Igreja Paroquial de Bemposta / Igreja de Nossa Senhora da Silva

IPA.00016703
Portugal, Castelo Branco, Penamacor, União das freguesias de Pedrógão de São Pedro e Bemposta
 
Arquitetura religiosa, seiscentista e barroca. Igreja paroquial de planta poligonal composta por nave, capela-mor e sacristia adossada ao lado esquerdo, com coberturas interiores diferenciadas de madeira em masseira, na nave, e em falsa abóbada de berço na capela-mor. Fachada principal rematada em empena, com os vãos rasgados em eixo, composto pelo portal de volta perfeita, tendo moldura superior formada pelas aduelas, e por janelão com os extremos curvos, de perfil barroquizante. Fachadas do volume da capela-mor com cunhais apilastrados, firmados por pináculos, e rematadas em friso e cornija, ostentando janela na lateral direita; no volume da nave, porta travessa de verga reta e janela com o mesmo perfil na lateral esquerda. Interior com coro-alto acedido pelo lado da Epístola, sob o qual surge o batistério com pia granítica. arco triunfal de volta perfeita, assente em impostas, flanqueado por retábulos colaterais de talha dourada, dispostos em ângulo, ambos maneiristas, o da Epístola de transição para o barroco nacional. Retábulo-mor de talha dourada, do barroco pleno, mas mantendo uma estrutura do estilo barroco nacional.
Número IPA Antigo: PT020507050047
 
Registo visualizado 724 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta poligonal composta por nave, capela-mor e sacristia adossada ao lado esquerdo, de volumes articulados e cobertura homogénea em telhados de duas águas, que se estende sobre a sacristia em uma, rematando em beiradas simples. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por faixa pintada de cinzento, exceto a principal em cantaria de granito aparente de aparelho isódomo, com as juntas pintadas de branco, flanqueadas por cunhais apilastrados, encimados por pináculos piramidais, na fachada posterior, e rematadas, na fachada principal, por cornijas e, na posterior, em frisos e cornijas. Fachada principal virada a O., rematada em empena, alteada relativamente à cornija do remate, com cruz latina assente em plinto com duas tíbias cruzadas nas faces principais, no vértice, em cuja base primitiva surge a data "1678"; é rasgada por portal em arco de volta perfeita, com a moldura superior constituída pelas aduelas do arco, encimado por por janela com os extremos curvos, emoldurada e ostentando vidros coloridos, verde e branco. Fachada lateral esquerda rasgada, no corpo da nave, por porta travessa e janela com o mesmo perfil da anterior, ambas com molduras de cantaria; o volume da sacristia possui porta de verga reca, na face O.. Fachada lateral direita com janela semelhante às anteriores no volume da capela-mor. Fachada posterior rematada em empena, alteada relativamente à cornija, ostentando, no vértice, cruz latina lanceolada sobre plinto galbado. INTERIOR da nave com paredes rebocadas e pintadas de branco, com cobertura de madeira em masseira, com vigamento à vista e tirantes do mesmo material, e pavimento em soalho. Coro-alto de madeira com guarda do mesmo material, assente em duas colunas toscanas, de granito, formando entasis, assentes sobre altos plintos, surgindo, no topo de cada um, quatro pias de água benta, formando pétalas de uma flor; tem acesso por escada em pedra e madeira, no lado da Epístola. No sub-coro, no lado do Evangelho, a pia batismal sobre degrau granítico e protegida por guarda de madeira vazada, formando elementos geométricos; a pia é em cantaria de granito, composta por plinto e taça oitavados. No lado oposto, confessionário de madeira. Sensivelmente a meio da nave, no lado do Evangelho, o púlpito circular, em cantaria de granito, assente sobre coluna em balaústre, com flor esculpida em relevo e bacia percorrida por friso flor-de-lisado, possuindo guarda plena em cantaria almofadada e dividida em dois níveis horizontais, com acesso por escadas no lado direito. No lado da Epistola, surge um oratório, inserido em arco de volta perfeita, vazado no muro, assente sobre pilastras toscanas e com falsa pedra de fecho volutada, dedicado ao Crucificado; é ladeado por pequeno nicho de alfaias semicircular. Arco triunfal de volta perfeita assente em impostas salientes e flanqueado por capelas retabulares colaterais dispostas em ângulo, dedicadas ao Sagrado Coração de Jesus (Evangelho) e a Nossa Senhora do Rosário (Epístola). Capela-mor com cobertura de madeira em masseira, pintada de azul celeste, e pavimento em lajes de granito polido. A parede testeira é preenchida por retábulo-mor de talha dourada e pintada de bege e azul, de planta reta e três eixos definidos por quatro colunas torsas, ostentando espira de acantos, que se prolongam em duas arquivoltas torsas, formando o remate e, exteriormente, duas pilastras com o fuste decorado por acantos; a estrutura assenta em quatro pilares de cantaria granítica, formando o sotobanco, sendo o espaço entre eles preenchido com apainelados de madeira pintados de rosa e bege. Ao centro, ampla tribuna com o fundo pintado de vermelho e cobertura em caixotões, onde surge o trono expositivo de quatro degraus, decorado com acantos. Os eixos laterais possuem mísulas com imaginária, enquadrada por frisos de acanto que se unem em querubim na zona superior. Altar paralelepipédico, onde assenta o sacrário, flanqueado por dois querubins de vulto encarnados. Em frente ao retábulo, a atual mesa de altar sobre dois pilares graníticos. No lado do Evangelho, porta de acesso à sacristia com pavimento cerâmico e cobertura em madeira plana, pintada de bege.

