Mosteiro de São Bento / Igreja de São Bento

IPA.00017282
Portugal, Bragança, Bragança, União das freguesias de Sé, Santa Maria e Meixedo
 
Arquitectura religiosa, quinhentista, maneirista e barroca. Mosteiro feminino da Ordem Beneditina, com igreja longitudinal de nave única e capela-mor, interiormente mais baixa e estreita, cobertas por tectos de madeira, com marcação dos coros, reformados, e sacristia. Fachada principal terminada em beirada tripla, rasgada por portal de verga recta enquadrado por três pilastras, de capitel jónico, suportando entablamento, encimado por nicho concheado albergando imagem de São Bento, com frontão de volutas interrompido, ladeado por aletas; apresenta ainda várias janelas, duas de capialço e três janelas rectangulares jacentes, com molduras de capialço em tijolo de burro. Fachada lateral esquerda de dois pisos, rasgada a nível do coro-alto por janelas rectilíneas, molduradas, de peitoril e, a central, de varandim, com guarda em ferro. Fachada posterior de três panos definidos por pilastras, rasgada por janelas rectilíneas, molduradas, de peitoril e de varandim, coroada por tripla sineira, terminada em cornija recta com pináculos e cruz central. No interior, a igreja separa-se dos coros por vãos de verga recta e arco de volta perfeita, sobrepostos, o inferior ainda ladeado pelos antigos confessionários, com molduras pintadas com motivos fitomórficos; no lado do Evangelho, dispõe-se púlpito maneirista, de bacia ornada de acantos sobre pilar balaústre, com balaustrada de pau-santo, decorada com ferragens, e acedido por porta e encimado por baldaquino; possui quatro retábulos laterais, os dois primeiros de talha pintada a marmoreados fingidos e dourada, respectivamente, o do Evangelho tardo-barroco, de planta recta e um eixo, e o da Epístola barroco, de planta recta e três eixos; e dois do topo da nave, maneiristas, de planta recta e um eixo. Tecto da nave em madeira, de perfil curvo, pintado com quadraturas e a glorificação dos Santos da Ordem, em barroco joanino. Capela-mor com retábulo-mor de talha dourada, de planta recta e corpo côncavo, em barroco nacional, e tecto mudéjar, com apainelados decorados com laçarias, sobre pendentes e com fecho estrelado.
Número IPA Antigo: PT010402420085
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro feminino  Ordem de São Bento - Beneditinas

