Paço dos Távora / Câmara Municipal de Mirandela
| IPA.00000198 |
Portugal, Bragança, Mirandela, Mirandela |
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Casa nobre maneirista, de planta rectangular simples, com fachadas rebocadas e pintadas, de cunhais apilastrados, rasgadas por vãos rectilíneos. Fachada principal de três panos definidos por pilastras, coroadas por pináculos espiralados, e de dois pisos nos panos laterais e de três no central, separados por friso e cornija, e terminados em espaldares recortados e volutados, rematados em cornija, a central contracurvada, coroados por pinhas ou catavento; é rasgada regularmente por vãos com molduras de almofadas côncavas, abrindo-se no primeiro piso, em cada um dos panos, portal de verga recta, encimado por friso, os laterais sobrepujados por frontões semicirculares, no segundo janelas de peitoril, com panos de peito de almofada côncava, encimadas por friso e frontões semicirculares e falsos frontões recortados e flordelizados, num jogo alternado; no terceiro piso, com sacada corrida, abre-se portal ladeado por duas janelas de peitoril, com aletas, orelhas e avental volutado, com o mesmo tipo de remate. As restantes fachadas são rasgadas por vãos de molduras simples, sendo os do segundo piso, encimadas por cornija. No interior, no primeiro piso, possui amplo vestíbulo tendo, na parede frontal arcos abatidos, um deles com escada de acesso aos pisos superiores. Palácio construído em maneirismo tardio, numa época em que o barroco já estava plenamente afirmado. Destaca-se na cidade, não só pela implantação sobranceira à mesma, como pelo volume verticalizante, conferido pelo corpo central mais elevado, tipo de remates em espaldares recortados e volutados coroados por pináculos espiralados e pinhas. Distingue-se ainda pela riqueza decorativa dos vãos da fachada principal, sobretudo do 2º e 3º piso, com molduras de almofadas côncavas formando jogos geométricos, encimados por falsos frontões recortados e semicirculares, num ritmo alternado, valorizando assim o esquema regular da sua abertura. É notório o contraste entre esta fachada e as restantes, as duas laterais de esquema diferente, uma vez que a lateral esquerda é rasgada por janelas de peitoril e a direita por janelas de varandim, apenas ao nível do 2º piso, todas de molduras simples e as do andar nobre encimadas por cornija, mas de nítida feitura moderna. Ao palácio adossava-se capela, demolida na primeira metade do séc. 20. |
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Número IPA Antigo: PT010407210013 |
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Registo visualizado 1904 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Residencial senhorial Casa nobre
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Descrição
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Planta rectangular, de volumes escalonados e massa de predominante vertical, com coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco com embasamentos de cantaria, cunhais apilastrados, rasgadas por vãos rectilíneos moldurados a cantaria. Fachada principal, de três panos, divididos por pilastras, coroadas por pináculos espiralados, e de dois e três pisos, separados por cornija almofadada, terminando em cornija, friso e cornija; o pano central é de três pisos, sendo o primeiro rasgado ao centro por portal de verga recta, com moldura formando almofadas côncavas, encimado por friso e cornija; no segundo piso rasgam-se três janelas de peitoril, com molduras iguais, tendo pano de peito em cantaria, os laterais igualmente com almofada côncava e o central sobreposto por duas aletas estilizadas e folha de acanto, sendo encimadas por friso e cornija, a qual é sobrepujada por frontão curvo, ao centro, e falsos frontões recortados e flordelizados, lateralmente. O terceiro piso, sensivelmente recuado e formando sacada com guarda em gradeamento de ferro, é rasgado por portal de verga recta com aletas e orelhas na moldura, encimado por cornija rebaixada ao centro, friso e cornija sobreposta por falso frontão recortado, ladeado por duas janelas de peitoril, com moldura idêntica, mas tendo avental de volutas afrontadas e sendo