Casa Grande / Paço de Sezim
| IPA.00001932 |
Portugal, Braga, Guimarães, Nespereira |
|
Casa nobre barroca e neoclássica, característica do Entre Douro e Minho de planta em U fechado por muro que integra capela adossado ao topo exterior de uma das alas. O portão armoriado de entrada, neoclássico, apresenta ainda uma evocação barroca. Capela com retábulo de talha neoclássica. Planta em U integrando duas torres nos ângulos de ligação à ala central, invulgarmente mais baixa do que as laterais, revelando as mesmas torres uma certa influência oriental no tipo das coberturas. Contraria a disposição de acesso a partir de escadaria central optando pela solução de duas escadarias colocadas nos extremos definidos pelos torreõs. Possui acopolado, de N., um edifício de dois pisos mais antigo, sobre embasamento, cujo primeiro piso apresenta elementos quinhentistas. Papéis de parede panorâmicos oitocentistas decoram as salas nobres da casa, que segundo BINNEY no princípio do séc. 19, podiam-se ver em algumas casas dos Estados Unidos e da Europa. |
|
Número IPA Antigo: PT010308320059 |
|
Registo visualizado 1927 vezes desde 27 Julho de 2011 |
|
|
|
Edifício e estrutura Edifício Residencial senhorial Casa nobre Casa nobre Tipo planta em U
|
Descrição
|
Planta em U composta por três corpos, fechados a N. pelo muro da fachada principal que integra portão armoriado. Massas dispostas horizontalmente com coberturas diferenciadas em telhados de duas e quatro águas. Embasamento proeminente em granito aparente. O muro que precede a casa, encobrindo-a parcialmente, possui vãos gradeados encimados por cornija e urna, ladeando o portal de entrada, em cantaria, de verga em arco abatido encimado por cornija e brasão oval fortemente decorado. A partir do muro estrutura-se a casa, de linhas alongadas e composição simétrica, possuindo três corpos: alas laterais de dois pisos com torreões quadrangulares nos extremos fazendo a ligação à ala central, mais baixa e de um só piso. A ala central abre-se ao pátio por pequenos vãos rectangulares, quase junto ao solo, e janelas de moldura simples. A entrada principal, dupla, faz-se lateralmente nos torreões precedidos por escadaria de lanços iguais; os torreões têm ainda dupla cornija telhada, tendo de permeio janelas e ao centro do telhado pináculo. As alas laterais possuem fenestração regular de molduras simples. O seu remate exterior, no alinhamento do muro que fecha a casa, é simétrico, tendo dois corpos separados por pilastras: o primeiro com porta de verga recta encimada por óculo oval e frontão de lanços, e o segundo com vão recto encimado por óculo redondo e remate em pano de cantaria com sineira ao centro. A fachada posterior, orientada a S., possui no primeiro piso zonas de serviço cobertas de hera e o segundo percorrido a todo o comprimento por uma grande varanda com delgadas colunas colunas e grade de ferro, onde é patente a influência colonial; sobre esta fachada impôem-se volumetricamente os torreões. As fachadas O. e E. são ritmadas pelas janelas ao nível do piso nobre. O INTERIOR da casa é composto por uma série de salas que se desenvolvem longitudinalmente, decoradas por papéis de papel de parede pintados de origem francesa e espanhola, destacando-se os que representam "Views of America" *1, o "Industão", "Dom Quixote, "Batalha de Austerlitz", e a "Guerra da Independência da Grécia". A CAPELA possui planta composta por nave e capela-mor rectangulares em eixo e sacristia rectangular adossada à esquerda; fachada principal dinamizada por três pilastras, duas das quais definindo cunhais e a do meio dividindo dois registos, rematados por cornija onde assenta um frontão contracurvado com cruz latina sobre acrotério ao centro e sineira com vão de arco pleno, ladeada por pináculos. Porta principal rectangular de verga recta encimada por óculo oval e no outro registo, vão rectangular encimado por óculo circular ladeado por dois relógios de pedra. INTERIOR em estuque pintado marmoreado, coro-alto com portas de ligação à sacristia e ao pátio interior, púlpito de madeira assente em mísula. Arco triunfal de arco de volta inteira com sanefa em talha, capela-mor separada por grade de comunhão e altar-mor em talha policroma. Junto à fachada S. organiza-se JARDIM formal, de canteiros de buxo e com terraços inferiores onde se distinguem as pérgulas em arco, rodeadas de pereiras. |
Acessos
|
EN 310 (Guimarães - Porto), desvio para Nespereira, seguir indicação Casa de Sezim. |
Protecção
|
Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Portaria n.º 443/2006, DR, 2ª série, nº 49 de 09 março 2006 |
Enquadramento
|
Rural, isolado, destacado do meio envolvente, rodeado por terras de cultivo, quintais, pomares e jardins, delimitado a N. por muro de vedação com portão encimado por pedra de armas e integrando capela. O acesso ao portal principal faz-se por uma larga avenida rodeada por frondosos carvalhos e castanheiros da Índia. |
Descrição Complementar
|
|
Utilização Inicial
|
Residencial: casa nobre |
Utilização Actual
|
