Quinta da Eira Velha
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Portugal, Vila Real, Sabrosa, União das freguesias de Provesende, Gouvães do Douro e São Cristóvão do Douro |
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Arquitectura agrícola, setecentista e oitocentista. Quinta de produção vitivinícola implantada em solos de xisto de declives de oscilações acentuadas, numa região de clima seco, apresentando diversos tipos de armação do terreno vitícola, correspondentes a diferentes épocas: vinha pré e pós-filoxérica, em patamares e vinha ao alto, com zonas de pomar, horta e mata. Núcleo construído localizado em local estratégico, elevado, dominando a propriedade e os vales do Pinhão e Douro, com edifícios em arquitectura rural vernacular articuladas por pátios e caminhos. |
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Número IPA Antigo: PT011710030021 |
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Registo visualizado 884 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Conjunto arquitetónico Edifício e estrutura Agrícola e florestal Quinta
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Descrição
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Quinta implantada em monte com declives acentuados e ondulantes e solos cascalhentos de xisto, com os caminhos bordejados por oliveiras e árvores de fruto, que a demarcam na paisagem, contribuindo para isso também os dois ciprestes que se elevam junto aos cardenhos, o ponto mais alto da propriedade. A principal cultura é a VINHA de baixo porte, plantada em fiadas de tamanho e número variável, conduzida por arames sustentados por poios (esteios) de xisto, armada em socalcos pós-filoxéricos (construídos a partir de finais do século 19), de altos muros de xisto aparelhado, ligados por escadas transversais embutidas na espessura dos muros e com sistema de escoamento de águas pluviais. Subsiste, na vertente voltada ao rio Douro (parcela denominada Quinta do Sagrado), uma área considerável de socalcos pré-filoxéricos (anteriores à segunda metade do século 19), de geios estreitos e irregulares. Há igualmente zonas de patamares sustentados por taludes de terra ( vinhas em terraços estreitos, com 1 a 2 fiadas de bardos por patamar) e de vinha ao alto (vinha plantada segundo as linhas de maior declive). Na vertente voltada ao Douro estende-se uma área de MATO rasteiro e, voltado ao vale do Pinhão, uma mata de árvores de grande porte, sendo notável a álea de eucaliptos. O JARDIM, em patamar murado, junto da casa do proprietário, desenha-se a partir de uma fonte central ovalada com taça e vegetação aquática (nenúfares). Em seu redor estão colocados canteiros de flores delimitados por guias de granito (roseiras, etc) e árvores de pequeno porte (fruteiras, japoneiras). A O. do núcleo construído situam-se o POMAR e a HORTA, murados. O NÚCLEO CONSTRUÍDO divide-se em 2 grupos resguardados do caminho público por altos muros: um voltado ao caminho público, constituído por edifícios adossados, que correspondem à casa do proprietário, casa do caseiro e oficina vinária; e outro, fechado ao caminho por alto portão, concentra as estruturas para os animais, lagar de azeite e demais estruturas de apoio. A NE. destas estruturas situa-se a garagem e as oficinas de apoio à actividade agrícola, construções de estrutura simples, destacando-se a casa do lagar de azeite, no interior da qual se conservam o pio ( de tracção animal ) e a prensa industrial fixa. Estes edifícios, adaptados ao desnível do terreno, com coberturas diferenciadas em telhados de 2, 3 e 4 águas, são articulados por pátios, escadas e caminhos. A CASA DO PROPRIETÁRIO, que inclui na sua estrutura a casa do caseiro e oficina vinária, apresenta planta rectangular, simples, de 2 pisos, com orientação S. / N. As aberturas, com janelas de guilhotina e portas de 2 batentes, distribuem-se regularmente, ressaltando no alçado S. a escada paralela à fachada de acesso ao 2º piso, que se prolonga em varanda alpendrada com grade de ferro, que corre ao longo de metade deste alçado e do virado a E., ambos voltadas ao jardim, murado, que se abre para o caminho por alto portão de ferro. Os vãos, de molduras pouco salientes, e embasamentos são decorados por frisos negros. Cobertura de 3 águas. Do interior, organizado por corredor central no piso habitacional , o 2º, destaca-se a frasqueira, situada no 1º piso. A O. Fica a CASA DO CASEIRO, aberta para o caminho através de escada alpendrada paralela à fachada, de vãos semelhantes ao da casa do proprietário, embora menos numerosos. O interior do 1º piso é ocupado pela ADEGA, de chão em terra batida, onde se alinham tonéis de madeira e cubas de cimento e aço inox. O 2º piso, destinado à habitação dos caseiros, é dividido por corredor central, destacando-se a despensa e a COZINHA, com tecto em telha vã. Ao alçado O. da casa do caseiro, encosta-se CASA DOS LAGARES, de planta rectangular, simples, adaptada ao declive do terreno, aberta a S. por porta de guincho de grandes dimensões. A fachada N. é marcada por portal central entre janelas baixas. No interior, os lagares de granito assentes sobre alto plinto, distribuem-se em U. O 2º núcleo, organizado em função de um pátio, apresenta construções térreas de apoio à actividade a agrícola, destacando-se as POCILGAS e GALINHEIROS, de estruturas idealizadas. Afastados daqueles edifícios, a O., estão os CARDENHOS para homens e mulheres, cujos corpos se justapõem. São construções de planta rectangular, simples, com espaço interior único. |
Acessos
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EN 323, fl. 128 |
Protecção
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Incluído no Alto Douro Vinhateiro - Região Demarcada do Douro (v. PT011701040033) |
