Núcleo urbano da cidade de Paraty

IPA.00020186
Brasil, Rio Janeiro, Rio Janeiro, Paraty
 
Núcleo urbano sede administrativa. Cidade situada em margem fluvial. Vila de fundação régia portuguesa. Núcleo urbano de matriz colonial, estruturado na segunda metade do séc. 17 e no séc. 18, tendo-se consolidado no séc. 19. A implantação reflecte as características habituais da colonização portuguesa na escolha estratégica do local a urbanizar: fixação em sítio com água potável, próximo de terrenos agricultáveis, defensivamente seguro e com possibilidade de comunicação com o interior do território. A morfologia urbana assenta numa quadrícula irregular, adaptada ao terreno, cujo pólo inicial seria anexo à igreja matriz. A malha integra as condicionantes específicas do terreno, tentando encontrar respostas com os próprios elementos naturais e seguindo as suas leis. Exemplo desta atitude são as ruas ciclicamente transfiguradas em canais navegáveis e os próprios materiais construtivos. Os quarteirões da primeira fase de crescimento estão implantados segundo uma malha tendencialmente mais rectilínea, compreendida entre as igrejas matriz, de Santa Rita e do Rosário e revelam maior autenticidade ao nível tipológico. Os eixos urbanos seguem duas direcções fundamentais, coincidentes com os pontos cardeais principais. É de salientar a importância dos eixos matriciais E./O., no qual se destacam as Ruas da Ferraria, antiga Rua Direita, da Lapa e do Rosário, que permitiam a ligação ao sertão mineiro, vector de incremento construtivo após o momento urbano inicial, aliás reflectido no alongamento genérico das quadras segundo essa direcção. As igrejas barrocas e a casa da cadeia assumem o papel de elementos polarizadores, sendo os únicos edifícios isolados e aqueles em que, apesar da sua simplicidade, a escala é maior e o emprego de materiais mais nobre. O conjunto construído compreende os dois tipos morfológicos de referência, o sobrado e a casa térrea. Nesta última, a zona residencial ocupava as traseiras das lojas e armazéns de piso térreo, que possuía sempre logradouro. Nos sobrados, o piso térreo era destinado ao comércio ou instalações de apoio ao andar superior, reservado à habitação. A tipologia interna das construções obedecia a um programa que ainda subsiste em muitos casos: na frente abrem-se os armazéns e as salas, só com portas no primeiro caso e com portas e janelas no segundo. Para os logradouros abrem-se as dependências domésticas mais privadas, ligadas à entrada por um corredor que atravessa toda a casa. Este tecido edificado apresenta significativa uniformidade tipológica, que se pode considerar estabilizada no final do séc. 18 e 1ª metade do séc. 19. Apesar de ser possível identificar vestígios do séc. 17 em algumas habitações, verifica-se que os ciclos construtivos se foram adaptando às sucessivas posturas municipais e à respectiva norma edificatória. Nos "Termos de Postura" de 1828, incorporando o "balizamento" preexistente (1726), exigia-se o respeito pelo alinhamento viário, a existência de logradouro, padronizavam-se as dimensões e o número de vãos, a cércea e o pé-direito dos pisos, bem como os materiais a utilizar, passando a ser obrigatório murar os limites dos lotes e abrir uma "porta de frente". A cércea das casas térreas ficou estabelecida em 17,5 palmos e a dos sobrados em 35 palmos. As portas deveriam ter verga curva, 11 palmos de altura e 5 de largura. Ao longo do séc.19 o território abriu-se a novas influências e introduziram-se novos gostos, visíveis nas formas de ornamentação e respectivos materais, embora se tivessem mantido as técnicas construtivas tradicionais da época colonial. Assistiu-se, por exemplo, a uma substituição gradual das rótulas, muxarabis e portadas cegas de madeira por janelas envidraçadas, e as guardas de varandas em madeira formadas por reixas cederam lugar ao gradeamento em ferro forjado e fundido, com motivos ornamentais mais complexos*2. Será ainda dessa época a preferência, restrita quase sempre aos sobrados, pela decoração pintada nas fachadas, com motivos geométricos concentrados em frisos junto ao beirado e ao nível das varandas, nos cunhais e no embasamento dos edifícios. A composição dos alçados mostra os vãos bem ritmados e de dimensões generosas, com vergas rectas ou curvas, rematadas com moldura saliente em argamassa, ou mais frequentemente em madeira, devido à abundância desse material na envolvente. As guarnições em madeira são pintadas com cores fortes, como o azul, o verde, o vermelho e o amarelo, sendo até frequente a combinação de duas cores distintas, aplicadas na guarnição e na porta. As variações compositivas, construtivas e decorativas são mais comuns nos sobrados, enquanto a maioria das casas térreas apresenta significativa simplicidade e homogenia.
Número IPA Antigo: BR922100530005
 
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Registo

 
Conjunto urbano  Aglomerado urbano  Cidade  Vila moderna  Vila moderna  Régia (D. Pedro II)

