dos pavimentos das rampas de acesso ao baluarte de São João de Deus, consolidação dos muros laterais, com refechamento das juntas e assentamento de calçada rústica; escavação e sondagem no baluarte; refechamento de juntas nos paramentos e substituição de alguns silhares; reparação, regularização e nivelamento de lajeados em várias salas abobadadas; construção de uma porta interior; desaterro das galerias desenvolvidas a partir de duas salas, consolidação e reconstrução dos seus degraus; construção da janela e portas exteriores; arranjo e beneficiação do pátio-jardim, incluindo consolidação de caleiras, tanque de água, limpeza do jardim e pavimentos térreos; instalação elétrica nas casamatas; reconstrução de cortinas em cantaria no revelim de Santo António; reconstrução das escadas sobre as portas da Cruz; escavações, sondagens e identificação de uma sala abobadada no baluarte de São Francisco e outra no baluarte de São Pedro; 1964 - estudo de melhoramento que beneficiasse o conjunto da praça militar e do núcleo urbano, por uma comissão presidida pelo engenheiro Álvaro P. A. C. Alemão Teixeira; escavações e sondagens no castelo e construção de um dreno de granito para escoamento das águas pluviais; consolidação das cortinas entre os baluartes de São João de Deus e de São Francisco e no revelim de Santo António, com refechamento de juntas; construção e assentamento de parapeitos capeados; instalação elétrica das casamatas; 1965 - escavações, sondagens e assentamento de cantaria para reconstituição dos panos de muralha do castelo medieval; limpeza de paramentos de cantaria e dos terrenos dos fossos; conclusão da reconstrução do troço da cortina com paramentos de silharia de cantaria no revelim e balaurte de Santo António; construção de duas guaritas no baluarte do Trem; 1966 - limpeza dos paramentos e parte do terreno do fosso, junto às portas de Santo António; escavações, sondagens e escoramento de trincheiras no castelo; reconstrução de duas guaritas no baluarte de Santa Bárbara; escavação e sondagem para desentaipamento das fundações, reconstituição dos arranques da muralha e reconstrução do pano da cortina com paramentos de cantaria e enchimento de alvenaria no revelim e baluarte de Santo António e junto às portas da Cruz; 1967 - limpeza de cantarias e do terreno na base da cortina, reconstrução de troço da cortina e de rampa de acesso em terra, revestimento de calçada de pedra grande e regularização dos terrenos nas proximidades das portas da Cruz; reconstrução de uma guarita no baluarte de São João de Deus; 1969 - desaterros e reconstrução de panos de muralha, demolição parcial do muro do cemitério e limpeza e arranque de vegetação no castelo; reparação da instalação elétrica das casamatas; 1970 - escavações para reconstituir a configuração do terreno exterior das muralhas do castelo e respectiva reconstrução; beneficiação e calcetamento das rampas de acesso ao fossos exteriores e reparação das paredes limitantes nos acessos à porta da Cruz; reconstrução das zonas limitantes dos fossos adjacentes; reparação de portas; 1971 - escavações e reconstrução de panos de muralha na zona do castelo; arranque de vegetação e consolidação de cantarias na porta da Cruz e baluarte de Santo António; reconstrução da porta de madeira; 1973 - proposta a reparação da ponte dormente da porta magistral de Santo António; 1974 - levantamento e reconstrução das guardas, sapata e lajes de passadeira do pontão da porta de São Francisco, demolição e reconstrução da parede limitante em alvenaria; limpeza de vegetação na zona do castelo; 1975 - demolição de um quarteirão na Rua do Marvão para desafogo das cortinas; 1977 - limpeza e consolidação de alguns panos de muralha; restauro de duas portas de carvalho; 1978 - construção de guarda em alvenaria e grade de ferro na escada e levantamento da guia central e das faixas centrais do pontão das portas de São Francisco; 1979 - reassentamento da guia central e calçada das faixas laterais do pontão das portas de Santo António; execução de túnel em betão na muralha do revelim Doble, desaterros e rebaixamentos dos arruamentos no interior da praça; levantamento do paramento da cortina; 1980 - abertura de vão na cortina junto ao baluarte São João de Deus, com 6 m de largura e 5,80 m de altura, originando fendas na mesma e forte desaprumo dos paramentos do lado esquerdo da escarpa interior; acesso intramuros e reconstrução de cortinas na proximidade do revelim Doble; colocação de caixilharias nos vãos exteriores e instalação da rede elétrica no revelim da Cruz; 1982 - rebaixamento do pavimento do túnel, consolidação da face interna da cortina, execução de capeamento nos paramentos do adarve, refechamento de juntas e limpeza de ervas e