Igreja Paroquial de Folhadela / Igreja de São Tiago

IPA.00001996
Portugal, Vila Real, Vila Real, Folhadela
 
Arquitectura religiosa, românica e oitocentista. Igreja românica tardia de planta longitudinal, de uma nave e cabeceira rectangular, totalmente coberta com tectos de madeira, reformulada na época oitocentista, com fachada principal em empena, rasgada por óculo circular e porta rectangular, possuindo no interior retábulos de talha de estilo nacional e neoclássica. As pinturas murais quinhentistas apresentam afinidades com os murais da Igreja de Midões (v. PT010302480067) e de Vila Marim (v. PT011714290050) atribuidos ao pintor Arnao ( CAETANO, 1998).
Número IPA Antigo: PT011714090060
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal composta por nave e capela-mor rectangulares, com sacristia e sineira adossadas do lado N.. Disposição horizontal das massas formando 4 volumes com coberturas diferenciadas em telhados de 2 e 1 águas. Fachada principal orientada a O., entre pilastras coroadas por pináculos de calotes esféricas escalonadas, terminando em empena moldurada com friso e dupla cornija encimada por cruz latina. Portal de lintel recto com cornija e pilastras de base moldurada, sobrepujado por óculo circular de moldura simples. Sineira de planta rectangular, patamar aberto com grade e portão metálico, possuindo 2 vãos rectangulares com sinos e telhado de 2 águas com acesso por escada de 2 lanços a E., adossada à fachada lateral da igreja. Fachadas de cantaria aparente, siglada, sendo as laterais da nave e capela-mor percorridas por cornija moldurada com bolas, assente em cachorrada decorada com motivos geométricos, animais e rostos humanos. Na lateral S. abrem-se na nave porta de lintel recto e duas janelas de moldura rectangular em rampa, e uma janela do mesmo tipo e uma fresta na capela-mor. Na sua fachada posterior fresta central de remate semicircular com chanfro e moldura com toro, sendo o remate em empena com figuração zoomórfica saliente, coroada por cruz enquadrada por círculo. A N. abrem-se duas janelas rectangulares em rampa e uma porta de lintel recto de acesso ao coro-alto. Na sacristia, de remate em cornija, abrem-se duas janelas rectangulares e, a O., uma porta de lintel recto ornamentado com dois sexfólios inseridos em círculos ladeando uma cruz central e a data 1713. INTERIOR de espaço diferenciado com articulação sublinhada por arco triunfal de volta perfeita sobre impostas e com aresta exterior moldurada com toro. Nave com pavimento de soalho, paredes de cantaria aparente com remate em cornija e tecto de madeira em três planos, com tirantes metálicos, possuindo 3 florões entalhados no plano central e pintura policroma com representações dos Evangelistas e de São Pedro e São Paulo. Coro-alto de madeira com balaustrada, guarda-vento central de madeira no sub-coro, abrindo-se do lado do Evangelho a capela baptismal com arco de volta perfeita assente em pilastras, com pia oitavada de faces côncavas. Do lado oposto um confissionário inserido no vão da parede. Lateralmente, dois altares laterais de talha branca e dourada com edícula enquadrada por frontão entre colunas de pintura marmoreada. No lado da Epístola um arcosólio liso com sarcófago muito destruído e na parede oposta base de púlpito quadrada moldurada, assente em mísula, com porta rectangular entaipada. Altares colaterais com mesa em granito, possuindo o da Epístola retábulo de talha dourada e policroma com arquivolta apoiada em colunas torsas, ornado com figuras de anjinhos, cachos, parras e aves; na parede de fundo, restos de pintura mural com imagem enquadrada por cartela com inscrição. No lado do Evangelho, vestígios de pintura figurando São Bartolomeu. Arco triunfal sobrepujado por inscrição pintada "...QVI TRANSITIS PER VIAM ATTENDITE ET VIDETE SI EST DOLOR SICUT DOLOR", e pintura representando a Paixão de Cristo, enquadrada por cartela. Capela-mor de pavimento de madeira, supedâneo com dois degraus de granito, paredes de cantaria aparente e tecto de dois planos de madeira envernizada. Do lado do Evangelho abre-se uma fresta de arco de volta perfeita e uma porta rectangular de acesso à sacristia. Retábulo-mor em talha policroma de fundo branco, edícula central com trono entre colunas de pintura marmoreada e remate em frontão curvo.