Descrição

Igreja de planta rectangular de eixo interior longitudinal, composta de nave e capela-mor, interiormente mais baixa e estreita, e corpo dos coros, volumetricamente indistintos, tendo adossado à fachada posterior sacristia e anexo, rectangulares. Massa simples, com cobertura homógenea em telhados de quatro águas, e de uma água no corpo adossado. Fachadas rebocadas e pintadas de branco. Fachada principal com embasamento de cantaria, cunhal direito apilastrado e o esquerdo possuindo apenas o arranque da pilastra, terminada em beirada tripla e na zona do cunhal esquerdo em cornija de betão e beirada simples; a zona deste cunhal apresenta algumas irregularidades, sendo superiormente mais recuado e tendo embutido um outro cunhal, parte em cantaria e parte em tijolo de burro. Sensivelmente a meio, abre-se portal de verga recta, com moldura enquadrada por tripla pilastra, a interior com capitel jónico, suportando entablamento; este é encimado por nicho, em arco de volta perfeita, interiormente concheado e albergando imagem pétrea de São Bento, ladeado por pilastras almofadadas, suportando entablamento com cornijas muito salientes, e frontão de volutas interrompido por cruz latina embebida e dois pináculos piramidais com bola; flanqueiam o nicho duas aletas estilizadas e dois pináculos piramidais com bola. À esquerda, ladeia o nicho janela rectangular, gradeada, com verga superior a prolongar-se na parede até uma outra janela, quadrangular e igualmente gradeada, existindo ao meio cartela quadrangular, com moldura bastante saliente, onde se integra brasão dos Teixeira; sob a janela, abre-se vão rectangular jacente, com moldura de capialço; num plano superior, sob a beirada abrem-se três janelas rectangulares jacentes, com molduras de capialço em tijolo de burro. Para o lado esquerdo do portal, abrem-se duas janelas, uma a iluminar a nave, com moldura de capialço, e uma outra, mais pequena, a iluminar a capela-mor. Fachada lateral esquerda de dois pisos, abrindo-se no primeiro três pequenos óculos circulares, moldurados e, no segundo, igual número de janelas, rectilíneas, as laterais de peitoril, com caixilharia integrando bandeira, e a central de varandim, com guarda em ferro, com molduras terminadas em pequena cornija, pintadas de branco. Fachada posterior de três panos desiguais, marcada por pilastras, o direito mais estreito e coroado por tripla sineira, com vãos em arco de volta perfeita sobre pilares, albergando sino, e terminada em cornija recta coroada por dois pináculos piramidais e cruz latina de cantaria sobre acrotério ao centro. A fachada tem dois registos de vãos, rectilíneos e de molduras simples, abrindo-se, no piso térreo, duas de peitoril, gradeadas, e no piso superior oito, alternadamente de peitoril e de varandim, com guarda de ferro, e todas com caixilharia integrando bandeira; o anexo é rasgado por vários vãos rectilíneos e sem moldura. INTERIOR de paredes rebocadas e pintadas de branco. A parede fundeira da nave apresenta, dois registos, correspondentes aos antigos coros, separados por cornija pintada com motivos fitomórficos, o coro-baixo, com amplo vão vecto, de jambas pintadas com acantos, ladeado por dois vãos estreitos, moldurados, os antigos confessionários, e o coro-alto com arco de volta perfeita sobre pilastras toscanas, pintados com festões e laçarias, e com guarda em balaustrada. Coro-baixo com pavimento cerâmico e de madeira, integrando na parede do lado do Evangelho lápide sepulcral inscrita e na oposta, ladeando porta de verga recta entaipada, pia de água-benta; junto à parede fundeira, possui escada de acesso ao coro-alto, protegida por apainelados pintados com motivos fitomórficos policromos; o coro-alto, assente em seis colunas torsas de madeira, tem tecto de madeira em quadrado irregular, de apainelados. Nave com pavimento de madeira e vitrais policromos nas janelas, com representação de Santa Escolástica e de São Bento. No lado do Evangelho, dispõe-se retábulo de São Pedro, em talha policroma, em marmoreados fingidos a vermelho e verde, e dourado, de planta recta e um eixo, seguido de púlpito de bacia rectangular, inferiormente decorada com folhas de acanto estilizadas, assente em pilar balaústre, com guarda em balaustrada de pau-santo, decorada com ferragens de metal; é acedido por porta de verga recta, de moldura simples, ladeada por orelhas de talha dourada, ornadas de elementos fitomórficos e concheados, encimado por baldaquino em pau-santo com ferragens douradas e almofada central em losango. No lado da Epístola, o portal, de verga abatida, possui guarda-vento de madeira envidraçada, com vidro martelado, ladeado, à esquerda por pia de água benta hemisférica decorada com acantos estilizados e florão inferior, assente em pilar balaústre facetado; à direita, tem janela. Sequencialmente, surge, inserida em capela, retábulo de talha dourada de planta e três eixos. No topo da nave, abrem-se duas capelas confrontantes, uma de cada lado, em arco de volta perfeita, sobre uma pilastra toscana, albergando retábulo de talha dourada, de planta recta e um eixo. Arco triunfal de volta perfeita, sobre pilastras almofadadas, tendo o arco revestido a apainelados e talha dourada, unidos no sentido do raio e de intradorso com pinturas murais, de temática fitomórfica, entre florões em talha dourada. Enquadram o arco triunfal, lateralmente, sobre entablamento de talha dourada, três nichos em arco de volta perfeita, sobrepostos por anjos relevados segurando cartela, assente em pilastras ornadas de acantos, os laterais coroados por concha e folhas vazadas, interiormente pintados e albergando imaginária e o central formando nicho relicário, em forma de tabernáculo, noção que é dada através de pintura perspectivada sobre tábua, estrutura que apresenta vestígios de mais relicários. Sobre o arco do coro-alto surgem pintadas várias cartelas com símbolos marianos. Sobre friso e cornija, pintados a marmoreados fingidos, desenvolve-se tecto de madeira, de perfil curvo, pintado com quadraturas, sobrepostas com vários festões, cartelas com monogramas e vários grupos figurativos, representando, do lado do Evangelho, a Temperança e a Fortaleza, do lado da Epístola, a Prudência e Justiça, e, ao centro, a Fé, Ascensão de Santa Escolástica, Santíssima Trindade, Ascensão de São Bento e Imaculada Conceição. Capela-mor tendo no lado do Evangelho, porta de verga recta de acesso à sacristia, com moldura simples, ladeada por pia de água benta bomeada; lateralmente, abrem-se duas janelas, a do lado do Evangelho, rectangular jacente entaipada, e a do lado da Epístola com vitral inscrito; neste mesmo lado possui dois armários embutidos. Sobre o supedâneo de dois degraus, surge o retábulo-mor em talha dourada, de planta recta e corpo côncavo, de um eixo, definido por quatro colunas torsas, decoradas com pâmpanos, aves e anjos, as duas exteriores assentes em dupla ordem de plintos paralelepipédicos, e as duas interiores sobre mísulas, todos decorados com acantos e anjos, e de capitéis coríntios; nos intercolúnios surgem mísulas com acantos e anjos, sobre apainelado com atlante, sustentando imaginária; ao centro, abre-se tribuna em arco trilobado, assente em pilastras de fuste côncavo, ornadas de acantos enrolados e pâmpanos, interiormente com fundo pintado a imitar adamascado, tendo superiormente resplendor com glória de querubins, coberta por duas semi-abóbadas abatidas, decoradas com cartelas recortadas em apainelados, divididas por cadeia central, e albergando trono expositivo, de três degraus, dois galbados e um facetado, decorados por anjos esvoaçantes e querubins; ático de quatro arquivoltas trilobadas, alternadamente torsas, ornadas de pâmpanos, aves e anjos, e planas, ornadas de acantos relevados, unidas no sentido do raio e tendo no fecho cartela recortada; lateralmente, nos ângulos do ático, surgem dois painéis de talha adaptados ao perfil da cobertura com anjos músicos; banco de apainelado decorado com anjos encarnados, tendo ao centro sacrário tipo templete, ornado de acantos e anjos. Tecto de apainelados, com cinco painéis decorados por módulos quadrados côncavos, tipo alvéolos, pintados com florões, e módulos quadrados convexos de laçarias cruzetadas, dispostas alternadamente, sobre trompas, com decoração geométrica e friso com almofadas em losango relevadas, tendo fecho estrelado, integrado em moldura tipo toro. Sacristia bastante ampla, com pavimento de madeira e tecto plano de madeira; apresenta armários integrando alguns apainelados de madeira pintados com motivos fitomórficos policromos, e lavabo de espaldar decorado por losango, com uma bica, encimado por reservatório, e pequena bacia rectangular.

Acessos

Rua de São Francisco

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, adossado, integração harmónica na malha urbana desenvolvida no exterior da cidade medieval, mas actualmente integrado no centro histórico de Bragança, adaptado ao declive do terreno, bastante acentuado junto à fachada lateral esquerda e posterior, e em face de arruamento que conduz à cidadela do castelo (v. PT010402420003). À antiga fachada posterior da capela-mor e actual fachada lateral direita, adossa-se amplo corpo, de três pisos separados por frisos, com cunhais apilastrados e vãos rectilíneos sobrepostos, que deverá ter pertencido ao antigo mosteiro. Junto à fachada posterior, desenvolve-se amplo largo, ao fundo do qual se ergue, no espaço da antiga cerca, o edifício do Governo Civil de Bragança (v. PT010402450268); na proximidade e, em frente da fachada principal, existe o edifício do Antigo Banco de Portugal (v. PT010402420279).