Descrição

Conjunto urbano definido por uma malha em quadrícula irregular, adaptada às condições específicas do local. A quadrícula define duas direcções principais, que todas as ruas seguem de uma forma aproximada, mas não muito rigorosa. Existem sete ruas orientadas segundo a direcção E./O. e seis ruas de orientação N./S., denotando um grau de rectilinearidade não muito acentuado e variando de largura em cada quarteirão, com um mínimo de 4,5 metros e um máximo de 12 metros. O traçado urbano foi estruturado desde o início do séc. 18 num local de baixio, ao nível das águas do mar. O desenho dos arruamentos segue a morfologia do terreno, adaptando-se às curvas de nível e criando uma inclinação constante em todo o sistema. As próprias vias, pavimentadas em "pé-de-moleque", apresentam perfil transversal côncavo. A água do oceano, durante a praia-mar, penetra na estrutura viária, transformando-a numa rede de canais. Esta especificidade está relacionada com a vocação da antiga vila de Paraty, enquanto elemento nodular das rotas que ligavam as diferentes capitanias, já que se desenvolveu como plataforma de engrenagem entre os caminhos do mar e os caminhos da terra. Era importante que a água não fosse barrada e entrasse pela cidade dentro, potenciando a mudança do meio transporte para as cargas mercantis. O núcleo inicial de ocupação deste território localizava-se na margem S. do rio Perequê-Açu, próximo da Igreja Matriz, elemento polarizador arquitectónico inicial. As Ruas do Comércio, da Matriz e do Mercado (actual Rua D. Geralda) terão sido os eixos fundamentais de estruturação e crescimento do povoado (sentido N./S.), complementadas com as Ruas da Lapa, da Ferraria, do Rosário e da Cadeia, que seguiam a direcção do caminho do sertão (sentido E./O.), efectivando a quadrícula. A construção das igrejas em zonas limítrofes do núcleo (Igreja de Santa Rita a S., Igreja do Rosário a E. e Igreja Matriz a N.) reforça o seu papel organizativo enquanto marcos do contexto social e urbano. O itinerário dos Passos da Paixão (v. BR000103040015) demonstra a importância das Ruas D. Geralda e do Comércio enquanto eixos estruturantes do traçado urbano, ligando as duas igrejas, localizadas nos quadrantes N. e S. do aglomerado. A Rua da Praia (actual Rua Dr. Pereira), como a toponímia demonstra, seria periférica, confrontando directamente com o mar. Só no séc. 19 foram construídos a Igreja de Nossa Senhora das Dores e quarteirões anexos, definindo um novo limite para Paraty e fomentando a ocupação dos terrenos mais alagados. As seis praças existentes rematam o núcleo urbano em várias direcções, servindo como espaços de descompressão, antecâmaras de entrada e saída, em contraponto ao contínuo construído do interior. A Praça da Matriz, até ao séc. 20 centro político, administrativo e religioso do aglomerado (e seu local de génese), é a maior área pública, apresentando forma rectangular e sendo delimitada a N. pela Rua Fresca (marginal ao rio), a S. pela Rua da Cadeia, a O. pela Rua do Comércio e a E. pela Rua. do Mercado. A Igreja Matriz, pela sua imponente massa edificada, domina claramente este terreiro, onde se encontravam o pelourinho e a antiga Casa da Câmara. A praça pode ser dividida em dois "momentos": um quadrilátero irregular (com a dimensão de um quarteirão) frontal à igreja, arborizado e ajardinado, que convida ao descanso; e um rectângulo extenso com os lados maiores paralelos ao rio, lateral à igreja e ao jardim, utilizado como espaço de transição para o rio (local de acostagem) e cujo uso se restringe hoje a parque de estacionamento e feira livre. Este teria sido o primitivo local de atracação dos barcos antes do aglomerado se estender até ao extremo S. da península. A praça de Santa Rita, pontuada pelo edifício da Casa da Cadeia (hoje Biblioteca Municipal) e pela Igreja de Santa Rita, é um local único na cidade e uma "imagem-postal" recorrente. Trata-se de um espaço de configuração trapezoidal, em que se sente, com grande impacto, a conjugação dinâmica e interpenetrante do Oceano com a Mata Atlântica, na sua biodiversidade e riqueza, marcando presença a vários níveis de proximidade, até se fundir no horizonte. Confronta com o mangue a SO. e a baía a S. e SE., destacando-se a Ponta Grossa de Paraty, um istmo do maciço montanhoso que avança sobre o mar e as aberturas rasgadas nos muros circundantes, por onde entram as águas das marés-altas. Mais para E., localizava-se a Praça do Mercado, actual Praça da Bandeira, ou Praça do Porto, com uma forma triangular, com um dos seus lados aberto sobre o mar. É um importante espaço de circulação, uma vez que aqui se encontram infraestruturas como o mercado e o porto marítimo, onde antes se registou uma intensa actividade comercial. A Rua da Praia limita a face O. da praça, sendo nela evidente a concentração do uso mercantil, pela predominância de casas térreas só com portas. A praça da Capelinha, onde se encontra a Igreja de Nossa Senhora das Dores, faz o remate NE. do núcleo urbano. Tem forma trapezoidal e acesso pela Rua da Capela e pela Rua Fresca. É das mais pequenas e a menos vivida, em grande parte devido à sua localização muito periférica, abrindo sobre o mangue descaracterizado. A Praça do Chafariz constitui um espaço de reserva, antes da principal das duas entradas por via terrestre para o "Bairro Histórico", operando a transição desta zona com a cidade nova, que se desenvolveu a O. Constitui um ponto de encontro e aqui se localizam alguns serviços de apoio ao turismo. Tem forma quadrangular, com um chafariz central e uma área arborizada. A outra entrada, por via terrestre, é a ponte sobre o rio Perequê-Açu, permitindo o acesso N. e a correspondente ligação ao Morro do Forte e à zona de expansão de Jabaquara. O Largo do Rosário é o segundo espaço público sem frentes ribeirinhas ou marítimas e tem a particularidade de se localizar nas traseiras da igreja homónima, facto invulgar no urbanismo colonial português. Uma