Castelo de Celorico da Beira e muralha
| IPA.00001587 |
Portugal, Guarda, Celorico da Beira, União das freguesias de Celorico (São Pedro e Santa Maria) e Vila Boa do Mondego |
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Castelo de montanha, de defesa passiva, com perímetro das muralhas de configuração irregular, adaptado à topografia e adarve descoberto. Está sobre uma possível pré - existência castreja, conservando todo o perímetro amuralhado da cidadela, com cubelos de planta quadrada e trapezoidal irregular. O recinto da cidadela integra uma torre que assume o estatuto de torre de menagem, o que pode ser questionado, e dois cubelos a O.. A torre é de planta rectangular e de três pisos, rasgada por frestas rectilíneas, sendo rematada por merlões de face rectangular; as portas principais são em arco quebrado. |
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Número IPA Antigo: PT020903160001 |
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Registo visualizado 1500 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Militar Castelo
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Descrição
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Recinto amuralhado fechado, de traçado circular irregular, correspondendo à cidadela, adaptado à topografia do terreno, assentando as muralhas em maciços rochosos, desprovidas de merlões, mas conservando o adarve e escadas de acesso e não possuindo quaisquer construções adossadas, que mantém dois cubelos nos ângulos N. e E.. Apresenta duas portas, uma voltada a S. e outra a O., sendo ambas em arco apontado e cobertas com abóbada de berço quebrado, conservando os gonzos de cantaria. Possui dois torreões adossados ao lado O. da muralha, um de planta quadrangular irregular e outro de planta trapezoidal irregular e desprovidos de merlões e vãos. A hipotética torre de menagem situa-se no ângulo NE., de planta rectangular com cobertura rebaixada a quatro águas. Fachada principal voltada a S., rasgada por porta de verga recta encimada por arco de descarga de perfil apontado; ao nível do segundo piso, surge o acesso ao interior, feito através de um lanço de escadas metálicas e encimada por fresta em arco recto. A estrutura é coroada por merlões de face rectangular. Fachada SE. com duas frestas rectilíneas e gárgula de secção semicircular, coroada por merlões de face rectangular. Fachada N. com embasamento escalonado com as arestas em bisel, rasgada por fresta rectilínea, tendo duas gárgulas de secção semicircular. É coroada por merlões de perfil rectangular. Fachada virada a NO., com fresta rectilínea e gárgula de secção semicircular, coroada por merlões semelhantes aos anteriores. IINTERIOR constituído por três pisos, com pavimentos e escadas de madeira. |
Acessos
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A sul do Largo Cinco de Outubro |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG, n.º 136 de 23 junho 1910 / Decreto nº 8 176, DG, 1ª série, n.º 110 de 03 junho 1922 |
Enquadramento
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Urbano, isolado, num cabeço fortificado, a cerca de 550 m. de altitude, sobranceiro à povoação que o envolve, rodeado por penedos graníticos e dominando vale do Rio Mondego e vasto horizonte onde se vislumbram em dias claros os Castelos de Linhares (a SO.), Guarda (SE.) e Trancoso, a N.; a S., a Serra da Estrela e a E., o Rio Côa. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Militar: castelo |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: marco histórico-cultural |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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DRCCentro, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163 de 24 agosto 2009 |
Época Construção
