Igreja Paroquial de Montalegre / Igreja do Castelo de Montalegre
| IPA.00020311 |
Portugal, Vila Real, Montalegre, União das freguesias de Montalegre e Padroso |
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Arquitectura religiosa, maneirista e barroca. Igreja paroquial de planta longitudinal composta por nave e capela-mor, mais estreita, interiormente com tectos de madeira e iluminada axial e lateralmente. Fachadas em cantaria aparente, com cunhais apilastrados coroados por pináculos piramidais, e terminadas em cornija. A fachada principal termina em empena e é rasgada por portal de verga recta, moldurado, e óculo, e as laterais são rasgadas por vão no topo da nave, abrindo-se ainda na lateral direita porta travessa de verga recta e vão na capela-mor. Fachada posterior terminada em empena. No interior possui coro-alto de madeira, púlpito de bacia circular e guarda plena em madeira, pintada, retábulo lateral e dois colaterais maneiristas, em talha dourada de planta recta e um eixo ou três respectivamente. Arco triunfal de volta perfeita e na capela-mor retábulo-mor em barroco nacional, de talha policroma e dourada, de planta recta e três eixos. Possui separado, disposto lateralmente, campanário terminado em dupla sineira, seguindo o esquema comum das igrejas da região Barrosã. |
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Número IPA Antigo: PT011706150100 |
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Registo visualizado 573 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Igreja paroquial
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Descrição
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Planta longitudinal composta de nave única e capela-mor, mais estreita e da mesma altura, tendo adossado à fachada lateral esquerda sacristia rectangular. Volume único na igreja, com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na igreja e de uma na sacristia, na continuação da capela-mor. Fachadas em cantaria aparente de aparelho em fiadas regulares, com cunhais apilastrados, coroados por pináculos piramidais, terminados em bola, assentes em plintos paralelepipédicos, percorridas por embasamento e terminadas em friso e cornija, as laterais sobrepostas por beirada simples. Fachada principal terminada em empena, com friso e cornija, coroada por cruz latina de cantaria assente em plinto paralelepipédico, e rasgada por portal de verga simples, moldurado, encimada por óculo circular, de moldura côncava, gradeado. Fachadas laterais rasgadas por fresta de capialço no topo da nave e a lateral esquerda por porta travessa de verga recta e moldura simples e uma outra fresta na capela-mor; a sacristia tem frontalmente portal de verga recta. Fachada posterior cega, terminada em empena, coroada por cruz latina de cantaria. Em frente da fachada principal ergue-se lateralmente campanário, de planta rectangular, em cantaria aparente, terminada em cornija recta coroada por dupla sineira, em arco de volta perfeita sobre pilares quadrangulares, albergando sinos, terminada em cornija coroada por cruz latina de cantaria sobre acrotério e dois pináculos piramidais, com bola, laterais; à esquerda, possui adossado maciço de cantaria formando curva com escada de ferro de acesso aos sinos. INTERIOR com paredes em cantaria aparente, de aparelho regular, com as juntas tomadas, pavimento em lajes de cantaria e tecto de madeira, de perfil curvo, sobre cornija de cantaria, com friso denticulado; o tecto é pintado com grandes molduras, possuindo nos ângulos, inseridos em cartelas ovaladas símbolos marianos, envolvidos por motivos fitomorficos, como o rosário e o lírio, o bastão, o monograma AM e uma coroa, e, ao centro, numa cartela rectangular com topos recortados, Cristo Redontor com anjos. Coro-alto de madeira assente em falso arco abatido, com guarda em balaustrada de madeira envernizada, acedido no lado da Epístola por escada de dois lanços, o primeiro de cantaria, e o segundo protegido por estrutura de madeira pintada; no sub-coro, com tecto pintado por largas molduras e motivos fitomórficos, surge, no lado do Evangelho, sobre degrau de cantaria, pia baptismal, de taça cilíndrica, com friso