justificação possível pode residir na sua utilização por homens negros, não devendo estes reunir-se numa das principais ruas da cidade (Rua do Comércio), mas sim na retaguarda do edifício. É um largo de planta triangular, confrontando com construções em todas as faces, no qual a Igreja do Rosário mostra uma implantação urbana muito peculiar: a Rua do Rosário apenas anuncia a existência de um edifício de destaque pelo aumento progressivo da sua largura, quando se aproxima do cruzamento com a Rua do Comércio, não sendo possível ter noção da totalidade da fachada, algo que a torna mais apelativa. O cruzamento destas duas ruas define um eixo em "T", fundamental na vivência contemporânea do Centro Histórico, com significativo dinamismo económico e social, justificado pela localização dos edifícios da Prefeitura. Já a Rua do Fogo (no séc. 19 denominava-se Travessa do Fogo) é claramente o espaço público linear hierarquicamente mais baixo no contexto da cidade, pois consiste na única rua que não se estende para além de um quarteirão, podendo ter servido para anunciar a frontaria da Igreja de Santa Rita. A existência de cunhais em pedra nas esquinas das casas situadas nos gavetos dos quarteirões é uma situação peculiar, tendo em conta que é muito rara a utilização de cantarias nas construções. Mais surpreendente é a existência, na maior parte dos casos, de apenas 3 cunhais em cada cruzamento, formando um triângulo planimétrico, algo que pode estar relacionado com influências maçónicas. Em cada rua, à medida que o observador vai caminhando, surgem enquadramentos urbanos diferenciados, num exemplo perfeito de visão serial. O ponto de focagem centra-se sempre no edificado, nunca derivando para o infinito, pois o ligeiro desalinhamento das ruas não o permite. Quando se chega a uma das praças periféricas, a abertura sobre a paisagem é total. Nesta medida, o núcleo da península de Paraty é muito rico e variado em termos de relações espaciais e urbanas. Os arruamentos de Paraty mostram uma completa ausência de vegetação arbustiva, em contraponto com os logradouros, as praças e a envolvente. Os quarteirões apresentam formas de quadriláteros irregulares, sendo difícil encontrar dois com uma configuração exactamente idêntica. Os que estão compreendidos entre as Ruas Fresca, da Praia, da Lapa e do Comércio (presumivelmente mais antigos) definem uma retícula mais ou menos exacta. Os restantes alongam-se segundo as várias direcções para o exterior deste núcleo, à excepção de dois próximos da Igreja de Santa Rita. Ao nível do tecido parcelar, os quarteirões apresentam-se divididos em lotes com configurações muito díspares, embora se realce um ligeiro domínio do lote estreito, especialmente no núcleo mais regular. Entre a Rua da Praia e a Rua Fresca, os lotes são claramente maiores e os logradouros menos ocupados, devido à presença de terrenos muito alagadiços. Nas zonas próximas das igrejas e das entradas por via terrestre a ocupação dos espaços interiores vazios é quase absoluta, tendo sido realizada, essencialmente, no séc. 20. É de salientar que todos os quarteirões se encontram bem delimitados, já que foi obrigatória a construção de muros a simular fachadas de casas térreas onde não existe edificado. Por trás destes muros erguem-se árvores de grande porte, como as palmeiras, que proliferam nos logradouros, atingindo alturas superiores ao próprio construído. O espaço edificado residencial, conjuga a casa térrea e o sobrado, sendo raros os edifícios com mirante no terceiro piso. Alguns sobrados destacam-se pela inserção de pormenores arquitectónicos notáveis, ao nível dos trabalhos de madeira e ferro forjado, assim como, pelos frisos e pilastras ornamentados, mais uma vez de presumível influência maçónica*1. Os sobrados inscritos neste grupo localizam-se em manchas de proximidade, sendo de destacar os que se situam na Rua do Mercado, em ambos os lados da rua. Não existem grandes edifícios públicos que se distingam do restante edificado. Dado ser um conjunto tão homogéneo, inclusivamente nos materiais e técnicas construtivas utilizados, as igrejas constituem-se como os grandes elementos de destaque, quer ao nível da volumetria, quer ao nível da localização (em cada um dos limites da península), e até dos materiais de construção usados. A Igreja Matriz, claramente o edifício do centro histórico com maior dimensão, tem uma traça sóbria, mas viu-se privada do topo das suas torres sineiras. A igreja de Santa Rita, a segunda mais importante, e a Capela de Nossa Senhora das Dores, de pequenas dimensões, marcam a sua presença pelas respectivas torres sineiras, que rematam fachadas de grande simplicidade e equilíbrio, servindo também de elementos de referência do perímetro urbano para quem se aproxima de barco. A igreja do Rosário é a mais pobre, não apresentando torre sineira, nem cantarias nas pilastras das fachadas, ao contrário das outras. Salienta-se ainda o edifício da Cadeia Velha, o qual apresenta grande simplicidade formal e funcional, tendo como características particulares a sua implantação isolada e uma escala superior aos edifícios de habitação corrente. O edifício da Prefeitura é um sobrado equivalente aos restantes, sem marcas distintivas, que se ergue na esquina da Rua do Rosário com a Rua do Comércio. O conjunto compreende cerca de 500 imóveis que obedecem a regras formais e funcionais bem visíveis nos volumes e fachadas. As casas formam frentes contínuas e alinhadas, com a cumeeira do telhado paralela à fachada principal e paredes laterais em empena. É frequente a existência de telhados com mais do que duas águas. Nos gavetos os edifícios comunicam com as duas ruas do cruzamento por meio de portas, constituindo um espaço de passagem alternativo e coberto. O espaço construído apresenta significativa homogeneidade, apesar das variações compositivas, construtivas e decorativas, também valorizadas pela diversidade cromática, sempre contrastante com o branco das paredes caiadas.