Descrição Complementar

Na fachada principal, o escudo tipo tarja tem as armas da família Teixeira, de azul, com cruz de ouro, potenteia e vazia, tendo no timbre um unicórnio de prata armado de ouro, sainte; elmo de perfil para a dextra. No coro-baixo, a sepultura fixa na parede tem a seguinte inscrição: SEPULTURA DO PE ESTEVAO DE ABREV 1691. Os vitrais das janelas da nave têm a inscrição TITULAR DO MOSTEIRO SANTA ESCOLÁSTICA, ladeando o portal principal, e SÃO BENTO, ladeando o retábulo lateral. Retábulo lateral do Evangelho, dedicado a São Pedro, em talha de marmoreados fingidos, a vermelho e verde, e dourado, de planta recta e um eixo, definido por duas pilastras exteriores, flanqueadas por orelhas de concheados, e duas colunas interiores, de fuste decorado por cartelas concheadas e de terço inferior marcado e igualmente com cartelas concheadas, assentes em mísulas com concheados, e de capitéis coríntios; ao centro, possui painel de linhas curvas, recortadas sensivelmente a meio, com moldura sobreposta por concheados, interiormente pintado com flores e tendo sobreposta mísula com imaginária; ático em falso frontão formado por enrolamentos e cornija contracurva interrompida por elemento fitomórfico, criando tímpano alteado e decorado com molduras e vários concheados; banco de apainelados ornados de concheados. Altar à face com frontal em marmoreado fingido, a azul, com cartelas circulares envolvidas de concheados, com símbolos alusivos a São Pedro: cruz papal e galo. Retábulo lateral da Epístola, dedicado a São João Baptista, em talha dourada, inserido em capela à face, em arco de volta perfeita revestida a talha dourada, decorada com acantos enrolados e anjos, assente em dupla ordem de plintos, os superiores em talha com a mesma decoração e os inferiores, mais altos, com painel pintado com cartelas e motivos fitomórficos; o retábulo tem planta recta e três eixos definidos por duas coluas torsas exteriores, decoradas por anjos e pâmpanos, assentes em mísulas com anjos atlantes, e duas pilastras interiores, ornadas de acantos e anjos entrelaçados, assentes em plintos paralelepipédicos com anjos atlantes, e de capitéis coríntios; cada um dos eixos possui painéis, em arco de volta perfeita, moldurados, o central alteado, interiormente pintados com flores e sobrepostos por mísula ornada de acantos e anjos, a central com imaginária; ático a extravasar para o arco da capela, criando arquivolta torsa e tímpano, decorado de acantos, anjos esvoaçantes e querubins, unido no sentido do raio e tendo no fecho cartela recortada; no banco, integra, ao centro, painel pintado com flores e moldura em arco de volta perfeita, em talha. Altar paralelepipédico com frontal pintado com motivos fitomórficos, marcando sanefa e sebastos e tendo ao centro cartela com anjo. Retábulos laterais do topo da nave de planta recta e um eixo definido por duas colunas torsas, decoradas por pâmpanos, assentes em plintos paralelepipédicos decorados frontalmente com anjos relevados segurando atributos relativos ao orago do retábulo, os do lado do Evangelho vestidos, e de capitéis coríntios; ao centro possui painel, pintado com motivos fitomórficos; sobre o entablamento, com friso de elementos vegetalistas, desenvolve-se o ático, em espaldar recortado, definido por quatro volutas, terminado em flor-de-liz; o do lado do Evangelho possui relevado uma coroação da Virgem e o do lado oposto figura religiosa feminina segurando o Santo Sudário, ladeado por anjos tenentes, relevados segurando tocheiros. O retábulo é ladeado por apainelado de madeira, terminado em cornija. Altar paralelepipédico com frontal pintado com motivos fitomórficos, marcando moldura e tendo ao centro cartela recortada com anjo. O tecto da nave apresenta perspectivado quadraturas, integrando em cada um dos ângulos janelas rectilíneas gradeadas, com vista para o céu e diferentes aves: uma coruja, que pode significar o trabalho e a incredulidade, ou o significado litúrgico da hora de Matinas, andorinhas, simbolizando a aurora e a madrugada ou a hora litúrgica de Laudes, a pomba, símbolo da simplicidade, e lateralmente cartelas com monogramas, sobrepostas por festões. Surgem ainda vários grupos figurativos. Do lado do Evangelho, a contar do coro-alto, sucedem-se: a Temperança, uma figura feminina segurando um cavalo pelo freio, enquanto dois anjos parecem segurar o cavalo pelos cascos, e a figura de um homem nu, fortemente musculado, segura todo o peso da parte traseira do animal; a figura feminina segura no regaço um globo; inferiormente tem a inscrição: SINT LUMBI VESTRI PRAECINCTI, cuja tradução é estejam cingidos os vossos rins. Sucede-lhe a representação da Fortaleza, retratada como soldado romano, coroado, de lança em punho lutando com o dragão; inferiormente uma figura como que caindo do céu, de cabeça para baixo, e uma outra agarrada ao pescoço do dragão ladeiam cartela com a inscrição SIMIU REPELLERE LICET, ou seja, é preciso repelir o macaco (dragão). Do lado da Epístola surge representado a Prudência, através de uma figura vestida à romano, bicéfala, com face de jovem e face de velho, segurando na mão direita uma serpente e com a esquerda um espelho; inferiormente surgem ainda duas figuras masculinas ladeando cartela com a inscrição: AURIGA VIRTUTUM ET LUCERNA ANIME, isto é, cocheiro das virtudes e luzeiro da alma. Segue-se a representação da Justiça, em que a figura feminina, coroada com um penacho e um ramo de oliveira, tem na mão esquerda uma espada, com o rosto e mão direita levantadas ao céu, assenta sobre um camelo, tendo inferiormente duas figuras, um jovem e um ancião, presos pelos pés, e o primeiro com as mãos atadas atrás das costas, enquadrando cartela com a inscrição: DECLINA A MALO ET FAC BONUM, ou seja, afasta-te do mal e pratica o bem. Ao centro sucedem-se, do coro para o arco triunfal, várias representações: a Fé, como figura feminina, segurando na mão direita uma cruz e apontando com a esquerda para um turíbulo aceso que um anjo sustenta, tendo por trás a figura de um elefante; inferiormente tem cartela com a inscrição: VIGILATE IN OMNI TEMPORE ORANTES, ou seja, vigiai rezando em todos os momentos; Ascensão de Santa Escolástica, ladeada por figura nua com o báculo, símbolo da autoridade abacial, outra com o cálice, símbolo do amor à eucaristia, e uma terceira com a âncora, atributo da Esperança; Santíssima Trindade horizontal, em que Deus Pai, representado como ancião, segura o ceptro na mão direita, o Deus Filho segura cruz e aponta para o Pai, e o Espírito Santo, ao centro, é retratado como pomba, todos envoltos em resplendor; Ascensão de São Bento, ladeado por dois anjos segurando a mitra e o báculo, atributos abaciais; Imaculada Conceição, envolta em resplendor e coroada por doze estrelas, segurando ceptro na mão direita, sobre globo, tendo a seus pés a lua e pisando a serpente, que tem na boca o fruto da árvore proibida.