côncavo sob o bordo, interiormente subdividida, ladeada por pequeno armário embutido quadrangular; de cada lado, existe confessionário de madeira. No lado do Evangelho, também sobre degrau, possui retábulo lateral de talha dourada, de planta recta e três eixos, dedicado a São Pedro; no lado da Epístola tem porta travessa ladeada por pia de água benta cilíndrica com motivo fitomórfico inferior e friso denticulado sob o bordo, e púlpito de bacia circular, sobre mísula tipo florão, guarda plena de madeira, pintada com elementos vegetalistas e cartela central, acedido por escada de pedra encostada à parede; a parede na zona do púlpito possui paramento mais cuidado, com concavidade enquadrada por moldura. Arco triunfal de volta perfeita, com aduela convexa, ladeado por dois retábulos colaterais em talha dourada, de planta recta e um eixo, o do lado do Evangelho dedicado a Nossa Senhora do Rosário e o da Epístola a Santo António. Capela-mor com supedâneo de dois degraus, sobre o qual surge o retábulo-mor, em talha policroma a azul, vermelho, branco e dourado, de planta recta e cinco eixos definidos por seis colunas torsas, decoradas por pâmpanos, aves e anjos, assentes em mísulas ornadas de acantos e anjos atlantes e com capitéis coríntios; no eixo central surge tribuna, de corpo côncavo, em arco de volta perfeita sobre pilastras decoradas com acantos e anjos, fecho saliente com querubim, interiormente com apainelados de acantos enrolados e cúpula facetada, formando caixotões, igualmente com acantos, cartelas e querubins, e albergando trono expositivo de dois degraus galgados, decorados de acantos, coroado por coração inflamado envolvido por resplendor com querubins; nos eixos intermédios surgem apainelados pintado com flores sobrepostos por mísula com imaginária, encimado por falso baldaquino e nos eixos exteriores existem painéis pintados sobre tábua, representando figura segurando caveira (Evangelho) e São Jerónimo (Epístola); sobre o entablamento, desenvolve-se o ático, com quatro arquivoltas, duas torsas, com pâmpanos e aves, e duas com acantos, na interior, ou com cartelas, acantos e anjos, unidas no sentido do raio, tendo no topo cartela com Cruz de Malta, envolta em acantos e segura por dois anjos; banco com apainelados de acantos com aves, anjos ou querubins, integrando ao centro sacrário tipo templete, ornado de acantos, aves e anjos, tendo na porta, de perfil curvo, cruz, videira e aves segurando filactera com I.N.RI.; sotobanco com quatro quarteirões alternados com apainelados de acantos enrolados, as dos extremos constituindo a porta de acesso à tribuna. Altar paralelepipédico com sebastos e sanefa ornados de concheados e zona central pintada a imitar adamascado. No lado da Epístola, ladeia o retábulo-mor pequeno nicho de alfaias, com arco canopial. A meio do supedâneo surge mesa de altar em talha, assente em quatro colunas torsas com pâmpanos e aves e de capitéis coríntios e friso envolvente com acantos e querubim. Tecto da capela-mor em madeira pintada com motivos fitomórficos e ampla cartela central formando losango, com ângulos curvos, figurando ao centro a Adoração da Custódia. No lado do Evangelho abre-se porta de verga recta de ligação à sacristia, a qual tem paredes em cantaria aparente, pavimento de lajes de cantaria e tecto de madeira, em masseira, pintado de verde; possui pequeno arcaz, com tremidos, e lavabo composto por pequeno nicho recortado encimado por concha estilizada, com uma bica torneira e bacia rectangular, de bordo curvo, com largos gomos exteriores. |
Acessos
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Montalegre, Rua da Igreja |
Protecção
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Incluído na Zona Especial de Protecção do Castelo de Montalegre (v. PT011706150003) |
Enquadramento
