Quinta da Madre de Deus

IPA.00020520
Portugal, Lisboa, Sintra, União das freguesias de Sintra (Santa Maria e São Miguel, São Martinho e São Pedro de Penaferrim)
 
Arquitectura residencial, barroca. O portal principal é rematado por cornija e ladeado por janelas de verga recta gradeadas, rematadas por cornija e mascarões de estuque branco, e encimado por nicho ladeado por aletas e coroado por cruz.
Número IPA Antigo: PT031111110261
 
Registo visualizado 308 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Agrícola e florestal  Quinta  Casa nobre  

Descrição

Construída sobre um plano rectangular, é formada por dois corpos paralelos de 2 pisos, entre os quais se inserem a capela e a cozinha, separadas por um pequeno pátio. . A capela e a ala S. são mais curtas, formando um ângulo recto com o prolongamento da ala N., à qual se juntam dois muros perpendiculares para constituir um pátio fechado. O portal principal é rematado por cornija e ladeado por janelas de verga recta gradeadas, rematadas por cornija e mascarões de estuque branco, e encimado por nicho ladeado por aletas e coroado por cruz. CASA: Fachada principal, orientada a O., é em parte a da capela. Os dois campanários, estuques, cornija arqueada e frontão com volutas constituem o seu principal ornamento. Todos os vãos possuem um emolduramento em pedra. Fachada S. é regular, com janelas de verga recta no piso inferior e superior, sendo que neste último possuem um varandim. A meio desta fachada existe uma varanda que constitui o único elemento saliente. Fachada N. possui 2 corpos salientes ao nível do piso superior que neste lado fica ao nível do chão devido ao desnivelado do terreno. Existe aqui também um pequeno fosso cujo acesso se faz por escadas no exterior, possuindo óculos que proporcionam iluminação ao piso inferior. Alçado tardoz, orientado a E., é composto pelos volumes salientes e simétricos das duas grandes chaminés da antiga cozinha, que avançam em relação às alas S. e N. da casa. As coberturas acompanham a assimetria dos volumes e são de 4 águas. INTERIOR: o acesso faz-se do lado S. da Capela e directamente para o piso superior. Do hall de entrada é feito o acesso ao coro e a primeira sala possui uma janela que dá para a nave da capela. No topo E. da ala S. existem umas escadas de ligação ao piso inferior. Todo o piso superior é organizado segundo uma sucessão de salas, existindo um desnível entre os corpos que constituem as várias alas. Os tectos são forrados a casquinha, o mesmo material empregue no chão em tábua corrida. O piso inferior organiza-se de maneira semelhante, sendo de destacar a antiga cozinha que fica no topo E. da casa, com as suas duas grandes lareiras encimadas por painéis de azulejos historiados,e o seu chão em pedra. Desta se faz o acesso ao pátio interior donde lhe provém grande parte da iluminação natural. Nas restantes divisões o pavimento é de tijoleira onde foram incorporados pedaços de azulejos de figuras avulsas com 5x5cm, num esforço de aproveitamento de um material que se encontrava demasiado deteriorado para ser incorporado noutro local. CAPELA: de nave única, com um coro-alto em madeira e uma pequena sacristia do lado da Epístola. A iluminação é proveniente das três janelas da entrada. O tecto é em madeira pintada com cenas da vida da Virgem, emoldurado por volutas e elementos vegetalistas. O sotobanco do altar possui o corpo central saliente, decorado por grinaldas e querubins, que nos corpos laterais sustentam uma coluna adossada, ladeada por pilastras. A decoração do ático fica limitada a duas volutas que surgem do topo das colunas adossadas.

Acessos

Estrada da Madre Deus, Ribeira de Sintra

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Rural, isolado. A casa e a capela são precedidas por amplo terreiro fechado por pano murário.

Descrição Complementar

AZULEJO: No exterior, silhares de azulejos azuis de figuras avulsas com motivos florais na fachada N., alizares de vasos com motivos florais e querubins encimados por um falso varandim, no pátio interior; No interior, silhares de azulejos azuis com figuras avulsas, vários alizares de vasos com cercaduras de folhas e querubins, dois painéis que foram com cenas de cozinha e banquete com 6 azulejos de alto por 17 de largo. A Capela é revestida a azulejos azuis historiados, 29 de alto por 67 de largo. Os painéis representam cenas da vida da Virgem e são separados por um emolduramento de pilastras e anjos. A sacristia possui alizares de vasos com cercaduras de folhas. ESTUQUES: Mascarões sobre as janelas que ladeiam o portal principal; na fachada E. 2 bustos de imperadores. INSCRIÇÕES: No nicho que encima o portão principal, do lado de dentro "P NAM / P ALMAS"; sobre a porta de entrada da capela "VIRGEM MARIA MADRE DE DEOS E SENHORA NOSSA FOI CONCEBIDA SEM PECCADO ORIGINAL"; PINTURA MURAL: O tecto da capela é em madeira pintada com cenas marianas.