Acessos

Entre os Kms 38 e 39 da EN 313, desvio para Folhadela pela EM 577

Protecção

Enquadramento

Rural. Encosta sobranceira ao Rio Corgo, na periferia da Região Demarcada do Douro. Isolada, inserida em adro rectangular de flanco para a estrada. Adro empedrado e delimitado por muro de granito com 2 acessos para a rua, do lado N. e E., situando-se a residência paroquial a S. e o cemitério a E..

Descrição Complementar

No centro da fachada N. da sacristia encontra-se integrado um lavabo de pia semicircular e espaldar com enrolamentos de volutas na base e ao centro a representação de uma torre ameada.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Vila Real)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 14 / 16 / 17 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

PINTOR: Arnao.

Cronologia

Séc. 13 / 14 - época provável de construção; 1535 - data e assinatura pinturas murais; séc. 16, finais / 17 - possível feitura das pinturas laterais do arco triunfal; 1638 - data provável de execução de obras assinalada no intradorso do arco triunfal; 1713 - provável construção da sacristia; 1732, cerca - possuía uma Irmandade de São Gonçalo, com estatutos próprios, em capela do mesmo nome, com imagem do Santo objecto de grande devoção, cujos pródigos milagrosos são testemunhados nos vários quadros e membros de cera pendurados na capela e igreja; a igreja era do padroado da Mitra Primás e apresenta-se com título de vigairaria; séc. 19 - provável construção da fachada principal, dos retábulos colaterais e mor; 2000 - Câmara Municipal propõe a igreja como Monumento de Interesse Municipal.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura, pavimentos da capela-mor e da sacristia em granito, cobertura de telha de aba e canudo, coro-alto, tectos, pavimento da nave e retábulos em madeira.

Bibliografia

CAETANO, Joaquim Inácio, O Marão e as oficinas de pintura mural nos séc.s XV e XVI in Actas do Congresso Histórico sobre Amarante. Reconstruir a Memória, 1998; ERVEDOSA, Carlos Manuel Nascimento, Carta Arqueológica do Concelho de Vila Real, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, 1991, p. 76; GONÇALVES, António Nogueira, O gótico Vila-Realense do séc. XV, 1941, p. 41 - 42; SOUSA, Fernando de, GONÇALVES, Silva, Memórias de Vila Real, vol. 2, Vila Real, 1987.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; Arquivo " Mural da História "

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Comissão Fabriqueira: c. 1996 / 1999 - restauro geral da igreja; DGEMN: 2003 - na continuação dos trabalhos de conservação das pinturas murais da nave, iniciam-se os trabalhos de conservação da pintura mural do tardoz do retábulo-mor.

Observações

A primitiva estrutura românica sofreu várias transformações ao longo do tempo, expressas nas diferenças do aparelho de cantaria. A fachada principal foi completamente alterada, criando um forte contraste com o resto da igreja. A sineira e a sacristia representam também acrescentos posteriores, a última datada de 1713. Os vãos em arco de volta perfeita que albergam os retábulos laterais da nave foram posteriormente rasgados nas paredes românicas. A porta lateral da nave, de lintel recto substitui a primitiva de arco de volta perfeita. Do lado oposto, onde se localiza o púlpito existiu outra porta do mesmo tipo. A porta do púlpito, que tinha acesso pelo exterior, encontra-se entaipada. As janelas rectangulares de rampa que iluminam a nave e a capela-mor foram também posteriormente rasgadas na parede românica.

Autor e Data

Ricardo Teixeira 1999

Actualização

 
 
 
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