Espaços verdes do Estádio Universitário de Lisboa

IPA.00014833
Portugal, Lisboa, Lisboa, Alvalade
 
Arquitectura desportiva, modernista. Complexo desportivo universitário, resultante de um projecto de arquitectura paisagista de estilo modernista manifestado não só na importância dada ao conforto do peão como pelas preocupações do âmbito ecológico demonstrada na seleção das espécies arbóreas empregues. Assim selecçionaram-se plantas de vegetação mais mediterrânica, segundo uma carta de exposições solares, procedimento perfeitamente de vanguarda, nos anos 50.
Número IPA Antigo: PT031106090730
 
Registo visualizado 2732 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Espaço verde  Espaço de desporto        

Descrição

Este complexo desportivo apresenta duas tipologias distintas, no tempo e na ocupação do espaço. Assim vamos encontrar a N. um conjunto de quatro campos dispostos topo a topo em grupos de dois, paralelos entre si, separados por um caminho longitudinal, e envolvidos por outros dois caminhos longitudinais, um de cada lado. A nascente dos campos situa-se um pavilhão que alberga uma PISCINA. Todo este conjunto apresenta o seu maior eixo orientado segundo a direcção NO. - SE.. A S. o complexo desportivo apresenta o seu maior eixo com uma direcção N. - S., sendo constituído por alguns núcleos desportivos que se encontram integrados numa matriz paisagística do estádio constituída por frondoso arvoredo, enquadrando um desenho fuido dos caminhos nas zonas florestadas e em redor do ESTÁDIO DE HONRA. Nas restantes zonas os caminhos são rectilíneos e ortogonais entre si. Encontramos vários tipos de pavimentos: terra batida , asfalto e calçada portuguesa. Nesta zona o Estádio de Honra ocupa uma posição central, apresentando o seu maior eixo uma direcção N. - S.. A SO. do estádio, além de um RESTAURANTE, situa-se com a mesma orientação um CAMPO DE RUGBY e ao lado deste um PAVILHÃO POLIDESPORTIVO. Frente à bancada principal do Estádio de Honra, com um eixo longitudinal perpendicular ao do estádio, situa-se o CAMPO DE LANÇAMENTO e a N. deste cinco CAMPOS DE TÉNIS, separados de outos dois, a N., por parcela de terreno de planta rectangular, arrelvada e densamente arborizada com espécies como o choupo-branco (Polulus alba) e o cipreste (Cupressus sempervirens), entre outras. A Poente destes situa-se um CAMPO DE FUTEBOL SALÃO. Frente ao topo N. do estádio situa-se uma ESCADARIA MONUMENTAL constituída por cinco lances,de escadas, pavimentada a calçada portuguêsa que conduzem ao grande eixo transversal do complexo desportivo que o corta em toda a sua largura numa posição central. A NE. do estádio encontramos um CAMPO DE FUTEBOL e a E. outro campo em cimento *1. Nesta zona S. do complexo, todas as estruturas situadas a N., E., e S. do estádio de Honra, encontram-se envolvidas por zonas densamente arborizadas com espécies, além as já referidas, como: o pinheiro manso (Pinus pinea), o carvalho (Quercus faginea), o sobreiro (Quercus suber), a azinheira (Quercus rotundifolia), a pimenteira (Schinus molle), o zambujeiro (Olea oleaster, silvestris), a Alfarrobeira (Ceratonia siliqua), o choupo negro (Populus nigra, italica), a Oliveira do paraíso (Elleagnus angustifolia), o eucalipto (Eucalyptus viminalis), o pinheiro do alepo (Pinus halepensis)e o cedro (Cupressos macrocarpa), e arbustos como o loendro (Nerium oleander), o folhado (Viburnum tinus) e o pitósporo-ondulado (Pittosporum undulatum).Os caminhos principais são alcatroados e os secundários em calçada portuguesa ou macadame. É de salientar ainda a entrada pedonal principal no recinto do complexo desportivo, localizada a SE. do estádio, constituída por várias zonas pavimentadas, apresentando algumas zonas de estadia que bancos, enquadradas por áreas ajardinadas, onde se situa um conjunto escultórico em metal representando o logotipo do estádio, sobre o qual assentam duas figuras humanas de porte atlético.