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro feminino

Utilização Actual

Religiosa: igreja

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Bragança - Miranda)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

CANTEIRO: Estêvão Martins (1689), João António Franco (1795 / 1797), Martinho da Veiga (1689), Pedro Fernandes (1689). CARPINTEIRO: Alexandre José Ferreira Cabral (1792), João Francisco (1723), Custódio (1735), João da Silva (1742), João Rodrigues (1743), Leonardo (1737), Manuel de Azevedo (1727), Manuel Gonçalves (1731), Manuel da Silva (1744). MESTRES: Francisco Lopes (1762), João António Franco (1795 / 1797), João de Oliveira (1684). PEDREIROS: António Fernandes (1719), Brás Gonçalves (1720), Gabriel (1737), João Carlos (1789), Laureano (1737), Manuel Rodrigues (1736), Pedro Martins (1699), Sebastião Rodrigues (1689). PINTOR: Manuel Caetano "Fortuna (1763), Sebastião Pereira (1609). SERRALHEIROS: Francisco Gomes (1780), João Vicente (1766), Roque (1720). SERVENTE DE PEDREIRO: Manuel Alves (1761).

Cronologia

1520, 20 Outubro - escritura refere que o núcleo inicial do mosteiro fora constituído pelas casas de Helena da Costa e de sua filha Maria Teixeira, em que estava fundado a igreja e o mosteiro de São Bento, na rua que ia para o convento de São Francisco, e cuja vinha e pomar ficava por trás das ditas casas; 1589, 1 Outubro - breve do Papa Xisto V, a pedido do Bispo de Miranda, autorizando a transferência das religiosas do Mosteiro de Vairão, da diocese do Porto, para o mosteiro de São Bento; 1590 - doação dos bens de raiz e o "móvel e dívidas" de D. Maria Teixeira para sustento do mosteiro, colocando-o sob a invocação de Santa Escolástica; 1592 - professou na ordem Helena da Costa; 1592, cerca - vinda do mosteiro de Vairão da abadessa D. Jerónimo de Vilhena e a professa D. Luísa de Noronha; inicialmente, a comunidade religiosa era pequena; a 1ª nomeação de capelão privativo de que se tem conhecimento foi P. João Salgado; 1607 / 1609 - datas dos relatórios da visita "ad limina" que o bispo de Miranda, D. Diogo de Sousa, enviou à Santa Sé, dando como existente o mosteiro de São Bento; 1609, 12 Março - escritura entre o abade de Freixedo e o pintor Sebastião Pereira, natural da cidade do Porto, para a pintura do retábulo-mor; 1665, Junho - encontrava-se em fase de conclusão um dormitório; 1666, Novembro - o Deão da Sé, por ordem do Cabido, foi fazer a visita ao mosteiro, mas as religiosas recusaram-se, porque diziam que só deviam ser visitadas no período das eleições, o que tinha sido feito há ano e meio; apelaram para a relação de Braga, que não lhes deu razão; o Deão António Antunes de Paiva censurou-as e interditou-as; depois as religiosas desistiram da posse e foram absolvidas; 1668 - data provável da construção de enfermaria, ano em que foi assoalhada; 1672 - obras no chamado "dormitório novo", composto por várias casas; 1684 - pavimento da nova capela-mor em ladrilho; 1685 - início da construção de novo dormitório; 1687 - conclusão do dormitório; 1688 - despesa de 6$307 com uma comissão que se concedeu em Miranda para se benzer a capela nova da cerca, onde se venerava a imagem do Menino Jesus, conhecido pelo nome de Forquinho, de cujo culto se encarregou a Madre Margarida das Chaves; 1689 - construção de nova capela-mor, sob direcção do canteiro Martinho da Veiga, e onde também trabalhavam os seus oficiais Pedro Fernandes e Estêvão Martins e o pedreiro Sebastião Rodrigues; numa escritura, afirmava-se que, por ordem do pedreiro Sebastião Rodrigues, ficariam de fora da parede que ficava detrás do sacrário, 4 palmos de terra do chão que trocou Lázaro de Figueiredo Sarmento com as religiosas do mosteiro, onde existiam umas casas, dando em troca as freiras a terra chamada Pedregal situada no fundo do caminho que baixava da cerca de S. Bento para São Lázaro; antes e durante a construção da capela-mor, solicitou-se um pintor para dourar o retábulo de Nossa Senhora e um imaginário para compor os altares e retábulo; 1690 - obra do portal da igreja pelo pedreiro Martinho da Veiga, encimando-o com a imagem de São Bento e transferindo o escudo para o seu lado; Julho - Martinho da Veiga recebeu mais de 100$000 pelo "custo que fez no muro da cerca"; 1690, Novembro / 1691, Novembro, entre - o mesmo mestre recebeu mais de 98$000; 1690, 11 Dezembro - visitação de Frei Cristóvão de Moura; 1691 - aquisição de um terreno a Lázaro Malheiro para alargamento da cerca, nela se localizando um poço; 1694 - deslocação a Bragança dos "mestres do orgam", pagando-se ao mestre que fez a tribuna do mesmo 20$000 e tendo custado a madeira da obra 9$330; 1695, 30 Junho - visitação do Dr. Manuel de Matos Botelho *2; 1698 - construção da capela na cerca dedicada ao Menino Jesus, pelo alcaide-mor, Lázaro de Figueiredo Sarmento e pelo governador da cidade, seu primo, António Figueiredo Sarmento, actualmente inexistente; o bispo D. Manuel de Moura Manuel mandou fazer o retábulo para esta capela e o seu sucessor D. João Franco de Oliveira mandou-o dourar; 15 Junho -determina fazer-se missa na Capela do Menino Jesus da cerca 2 dias por ano, no dia do Nome de Jesus e no de São João Baptista, pelo capelão; séc. 16, final / 17, início - feitura do tecto mudéjar da capela-mor; 1702, 8 Junho - visitação de D. João Branco de Oliveira *3; 1705, 14 Outubro - o visitador Manuel Rodrigues de Andrade manda fazer-se uma porta na casa para o dormitório, por questões de emergência; 1709, 17 Fevereiro - visitação de Dr. Manuel de Matos Botelho *4; 1710 - construção