encimadas por frontão semicircular, coroado por bola. Sobre o entablamento, este pano é rematado por espaldar, decorado com cartela oval, delimitada por moldura fitomórfica, contendo brasão, tendo em escudo francês as armas dos Condes de São Vicente, encimadas por coronel e, inferiormente, a inscrição "S. V. 1697", ladeado de volutas e terminado em cornija contracurvada coroada por catavento férreo, ostentando esfera. Os panos laterais, são rasgados, no primeiro piso, por portal de verga recta, de moldura igual, encimado por friso e frontão semicircular, e, no segundo piso, por três janelas de peitoril, de moldura igual, com pano de peito em cantaria com almofada côncava, sendo encimadas por friso e frontão iguais aos do pano central, mas num ritmo inverso, ou seja, tendo a janela central falso frontão recortado e os laterais frontões semicirculares. Estes panos terminam, sobre o entablamento, em espaldar recortado e volutado, com almofadas côncavas e florão central polilobado, terminado em cornija coroada por pinha. Fachadas laterais de dois pisos, terminadas em cornija, sobreposta por beirado simples; a lateral esquerda tem os dois pisos separados por friso de betão e rasgados por cinco janelas de peitoril, com molduras simples, sendo as do segundo encimadas por cornija; a lateral direita é rasgada apenas ao nível do segundo piso por três janelas de varandim, com molduras simples encimadas por cornija, e com guarda em gradeamento de ferro. Na fachada posterior, os dois primeiros pisos, separados por friso de betão, e terminados em cornija de betão, sobreposta por beirado simples, são rasgados por seis vãos cada, correspondendo, no primeiro, a cinco janelas de peitoril e uma porta, de moldura simples e, no segundo, a seis janelas de peitoril com moldura encimada por cornija. O terceiro piso, correspondendo ao corpo central, com o mesmo remate, é rasgado por duas pequenas janelas de peitoril, molduradas. INTERIOR: no primeiro piso surge, ao centro, amplo vestíbulo, com pavimento em lajes de cantaria e tecto plano, tendo na parede frontal três arcos abatidos, sobre pilares quadrangulares; o arco central encontra-se fechado apresentando grande painel com moldura fitomórfica, brasão de Mirandela, sob o qual surge uma filactera ondulante inscrita com "VILA DE MIRANDELA"; a partir do arco da esquerda, desenvolve-se escada de acesso ao segundo piso, onde de localizam as salas da presidência, de reuniões e dos vereadores, com tectos em madeira apainelada. |
Acessos
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Praça do Município, Rua dos Távoras |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 8/83, DR, 1.ª série, n.º 19 de 24 janeiro 1983 |
Enquadramento
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Urbano, isolado, implantado num terreno de declive suave, coroando o ponto mais elevado da cidade, beneficiando de um privilegiado panorama sobre a mesma. A fachada principal é precedida por plataforma, pavimentada, acedida por escadaria em cantaria de granito, ladeada por canteiros de flores e arbustos, formando-se, paralelo à fachada lateral direita, pequeno jardim. As fachadas laterais esquerda e a posterior são circundadas por espaços destinados a parque automóvel. Na proximidade erguem-se o edifício do Tribunal de Comarca de Mirandela (v. PT010407210175) e, à direita da fachada principal, a Igreja Paroquial, ampliada de modo destoante durante a década de 1990 e conservando a antiga capela-mor, e, uma estátua de D. João Paulo II. |
Descrição Complementar
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HERÁLDICA: Na fachada principal pedra de armas, em cantaria de mármore, com representação do brasão dos Condes de São Vicente, substituindo a primitiva referente à família Távora. INSCRIÇÃO: Na verga da porta da antiga capela pode ler-se: "1664". |
Utilização Inicial
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Residencial: casa nobre |
Utilização Actual
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Política e administrativa: câmara municipal |
Propriedade