Acessos

BR 101 (rodovia Rio - Santos); rodovia Presidente Dutra, via RJ 130 (rodovia Paraty - Cunha).

Protecção

Tombamento Federal como Património Histórico e Artístico Nacional (Brasil), Decreto n.º 58.077 de 24 março 1966 / Inclui os seguintes imóveis tombados individualmente: Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Remédios (v. BR000103040010), Igreja de Santa Rita (v. BR000103040011), Igreja de Nossa Senhora do Rosário (v. BR000103040012) e Igreja de Nossa Senhora das Dores (v. BR000103040013)

Enquadramento

Urbano. Paraty situa-se na região SE. do Brasil, no litoral S. do Estado do Rio de Janeiro, 240 km a O. da cidade do Rio de Janeiro e 330 km a E. da cidade de São Paulo. Na margem mais ocidental da Baía da Ilha Grande localiza-se uma reentrância denominada Baía de Paraty, na qual duas grandes massas naturais dominam a paisagem: a Serra do Mar a O. e o Oceano Atlântico a E. As escarpas do maciço montanhoso coberto de Mata Atlântica exuberante, que podem chegar a altitudes de 1600 metros acima do nível médio das águas do mar, desenvolvem-se para o interior do território no sentido N./S., constituindo um pano de fundo omnipresente. Esta área corresponde ao Parque Nacional da Serra da Bocaina. A costa é muito recortada e povoada de ilhas, apresentando grande variedade morfológica e cobertura vegetal logo acima dos 2 metros de altitude. Paraty foi implantada ao nível do mar, entre as embocaduras dos rios Perequê-Açu a N. e Mateus Nunes ou Patitiba a S., em zona de planície formada por sedimentação de depósitos aluviais e marítimos. A península confronta imediatamente com o tecido urbano do bairro de Fátima a O. e com o bairro de Patitiba a SO. Na outra margem do rio Perequê-Açu, a N. do centro histórico, localizam-se o Hospital da Santa Casa da Misericórdia (v. BR000103040016) e, no cimo do morro, o Forte do Defensor Perpétuo (v. BR000103040006). O clima é predominantemente tropical, quente e húmido, sem estação seca, com temperatura média de 27º C. Envolvente rica em recursos naturais, florestais e piscícolas.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Pública: estatal, municipal / Privada: pessoa singular, pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