do campanário; durante a guerra com Castela, os soldados que estiveram em Valença, trouxeram a devoção de Nossa Senhora dos Desamparados, com sua novena e uma estampa, razão por que se mandou fazer a imagem e um altar para a nave do Mosteiro de São Bento; 1712, 27 Abril - visitação de Dr. Manuel de Matos Botelho *5; 1715 - dispêndio de mais de 100$000 com obras na fonte, para aumentar o caudal de água; recebimento de 200$00 do rei, como recompensa pelos prejuízos sofridos na cerca em consequência da construção de trincheiras no perímetro defensivo da cidade; 31 Dezembro - visitação de Jerónimo Preto e Lemos *6; 1717, 13 Junho - provisão do bispo D. João de Sousa Carvalho para se fazer grades de pão para entrecortar superiormente as grades de ferro do coro-alto, que eram baixas; 1719, 22 Janeiro - visitação do Dr. José Botelho de Matos *7; 1721 - feitura do actual retábulo-mor; 1721 - o mosteiro tinha 144 religiosas professas, 4 conversas e 11 noviças; Novembro - deu-se ao mestre da tribuna à conta do primeiro pagamento 120$000, quantia que também se pagaria em Fevereiro 1722; 1721, Novembro / 1722, Outubro - feitura da tribuna do novo retábulo-mor; segundo a "Descripsão topográfica da cidade de Bragança", de Cardosos Borges, na capela-mor, para além do retábulo-mor, com a imagem de São Bento, existiam 2 altares, com as imagens de São João Baptista e do Evangelista; na igreja havia 2 altares colaterais, o de Nossa Senhora da Conceição e o de Cristo Crucificado; 1722 - as freiras recorreram a empréstimos no valor de 559$360, 757$000 e ainda 153$020; Outubro - pagamento de 86$400 ao entalhador por conta da tribuna; pagamento de jeiras de canteiros, um deles galego, e transporte de cantarias, para a obra do assento da tribuna; 1725 - o mosteiro recebeu 60$000 de esmola do bispo; 8 Junho - o visitador D. João de Sousa Carvalho manda abrir uma porta nas casas grandes para o dormitório de baixo; o mosteiro tinha quase 200 freiras, vivendo modestamente por serem limitadas as suas rendas; 1728 - recebeu do bispo 30$000 de esmola; 1728 - início do douramento do retábulo-mor e do arco cruzeiro; pagamento de 38$400 ao entalhador; 1733, Dezembro - numa escritura de obrigação e consentimento que as religiosas deram a Jacinto de Mesquita Botelho, de Vila Real, para fazer uma cela, refere-se que elas haviam dado o seu consentimento para a construção do dormitório que se fazia na R. de São Francisco, pegado à capela-mor e às casas de José Machado de Figueiredo, com 16 celas; 1737, 15 Agosto - antes do falecimento, o bispo D. João de Sousa Carvalho deixou em testamento 150$000 para as religiosas necessitadas e enfermas do mosteiro; 28 Novembro - o visitador Jerónimo Preto de Lemos manda que, quando as celas vagassem por morte da religiosa, se consertassem e reedificassem à custa da comunidade; 1741, 7 Julho - visitação de D. Diogo Marques Mourato *8; 1745, 26 Novembro - provisão de D. Diogo Marques Mourato mandando a Abadessa compor os degraus do altar-mor como se fizera na igreja de Santa Maria da cidade, e a banqueta, de modo a que ficasse toda livre para nela se colocar a cruz e os castiçais; proíbe a admissão no mosteiro de pessoas de ingénuo nascimento e naturais no bispado com dote inferior a 500$00, além das propinas originais das religiosas, e as de fora do bispado com dote menor a 800$000, além das propinas; 1748 - recebeu do capelão 32 moedas de 4$800 (153$600) como empréstimo para o tecto da igreja; 1750, 20 / 21 Janeiro - por causa do estanque do sabão, as freiras rompem a clausura, saem à rua em protestos e dormem nos balcões do colégio dos Jesuítas, a noite seguinte na casa da Câmara, recolhendo ao mosteiro de noite; 1754 - o bispo de Miranda, D. Fr. João da Cruz, queixa-se à Santa Sé da libertinagem das 120 freiras do mosteiro; havia conversas pouco edificantes com estranhos, entregavam-se à vaidade e ao luxo; o mosteiro era extremamente pobre, o que levava cada monja a ter de comprar comida, vestuário e tudo o necessário; o bispo pede depois licença para aplicar os rendimentos da Sé Vacantes sempre que os houvesse; 1756, 11 Agosto - visitação do Bispo D. Frei João da Cruz *9; 1757 - recebeu do cabido 10 moedas de ouro, cada uma de 4$800, de esmola das rendas da Mitra para reparo das obras das ruínas "amiasadas"; 1759 - dispêndio de 100$000 em obras na igreja; 11 Dezembro - o visitador bispo D. Frei Aleixo e Miranda Henriques manda conferir "mais decente clausura" às janelas do dormitório de Mafra; 1761, Junho - pagamento de 50$700 das obras da igreja; Agosto - feitura do sino por 15$400 e 10$000 do metal para o mesmo; Setembro - pagamento ao serralheiro das linhas da igreja (21$600); Dezembro - despesa de 100$000 em madeira e numa jeira de carpinteiros para a obra da igreja; 1762 - escritura de rectificação de venda feito por D. Rosa Maria Teresa Pimentel, viúva de Aleixo Soares Figueiredo, recolhida em São Bento, referindo que ela comprou o pedaço de chão que mediava a igreja e as casas que foram de José Machado Figueiredo para nele se edificar de novo um dormitório; Janeiro - despesa de $600 com a vidraça da igreja; Abril - despesa de 2$400 em madeiras da igreja; Agosto - despesa de 2$200 com os pedreiros e carpinteiros da igreja; Dezembro - pagamento de 400$000 ao mestre Francisco Lopes da dívida de triénios passados e de 112$000 de uma outra dívida de triénios passados; 1763 - as freiras pediram emprestado ao capelão do mosteiro 153$600 para a pintura do tecto; data inscrita no mesmo; 18 Maio - o pintor Manuel Caetano "Fortuna" recebeu 