Enquadramento
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Rural. Integrada na Região Demarcada do Douro, na sub-região do Cima Corgo, dominada por extensas e contínuas áreas de vinha, com quintas de dimensões médias a grandes, por motivos históricos e pelas suas características edafo-climáticas, com solos acidentados, de xisto, e clima seco. Implanta-se a meia-encosta dos vales dos rios Douro (S.) e Pinhão (E.), confinando a S. com a Quinta da Foz, propriedade da família Calém. O acesso à Quinta faz-se por caminho público murado, que atravessa e divide o núcleo construído, descendo de Gouvães até ao rio Douro, ou por uma alameda de pinheiros e eucaliptos, que conduz à estrada Pinhão - Sabrosa (EN 323). O núcleo construído situa-se em cabeço de monte sobranceiro ao Pinhão. |
Descrição Complementar
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A casa do lagar de vinho é decorada com painéis de azulejos historiados, assinados e datados, alusivos à actividade da empresa comercial da Hunt Roop, quer na pesca do bacalhau, quer na produção de vinhos do Douro. Os lagares foram construídos com tampos de silharia almofadada e de cantos curvos. Na casa do lagar de azeite conserva-se um alambique de coluna. As pocilgas e galinheiros são decoradas com azulejos de figura avulsa representando o animal ocupante. Na pocilga existem chuveiros de água quente e fria. O jardim é conhecido por "Jardim Isabelino" por ter sido construído no ano da coroação da Rainha Isabel II de Inglaterra. |
Utilização Inicial
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Agrícola e florestal: quinta |
Utilização Actual
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Agrícola e florestal: quinta |
Propriedade
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Privada: pessoa singular |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 18 / 19 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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PINTOR DE AZULEJOS: F. Gonçalves. |
Cronologia
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1512 - a Eira Velha de Baixo é arrendada, por quatro gerações, a Gonçalo Pinto, escudeiro do Arcebispo de Braga; consistia numa casa, vinha, terra de semeadura e terra pedregosa; 1582 - o 3.º arrendatário da Quinta Eira Velha de Cima, Pedro Correa, cede os seus direitos à mulher; 1622 - arrendatário da Eira Velha de Cima é Diogo Telles de Queirós, de Vila Real; 1659 - Bernardo Borges Pimentel arrendatário Eira Velha de Baixo; 1726 - Eira Velha de Cima descrita como "propriedade residencial"; 1739 - D. Anna Luiza Corrêa Pimentel recebe autorização do Arcebispo de Braga para construir a Capela de Santa Bárbara, na estrada do Pinhão; 1757 - inclusão da quinta nas Demarcações Pombalinas, sendo seu proprietário Luís da Cunha Pimentel Leite Pereira; 1766 - Rev. João Baptista Pereira, Abade de São Pedro de Vila Real, arrenda a Eira Velha de Cima; 1771 - Rev. João Baptista Pereira, Abade de São Pedro de Vila Real, arrenda a Eira Velha de Baixo; construção da actual casa e de anexos; 1835 - adquirida por João Pereira Bacelar, de Vila Real; 1844 - é adquirida pela família Borges, de Fontelas; 1893 - António José de Carvalho Borges vende a quinta a Cabel Roope; 1901 - aquisição e anexação da Quinta da Fraga de Baixo; construção da nova adega, contígua à casa; construção dos lagares; 1904 - aquisição e anexação da Quinta do Sagrado, com oliveiras novas e cepas de vinho americano; 1911 - morte de Cable Roope passando a quinta ao seu sobrinho Frederik Cable Roope; 1938 - é adquirida pela firma Hunt, Roope & Co.; data dos azulejos do lagar de vinho, da Fábrica do Cavalinho; 1949 - decoração das paredes da adega com 6 painéis de azulejos, assinados por F. Gonçalves; 1956 - adquirida por Sir Ralph Newman e Thomas Newman. |
Dados Técnicos
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Paisagem: terraceamento da área agrícola através de muros de xistos e de taludes de terra. Núcleo construído: sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Paisagem - inertes: xisto aparelhado, xisto metido a cutelo e taludes de terra; vivos: vinha; árvores de fruto, oliveiras, japoneiras, eucaliptos, vegetação arbóreo-arbustiva (cornalheira, urze, esteva, etc.). Núcleo construído: xisto aparelhado, contrafortado nas zonas de maior tensão por blocos de granito; rebocos interiores e exteriores de cal; coberturas em telha portuguesa de barro, sobre armação de asnas de madeira; caixilharias de madeira pintada; embasamentos exteriores e molduras dos vãos pintados a negro; gradeamentos de ferro; tectos em madeira de camisa e saia e pavimentos de madeira. |
Bibliografia
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BIANCHI DE AGUIAR, Fernando (Dir.), Candidatura do Alto Douro Vinhateiro a Património Mundial, Vila Real, 2000; CARVALHO, Manuel, Guia do Douro e do Vinho do Porto, Porto, 1995; LIDELL, Alex, PRICE, Janet, As Quintas do Vinho do Porto, Lisboa, 1995; MONTEIRO, Manuel, O Douro, Porto, 1911. |
Documentação Gráfica
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AHAAF; CD: Arquivo Cadastral; CEVRD: Arquivo Cadastral |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID; AHAAF; IVP: Arquivo fotográfico |
Documentação Administrativa
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AHAAF; IVP: Arquivo Cadastral; CMS: Arquivo do Registo Predial |
Intervenção Realizada
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Observações
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Autor e Data
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Natália Fauvrelle e Manuel Graça 2001 |
Actualização
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