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Pública: municipal |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 17 / 18 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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CANTEIROS: Manuel Alves e Domingos Pereira (1709). |
Cronologia
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1250, 25 Maio - foral de D. Afonso III elevando Mirandela a vila; 1282 - início da edificação da alcáçova, no cabeço de São Miguel, onde também vivia a família Távora; 1318 - abandono da alcáçova; séc. 15 - construção de um novo edifício *1, por António Luis de Távora; 1536 - na nomeação dos bens vinculados em Mirandela, refere-se "as cazas de apozento" que a família Távora tinha na vila; 1611 - D. Filipe III concede a Luís Álvares de Távora, 15º Senhor de Távora, o título de Conde de S. João da Pesqueira; 1628 - a Casa do Concelho erguida neste local tinha caído devido a uma tempestade; 1563 - instituição do morgado por Luís Álvares de Távora; 1664 - o 1º Marquês de Távora ordenou a edificação da capela de Nossa Senhora da Conceição; 1669, 6 Agosto - D. Pedro fez 1º Marquês de Távora D. Luís Álvares de Távora, 3º Conde de S. João da Pesqueira; séc. 17, final - reedificação do paço pelo 2º Marquês de Távora, António Luis; 1693 - descrição do palácio, edificado pelo Marquês António Luís de Távora, pelo Padre Ernesto Sales *2; 1709, Novembro - Luís de Távora reunido na sua casa com escrivão e os mestres canteiros Manuel Alves e Domingos Pereira, formalizam contrato da obra do frontispício do seu paço, trabalho no montante de 335$000 rs; os mestres comprometeram-se a trabalhar continuamente até aos últimos dias do mês de Maio e retomariam as obras a partir de Setembro, até à sua conclusão; 1758 - segundo as Memórias Paroquiais, o paço destinava-se a receber os corregedores quando andavam no distrito; 1759, 13 Janeiro - execução da família Távora; destruição da pedra de armas em todas as suas propriedades; 1767 - o 6º Conde de São Vicente, herdeiro do Morgado dos Távoras, tentou reaver os bens da família; 1768, 8 Janeiro - o Paço e os restantes bens do morgado dos Távoras passaram para as mãos dos condes de São Vicente; início do processo de degradação do paço de Mirandela; 1768, 28 Abril - escritura realizada pelo alcaide Domingues Fernandes Dias e os novos proprietários *3; 1814 - o paço encontrava-se em muito mau estado de conservação, inviabilizando a hospedagem dos administradores dos condes; 1818 - o administrador opta por entregar à Misericórdia local os bens da capela antes que ela se desmoronasse; 1822 - Alexandre Tomás de Morais Sarmento ficou hospedado no paço *4; Manuel Gonçalves de Miranda, deputado por Trás-os-Montes, afirma serem necessários 35 000 cruzados para recuperar o Paço; 1858 - José Ribeiro Rodrigues Cardoso, nos "Apontamentos" refere o edifício como estando desmantelado; 1860 / 1863 - Roberto Saldanha, procurador dos Condes de São Vicente, mandou reparar o corpo central do Paço e adoptou-o para sua residência; 1863 - substituição do brasão dos Távoras, já picado, pelo dos Condes de São Vicente; 1890 - para pagar dívidas de António José Carlos Manuel da Cunha da Silveira, o paço foi comprado por Daniel Tavares, médico em Lisboa, pelo valor de 6$000 rs, passando a designar-se por Palácio dos Tavares; a sua administração ficou a cargo de António Maria de Sá Lemos que, ali procedeu a algumas obras; séc. 20 - ali funcionou o Liceu Dr. Álvaro Soares; 1903, 16 Julho - escritura de compra do paço, em Lisboa, pelo notário Henrique Pinheiro Leal, pelo Ministério da Guerra, representado por Luis Augusto Pimentel Pinto, por 6$000 rs, para sede do 10º recrutamento militar; 1904 / 1905 - o paço foi avaliado em 8. 