Igreja Paroquial de Algosinho / Igreja de Santo André

IPA.00002120
Portugal, Bragança, Mogadouro, Peredo da Bemposta
 
Igreja de fundação tardo-românica, de que resta a estrutura da nave, rasgada por portais em arco apontado, vestígios da cachorrada e os contrafortes que apoiam os arcos diafragma interiores, reformada nos períodos maneirista e barroco, altura em que se rasgam os vãos da capela-mor, a qual se encontra levemente descentrada, pendendo para o lado S.. É de planta poligonal composta por três tramos, definidos por arcos diafragma apontados, apoiados exteriormente por contrafortes, e capela-mor mais estreita e baixa a que se adossa sacristia no lado direito. Fachada principal em empena truncada por sineira, rasgado por portal em arco apontado, encimado por janela. Fachadas laterais com portais em arco apontado, remates em cornija, na nave assente em cachorrada decorada com elementos antropomórficos e zoomórficos. Capela-mor rasgada por janelas em arco abatido, de produção setecentista. Interior com coberturas em vigamento de madeira, a duas águas e retábulo-mor de talha maneirista, de dois andares, com fiadas de pintura e remate concheado. Possui na fachada principal uma rosácea com hexalfa e vestígios de um primitivo alpendre. Nos muros, surgem vários utensílios insculpidos. Interior com acentuado declive, sendo visíveis nas falsas pilastras que sustentam os arcos, impostas decoradas com motivos fitomórficos e aproveitamentos de bases e capitéis de colunas ou pilares de grande diâmetro. O púlpito, com data gravada, é de granito com guarda plena e decoração geométrica. Retábulo-mor de talha em branco, de estrutura por andares, com pinturas contando episódios da vida de Cristo, escultura do orago e predela com santos mártires; os andares dividem-se em frisos com querubins e são encimados por alto-relevo, representando o Deus Pai, sendo as colunas que dividem os eixos decorados com carrancas e festões.
Número IPA Antigo: PT010408130009
 
Registo visualizado 2804 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta retangular composta por nave rectangular, capela-mor quadrada mais baixa e estreita, tendo adossada no lado direito a sacristia, formando volumes escalonados e articulados, de acentuada horizontalidade, com coberturas diferenciadas em telhados de aba e canudo, de uma (sacristia) e duas águas. Fachadas em cantaria aparente, de aparelho isódomo, excepto na capela-mor e sacristia, rebocadas, pintadas de branco e a última percorrida por embasamento; remates em cornija, na nave assente sobre cachorrada com decoração antropomórfica e zoomórfica. Alguns silhares, mostram intrumentos de trabalho gravados. Fachada principal virada a O., em aparelho "quadratum", onde se rasga o portal em arco quebrado de três arquivoltas que assentam em impostas lisas e chanfradas, encimada por janela marcada por fina moldura e que alberga no seu interior um hexalfa ou estrela de seis pontas sobre um pequeno triângulo invertido ladeado por dois óvulos. Remate em empena truncada por sineira em arco pleno e encimada por cornija com cruz no vértice. Quatro mísulas de cantaria marcam a fachada e sustentariam um primitivo alpendre. Fachadas laterais são idênticas no corpo da nave, marcado por três contrafortes e rasgado, a meio, por portal em arco apontado de duas arquivoltas, assentes em impostas salientes; no volume da capela-mor apresenta duas janelas em arco abatido e, no lado S., volume da sacristia rasgada por porta de verga recta e janela em arco abatido, ambas molduradas. Fachada posterior cega e em empena. INTERIOR em cantaria aparente, com pavimento rebaixado relativamente ao exterior, em rocha viva e cobertura em vigamento de madeira a duas águas, assente em cornija do mesmo material. Nave de três tramos definidos por amplos arcos diafragma de volta perfeita, assentes em falsas pilastras, com impostas salientes, algumas com decoração fitomórfica e, nas bases, reaproveitamento de colunas e capitéis muito amplos, estando o primeiro preenchido quase por completo pela escadaria central de acesso descendente ao templo, ladeado por rampas em declive acentuado. No lado do Evangelho, sobre plataforma de três degraus, pia baptismal de taça hemisférica assente em pequena base cilíndirca. Adossado ao suporte do segundo arco, púlpito quadrado, assente em mísula de cantaria e com guarda plena do mesmo material com decoração geométrica insculpida, tendo na base a data "1797"; acesso por escadas de cantaria, adossadas à parede. Arco triunfal, em arco apontado, assente em impostas salientes. A capela-mor levemente descentrada para S., apresenta paredes rebocadas e pintadas de branco, com pavimento lajeado e cobertura de madeira. Sobre pequeno degrau, retábulo de talha em branco, com vestígios de policromia e de primitiva douragem, de planta recta, três eixos e dois andares divididos por friso de querubins; os eixos são marcados por colunas coríntias, com os terços inferiores decorados com máscaras e festões. No centro do primeiro registo, nicho com a imagem do orago e nos restantes cinco nichos, painés de pintura sobre tábua, representando, a partir da zona superior e no sentido dos ponteiros do relógio, "Anunciação", "Visitação", "Natividade", "Adoração dos Magos" e "Fuga para o Egipto". No remate, alto-relevo central representando Deus Pai e encimado por concha estilizada, motivo que se repete nos remates dos eixos laterais. Na predela, três tábuas a representar, nas laterais, virgens mártires - Santa Luzia, Santa Catarina, Santa Apolónia e Santa Bárbara -, surgindo na central São Pedro e São Paulo. Altar paralelepipédico com frontal pintado com acantos, formando pano, sebastos e sanefa com franja dourada, com cartela central com a representação da cruz em aspa. Sacristia de planta rectangular, com lavabo de espaldar simples.

