Farol do Cabo Mondego / Farol de Buarcos

IPA.00016944
Portugal, Coimbra, Figueira da Foz, Quiaios
 
Farol costeiro de torre prismática branca, ladeada por edifícios de planta rectangular. A torre apresenta a altura de 15 m, sendo o sistema iluminante uma óptica em cristal, direccional rotativa; luz branca com o alcance luminose de 28 milhas.
Número IPA Antigo: PT020605040056
 
Registo visualizado 4578 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Estrutura  Comunicações  Farol    

Descrição

Planta composta por três volumes articulados por corredor de ligação que une os dois corpos laterais à torre do farol de massas dispostas na vertical para o farol e na horizontal para os restantes. Cobertura diferenciada em telhados de 4 águas nos corpos S. e N., em terraço no corpo central e cúpula na lanterna do farol circundada por lambrequim e remate bolboso onde assenta um pára-raios e catavento. Corpos laterais, de um piso, de fachadas rebocadas e pintadas de branco com embasamento em cantaria e delimitadas por cunhais apilastrados; remates em friso e cornija sobre a qual se eleva platibanda; coberturas ponteadas por chaminés; os vãos rasgados simetricamente são de perfil rectangular com molduras em cantaria, com janelas de duas folhas de caixilharia em madeira e bandeira e portas esguias sendo nas fachadas S. e N. geminadas . Torre do farol composta por 3 registos de planta quadrangular no 1º com paredes forradas a azulejos brancos, 2º registo de planta octogonal também forrado de azulejos e o último correspondente à lanterna de planta circular; a altura total dos 3 registos é de 12 m. de altura; tem embasamento e os panos delimitados por cunhais em cantaria, rasgada a E. e O. por dois vãos de iluminação, rectangulares, de moldura em cantaria com capialço, tendo entre eles, a E., um registo azulejar azul e branco onde se lê "FAROL / DO / CABO MONDEGO" entre concheados; remate em cornija sobre a qual se eleva a guarda do terraço da torre onde assenta a antecâmara da lanterna do farol e cujo acesso à lanterna é feito por escada exterior, em ferro, que conduz ao varandim. INTERIOR: zonas de habitação para os faroleiros e depósito de material.

Acessos

Serra da Boa Viagem, Rua do Farol

Protecção

Categoria: IM - Interesse Municipal, Edital da Câmara Municipal da Figueira da Foz de 23 junho 2004

Enquadramento

Isolado, implantado na orla marítima na extremidade SO. do Parque Florestal da Serra da Boa Viagem, encontra-se a uma altitude de 97m., situado a 3 milhas a NNO. da barra da Figueira da Foz. O edifício é vedado por murete aberto a O. por portão em ferro, pintado de vermelho com uma placa em cantaria identificadora do local, colocada à esquerda. Junto ao portão ergue-se um edifício de planta rectangular e cobertura homogénea de 4 águas. Outras estruturas de apoio estão construídas dentro da área vedada do farol.

Descrição Complementar

Farol Velho - Planta composta por três corpos principais, o primeiro quadrangular, o segundo octogonal e o terceiro, onde se situa a lanterna, de forma cilíndrica. A torre do "Farol Velho" tinha 17,72 m. de altura, tendo sido instalado um aparelho óptico lenticular de Fresnel de 2ª. Ordem (foi o terceiro a ser instalado no nosso país depois de Santa Maria (v. PT050805050151) e Forte do Outão (v. PT031512010016)). O aparelho iluminante era um candeeiro mecânico de bombas alimentícias pelo sistema de Carcel, funcionando a azeite.

Utilização Inicial

Comunicações: farol

Utilização Actual

Comunicações: farol

Propriedade

Pública: Estatal

Afectação

MDN: Direcção de Faróis

Época Construção

Séc. 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ENGENHEIRO: Francisco Maria Pereira da Silva (farol velho); ENCARREGADO DE OBRAS: Joaquim Afonso Simões; MESTRE: António Joaquim Coelho. (farol novo)