1530 - expedição exploratória de Martim Afonso de Sousa a Paraty; 1559 - fundação do primeiro núcleo urbano de Paraty, no Morro da Vila Velha, hoje Morro do Forte do Defensor Perpétuo. Foi povoada por colonos da zona de São Vicente (actual Santos), após o fracasso da cultura do açúcar naquela região; 1563 / 1564 - o padre jesuíta José Anchieta esteve em Paraty; 1574 / 1578 - estabeleceu-se no Rio de Janeiro a sede do Governo Geral do Leste e Sul; intensificavam-se as comunicações e circulação de pessoas e bens entre a Baía da Ilha Grande e o Rio de Janeiro; 1593 - elevação de Paraty a vila do município de Angra dos Reis; 1597 - primeiro relato conhecido que menciona Paraty, da autoria de Anthony Knivet, que acompanhou a expedição de Martim Correia de Sá. A expedição desembarcou no ancoradouro do Pouso, a S. de Paraty, para seguir pelo trilho dos índios Guaianás no caminho para o interior, em direcção a Minas; séc. 16, final - assentamentos de comerciantes, articulando as comunicações entre o Rio de Janeiro e São Paulo. O motor da economia era a produção do açúcar em larga escala, muito exigente em mão-de-obra. A região foi um pólo importante na captura e escravatura inicial de indígenas, sendo um local privilegiado para a colonização das tribos nómadas, sobretudo Guaianás; 1606 - referências ao desembarque em Paraty do capitão-mor de Angra, João Pimenta de Carvalho, procurador da condessa do Vimieiro, donatária da capitania de São Vicente. Angra pertencia a esta capitania e centralizava a jurisdição da região de Paraty; 1630 - a condessa do Vimieiro fez doação em sesmaria das terras onde posteriormente se implantou Paraty, a favor de Maria Jácome de Melo. Construção de uma capela em louvor de S. Roque, no morro, junto à povoação; 1646 - início da construção da Igreja Matriz, no local doado por Maria Jácome de Melo, para devoção a Nossa Senhora dos Remédios. A primeira igreja foi construída em madeira e sapé nesse mesmo ano, passando a povoação a ser conhecida como Nossa Senhora dos Remédios de Paraty. Angra dos Reis é elevada a distrito; 1652 - transferência do povoado de São Roque para a área envolvente à Igreja Matriz. A igreja foi um importante pólo estruturante e dinamizador do núcleo urbano, que crescia lentamente e deixava a Vila Velha para se instalar nas zonas mais baixas, entre os rios Perequê-Açu e Patitiba (actual Matheus Nunes), ambos navegáveis; 1654 - primeira rebelião em Paraty pela independência em relação a Angra; 1660 - segunda rebelião, comandada pelo capitão Domingos Gonçalves de Abreu. Colocação do pelourinho, símbolo de autonomia, mas sem a necessárias autorização legal. Salvador Corrêa de Sá conduziu a abertura da Estrada da Serra, pelo antigo trilho indígena; 1666 - Martim Correa Vasques Annes, governador da província do Rio de Janeiro, pediu ao rei para autorizar a elevação da vila; 1667, 28 Fevereiro - elevação à condição de sede de município, por carta régia de D. Afonso VI, passando a denominar-se Vila de Nossa Senhora dos Remédios de Paraty, com autonomia municipal de Angra dos Reis. Instalação da primeira Câmara de Vereadores de Paraty, com a oficialização do pelourinho no dia 1 de Novembro. Foi ordenado o desbravamento e sequente abertura do antigo caminho dos Guaianás para o interior do sertão; 1668 - início da construção da Igreja Matriz em pedra e cal e cobertura de palha, depois de demolida a primitiva capela de Nossa Senhora dos Remédios; o núcleo urbano seria constituído por mais de 50 casas térreas, construídas em taipa e cobertas por palha, que se organizavam ao longo de um eixo inicial de ocupação, paralelo à linha de costa; falta de condições no embarcadouro; 1690 - descoberta de ouro nas Minas de Vila Rica, actual Ouro Preto. Início do processo de emigração, sobretudo de portugueses, que entravam no Brasil pelo Rio de Janeiro e penetravam na Rota do Ouro por Paraty. Esta passou a ter mais importância, não só na ligação com o planalto, mas também com o interior do sertão mineiro; 1699 - data inscrita no sobrado da Rua da Matriz, próximo da igreja de Santa Rita, considerado