Acessos

Largo da Igreja

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Peri-urbano, isolado, implantado junto à estrada que acede ao aglomerado. Encontra-se rodeado por amplo adro pavimentado a paralelepípedos, protegido por muro frontal e tendo, junto à igreja, bancos de cimento. A partir do adro acede-se, através de portão de ferro, ao cemitério, situado no lado esquerdo e, junto à Igreja, surge um dos cruzeiros da Via Sacra (v. IPA.00009339). No muro do cemitério que confina com a via pública, surge uma cruz latina, apresentando as hastes terminadas em flor, assente sobre plinto paralelepipédico, tendo, na face frontal, um crânio e duas tíbias cruzadas. No lado direito, surge uma fonte com lavadouro público, implantado em plano mais baixo e, em frente, umas Alminhas datadas de 1876 e chafariz com brasão da freguesia em azulejo (v. IPA.00020562).

Descrição Complementar

Retábulo colateral do Evangelho de talha dourada e pintada de bege e vermelho, de planta reta e um eixo definido por duas colunas coríntias com o terço do fuste marcado e ostentando querubim, assente em plinto paralelepipédico almofadado. Ao centro, painel pintado, com a representação de Santo António e São Francisco. A estrutura remata em duplo friso, o inferior liso com querubim e o superior estriado, encimados por frontão triangular bipartido por consola que suporta pequeno pináculo. Altar paralelepipédico tripartido, dividido por colunelos do tipo balaústre, decorados por cartelas com florão, sobre o qual surge uma mísula com a imagem do orago; predela pintada com as figuras de um bispo e de São Jacinto. Retábulo colateral da Epístola de talha dourada, de planta reta e um eixo definido por quatro colunas torsas ornadas por pâmpanos, grupadas em plinto único, decorado por acantos enrolados. Ao centro, painel pintado a representar anjos e querubins. A estrutura remata em friso de acantos e querubins, saliente nas zonas laterais, e por tabela quadrangular com pintura a representar o Crucificado, flanqueada por quarteirões e aletas de acantos. Altar semelhante ao anterior, mas com decoração de enorme florão em cada um dos três panos, sobre o qual surge uma mísula com a imagem do orago.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese da Guarda)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 13 - criação da paróquia e construção da igreja, constituindo um curato com a apresentação dos moradores e pago pela comenda de Santiago, rendendo 900$000; 1320, 23 maio - bula do Papa João XXII concedendo a D. Dinis, por três anos, para subsídio de guerra contra os mouros, a décima de todas as rendas eclesiásticas do reino, sendo a igreja taxada em 25 libras; pertence à Ordem de Cristo e integra o termo da Covilhã e o bispado da Guarda; 1321 - pertence ao arciprestado da Covilhã e é taxada em 25 libras; 1553 - data na primitiva bandeira das Almas, indiciando a existência desta Irmandade; 1600 - início da construção da atual igreja, que pertence à comenda de São Martinho da Lardosa; execução dos retábulos colaterais; 1663 - primeiros assentos de batismo, casamento e óbito; 1678 - data na fachada, poderá corresponder à sagração do templo; séc. 18 - provável ampliação do imóvel, com construção da atual capela-mor e execução do retábulo; abertura de vão na fachada principal; 1707 - o arciprestado de Penamacor integra 21 igrejas, as das freguesias do concelho e as de Sortelha, Malcata, Santo Estêvão e Casteleiro; 1712 - o Padre Carvalho da Costa refere que é um curato com apresentação anual pela Câmara, tendo a freguesia 90 vizinhos; 1752 - no Dicionário Geográfico é referido que a paróquia tem 114 vizinhos, estando a igreja situada fora da povoação *1, de uma nave, com três altares, o da padroeira, e os colaterais de Nossa Senhora do Rosário (Evangelho) e Menino Jesus (Epístola); tem uma Irmandade das Almas, com compromisso aprovado pelo Ordinário, e as Confrarias do Santíssimo Sacramento e Nossa Senhora do Rosário; é curato de apresentação camarária, tendo o rendimento de 5 moios de centeio, 5 de trigo, 2 almudes de vinho e $900, estes pagos pela Comenda; 1755, 01 novembro - na sequência do terramoto, a parede E. da capela-mor ficou algo arruinada, não tendo sido reparada; 1758 - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo cura Manuel Marques Ribeiro, é indicado que a paróquia tem 94 vizinhos, estando a igreja no meio de um olival, à distância de um tiro de bala de espingarda da povoação; tem três altares, o mor, o de Nossa Senhora do Rosário e o do Menino Jesus, tendo a Irmandade das Almas; o cura é apresentado pelo bispo da Guarda; 1771 - a paróquia passaa integrar o bispado de Castelo Branco, criado nesta data, pertencendo ao arciprestado do Monsanto; 1836, 19 setembro - é um curato, apresentado pelo Padroado Real, tendo de renda 800$000, recebendo o pároco a côngrua de 150 alqueires de centeio e o rendimento de pé de altar; reparos do imóvel; 1881 - com a extinção da diocese de Castelo Branco, a paróquia passa a integrar o bispado da Guarda e o arciprestado de Penamacor.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de granito, parcialmente rebocada e pintada; cunhais, pináculos, cruzes, modinaturas, pavimentos, oratório lateral, sotobanco do retábulo, pia batismal, pias de água benta, colunas do coro-alto, púlpito em cantaria de granito; portas, coberturas, coro-alto e pavimentos em madeira; retábulos de talha pintada e dourada; pavimento da sacristia em tijoleira; caixilhos das janelas em ferro; janela da fachada principal com vidro colorido, sendo simples nas demais; coberturas exteriores em telha cerâmica.

Bibliografia

COSTA, P. António Carvalho da - Corografia Portugueza... 2.ª ed. Braga: Typographia de Domingos Gonçalves Gouveia, 1868, tomo II; Dicionário enciclopédico das freguesias. Matosinhos: Minhaterra, 1998, p. 209; Inventário Colectivo dos Registos Paroquiais. Lisboa: Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, Dezembro de 1993; LANDEIRO, José Manuel - O arciprestado de Penamacor. Vila Nova de Famalicão: s.n., 1940.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: séc. 20 - arranjo das coberturas e pintura da capela-mor; restauro dos rebocos e pinturas exteriores e interiores; arranjo dos retábulos; colocação de pavimento em tijoleira na sacristia.

Observações

*1 - segundo o cura, a paróquia encontrava-se fora da povoação, porque a imagem aparecera naquele local, "(...) e que trazendo-a muitas vezes para a ermida do Espírito Santo que fica dentro da vila a Senhora desaparecia e, buscando-a, a tornavam a achar no mesmo lugar do seu aparecimento. E por esta causa erigiram ali mesmo a Paróquia, em que colocaram a dita image, donde nunca mais desapareceu. O chamarem-lhe da Silva seria por haver ali algum bosque, ou silvado, donde tomou o nome."

Autor e Data

Paula Figueiredo 2004

Actualização

 
 
 
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