38$400 pela conta da pintura do tecto da igreja; Junho - o pintor recebeu 6 moedas de ouro, cada uma de 4$800 da pintura do tecto da igreja; Agosto - pagamento de 201$600 da pintura do tecto; 1772, 4 Janeiro - num documento relativo à "eleição das chamadoras do silêncio", referem-se o dormitório do coro, o de Santo António, o da Alfândega, o dormitório de baixo, o de São Francisco, o dormitório de cima de Mafra, o de baixo e o das casas de baixo; 1779 / 1780 - abertura de uma mina; 1782, 2 Julho - as religiosas voltam a romper a clausura, levando dinheiro que diziam pertencer-lhes, fazendo a compra de um casal de castelãos; a rainha mandou o bispo D. Bernardo Pinto Ribeiro Seixas indagar o assunto; 31 Outubro - rainha ordenou a entrega do dinheiro recebido e a anulação da escritura; 1786 - o mosteiro recebeu de esmola 196$780 para as obras e 10$00 para a janela grande do coro; 1787 - pede emprestado 174$770 para acabar as obras no coro e mirante; 1789 - pagamento de 57$600 do reboco das obras e dormitório feito de novo, pelo pedreiro João Carlos; documentos aludem à construção de celas particulares, provavelmente para religiosas ou recolhidas de maiores posses; 1791, 4 Janeiro - o visitador Cónego Manuel Velho Quintela manda consertar as janelas do terreiro e rua, se precisarem; 1793, 12 Novembro - alvará da rainha autorizando a admissão de 8 noviças; 1795 / 1797 - obras na fonte e no tanque, onde trabalhou o mestre João António Franco; 1796 - recebeu de esmola para a obra da fonte 100$000; o mosteiro tinha 56 religiosas, 29 seculares, 16 moças de comunidade e 13 moças particulares, e as rendas eram de 400$000 e 500$000 de dotes; 1800, 12 Janeiro - o visitador Caetano José Saraiva diz que a banqueta do altar-mor estava imprópria e indecente, porque nela não cabia a cruz; 1801 - planta de Luís Gomes de Carvalho representa o mosteiro de São Bento; 1811, 18 Fevereiro - o visitador Manuel Doutel Figueiredo Sarmento manda a Abadessa dar início à obra dos moinhos do rio Fervença e ultimá-la com a brevidade possível, por ser muito conveniente dado a decadência das rendas do mosteiro; 1821 - incêndio destruiu parcialmente o mosteiro, não afectando a igreja; 31 Outubro - o cabido da Sé de Bragança deu 24$000 para a sua reconstrução; 1822, 23 Abril - o visitador Miguel Garcia Rodrigues esperava que a Abadessa mandasse proceder à obra dos moinhos e, quando tivesse oportunidade, assoalhasse a igreja que, tinha o pavimento com altos e baixos; 1830, 15 Dezembro - D. Miguel autoriza o mosteiro a receber 8 noviças, visto estar reduzido a 12 religiosas velhas; 1834 - extinção das Ordens Religiosas; 1844 - o mosteiro estava arruinado em duas partes, tinha 428$000 de pensões e foros mal pagos e frutos da cerca, administrada pela regente; ali habitavam apenas 3 monjas; 5 Outubro - as religiosas do Recolhimento das Oblatas de Nossa Senhora do Loreto, em Fornos de Ledra, pretenderam o edifício; 1848 - ali vivia uma religiosa; 1852, 9 Março - o deputado José de Morais Faria Carvalho propôs que o edifício passasse à Câmara para instalação do Governo Civil, da Alfândega, administração do concelho, tribunal, casa da câmara e liceu; 1853, Março - o prior da vila Inocêncio António de Miranda solicitou a igreja; 4 Junho - falecida a última freira, os objectos mais valiosos são entregues ao Vigário Capitular de Bragança, João Pereira do Amaral Pimentel (lâmpadas, 6 castiçais, 1 turíbulo e 1 purificador); 27 Junho - o Governo foi autorizado a vender a cerca e a ceder o edifício para outros fins, sendo o culto da igreja adjudicado à confraria de São Pedro; 22 Julho - Carta de Lei concedendo o mosteiro para instalação de todas as repartições públicas, destinando-se para as obras o produto de venda em dinheiro da cerca; a carta entregava a igreja à Confraria de São Pedro do mesmo mosteiro; a Câmara Municipal de Bragança requisitou os "quartos de Mafra" e seu quintal; 21 Novembro - vigário capitular enviou alguns paramentos e alfaias para Mirandela; 1854, 20 Março - agradecimento do vigário capitular ao Ministro dos Negócios Eclesiásticos dos objectos de prata; Câmara entrega a imagem do Menino Jesus à guarda do Mosteiro de Santa Clara, de que era padroeira, até à extinção do mosteiro, sendo depois depositada na Capela de São Sebastião, do seu padroado; 1859, 20 Abril - Carta de Lei manda vender os quartos de Mafra para aplicar o seu produto para obras do edifício; 1890, Fevereiro - o bispo José Alves Mariz foi informado da demolição de parte do coro e de se ter retirado várias ossadas e esqueletos completos que numa parte servira de cemitério; o bispo interditou a igreja; 22 Julho - o bispo autorizou a inumação das ossadas sob o pavimento do coro restaurado da igreja; 8 Outubro - levantado o interdito à igreja, porque a confraria de São Pedro lhe restituíra a antiga decência, com a condição da 1º missa celebrada fosse pelas almas do purgatório e especialmente pelas religiosas do mosteiro; 1985 - data inscrita no vitral de São Bento, aludindo à sua colocação.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria mista e cantaria rebocada e pintada; molduras dos vãos e cunhais em cantaria de granito e alguns em tijolo de burro; sineira, bacia e pilar balaústre em cantaria de granito; tectos de madeira, pintados; portas, coro-alto e guarda-vento em madeira; painéis de madeira pintados; vidros policromos, e foscos; guarda do púlpito em pau-santo; retábulos de talha dourada e policroma; pavimentos em lajes graníticas e soalhado; grades de ferro nas janelas; cobertura de telha.