Residencial: casa / Comercial e turística: casa de turismo de habitação |
Propriedade
|
Privada: pessoa singular |
Afectação
|
Sem afectação |
Época Construção
|
Séc. 14 / 18 / 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
|
PINTOR: Auguste Roquemont (1830 / 1850). |
Cronologia
|
1376 - a Casa de Sezim entra na família dos actuais proprietários por doação de D. Maria Mendes Serrazinha *1 a D. João Freitas, companheiro de D. Afonso Henriques, do local com três casas, conforme pergaminho ano existente no arquivo da Casa; 1390 - é Senhor de Sezim, Afonso Martins, existindo "metade do paço telhado, cortes de pedra, casa da eira, bacelos e vinhas"; 1396 - documento mencionando o vinho de Sezim; 1451 - é instituido o morgado da Quinta de Sezim por Afonso Vasques Peixoto, Abade de Arões; séc. 17 - provável reconstrução da casa; 1795 - datação da pedra de armas sobre o portão de entrada; Séc. 18, finais - conclusão da Casa de Sezim, no tempo de José Alexandre de Freitas do Amaral Castelo Branco; 1813 - morre José Alexandre de Freitas do Amaral Castelo Branco; 1830 / 1850 - o interior da casa é parcialmente decorado pelo seu filho Manuel (1797 - 1856); colocação do papel de parede panorâmico, pintado com as famosas "Views of America" *2, cenas do Industão, desenhadas por P. A. Mongin, apartir de "O Cenário Oriental" de Daniel, produzido em 1806, cenas de D. Quixote, da Batalha de Austerlitz, e a Guerra da Independência da Grécia (1825); segundo uma carta existente no arquivo da família o papel terá vindo de Paris e sido pintado por Auguste Roquemont (1804 / 1852) *3; por linha feminina, a casa vem a passar para a família Melo Sampaio e depois para a de Pinto Mesquita; 1979 - após o termo da carreira diplomática, o proprietário passou a residir permanentemente em Sezim, introduzindo melhorias na propriedade e revertendo-a à actividade vinícola e criação de vacas de raça frisia inglesa *4; 1989 / 1990 - realização de grandes melhorias no edifício para adaptação ao turismo de habitação; 1978, 3 Novembro - Despacho de abertura do processo de classificação pelo Presidente do IPPC; 1996, 23 Dezembro - Despacho de confirmação da abertura do processo de classificação; 2003, 31 Janeiro - homologação como IIP, pelo Ministro da Cultura. |
Dados Técnicos
|
Paredes autoportantes. |
Materiais
|
Paredes de alvenaria de granito rebocado, embasamento e molduras das janelas em granito aparente; caixilharias de madeira e vidros transparentes; guardas das varandas em ferro forjado; pavimento de madeira; cobertura em estrutura de madeira revestida a telha. |
Bibliografia
|
VvAa, Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1976; AZEREDO, Francisco de, Casas Senhoriais Portuguesas, 1978; Des murs portugais aux papiers peints inestimables, Le Figaro, nº 186, 1983; MORAIS, Maria Adelaide Pereira, Casas Velhas, X, Casa de Sezim, Separata do Boletim de Trabalhos Históricos, Guimarães, 1985; Casa de Sezim, Minho, in Country Life, Maio, 1986; Guia de Portugal, Entre Douro e Minho, Lisboa, 1986; BINNEY, Marcus, Casas Nobres de Portugal, Lisboa, 1987; CRAESBEECK, Francisco Xavier da Serra, Memórias Ressuscita da Província de Entre Douro e Minho no ano de 1726, vol. 1, Ponte de Lima, 1992, p. 204 - 205; VvAa, Guia de Portugal. Entre Douro e Minho. II. Minho, vol. 4, Lisboa, 1996, p. 1231; Associação de Turismo de Habitação, Solares de Portugal, Ponte de Lima, 1996; VEIGA, Paulo G., Na Rota do Vinho Verde, Notícias Magazine, nº 325, 16 Agosto 1998, p. 58 - 63; BINNEY, Marcus, BOWE, Patrick, SAPIEHA, Nicolas, VENTURI, Francesco, Casas e Jardins de Portugal, Lisboa, 1998; OSÓRIO, Helena, A imponente Casa de Sezim, in Casas de Portugal, nº 57, Maio - Junho 2005. |
Documentação Gráfica
|
|
Documentação Fotográfica
|
DGEMN: DSID |
Documentação Administrativa
|
IPPAR, Proc. N.º 89/3(65) |
Intervenção Realizada
|
Proprietário: 1979 - Início de obras de beneficiação do solar e adaptações a Turismo de Habitação; 1989 / 1990 - revisão da cobertura, reboco e pintura das paredes exteriores; adaptação da ala S. a turismo de habitação; construção e sinalização. |
Observações
|
1 - Pensa-se que o nome Sezim terá a sua origem nos finais do séc. 14, a partir do nome da sua então proprietária, Maria Mendes Serrazinha ou Serrazim; *2 - Estas imagens foram inicialmente produzidas por J. Zuber de Rixheim em 1834, na Alsácia (BINNEY, 1987); *3 - Sezim poderá ter beneficiado do trabalho do artista francês Auguste Roquemont, hipótese com alguma plausibilidade segundo BINNEY, apesar de Roquemont chegar a Portugal apenas em 1828 e ter executado diversos trabalhos no Porto, Guimarães e arredores antes de falecer em 1852; *4 - a partir de 1979 foram iniciadas em Sezim grande melhorias, tendo sido adquirida uma manada de cinquenta vacas de raça frisia inglesa e replantados os vinhedos; Sezim encontra-se na vanguarda das iniciativas que introduziram o vinho verde da região no mercado da Comunidade. |
Autor e Data
|
João Santos 1996 / António Dinis 1998 |
Actualização
|
|
|
|
|
|
| |