070$000 rs, pelo Ministério da Guerra *5; 1907 - o reitor de Baçal, Francisco Manuel Alves levou um livro, pertencente ao tombo de 1742-1753; 1910 / 1912 - instalação da sede dos Paços do Concelho, passando a funcionar no piso térreo, à direita, a administração do concelho, à esquerda, a repartição da fazenda; no segundo piso, à direita, a Câmara Municipal e, à esquerda, o tribunal judicial e a Repartição de Finanças; 1914 / 1920 - Ernesto Sales descreve o paço e refere a existência de uma capela contígua ao solar *6; 1915 - advertência do Padre Ernesto Sales ao chefe de gabinete do Ministério da Guerra para recolher toda a documentação e livros dispersos no paço e integrá-los na Biblioteca desse Ministério; o Padre Ernesto Sales conseguiu que Francisco Alves, reitor de Baçal, devolvesse o livro que levara do paço, juntando-o à colecção da Biblioteca do Ministério da Guerra; 1920 - o paço estava avaliado em 60 contos de reis; séc. 20, primeira metade - transformação da capela em farmácia de Manuel Maria Teixeira; 1956 - data do painel de azulejos colocado no vestíbulo, com representação do brasão da Vila de Mirandela, actualmente elevada a cidade; 1958, 22 Março - início das obras de adaptação, sobretudo a nível interior, pela Câmara Municipal para instalação dos seus serviços. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura rebocada e pintada de branco; frisos, cornijas, frontões, molduras dos vãos, pilastras, pináculos em cantaria de granito; pedra de armas em mármore; frisos e cornijas em betão; guardas em gradeamento de ferro; catavento férreo; portas e caixilharia de madeira; vidros simples; painel de azulejos; coberturas de telha de canudo. |
Bibliografia
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ALVES, Francisco Manuel, Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, Bragança, 1990; FERNANDES, João Luís Teixeira, Mirandela entre Duas Datas, Mirandela, 1986; RODRIGUES, Luís Alexandre, A Obra do frontespício do Palácio dos Távoras em Mirandela in MVSEV, 4ª série, nº 6, Porto, 1997, p. 163-172; SALES, Ernesto Augusto Pereira de, Mirandela - Apontamentos Históricos, Bragança, 1978; SILVA, António Lambert Pereira da, Nobres Casas de Portugal, IV volume, Porto; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/74265 [consultado em 11 janeiro 2017]. |
Documentação Gráfica
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CMM |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGMEN/DSID |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID; Conservatória do Registo Predial da Comarca de Mirandela: Livro B. 27, nº 7.910, fls 184 v., e compreende os nº 8.352, 8.353 e 8.354 |
Intervenção Realizada
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Proprietário: 1863 - restauro do paço, consistindo na colocação de telha e na reparação do corpo central, e substituição da pedra de armas picada dos Távoras, por outra com representação das armas dos Condes da São Vicente; 1890 - colocação de sobrado nos corpos laterais e de novas coberturas; C.M.M.: 1958 - obras de remodelação para instalação dos serviços; 1994 - arranjo de parte da zona envolvente. |
Observações
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*1 - Segundo António Pereira da Silva, o paço, deverá ter sido construído no mesmo local onde D. Dinis teria edificado a alcáçova, próximo do Castelo e, inclusivamente reutilizando cantaria pertencente a esta estrutura, justificando-se assim a designação de paço. *2 - Com base num tombo de 1693, o padre Ernesto Sales descrevia assim o primeiro palácio dos Távoras: "As cazas do paço cabeça deste morgado sitas nesta villa com sua capella da invocação de Nossa Senhora da Conceiçam e almazem de azeite, e seu quintal, que tem as heroicas armas da caza de Tavora, da parte do poente balcam, e huma baranda, coatro janellas, e sete portas com a da capella, todas para o poente, e parte do nascente do nascente o quintal com o muro, e do poente com o adro da igreja, e rua que della vai pera a praça, e do norte por parede com cazas, e quintal de Gaspar de Saa, e do sul as cazas e quintal com o dito muro aonde tem hum eirado, e medidas pello poente tem sessenta e huma varas e na largura do muro duas varas, e medidas pelo sul até onde acaba o muro tem sete varas, e virando a mediçam ao sul até à quina do Eirado sinco varas, e viranda a mediçam ao norte duas varas, e continuando a mediçam pello sul direito ao nascente ate o fim tem sincoenta e coatro e pello norte corenta e huma varas; do sul tem huma janella e huma porta pera onde tem a escada da serventia, e outra janella na cozinha pera o sul." (SALES, pp. 166-167); segundo o Padre Ernesto Sales, as armas dos Távoras seriam as mesmas que António Vilas Boas e Sampaio descrevera na obra Nobiliarquia