Bibliografia

CASTRO, P. José de, Bragança e Miranda (Bispado), vol. 1 e 2, Porto, 1946; ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1976, p. 152; MOURINHO (JÚNIOR), Pe. António Rodrigues, As Pinturas do Tecto da Igreja de S. Bento da Cidade de Bragança, Seu Autor e Valor Iconográfico, in Brigantia, vol. 1, nº 0, Bragança, 1981, pp. 69-78; DIAS, Pedro, Arquitectura Mudéjar Portuguesa: tentativa de sistematização, in Mare Liberum, n.º 8, Dezembro de 1994; MOURINHO (JÚNIOR), António Rodrigues, Arquitectura Religiosa da Diocese de Miranda do Douro - Bragança, Sendim, 1995, p. 506 - 511; LOPES, Roger Teixeira, Heráldica do Concelho de Bragança, 1996; DIAS, Geraldo J. A. Coelho, O Mosteiro das Beneditinas de Bragança e as Visitações do Bispo Diocesano, in Páginas da História da Diocese de Bragança-Miranda, Congresso Histórico 450 Anos da Fundação, Actas, Bragança, 1997, pp. 445-468; RODRIGUES, Luís Alexandre, Bragança no séc. XVIII. Urbanismo. Arquitectura, vol. I, Bragança, 1997, p. 258 - 261 e 357 - 389; JACOB, João, Bragança, Lisboa, 1997, p. 94 - 97; http://viajar.clix.pt/com/tesouros.php?id=421&lg=pt.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMN

Documentação Administrativa

IAN/TT: Arquivo Histórico do Ministério das Finanças, Livro - Junta de Crédito Público - 3ª Repartição - Lº 1 das Requisições; IHRU: DGEMN/DREMN

Intervenção Realizada

1669 - reparação do órgão por um carpinteiro e um clérigo; 1944 - obras de conservação e beneficiação do tecto mudéjar da capela-mor: abertura de rasgos em paredes e arrumação da pedra apeada, construção de vigas em cimento armado e colocação na parede testeira, construção da nova parede testeira para encosto do retábulo; consolidação geral da armação do telhado, com substituição dos madeiramentos em mau estado; apeamento e nova montagem do retábulo-mor, com reparação dos elementos danificados e corte na base; reparação geral do tecto, compreendendo a substituição dos elementos desaparecidos e a reposição e fixação das peças existentes soltas, limpeza; substituição completa da cobertura de telha da capela-mor por telha nacional; picagem dos rebocos em mau estado e reconstrução com argamassa hidráulica no interior.