o mais antigo da cidade; séc. 18, 1ª metade - incentivos régios para descoberta de metais preciosos, aumentando as expedições para o interior. Restabeleceram-se os primitivos trilhos de índios, nomeadamente o que tinha início em Paraty, seguindo pela garganta do Embaú. A cidade passou a ser o terminal terrestre do Caminho Velho entre Minas e o Rio de Janeiro. A maior parte das construções eram destinadas a armazéns e postos comerciais; 1701 - início da construção do Caminho Novo, que atravessa a Serra dos Órgãos, permitindo a ligação directa entre Minas e o Rio; 1703 - carta régia para fundação da Casa de Quinto, para registo de todo o ouro que vinha do interior para a costa, instituindo este caminho como parte da Rota do Ouro oficial. Construção da Casa da Cadeia, integrada no Forte de Patitiba, hoje desaparecido. Fortificação da região da Vila Velha, que passou a ser denominada de Ponta da Defesa, hoje Morro do Forte; 1710 - finalização do Caminho Novo; 1712 - conclusão das obras da Igreja Matriz; 1717 - descrição de Paraty como uma pequena vila com menos de 50 casas térreas, construídas em taipa e cobertas com palha, servcindo os rios e as praias como locais de embarque; 1719 - delimitação da área de implantação da vila que teria "455 braças de largura e 583 braças de comprimento"; 1721 - criação da capitania de São Paulo, destacada da capitania do Rio de Janeiro, ficando Paraty sob a sua jurisdição; 1722 - início da construção da igreja de Santa Rita, destinada aos "Homens Pardos" (escravos libertos); 1725 - construção da igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, reservada aos "Homens Pretos" (escravos), beneficiados com a edificação de oito casas com quintal; 1726 - estabelecimento de um plano de ordenação urbana, o "balizamento" (CURY, 2001). Carta do governador do Rio de Janeiro, Luiz Vahia Monteiro, informando a coroa sobre a construção de um cais e respectiva fortificação; 1727 - a capitania do Rio retomou a jurisdição sobre Paraty; 1728 - alargamento do caminho do ouro e respectiva pavimentação com empedrado; 1746 - população rural e urbana estimada em 2700 habitantes; séc. 18, 2ª metade - florescimento da produção e comércio da aguardente de cana; 1754 - construção do sobrado na Rua D. Geralda (actual Casa da Cultura); 1757 - reconstrução da igreja de Nossa Senhora do Rosário; 1787 - início da ampliação da Igreja Matriz; 1790 - Manoel Silva Gomes descreveu Paraty, que contava centenas de casas térreas, dezenas de sobrados e cerca de 2000 habitantes; 1799 - posturas municipais para regulamentação do crescimento da vila; séc. 18, finais - com o desenvolvimento de Minas Gerais, Paraty passou a ser um centro abastecedor de bens alimentares, mas a sua importância na Rota do Ouro começava a decrescer, a favor da cidade do Rio, após a abertura do chamado Caminho Novo. Proibição do tráfego pelo Caminho Velho de Paraty e encerramento da Casa do Quinto; séc. 19, 1ª metade - o café, plantado no vale do Paraíba, era escoado pelo trilho dos Guaianás e pelo porto de Paraty. Implantação de novas estruturas urbanas, regularização de praças, cais e mercado do Largo de Santa Rita. Construção da nova casa da câmara e cadeia (piso térreo) na Praça do Imperador (actual da Matriz), hoje desaparecida. Edificação do Hospital da Misericórdia e do Sobrado dos Bonecos, localizado na Rua do Comércio. A mancha urbana mostrava tendência de crescimento para o interior, perpendicularmente à costa 1800 - construção da Igreja de Nossa Senhora das Dores pela irmandade, constituída pela élite de Paraty, num local "vizinho à villa" (PIZARRO, 1960), na actual Rua Fresca, incentivando a consolidação da malha junto à costa; 1804 - envio, ao governador, do "Plano de Saúde Pública e Urbanização da Vila de Paraty". Pavimentação de caminhos e becos e regulamentação do número de pisos das edificações; 1808 - chegada da corte ao Rio de Janeiro, transformando a cidade em capital do império português, aumentando em grande escala o consumo de géneros procedentes de Paraty; 1809 - inauguração da Casa da Ópera na Rua de Patitiba; 