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Séc. 13 / 14 (conjectural) |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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Época pré-romana - é provável que, no local existisse um castro *1 (J.Almeida,M.R.Oliveira); época romana - construção da fortaleza, tese baseada em inscrição latina encontrada em 1635 e cujo paradeiro se desconhece (L.D.V.Silva, J.Almeida,M.R.Oliveira); séc. 12 - conquista aos mouros por D. Moninho Dola; concessão de foral sem data; realização de obras no castelo com a participação dos Templários (A.V.Rodrigues); 1198 - cerco dos leoneses, por Afonso IX, e socorro prestado por Linhares, cujo alcaide, D. Rodrigo Mendes, era irmão do de Linhares, D. Gonçalo Mendes; séc. 12 - realização de obras no reinado de D. Sancho II; 1217 - confirmação do foral por D. Afonso II; 1246 - cerco do Conde de Bolonha, pelo alcaide Fernão Rodrigues Pacheco ter jurado lealdade a D. Sancho II; séc. 14 - obras de reedificação no reinado de D. Dinis e de D. Fernando; séc. 16 - realização de obras; construção de um passadiço de comunicação com o chamado Poço d'El Rei; 1496 - na Inquirição, é referida a existência de 546 habitantes; 1512, 1 Julho - elevação a vila, pelo foral de D. Manuel I; 1527 - no Numeramento, é referida a existência de 1164 habitantes; 1640 - reparações no castelo; séc. 18 - J.C. Argote descreve o castelo *2; 1712 - o Padre Carvalho da Costa refere que o rei D. Manuel I, no séc. 16, doara a povoação ao seu aio, D. Diogo da Silva, 1.º Conde de Portalegre, ficando na família até à morte de D. João da Silva, Marquês de Gouveira, voltando à posse da Coroa; 1762 - assalto pelos espanhóis, danificando o castelo, sendo alcaide-mor Manuel Caetano Lopes de Lavre; 1808 - Luís Duarte Vilela da Silva refere que tinha alojamentos, como quartéis, cisternas, aquedutos, que comunicavam por um passadiço com o Poço de El-Rei; 1810 - quartel-general dos exércitos francês e luso-britânico; séc. 19 - destruição da cerca exterior das muralhas, torre de menagem(?) e parte do castelo; o recinto fortificado teria maior perímetro que actualmente, abrangendo o primeiro núcleo habitacional, propondo J. Almeida um traçado que englobava perifericamente a Torre do Relógio (v. PT020903160080) e a Igreja de Santa Maria; 1817 - corregedor da Comarca pediu licença ao Quartel-General para demolir e poder dispor de pedra do castelo, nomeadamente de um poço e de uma muralha contigua, para calçar a Praça da vila, que o Marquês de Campo Maio indifere (GOMES, Rita Costa, p. 117); 1823 - o relógio foi colocado no castelo, transitando, mais tarde, para a torre do relógio; 1835, 20 Fevereiro - a Câmara dava pedra da cidadela ou da torre velha para a execução do pavimento do mercado, arrematado por António Luís Ribeiro de Vale de Azares; 1857, 15 Abril - demolição do passadiço que ligava o castelo ao Poço d'El Rei, situado no meio da cerca; problemática relativa à Torre de menagem: divergência dos autores relativamente à sua localização - localizava-se no centro do recinto e foi demolida em meados do séc. 19 (S.Dionísio, M. R. Oliveira, J. Almeida, A. V. Rodrigues); 1853 - Alexandre Herculano referia que da Torre de Menagem só restava um ângulo; corresponde à actual torre situada a SE. (L. D. V. Silva, D.Peres) ou corresponde à actual torre situada a SE. (L.D.V. Silva, D. Peres); 1874, 26 Fevereiro - arrendamento de uma casa junto ao castelo, pertença de Agostinho Gaudêncio Ribeiro Cabral, por 66$800, durante 15 anos, para manter um pequeno destacamento militar; 1946, 14 Outubro - auto de cedência, a título precário, do imóvel à Câmara Municipal de Celorico da Beira; 1993 - projecto de construção de um anfiteatro no recinto; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes. |
Materiais
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Estrutura em cantaria de granito; portas e coberturas de madeira; escadas em ferro; coberturas em telha de aba e canudo. |
Bibliografia