Utilização Inicial

Agrícola e florestal: quinta

Utilização Actual

Agrícola e florestal: quinta

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: António Latino Tavares (1999).

Cronologia

1729, 22 de Março - a propriedade é aforada a D. Filipe de Sousa, Chantre da Basílica Patriarcal de Lisboa, pelo Convento da Trindade (v. PT031111090056); anteriormente pertencera a Gregório Gomes Galego; 1739 - data da construção da capela, inscrita na fachada da mesma; 1752 - instituição de títulos da capela da quinta; 1758 - a Memória Paroquial de São Martinho, refere que "há outra Ermida intitulada a da Madre Deos, junto ao lugar chamado da Várzea; Esta está em uma quinta que é do excelentíssimo Conde de Redondo, hé moderna e está mui bem acabada e foi feita pello excelentíssimo Chantre de Santa Bazica Patriarchal de Lisboa: esta he mui frequentada da gente desta terra. Costuma-se fazer todos os annos várias festas não só no dia da Senhora que é a ouite de Dezembro, mas outros dias, a outras imagens de que está ornada a mesma Ermida"; 1815 - a propriedade pertencia ao 2º Marquês de Borba e 14º Conde de Redondo, D. Fernando Maria de Sousa Coutinho Castelo Branco e Meneses (1176-1834); 1816 - arranjo dos muros da quinta pelo Mestre Pedreiro José Maria e pelo aprendiz Manuel Vicente; 1817 - arranjo das cancelas da quinta, pelo Mestre Carpinteiro Francisco Martins Coelho; 1840 - a propriedade ainda estava na posse dos Condes do Redondo; 1926, 4 de Fevereiro - o Dr. José de Arruela, compra a quinta a Joaquim Ramalho; 1927 - é desanexada à propriedade os terrenos que se situavam do outro lado da estrada, que passa junto à fachada principal da casa; 1931, 4 de Novembro - a propriedade é registada a favor da Caixa Geral de Depósitos, por execução hipotecária sobre o Dr. José de Arruela e esposa; a Caixa Geral de Depósitos vende a propriedade a D. Maria do Carmo Baker; séc. 20, década de 60 - parte da propriedade é alugada, sendo efectuadas algumas obras que adulteram a traça primitiva da casa. Os jardins começam a ser delineados; 1998 - a propriedade é adquirida por Jorge Félix da Costa que a encontra em grave estado de deterioração e promove a sua recuperação; 1999 - são efectuadas obras, sendo responsável pelo projecto de remodelação, o arquitecto António Latino Tavares; 2004 - conclusão das obras de remodelação, durante o tempo em que decorrem , a casa é assaltada três vezes, sendo roubados três painéis de azulejos figurativos.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante

Materiais

EXTERIOR: pedra e argamassa, estuque pintado, ferro fundido, telha cerâmica, janelas em PVC com vidros duplos; INTERIOR: alvenaria mista, pedra, madeira, tijoleira

Bibliografia

AZEVEDO, José Alfredo da Costa, Obras de José Alfredo da Costa Azevedo, Recantos e espaços, Vol. II, Sintra, 1997.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Séc. 20, década de 60 / 70 - construção de anexos nas fachadas laterais com a função de cozinha e casa de banho, implantação do jardim e abertura de novo portão no pano murário que delimita a propriedade; 1999 / 2000 / 2001 / 2002 / 2003 / 2004 - eliminação de elementos dissonantes, consolidação das estruturas, colocação de nova cobertura, repavimentação, instalação de canalização e electricidade, reordenação da envolvente ajardinada, restauro dos elementos decorativos da capela e da casa em geral, pintura das paredes exteriores e interiores, colocação de novas portas e janelas.

Observações

Apesar de ter sofrido recentemente uma intervenção profunda, esta procurou respeitar a traça primitiva eliminando elementos dissonantes e reaproveitando os materiais originais.

Autor e Data

Joaquim Gonçalves 2003 / Susana Rodrigues 2006

Actualização

 
 
 
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