1813. - criação do condado de Paraty; 1819 - referência iconográfica da malha urbana de Paraty na "Carta Topográfica da Capitania de São Vicente"; 1820 - abertura da primeira loja maçónica, denominada "União e Beleza"; 1822 - Independência brasileira. Edificação do novo Hospital da Misericórdia, no sopé do Morro, iniciando-se a reocupação urbana da margem N. do rio Perequê-Açu (CURRY, 2001). Construção do Forte do Defensor Perpétuo, no local da antiga fortificação da Ponta da Defesa; 1828 - determinação dos "Termos de Postura" que estabeleciam regras para todas as construções, tornando obrigatória a licença prévia de construção. As ruas estariam nesta altura quase todas empedradas; 1830 - grande actividade portuária e comercial, destacando-se o café como principal produto de exportação. Reforma do sistema de fortificação da baía; 1831 - definição de novo perímetro urbano (publicado em lei de 7 de Outubro), ficando clara a intenção de crescimento para a zona das "marinhas" (zonas alagadas); 1835 -melhoramentos no Caminho Velho;1836 - obras no Forte do Defensor Perpétuo; 1844 - Paraty recebeu foros de cidade no dia 10 de Março; 1851 - contava 16 000 habitantes; 1853 - inauguração do Chafariz do Pedreira; 1856 - criação do cemitério municipal de Paraty, na margem esquerda do rio Perequê-Açu; 1863 - a região contava com cerca de 150 engenhos de destilação; 1866 - inauguração do "Theatrinho Dramático", instalado num sobrado datado de 1848, na Rua do Comércio, substituindo a Casa da Ópera; 1873 - inauguração da nova Igreja Matriz, embora com as torres sineiras por terminar, dadas as dificuldades económicas que a cidade vivia naquela época; 1878 / 1879 - abertura do caminho-de-ferro, que ligava directamente o vale do Paraíba ao Rio de Janeiro, provocando o abandono das transacções comerciais realizadas através do Caminho Velho e sequente declínio da cidade. Conclusão da Igreja Matriz; 1888 - abolição da escravatura e consequente decadência da produção de café e da cana-de-açúcar; 1890 - confirmação dos foros de cidade; 1896 - a ligação entre Paraty e o Rio de Janeiro foi reduzida à carreira semanal de um barco a vapor, restringindo-se o comércio quase exclusivamente à aguardente de cana. A cidade contava com cerca de 1800 "prédios" e duas escolas; séc. 20, 1ª metade - grande decréscimo da produção e comércio de aguardente de cana, sobretudo por falta de mão-de-obra, acentuando-se a quebra demográfica e o progressivo abandono do antigo Caminho do Ouro; 1901 - reedificação da Igreja de Nossa Senhora das Dores; 1907 - estudos para projecto (não concretizado) do ramal ferroviário para Cunha, passando por Paraty, a partir da Linha do Vale do Paraíba, que constituía a Estrada de Ferro Central do Brasil; 1910 - construção da ponte para o bairro do Pontal, onde se localizavam o Hospital da Misericórdia e o cemitério; 1922 - criação do jardim público em frente à Matriz; 1930 - instalação da rede de iluminação eléctrica; 1932 - instalação da rede de águas e esgotos em parte da cidade; 1945 - Tombamento Estadual, classificando a cidade como Monumento Nacional, pelo Decreto-lei nº 1450 de 18 de Setembro; séc. 20, 2ª metade - com a melhoria das condições de acessibilidade, através dos acessos à Via Dutra e da abertura da Estrada Nacional Rio - Santos, assistiu-se a um crescente desenvolvimento turístico; 1952 - construção da capela do hospital da Misericórdia; 1958 - Tombamento da cidade de Paraty pelo IPHAN; 1965 - criação do Parque Natural da Bocaina, por decreto de 15 de Setembro; 1966 - Tombamento Federal, classificando a cidade como Património Histórico e Artístico Nacional, pelo Decreto-lei nº 58077 de 24 de Março; 1972 - elaboração do Plano de Desenvolvimento Integrado e Protecção do Bairro Histórico de Paraty pelo IPHAN; 1973 - conclusão da estrada BR 101 de ligação Rio de Janeiro - Santos e da ligação à Rodovia Presidente Dutra; 1980 - encerramento da prisão que funcionava na Casa da Cadeia desde o séc.19; 2002 - publicação do Plano Director de Desenvolvimento Integrado do Município de Paraty (Lei nº 1352/2002).