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ARGOTE, Jerónimo Contador, Castelo e Fortalezas de Celorico, Lisboa, séc. XVIII (ms.); SILVA, Luiz Duarte Villela e, Compêndio Histórico da Vila de Celorico da Beira, Lisboa, 1808; COSTA, P. António Carvalho da, Corografia Portugueza..., 2.ª ed., tomo II, Braga, 1868 [1.ª ed. de 1712]; LEAL, Pinho, Portugal Antigo e Moderno, Lisboa, 1873; DIONÍSIO, Sant'Ana, Guia de Portugal, Lisboa, 1924; OLIVEIRA, Manuel Ramos de, Celorico da Beira e o seu Concelho, Celorico da Beira, 1939; ALMEIDA, João de, Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses, Lisboa, 1945; PERES, Damião, A Gloriosa História dos Mais Belos Castelos de Portugal, Porto, 1969; RODRIGUES, Adriano Vasco, Celorico da Beira e Linhares, Celorico da Beira, 1979; Castelo de Celorico abre-se à cultura, in Jornal de Notícias, 17 Setembro 1993; GONÇALVES, Luís Jorge Rodrigues, Os castelos da Beira interior na defesa de Portugal (séc. XII - XVI), [dissertação de mestrado], Lisboa, Faculdade de Letras de Lisboa, 1995; GOMES, Rita Costa, Castelos da Raia. Beira, vol. I, Lisboa, 1997. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID |
Intervenção Realizada
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DGEMN: 1936 - autorização de trabalhos de modificação nos depósitos de água junto ao castelo; 1939 - reconstrução e consolidação de paredes de alvenaria, construção de ameias de alvenaria, execução de anéis de betão armado para consolidação de paredes, reparação e substituição de cantarias, assentamento de degraus em cantaria, refechamento de juntas, execução de lajeamento de cantaria, execução de estrutura e colocação de telha na cobertura, execução de pavimento sobre vigamento de madeira, escavação de terras; 1940 - reconstrução de parede de alvenaria, construção de ameias segundo o existente, execução de anéis de betão armado para consolidação de paredes; 1941 - reconstrução de parede de alvenaria, construção de ameias segundo o existente; 1972 / 1973 - limpeza e regularização do terreno intramuros e sondagens junto às portas, rectificação da escada de acesso à porta principal das muralhas, com levantamento e reassentamento da soleira e degraus e reparação do pavimento, construção de pavimento em tijoleira ao nível da entrada da Torre de Menagem, consolidação do pavimento ao nível do 1º andar da Torre de Menagem, consolidação da estrutura da cobertura da Torre de Menagem, rectificação e consolidação das escadas de acesso à Torre de Menagem, construção de portas de madeira, consolidação dos adarves, remoção de vegetação e refechamento de juntas nos paramentos da muralha; 1973 - Diversas propostas de trabalhos de iluminação exterior. 1981 / 1982 / 1986 - iluminação exterior; IPPAR: 1996 / 1997 / 1998 / 1999 / 2000 / 2001 - obras de valorização; trabalhos arqueológicos, sendo encontradas moedas de várias épocas. |
Observações
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*1 - origem lendária: fundação por Brigo, 4º rei de Espanha em 1091 a.c. (L. D. V. Silva); fundação pelos túrdulos cerca 500 a. C., tendo o nome de Celióbriga (P. Leal, A. V. Rodrigues); época romana-construção da fortaleza, tese sustentada com base em inscrição latina encontrada em 1635 e cujo paradeiro se desconhece (L. D. V. Silva, J. Almeida, M. R. Oliveira). *2 - "O Castelo conserva-se muito arruinado apesar de se verificar ainda a sua importância. Jazem as fortificações num monte perto da vila, mas no lado S., e na maior elevação desse monte, tendo uma torre quadrada levantada, que tem 38 palmos de parede toda de cantaria lavrada. A torre tem de grossura 7 palmos e de alto 69 palmos. As ameias são 9. Ao pé da torre uma porta de arco, de 9 palmos de alto e 4 de largo. Tem um baluarte afastado da torre 20 palmos e 1 castelo roqueiro de mui formosa arquitectura e de muita grossura e largura; o muro do castelo tem de largo 8 palmos, no mais alto 40 e é coroado de ameias. Na parte do nascente tem a muralha de comprido 140 palmos e do poente 112 palmos; do norte pega com o baluarte. Isto fora o comprimento da torre. Ao meio do castelo existe uma cisterna já entulhada. Pela parte do nascente está o monte cheio de penedos e pelo S. um despenhadeiro. Pelo N. entra a muralha por uma fortificação já baixa e arruinada e rodeando-se vai ao S. entrar pela porta que está junto da torre e vão ter outra entrada para se ir a ela; entrando-se dentro por esta porta para a mão esquerda está uma escada por onde se sobe à muralha. A torre tem uma porta de 6 palmos de altura e 10 de pavimento" (Oliveira, pp. 66-67). |
Autor e Data
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Margarida Conceição 1992 |
Actualização
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