Acessos

Avenida Professor Egas Moniz, Rua Professor Gama Pinto.

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Situado numa elevação do terreno onde o Estádio de Honra ocupa o ponto mais alto. Em meio urbano de malha quase totalmente consolidada, uma vez que existe ainda uma reduzida área aparentemente expectante.

Descrição Complementar

O estádio é fechado e apresenta uma planta elipsoide. O campo é rodeado a toda a volta por pista de atletismo. Apresenta bancadas em todo o seu perímetro. A porta de acesso principal está orientada a poente, virada para a via principal do complexo desportivo, e junto a esta situa-se uma inscrição que diz" Estádio de Honra. Engenheiro Vasco Pinto de Magalhães. Inaugurado em 27 .05.1956" . Frente a esta porta estão colocádos seis mastros assentes em seis bases cónicas, apresentando cada uma aproximadamente 1m de altura. A Tribuna de Honra, sobre a entrada principal do estádio, é protegida por pala translúcida. O estádio apresentando-se enquadrado por uma série de elementos escultóricos em bronze, retratando várias modalidades da prática desportiva.

Utilização Inicial

Desportiva: parque desportivo

Utilização Actual

Desportiva: parque desportivo

Propriedade

Pública: pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: João Simões (1956). ARQUITECTOS PAISAGISTAS: António Viana Barreto (1956-1958); Ílidio Alves de Araújo (1956-1958). ENGENHEIRO: José Maria Seguro (1956). ESCULTORES: Hélder Coelho Baptista (1957-1958); Manuel Marques Borges (1957-1958); Stella de Albuquerque (1957-1958).

Cronologia

1956 - prosseguimento da execução de novas fases de construção em harmonia com o plano geral; 1956, 27 Maio - inauguração das instalações principais do Estádio Universitário com a presença do Ministro da Educação Nacional; 1956 , Novembro - o Ministério das Obras Públicas elabora o" Programa dos Estudos de Urbanização e Arborização mais urgentes no C.U.L.", onde enumera e descreve três zonas distintas *2, sendo a Primeira "Do estádio Universitário à Avenida F, limitada a sul pela Avenida A, e a norte pelos terrenos da C.M.L., ficando "A cargo do Engenheiro Seguro, a parte de movimentos de terras(já em execução),arruamentos, esgotos e águas. O Engenheiro Barreto vai apresentar até ao fim de Dezembro, o projecto de arborização desta zona, bem como a da 2ª fase de arborização das zonas do estádio Universitário e campos de treino, considerando a plantação de arvoredo de crescimento rápido; 1956, 17 Dezembro - a Comissão Administrativa dos Novos Edifícios Universitários, escreve ao Arquitecto Paisagista António Viana Barreto a comunicar que o Ministro da Obras Públicas "por despacho de 10 do corrente, aprovou o ante projecto da arborização da zona dos campos desportivos e determinou a execução do projecto definitivo...solicito todo o meu interesse para a rápida apresentação do mesmo projecto definitivo, para que possa ser aprovado, posto em praça e adjudicado num prazo curto."; 1956, 21 Dezembro - o engenheiro José Maria Seguro, o arquitecto João Simões e o engenheiro sivicultor e arquitecto paisagista António Viana Barreto respondem ao documento anterior da seguinte forma "Pelo ofício nº 3. 052 de 17 do corrente, tomámos conhecimento do despacho de S. Excelência o Ministro das Obras Públicas, aprovando o projecto definitivo do recinto de ténis, o anteprojecto do ringue de patinagem e o ante-projecto de arborização."; 1956 - conclusão das empreitadas adjudicadas no ano anterior referentes ao estádio e campos para treino; construção da vedação e entradas das instalações do Centro Universitário de Lisboa; fornecimento de móveis de madeira e de móveis metálicos para o apetrechamento do Centro Universitário de Lisboa; apetrechamento dos Campos de atletismo e desportivos do Centro Universitário de Lisboa; fornecimento de bancos para o público no centro; equipamento do posto de socorros do centro; revestimento betuminoso da zona desportiva do centro; realização de trabalhos de complemento; para a segunda fase dos campos desportivos foi adjudicada a execução das terraplanagens, no local onde virão a ser construídos o Ring de patinagem, o ténis de competição e o centro universitário (onde ficaram concentrados a administração e secções do centro, as salas de estar e de convívio, rádio universitária e cinema teatro); estudos e anteprojectos dos campos desportivos a construír na segunda fase; entrega dos mesmo à Mocidade Portuguesa; solicitou-se à Câmara Municipal de Lisboa a transferência para a Comissão Administrativa dos Novos Edifícios Universitários, dos terrenos municipais incluídos nos limites da Cidade Universitária; Maio - Inauguração solene dos campos desportivos; 1957 - elaboração e apreciação superior dos anteprojectos de um ringue de patinagem e de ténis de competição, a construir na zona dos campos desportivos; realização de vários estudos e esbocetos para as piscinas coberta e descoberta e ginásios; execução de terraplanagens dos campos de atletismo; 1957 - 1958 - continuação das obras; início do plano de realização de esculturas sobre temas desportivos, a cargo de escultores recém-formados, sendo a escultura do corredor de Stella de Albuquerque. a do jogador de futebol de Hélder Coelho Baptista e a de jogador de râguebi de Manuel Marques Borges; 1958 - construção do campo.