arranque de figueiras bravas, nas proximidades do revelim Doble; 1984 / 1985 - apeamento do paramento desalinhado junto ao revelim Doble, execução da fundação da cortina a reconstruir, reconstrução do paramento reutilizando a cantaria e reforço do betão ciclópico; reposição de terras removidas; recuperação da praça alta, praça baixa, plataforma para lançamento de morteiros e restantes paramentos do reparo contíguos; 1985 / 1986 - refechamento de juntas, reconstrução de diversos troços da cortina e reposição de silhares em falta na proximidade do baluarte de Santa Bárbara; 1986 - refechamento de juntas, beneficiação da cobertura nas portas de São Francisco; conservação na porta magistral da Cruz, nomeadamente na cobertura e trânsito; 1987 - levantamento de pedras da cobertura da galeria subterrânea e sua limpeza, recuperação de apoios para assentamento da cobertura, colocação de lajedo de granito para reconstrução da mesma, construção do aterro sobre esses lajedos em camadas compactadas e tratamento de cantarias, com refechamento de fendas e limpeza do baluarte de São Pedro; solicitação do encerramento ao trânsito da ponte dormente da porta magistral de Santo António; 1992 - adaptação do compartimento da porta magistral da Cruz a posto de turismo, com construção de instalções sanitárias, substituição do pavimento, colocação de novas caixilharias, instalação de infraestruturas (água, esgoto, eletricidade), impermeabilização da cobertura e parede enterrada e limpeza da cantaria interior; limpeza geral da vegetação; arranjo de uma faixa da esplanada à entrada da porta da Cruz; IPPAR: 1995 / 1996 / 1997 - recuperação do picadeiro; beneficiação das casamatas do baluarte de São João de Deus, com recuperação das coberturas, impermeabilização e drenagem pluvial; obras no revelim doble, na casa da guarda da porta do revelim da Cruz, nas construções do revelim de Santa Bárbara e na casa da guarda da porta magistral de Santo António; 1998 / 1999 - iluminação da fortificação, com projeto do Eng. Domingos Cardoso; 1999 - reparação da casamata, para evitar as infiltrações, cobrindo parcialmente a estrutura com terra; CMAlmeida: 2006 / 2007 - conclusão do arranjo da zona fronteira ao antigo Hospital do Sangue; reconfiguração da porta nova; feitura de instalações sanitárias e um palco para espectáculos; ligação entre os fossos; reforma das salas da porta de Santo António, adaptando-as a fins turísticos; desumidificação das casamatas. |
Observações
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*1- Os desenhos de Duarte de Armas representam o castelo de planta retangular irregular, composto pela torre de menagem a N., quadrangular, com dois pisos abobadados e balcões com matacães em cada uma das fachadas, uma outra quadrangular, disposta no ângulo NE., de três pisos, um cubelo circular a SE., e outro de base retangular e remate circular, em ressalto sobre pendente, a SO., interligadas por muralhas. Apresentava paramentos terminados em ameias e abertas, abrindo-se nos cubelos troneiras cruzetadas. As torres quadrangulares, cobertas por telhados, eram rasgadas por frestas e o cubelo circular por uma janela de dois lumes. A porta era protegida por barbacã da porta, retangular, com dois balcões de matacães, um virado a E. e outro a N..O interior do recinto tinha pátio com construções sobradadas a O., S. e E., duas delas com escadas exteriores de acesso, e um poço. O castelo era envolvido por uma barbacã completa, de planta trapezoidal irregular, com paramento de ameias e abertas e provido de troneiras cruzetadas, composta por quatro cubelos circulares nos vértices e um corpo retangular, tripartido, adossado a N., contendo a porta de acesso ao castelo. Na vista da banda do Sul existe legenda sobre a barbacã "esta barreira e cubelo se fez de novo". Após a explosão de 1695, o castelo terá perdido a cintura muralhada interna e a torre de menagem, tendo-se reconstruído apenas a muralha externa com os cubelos circulares nos ângulos, o fosso e os armazéns. *2 - Pela planta levantada após a saída dos franceses, em 1811, percebe-se que a face direita do baluarte de São Francisco e a face esquerda do baluarte de Santo António estavam em ruína total; a porta magistral da Cruz sofreu grandes danos, ficando destruídas as pontes dormentes; o mesmo aconteceu no flanco direito do baluarte de Santo António, nos flancos e face esquerda do baluarte de Nossa Senhora das Brotas, no flanco do revelim da Tasqueira e contra-escarpa contígua e face direita do revelim da Cruz, junto à porta; a poterna do baluarte de São Pedro ficou intransitável. |
Autor e Data
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Paula Noé 2012 |
Actualização
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