Cronologia

1758 - Marquês de Pombal manda publicar um alvará com força de lei, passando os faróis a ser uma organização oficial, competindo a responsabilidade da sua instalação à Junta de Comércio; 1835 - o serviço de faróis passa para a dependência do Ministério da Fazenda, sendo seu Director Gaudêncio Fontana que cria uma oficina para a construção e reparação de aparelhos ópticos, a funcionar no Jardim do Tabaco em Lisboa; 8 de Agosto - data da Portaria que ordena a construção do Farol do Cabo Mondego, pelo Tribunal do Tesouro Público, com a administração do Eng.º Gaudêncio Fontana; 1836, 21 Abril - Primeira solicitação ao governo para que fosse construído um Farol no Cabo Mondego; 1852 - o serviço de faróis transita para o Ministério das Obras Públicas; 1853 - foi feito o levantamento da carta hidrográfica do porto e barra, pelo engenheiro Francisco Maria Pereira da Silva, para determinar qual o melhor local para a construção do farol; 1854 - publicação de um decreto ordenando o estudo necessário para a construção de um farol. Diário do Governo, nº 217 de 15 de Setembro; o Eng.º Francisco Silva elaborou um relatório que enviou para Lisboa em 28 de Outubro, que referia como local preferencial para a urgente edificação um terreno situado próximo das minas de Buarcos; 1855 - portaria de abertura do concurso para a construção do farol, Diário do Governo, nº 167, de 18 de Julho; apresentação das propostas para a construção do farol, as quais não foram aceites por apresentarem verbas superiores às previstas, tendo sido ordenada a construção por administração, Diário do Governo, nº 197, de 22 de Agosto; 1857 - início do funcionamento do Farol do Cabo Mondego; 1858 - a obra de construção é dada como terminada, sendo já director dos Faróis Inácio Vielle; 1864 - é nomeada uma comissão presidida pelo engenheiro hidrógrafo Francisco Maria Pereira da Silva para estudar a passagem do Serviço de faróis para o Ministério da Marinha; 1902 - a comissão nomeada para rever o Plano Geral de Alumiamento e Balizagem dos Portos e Costas Marítimas do Reino e Ilhas Adjacentes, referia que o farol do Cabo Mondego deveria ser modificado (*); 1916 - foi elaborada uma proposta formal de alteração do local de implantação do farol, vindo a ser despachada favoravelmente pelo Ministro da Marinha (*2); 1917 - início da construção do actual farol; 1922, 20 Nov. - conclusão das obras e abertura do novo farol (*3) e encerramento do primitivo; em 1924 - o terreno pertencente ao antigo farol, foi cedido à Empresa Industrial e Mineira, a troco desta fazer a demolição da torre e edifício, e pela cedência de uma faixa de terreno onde se ergue hoje o actual farol; 1928 - o aparelho iluminante passou a utilizar a incandescência pelo vapor do petróleo; 1941 - foi instalado um sinal sonoro constituído por uma trompa de ar comprimido; electrificação do farol com a montagem de geradores (*4); 1947 / 1949 - construção de uma habitação e anexos, pela Comissão Administrativa das Novas Instalações para a Marinha (Direcção de Faróis); 1947 - electrificação do farol, por ligação à rede pública de distribuição de energia; 1950 - instalação de um radiofarol; 1953 - substituição do sinal sonoro por um diafone da casa Barbier; 1982 - instalação de um motor eléctrico para movimentar o aparelho óptico, em substituição da máquina de relojoaria; 1988 - automatização do farol com a instalação de um novo sinal sonoro e mecanismos redundantes para a rotação e substituição de lâmpadas; 1995 - instalação dos repetidores dos alarmes do equipamento do farol; 2001 - desactivação do radiofarol.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes

Materiais

Cal, cimento, tijolo, cantaria, telha

Bibliografia

A Voz da Justiça, nº 1508, Ano 18º, Terça-feira, 15 de Maio de 1917; O Figueirense, nº 242, ano 3º, Quinta-feira, 25 de Maio de 1922; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no Triénio de 1947 a 1949, Lisboa, 1950; Lista de Faróis, Bóias Luminosas, Radiofarois, (...), Direcção de Faróis, Lisboa, 1955; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos Anos de 1959, 1º Volume, Lisboa, 1960; VILHENA, João Francisco, LOURO, Maria Regina, Faróis de Portugal, Lisboa, 1995; Revista da Armada nº377 de Julho de 2004; Farol do Cabo Mondego (11): Os Faróis de Portugal na Revista da Armada, in Revista da Armada, s.l., 2006; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/3754161 [consultado em 14 outubro 2016].

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN / DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN / DSID; CMFF

Documentação Administrativa

CMFF

Intervenção Realizada

DGEMN: 1947 - instalação da rede eléctrica; 1959 - Obras de reparação, pelos Serviços de Construção e Conservação; 1982 - renovação da instalação eléctrica.

Observações

*1 - "(...) a luz que então era branca e fixa, deveria passar a mostrar grupos de dois clarões brancos e o aparelho inicialmente instalado fosse substituído por outro de 3ª ordem, pequeno modelo." (In: Revista da Armada:2006). *2 - Não sendo possível averiguar por forma irrefutável os motivos que levaram a esta decisão, crê-se que interesses relacionados com a Empresa Exploradora das Minas e também por má visibilidade deste farol, levou à construção de outro mais a norte. Por esta razão, do farol originalmente edificado, restam apenas algumas ruínas. A luz do Farol Velho do Cabo Mondego alcançava 20 milhas tendo o foco elevado a 79 metros sobre o nível médio do oceano. A torre em que a lanterna, vinda de França, assentava era composta por três corpos principais, o primeiro quadrangular, o segundo octogonal e o terceiro, onde se situa a lanterna, de forma cilíndrica. Dotado na época da sua inauguração, da mais moderna tecnologia e tendo estado em funcionamento durante cerca de 65 anos, foi substituído pelo actual farol. 3* - A óptica utilizada estivera instalada no farol do Penedo da Saudade (v. PT021010010012). *4 - A incandescência pelo vapor do petróleo ficou como reserva e a fonte luminosa principal passou a ser a lâmpada de incandescência eléctrica de 3000W.

Autor e Data

Cecília Matias 2008

Actualização

 
 
 
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