Dados Técnicos

O Estádio de Honra ocupa o local de cota mais alta, pelo que os vários campos foram construidos em patamares diferentes traduzindo uma adaptação à topografia do lugar.

Materiais

INERTES - calçada portuguesa, bancos, lancis, pelintos de estatuária, muretes em blocos bojardados e lagetas em pedra calcária; muro da entrada em alvenaria revestido a pedra calcária; ; candeeiros, bancos, papeleiras e pala da zona da entrada, mastros para bandeiras, elementos escultóricos e gradeamentos em metal; lages revestidas a betonilha, papeleiras em PVC; VEGETAIS - árvores - choupo-branco (Polulus alba), cipreste (Cupressus sempervirens), pinheiro manso (Pinus pinea), carvalho (Quercus faginea), sobreiro (Quercus suber), azinheira (Quercus rotundifolia), pimenteira (Schinus molle), zambujeiro (Olea oleaster, silvestris), Alfarrobeira (Ceratonia siliqua), choupo negro (Populus nigra, italica), Oliveira do paraíso (Elleagnus angustifolia), eucalipto (Eucalyptus viminalis), pinheiro do alepo (Pinus halepensis)e cedro (Cupressos macrocarpa); arbustos - o loendro (Nerium oleander), o folhado (Viburnum tinus) e o pitósporo-ondulado ( Pittosporum undulatum ).

Bibliografia

ANDRESEN, Teresa "Do Estádio Nacional ao Jardim Gulbenkian - Francisco Caldeira Cabral e a primeira geração de Arquitectos Paisagistas (1940-1970)", Lisboa, 2003; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1956, Lisboa, 1957; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos anos de 1957 e 1958, 1º e 2º Volumes, Lisboa, 1959.

Documentação Gráfica

IHRU: Arquivo Pessoal António Viana Barreto

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: Arquivo Pessoal António Viana Barreto

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: séc. 20, final - conservação e renovação do estádio.

Observações

*1 - Este campo em cimento ocupa precisamente o local destinado à construção de uma grandiosa praça, a "Praça da Maratona", frente ao edifício da reitoria, com um elemento escultórico de destaque no topo nascente; *2 - A 2ª Zona está compreendida "Da Avenida F. (inclusivé) até ao limite nascente da Praça da Universidade abrangendo a norte e a sul os talhões da Faculdades de Letras e de Direito" e a 3ª zona "Do limite nascente da Praça da Universidade ao Campo Grande abranjendo a Norte e a Sul os limites dos terrenos cujas aquisições estão em curso". Em ambas as zonas, o Arquitecto Paisagista António Viana Barreto foi o responsável pelo projecto de arborização.

Autor e Data

Filomena Bandeira 2002 / Teresa Camara 2008

Actualização

 
 
 
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