Acessos

EN 221, 7 km. depois de Mogadouro e vira-se para EM na direcção de Peredo de Bemposta

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 40 361, DG, 1.ª série, n.º 228 de 20 outubro 1955

Enquadramento

Rural, isolada, ergue-se à entrada da povoação, sendo circundada por um muro, o que faz incluir nesse recinto afloramentos graníticos; não muito longe está a ribeira de Algosinho.

Descrição Complementar

Arco triunfal, em arco apontado, assente em impostas salientes, onde existem duas pinturas murais destacadas, que representam São Bartolomeu (Evangelho) e Santa Catarina (Epístola), envoltos por frisos com figuras e elementos fitomórficos. Na capela-mor, três mísulas com imaginária - Nossa Senhora do Rosário, Santo não identificado e Santo António; no lado da Epístola, Cristo crucificado. Adossados às paredes laterais, dois móveis de apoio.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

DRCNorte, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163 de 24 agosto 2009

Época Construção

Séc. 13 / 16 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 13 - provável construção da igreja; séc. 16 - execução das pinturas murais a ladear o arco triunfal; séc. 17, início - feitura do retábulo-mor; 1797 - data do púlpito; séc. 18 - obras na capela-mor; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126, erroneamente designado como Castelo de Algosinho.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Granito na estrura (rebocado e pintado na capela-mor e sacristia), nas modinaturas, campanário, cachorrada, contrafortes, pia baptismal, pavimento, púlpito e lavabo da sacristia; madeira nas portas, coberturas, retábulo-mor e tábuas pintadas; telha de aba e canudo; vidro simples nas janelas; ferro nas grades das janelas.

Bibliografia

ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, O Românico in História da Arte e Portugal, Lisboa, 1986; AFONSO, Belarmino, A Arte Religiosa na Diocese de Bragança, Brigantia, vol. I, Bragança, 1981; ALVES, Francisco Manuel, Memórias arqueológico - históricas do Distrito de Bragança, 11 vols., Bragança, 1990; DGEMN, Igreja de Algosinho, Boletim nº 126, Lisboa, 1972; GRAF, Gerhard, Portugal Roman, vol. I, Yonne, 1987; LOPES, Flávio [coord.], Património arquitectónico e arqueológico classificado. Distrito de Bragança, Lisboa, 1993; MOURINHO, António Rodrigues, A talha nos concelhos de Miranda do Douro, Mogadouro e Vimioso nos séculos XVII e XVIII, s.l., 1984, pp. 49-50; OLIVEIRA, Marta M. Peters Arriscado de Oliveira, AFONSO, José Ferrão Afonso, Igrejas colunárias com tectos de madeira, in Revista Monumentos, nº 32, Lisboa, Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, dezembro 2011, pp. 96-107.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID

Intervenção Realizada

DGEMN: 1954 / 1958 - conclusão da reparação das paredes, cobertura da nave e tratamento de frescos, construção de cachorros e cornija moldurada igual à existente; 1959 - destacamento de dois frescos da parede do arco cruzeiro e recontrução da parede S. da nave; 1960 - reparação da cobertura, conclusão da obra no arco cruzeiro; 1962 / 1963 - reparação das paredes da capela-mor; 1965 / 1967 - reconstrução de parte da cobertura da nave; 1967 - Reconstrução da sacristia e arranjo dos vitrais da nave; 1968 - assentamento do lavabo antigo na sacristia; regularização do nível exterior do terreno; apeamento, restauro e colocação do altar-mor; 1968 / 1969 - consolidação e restauro de três painéis do altar-mor; 1969 - restauro da talha do altar-mor, mudança da pia baptismal, arranjo do pavimento da nave, impermeabilização do exterior da parede N; 1978 / 1979 - reparação de coberturas; 1992 - reparação da cobertura da nave.

Observações

Autor e Data

Ernesto Jana 1994 / Marisa Costa 2001

Actualização

 
 
 
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