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Urbano, isolado. Ergue-se num pequeno morro, sobranceira à povoação, nas imediações do castelo do Montalegre, erguendo-se primitivamente no interior da sua cerca medieval. Insere-se em amplo adro, delimitado por muro, no lado direito bordejado por árvores de grande porte, e com zona de entrada apresentando no pavimento grande grade de ferro; na zona posterior, em cota bastante mais baixa, desenvolve-se o cemitério municipal, acedido por portal em arco de volta perfeita, exteriormente terminado em empena, com cunhais coroados por plintos paralelepipédicos. O pavimento do adro é em gravilha, possuindo junto à fachada principal, larga faixa em lajes de cantaria. Ao muro do lado direito, adossa-se fonte de espaldar rectangular, em alvenaria de pedra, com as juntas cimentadas, decorado por brasão nacional, tendo frontalmente tanque em U invertido de linhas rectas. |
Descrição Complementar
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Retábulo lateral do Evangelho de planta recta e três eixos definidos por quatro colunas de fuste com estrias torsas, de terço inferior marcado e decorado por motivos fitomórficos e querubins, as exteriores, ou com pâmpanos, as interiores, assentes em plintos paralelepipédicos ornados de florões, e de capitéis coríntios, tendo exteriormente orelhas; em cada um dos eixos possui painéis, o central forrado a tecido sobreposto por mísula com imaginária, e os laterais pintados, figurando São Paulo (Evangelho) e Santo André (Epístola); sobre entablamento com friso decorado por motivos enrolados, fitomórficos e querubins, desenvolve-se o ático, com tabela rectangular, horizontal, pintada com a imagem de São Pedro, ladeada por quarteirões que sustentam cornija recta, ladeados por aletas e pináculos piramidais vazados com bola; banco com cartelas com elementos enrolados e fiotomórficos. Altar paralelepipédico com frontal tripartido, pintado a imitar adamascado, em dourado, e marcação de sanefa ornada de florões ovalados e circulares; lateralmente, o sotobanco possui dois plintos paralelepipédicos, altos, ornados de elementos vegetalistas. Retábulos colaterais de planta recta e um eixo definido por duas colunas torsas, decoradas com pâmpanos e aves, de terço inferior marcado e ornado de querubins e anjos, sobre plintos paralelepipédicos decorados de motivos vegetalistas, e de capitéis coríntios; ao centro possui painel pintado, o do Evangelho com glória de anjos e querubins, e o da Epístola sobreposto por imaginária; sobre entablamento com friso de motivos fitomórficos e querubim, desenvolve-se o ático, com tabela quadrangular, pintada com representação da Virgem a entregar o rosário a São Domingos (Evangelho) e celebração Eucarística (Epístola), ladeada por duas colunas torsas com pâmpanos e aves, sobre plintos e de capitéis coríntios sustentando a cornija recta do remate; a tabela é ladeada por aletas, florões com aves e dois pináculos piramidais sobre plinto; banco com apainelado de acantos enrolados. Altar paralelepipédico com o frontal pintado e decorado com os mesmos motivos do retábulo lateral e ilhargas de apainelados com acantos enrolados e florões. No retábulo-mor existe a seguinte inscrição, em cinco regras, CASA CORAÇÃO IMACULADO DE MARIA JOSÉ MANUEL AZEVEDO FERREIRA LUGAR DO BARREIRO N 42 GUALTAR BRAGA 4700 TELEFONE 676467 ANO 1993. Na sacristia existe lápide de mármore com a seguinte inscrição, em 11 regras: A primeira visita Pastoral a Barroso foi a de D. Fr. Bartolomeu dos Mártires, Arcebispo de Braga, em 1564. Sofreu inclemências da chuva, do frio e da neve pelas veredas abruptas, da serra agreste e das Alturas e o desconforto das pousadas. Nas igrejas viu só pobresa. Em muitas substituiu cálices que eram de chumbo. Deu esmolas; e, dorido da mísera vida social do rude povo, levou rapazes pobres e na Arquidiocese os manteve e ordenou para virem ensinar a vida cristã e rasgar a treva do espírito inculto. Nasceu em 1514. Morreu em 1590, pobre, porque tudo dava aos pobres. Oferta dum nativo 1943. |
Utilização Inicial
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Religiosa: igreja paroquial |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica (Diocese de Vila Real) |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 17 / 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ENTALHADOR: Manuel Félix Ferreira (1991). OFICINA DE RESTAURO: Casa Coração Imaculado de Maria, de José Manuel Azevedo Ferreira (1993). |
Cronologia