Portuguesa, as quais teriam sido transladadas para a porta da quinta do marquês António Luís de Távora, em Mirandela. *3 - " No auto de posse dos bens sitos em Mirandela diz-se: "... o dito alcaide lhe deu posse na minha presença de todos os bens seguintes, a saber: das casas do Paso com todas suas pertenças, Eirado ou jardim, Almazem do Azeite e sotos nos baixos, e sua capela com as imagens e mais bens movens pertencentes a ella e seus ornatos que tudo consta de hua relação que eu escrivão fiz para a entrega ao novo administrador, que logo de tudo ficou entregue a ordem do mesmo excellentissimo empossado. A cavalharisse com seu palheiro que serve de adega de vinho com seus toneis; o lagar do Azeite com todos seus aparelhos e duzentas quarenta e outo talhas no Almazem do mesmo lagar e nos outros dous; e de todos os livros, papeis, escripturas e moveis, e mais documentos que tudo se achava em duas arcas emcouradas e outros de fóra, e livros de cobranças e fóros de Azeite que tãobem se incluem na mesma Relação ou Inventário que se fes. E outrosim lhe demos posse de hua casa e forno de Poya fóra do arco de São Thiago nesta villa, da cortinha a S. Cosme, da cortinha a S. Sebastião, da propriedade da fonte fria nova, da da fonte fria velha, a canameira além da Ribeira, da quinta da Maravilha, e das mis terras que em varios sititos são pertenças da casa que foi dos infelizes Marquezes, que tudo he no limite desta vila; como tãobem do olival chamado o Ramalhete asima da Madorra indo para Carvalhaes" (SALES, pp. 163-164). *4 - Figura notável, desempenhou o cargo de provedor da comarca de Moncorvo, foi corregedor de Vila Real, em 1816, deputado entre 1820 e 1822 e recebeu o título de Visconde do Banho, em 21 de Julho de 1835. *5 - Segundo o Padre Ernesto Sales, no Arquivo da Direcção-Geral das Fortificações e Obras Militares (Lisboa) existia um documento descrevendo o paço da seguinte maneira: "Paço dos Távoras. Prédio urbano situado no largo do Paço de Mirandella. Compõe-se o palacio de um jardim elevado e uma capela profanada, e de duas construções anexas abarracadas, separadas do Palácio por um pateo todo vedado. Tem o Palácio tres pavimentos ligados por uma escada nobre de cantaria e outra de madeira para serviço; e o pateo tem dois portões. Ha cinco casas no rez do chão, sete no primeiro andar, e quatro no segundo andar; e cada uma das construções anexas tem quatro casas. Confronta: norte Largo do Paço; lèste e sul, prédios particulares; e oéste, rua pública." (SALES, p. 168). *6 - "Actualmente (1914) tem o Paço três portas para o sul (terraço); para o nascente tem quatro portas e várias janelas, sendo duas no pavimento superior; para o norte deitam 2 portas, uma das quais sobre o telhado da capela, e da qual se não faz uso. A frontaria (poente) tem 3 portas no pavimento térreo, nove janelas no 1º andar e 2 janelas no 2º andar." (SALES, p. 167). *7 - A cavalariça com palheiro, adega, lagar e armazéns do palácio foram destruídos aquando do reordenamento do tecido urbano. *8 - Até à década de 60 do séc. 20, pelo menos, o edifício não se encontrava isolado, mas apresentava, nas fachadas laterais, outras construções adossadas. A fachada lateral esquerda era rasgada, ao nível do segundo piso, apenas por duas janelas de peitoril. Também a fachada posterior apresentava um esquema de abertura de vãos diferente do actual: no primeiro piso, rasgava-se, ao centro, porta de verga recta, ladeada por duas janelas jacentes e, nos extremos, duas portas; no segundo piso, separado do anterior por friso, e rematado por cornija recta interrompida ao centro por corpo mais elevado, rasgavam-se quatro janelas, com guarda em gradeamento de ferro. *9 - Na descrição do registo predial da comarca de Mirandela, o paço confronta, a E., com quintal de herdeiros de João Baptista de Araújo Leite, casa de António Joaquim de Sousa e Manuel Vinhas; a S., com rua pública e adro da igreja; a N. com casas dos herdeiros de João Baptista de Araújo Leite (SALES, pp. 171-172). |
Autor e Data
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Ernesto Jana 1994 / Marta Ferreira 2006 |
Actualização
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