Observações

*1 - Na visitação de 11 de Dezembro de 1690, Frei Cristóvão de Moura determinou que, após 15 dias da publicação da visita, devia dar-se início à construção do muro da cerca, que devia correr em frente do dormitório velho de São Francisco (com altura suficiente que não permitisse ver do dormitório de baixo o convento de São Francisco), desde a esquina do dormitório novo até à cerca velha para a parte da portaria do carro, tapada pela parte da rua da altura das janelas do dormitório baixo; a obra devia estar pronta pela Páscoa de 1691, sob pena de privação do ofício de Abadessa e discretas e privação de voz activa de umas e outras; visto que a janela do dormitório novo de baixo ficava muito devassa das casas vizinhas, podendo permitir liberdades indecentes, o visitador mandou tapá-la de pedra e cal, enquanto as ditas casas não fossem compradas para a comunidade; determinou ainda a colocação de rótulas em todas as janelas das celas que desse para a rua e terreiro, não permitindo que recebessem noviça ou professa sem se fazer esta obra; por ter encontrado algumas janelas viradas à cerca com rexas ou grades de madeira, mandou por grades de ferro nas janelas que não as tivessem; mandou fazer a roda dos confessionários em ferro, mudar o palheiro, que estava dentro de uma casa, dentro da clausura, para lugar mais conveniente na cidade; mandou desembaraçar a parede da cerca de qualquer casa que a pudesse devassar, fazer de novo o muro da cerca, em formigão e não de barro, rebocá-lo e caiá-lo por fora e sem qualquer distinção da cerca velha; mandou fazer portas na grade do coro-baixo, que deviam estar sempre fechadas à chave, guardada pela Abadessa, consertar as rodas e as portas das grades; mandou colocar na portaria um relógio de meia hora de areia para controlar o tempo que as freiras falavam no ralo das rodas; dada a devassidão das frestas das casas e oficinas edificadas sob o dormitório novo, o visitador mandou fechá-las, de pedra e cal, do meio para dentro da parede, para não deformar exteriormente o edifício; determinou que não se emprestassem os instrumentos musicais para fora; anteriormente já havia sido proibido a realização de festas no mosteiro, bailes e o costume das freiras se vestirem com trajes seculares ou de homem. *2 - O visitador Dr. Manuel de Matos Botelho, em 30 de Junho de 1695, advertiu para que, andando trabalhadores na cerca, as freiras entrassem nela, nem fossem à porta da mesma aquando da saída dos trabalhadores; recomendou renovarem-se todos os muros da clausura com cal e fazer-se uma grade para as freiras poderem falar com porta livre para o terreiro. Em 1698, a 15 Junho, o visitador D. Frei Pedro de Melo mandou que, nos dias em que houvesse cantorias, as freiras cantassem afastadas das grades do coro duas varas; as "musicais" deviam examinar as freiras de melhor voz devendo dar-lhe lições de "solja" todos os dias pelo menos duas horas, e às mestras manda dar de propina mais 1 tostão do que às outras freiras. *3 - O visitador D. João Branco de Oliveira, em 8 de Junho de 1702, mandou cumprir o fecho da porta do mosteiro antes de anoitecer e a abertura depois de ser dia claro e por portas na casa que ia para as tulhas; o refeitório devia estar sempre fechado fora das horas em que a comunidade ali ia; mandou mudar-se a porta do carro para a parte da rua que ia para o mosteiro, no melhor local, e tapar-se a velha; mandou proibir a circulação de perus ou cães pelos corredores, devido à falta de higiene. *4 - O visitador Dr. Manuel de Matos Botelho, a 17 de Fevereiro de 1709, mandou colocar novos missais na sacristia; visto a cruz do altar-mor sobre o sacrário ficar quase encoberta aos olhos do celebrante (o que era contrário às determinações eucarísticas), devido à estreiteza do altar, mandou colocar uma cruz pequena na sanefa, sobre as cortinas do sacrário; mandou ainda renovar as gelosias das janelas das celas de onde se avista a cidade, à custa das freiras que nelas viviam. *5 - O visitador Dr. Manuel de Matos Botelho, a 27 de Abril de 1712, alertou para o facto da fábrica da sacristia e paramentos do culto diário estarem deterioradas e pouco decentes; mandou depositar na arca da comunidade em saco separado a quantia em dinheiro em que cada dote se havia arbitrado para peças da sacristia; a portinhola da grade inferior só devia ser aberta para a comunhão; as coristas e religiosas que não tinham cela deputada por grau, não poderiam escolher casa nem lugar para a sua cama senão o determinado pela Abadessa; mandou tapar a porta da cerca interior que antigamente acedia à cerca exterior; o muro da cerca interior deveria continuar na zona desta porta na forma em que já estava determinado e ajustado com os oficiais; mandou ainda reparar, quando possível, a ruína causada pelo último temporal nos mirantes. * 6 - O visitador Jerónimo Preto e Lemos, em 31 de Dezembro de 1715, mandou colocar fora da clausura os cãezinhos das religiosas, mudar a casa do noviciado da zona de passagem para os dormitórios para um local mais conveniente e recatado; proíbiu qualquer pessoa, independentemente do estado ou condição, entrar na clausura para ensaiar comédia ou outros festejos, manda colocar grades de ferro nas janelas novas, "ragiar" a parede da casa da cozinha e forno; as esmolas dadas para o Menino da cerca deviam ser apenas para as obras do mesmo, excepto por ordem do Prelado. *7 - O visitador Dr. José Botelho de Matos, a 22 Janeiro de 1719, mandou guardar, com a brevidade possível, os frontais da igreja de maior estimação na casa inferior da sacristia, mantendo-os levantados do chão com escápulas por causa dos ratos e outros animais. O mesmo visitador, na visita de 20 de Maio de 1722, mandou reformar as grades das celas novas de ferro e fazer, no prazo de um mês, uma nova jeluzia para o vão da tribuna. *8 - O visitador D. Diogo Marques Mourato, a 7 Julho de 1741, ordenou que não se emprestem os ornamentos da igreja excepto pelo preço de $300; proibiu dar de comer na sacristia na 5ª feira Santa aos soldados e aos que estavam de guarda aos sacramentos; mandou consertar o muro da cerca junto da fonte, na forma que o capelão entender. *9 - O visitador Bispo D. Frei João da Cruz, a 11 de Agosto de 1756, mandou colocar nas janelas das celas do dormitório de baixo, do lado da rua, pontas de diamante, e nas 2 frestas do coro-baixo, bem como vidraças nas janelas do coro; mandou colocar o ferro da grade em falta na cela da Madre das Noviças, consertar os ferros das grades da janela na casa das moças da comunidade, as grades de ferro que estavam mal firmadas, no dormitório de São Francisco, e as grades de ferro na janela da "torrinha dos foles"; mandou comprar um livro de canto chão para o coro, demolir uma braça larga no muro que atravessava do mosteiro para o muro da porta do carro, e fechar o mesmo muro com uma estacada de paus agudos, bem como altear o muro que dava para São Francisco; mandou ainda a abadessa tirar da casa da tribuna, sobre a sacristia, as arcas e baús, no prazo de 6 dias.

Autor e Data

Paulo Amaral 2002 / Paula Noé 2008

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