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1273, 9 Junho - foral de D. Afonso III; 1289, 3 Janeiro - foral de D. Dinis; 1340, 26 Junho - foral de D. Afonso IV; séc. 16, inícios - a igreja surge representada no desenho de Duarte d''Armas, com nave e capela-mor, mais baixa e estreita, com empenas posteriores coroadas por cruzes, e com campanário de dois sinos na fachada principal; 1515, 18 Janeiro - foral de D. Manuel; a freguesia era reitoria da apresentação da Mitra (ou, segundo a Estatística Paroquial de 1862, da apresentação da Casa de Bragança; pertencia à antiga comarca de Bragança, sendo donatária a Casa de Bragança; séc. 16 / 17 - provável construção da igreja e do campanário; séc. 17 - feitura do retábulo lateral de São Pedro e dos colaterais; 1655 - instituição da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário pelo capitão-mor Manuel Salgado, para "a gente de guerra do castelo"; séc. 18 - execução do retábulo-mor; 1751 - data apontada nos estatutos da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário para a sua erecção, a requerimento do pároco e moradores; 1758 - segundo as Memórias Paroquiais, com informações fornecidas pelo Pe. Baltazar Pereira Barroso, a paróquia de Montalegre, com quase 400 vizinhos, estava fora da vila e dentro da fortaleza, com orago de Nossa Senhora da Assunção, e pertencia ao Arcebispado Primaz na Comarca de Chaves e dos Duques de Bragança, sendo nesta data donatária a Duquesa de Bragança, D. Maria Princesa do Brasil; a igreja era de uma só nave e tinha quatro altares, dedicados a São Pedro, Nossa Senhora do Rosário, Santo António e Nossa Senhora da Assunção, que era o maior; possuía duas Irmandades, a de São Pedro e a de Nossa Senhora do Rosário; o pároco era reitor e apresentado pelos Duques de Bragança, rendendo a igreja na altura 120$000; não tinha nenhuns benefícios; refere não se saber a data de construção da igreja, havendo quem pensasse que foi D. Dinis quem a mandou edificar, outros os romanos; 1860 - data do primeiro registo de baptismos, casamentos e óbitos documentado; 1875, cerca - segundo Pinho Leal, a igreja, com o péssimo e vergonhoso cemitério, vivia grande decadência; 1911, Fevereiro - feitura de um Sagrado Coração de Jesus pelo entalhador Manuel Félix Ferreira; 1943 - colocação de lápide na sacristia homenageando Frei Bartolomeu dos Mártires, Arcebispo de Braga; séc. 20, 2ª metade - pintura dos tectos da nave e capela-mor. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura de cantaria de granito, aparente; elementos estruturais, campanário, cruzes, pináculos e outros elementos em granito; portas de madeira, chapeadas; janelas de vidro simples e policromo; retábulos de talha dourada e policroma; bacia do púlpito, mísulas do coro, lavabo e outros em cantaria de granito; coro-alto de madeira envernizada e pintada; guarda do púlpito em madeira pintada; lápide de mármore; pavimento em lajes de granito; tectos de madeira pintado; grades de ferro; cobertura exterior em telha cerâmica. |
Bibliografia
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BORGES, José G. Galvão, Montalegre no Dicionário Geográfico, in Revista Aqvae Flaviae, nº 23, Junho, Chaves, p. 63 - 78; LEAL, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de Pinho, Portugal Antigo e Moderno, vol. 5, Lisboa, 1875; MARIZ, José (Coordenação), Inventário Colectivo dos Registos Paroquiais, vol. 2 - Norte, s.l., 1994; OLIVEIRA, Eduardo Pires, Arte religiosa e artistas em Braga e região (1870 - 1920), Braga, 1999. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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DGPC: DGEMN:DSID |
Documentação Administrativa
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Arquivo Distrital de Vila Real: Arquivo Paroquial (datas extremas: 1860 - 1883) |
Intervenção Realizada
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1993 - restauro dos retábulos pela Oficina de Braga Casa Coração Imaculado de Maria, de José Manuel Azevedo Ferreira. |
Observações
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Autor e Data
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Paula Noé 2008 |
Actualização
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