Dados Técnicos

Paredes em alvenaria de pedra, adobe, pau-a-pique ou taipa, rebocadas com argamassa de cal e areia. As paredes internas são em tijolo, tabique e pau-a-pique. Pavimentos em madeira; estrutura dos pisos superiores e cobertura apoiada em vigamentos de madeira. Cobertura revestida com telha de canudo, rematada com beirado de diversos tipos, geralmente assente em estruturas de madeira. Guarnições dos vãos em madeira, apenas pontualmente surgindo as cantarias. Portas de reixa (treliças) e janelas de guilhotina; nos sobrados as janelas de sacada são rematadas por bandeiras com pinásios formando padrão geométrico. As portadas são de duas folhas cegas, algumas seccionadas a dois terços de altura, para possibilitar o arejamento das casas. Os balcões dos sobrados, com consola em madeira ou pedra, têm guardas em reixa e em ferro forjado ou fundido. Pavimento urbano em "pé-de-moleque" (calçada composta por pedras roladas desiguais, de razoável dimensão).

Materiais

Pedra: calcário, granito. Terra. Cal e areia. Cerâmica: tijolo, telha de canudo. Metal: ferro forjado, ferro fundido. Madeira: louro, canela, arabirá e ipê.

Bibliografia

KNIVET, Anthony, Narração da viagem que, nos anos de 1591 e seguinte, fez Antônio Knivet da Inglaterra ao mar do sul, em companhia de Thomaz candish (Cavendish), tradução de José Higino Duarte Pereira, in Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, 1878. tomo II, parte primeira; AZEVEDO, Aroldo de, Vila e Cidades do Brasil Colonial, Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, São Paulo, 1956; PIZARRO, Araújo, J. S. A., Tricentenário de Paraty - Notícias Históricas, Ministério da Educação e Cultura, Rio de Janeiro, 1960; SANTOS, Paulo F., "Formação de Cidades no Brasil Colonial", in V Colóquio Internacional de Estudos Luso-Brasileiros, Coimbra, 1968; Plano de Desenvolvimento Integrado e Protecção do Bairro Histórico do Município de Paraty, IPHAN, Rio de Janeiro, 1972, 2 vol.s; TELLES, Augusto C. da Silva et alii, Arquitectura Civil II, Textos escolhidos da revista do Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional, FAUUSP - MEC-IPHAN, São Paulo, 1975; SADA, Patrícia, Paraty - Traçados de um Centro Histórico, Ed. Projecto, São Paulo, 1989; RODRIGUES, José Wasth, Documentário Arquitectónico, Ed. Itatiai, Belo Horizonte, 1990; SENE, Maria A. e STRAUSS, Dieter, Julia Mann, uma vida entre duas culturas, Ed. Estação Liberdade, São Paulo, 1997; Universo Urbanístico Português 1415 - 1822, Colectânea de Estudos, CNCDP, Lisboa, 1998; VIDOR, George e Cafi, Um Olhar sobre Angra e Paraty, Povo, Cultura e Meio Ambiente, Donnelley Cochrane Gráfica Editora do Brasil, 1999; MAIA, Tom e Thereza, Paraty para ti - Guia Cultural, Ed. Stiliano, Lorena, 2000; CURY, Isabelle, "Evolução Urbana de Paraty: Porto do Ouro", in Actas do Seminário de Planejamento, Paraty, Dezembro de 2001; Programa Estratégico do PPA 2000-2003 (Avança Brasil), Projecto Paraty / RJ, Perfeitura Municipal de Paraty, Abril de 2003.

Documentação Gráfica

DGEMN: DSID; Perfeitura Municipal de Paraty; IPHAN: 8a SR da 6a CR - Paraty.

Documentação Fotográfica

DGEMN: DSID; Perfeitura Municipal de Paraty; IPHAN: 8a SR da 6a CR - Paraty, Arquivo Noronha Santos (Rio de Janeiro).

Documentação Administrativa

DGEMN: DSID; Perfeitura Municipal de Paraty.

Intervenção Realizada

Perfeitura Municipal de Paraty: 1970 - aterro da frente marítima.

Observações

A origem toponímica de Paraty está relacionada com o vocábulo indígena tupi para designar uma espécie de peixe muito abundante na região. Ao nome foi retirado o "y" final e substituído por um "i", visto que aquela letra não existe no alfabeto português, mas actualmente é correcto escrever de ambas as formas. Em Paraty a toponímia viária tem sofrido diversas alterações, sendo possível estabelecer a sua correspondência e evolução. Foram restabelecidos alguns dos antigos nomes como Rua da Matriz, Rua Fresca, Rua do Comércio, Rua da Praia, Rua da Lapa, Rua da Capela ou Rua do Fogo. A actual Rua D. Geralda terá sido Rua do Mercado, a Rua Aurora já foi Rua Jango Pádua, a Rua Samuel Costa terá sido Rua do Rosário, a Rua Domingos de Abreu corresponde à antiga Rua Gragoatá, a Rua Comendador José Luiz já foi Rua da Ferraria e a Praça da Matriz já foi Praça do Imperador. A numeração dos lotes ao longo da rua não é sequenciada, o que causa alguma confusão e dificuldade de orientação nos visitantes. *1 Paraty manteve intensa actividade maçónica, que exerceu grande influência na vida cultural e administrativa da cidade durante todo o séc. 19 e início do séc. 20, inclusivamente ao nível arquitectónico e urbano. Esta influência reflectir-se-á na padronização das medidas das fachadas e nos sinais próprios da maçonaria visíveis na decoração de alguns sobrados. *2 Nas varandas dos sobrados surgem muitas vezes, associados ao gradeamento em ferro, os esteios para suspensão de iluminação, rematados por abacaxis e pinhas, de ferro, chapa e vidro colorido. Estes esteios transformaram-se num pormenor decorativo muito apreciado, com grande variedade de motivos ornamentais, que se completa com as lanternas de vidro colorido. A sua origem estará relacionada com a tradição de iluminar as fachadas das casas em noites de festas e procissões. *3 As festividades religiosas e pagãs, sucedendo-se ao longo do ano, possuem significativa importância na vida urbana, sendo a Festa do Divino, herdada da época colonial e da tradição ibérica, a mais antiga e carismática, decorrendo 50 dias após a Páscoa. Também de grande tradição é a Procissão do Fogaréu, na Quinta-Feira Santa. *4 A actual existência de pousadas em quarteirões próximos das zonas periféricas implicou operações de emparcelamento, existindo quatro ou cinco lotes grandes com frente larga, desproporcionados em relação ao conjunto. *5 Os pavimentos viários, em "pé-de-moleque", apresentam-se muito irregulares e incómodos, em grande parte devido à falta de cuidado na sua reposição depois da instalação das condutas da rede de esgotos, realizada no séc. 20. As pedras de grandes dimensões que compõem a calçada terão sido lastro dos navios. Incluida na Lista Indicativa a Património Mundial desde 2004.

Autor e Data

Anouk Costa / Marta Clemente / Nuno Vale / Teresa Ferreira 2003

Actualização

 
 
 
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