Casa do Facho em Fão
| IPA.00021308 |
Portugal, Braga, Esposende, União das freguesias de Apúlia e Fão |
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Casa do Facho quinhentista, de planta quadrada, de massa simples, com fachadas em cantaria aparente. A fachada principal possui acesso por portal de arco de volta perfeita, encimado por brasão de armas portuguesas. Capela de planta longitudinal, composta por nave, capela-mor curva e sacristia. Fachada principal enquadrada por cunhais apilastrados com frontão triangular, onde se abre óculo gradeado com moldura granítica, acesso por portal de verga recta, ladeado por duas janelas quadrangulares. |
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Número IPA Antigo: PT010306060033 |
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Registo visualizado 2002 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Estrutura Comunicações Facho
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Descrição
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CASA DO FACHO de planta rectangular, de massa simples, com fachadas em cantaria aparente, a maior parte desmoronadas. A fachada principal virada a E. apresenta um vão em arco de volta perfeita, de aduelas em cunha, encimado por brasão de armas de Portugal, que dá acesso ao interior. A fachada lateral virada a S., é rasgada por dois pequenos vãos, um quadrangular e uma fresta, actualmente entaipada. A fachada lateral virada a N. A fachada posterior já não apresenta praticamente paramentos. INTERIOR de espaço único, com pavimento em afloramento rochoso. Possui, no que resta, da parede do lado esquerdo, um vão rectilíneo, ligeiramente elevado relativamente ao pavimento (conhecido como o banco dos poveiros, por aí se sentarem nos dias de romaria). CAPELA de planta longitudinal composta por nave e capela-mor curva, tendo adossada à fachada lateral esquerda, sacristia rectangular, de massa simples, com coberturas em telhado de duas e uma água. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento em cimento pintado de cinza, rematadas por friso de betão e beirada simples. Fachada principal virada a E., com cunhais apilastrados, coroados por pináculos piramidais, e remate em frontão triangular, com tímpano rasgado por óculo gradeado, com moldura de cantaria, coroado por cruz latina no vértice, assente em plinto. É rasgada por portal de verga recta com moldura granítica, encimado por duplo friso e cornija e ladeado duas janelas quadrangulares, com moldura de cantaria. Fachada lateral esquerda com sacristia adossada, rasgado por porta de verga recta virada a E. e janela de verga recta, gradeada, com moldura granítica, virada a S., a fachada lateral direita é cega, e a posterior, possui nicho rectilíneo, em cantaria, no topo da capela-mor. |
Acessos
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Lugar da Bonança |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Marítimo, isolado, numa posição sobranceira entre o pinhal e a praia, adaptado ao declive do terreno. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Comunicações: facho |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: marco histórico-cultural |
Propriedade
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Pública: Câmara Municipal de Esposende / Privada: Igreja Católica (Diocese de Braga) |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 16 / 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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Séc. 16 - construção da casa do Facho; séc. 18 - data provável da construção da capela; a partir da edificação da capela, o Facho deixa de garantir a função de vigia; 1926 - o Facho já se encontra em ruínas; séc. 19 - ao longo da Província do Minho, os fachos eram denominados por fachos da borda mar; 1932 - a porta original da capela que apresenta várias siglas dos pescadores da região foi transferida para o museu da Póvoa do Varzim, pela importância etnográfica, histórica e religiosa; séc. 20, anos 30 - no nicho da abside, voltado para o mar, colocava-se uma imagem policromada da Senhora da Bonança. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura em alvenaria ou cantaria de granito, rebocada e pintada de branco, embasamentos, molduras de vãos, frisos, cornijas, arcos, cruzes, e outros elementos em cantaria de granito; portas em madeira; vidros simples; cobertura em telha. |
Bibliografia
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NEIVA, Manuel Albino Penteado, Esposende: Páginas de Memórias, 1991, pp. 131-139; http://www.jf-fao.pt, 3 Dezembro 2008. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: SIPA |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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Observações
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Os fachos foram muito importantes no período da Restauração, numa época de guerra (1640-1668) e de forte pirataria que assolava a costa portuguesa, obrigando os Administradores dos Concelhos a tomarem medidas, de entre as quais a revitalização destes locais de vigia, transformando-os em postos de defesa. Também, e por ordem de D. Miguel procurando evitar o desembarque das tropas de D. Pedro, as Ordenanças foram organizadas e daqui vigiavam a costa entre Apúlia e Esposende. Sabe-se que dentro deste reduto existia um poste em madeira no qual se içava uma lanterna ou caldeira acesa para avisar os navegantes. Relativamente à Capela da Bonança, Jorge Dias e Penteado comparam a capela com as próprias barracas de guardar sargaço que se estendem pelo cordão dunar até Apúlia, dizendo que apresentam reminiscências de uma prática de arquitectura muito antiga. Também o etnólogo Jorge Dias refere-se à estrutura da abside, comparando-a às próprias barracas de guardar sargaço que se estendem pelo cordão dunar até à freguesia de Apúlia. Tanto a Capela como as barracas de Cedovém, possuem formas arredondadas, sendo uma reminiscência de uma prática arquitectónica muito antiga, podendo mesmo recuar-se até à Idade do Ferro. No campo etnográfico esta Capela é importantíssima pois até cerca de 1932 conservou as suas portas primitivas repletas de siglas de pescadores que constituíam um autêntico tesouro da etno-sociologia piscatória. Nessas marcas, segundo, Flávio Gonçalves, apareciam os fatídicos signos de São Selimão, os Cálices, os piques, as grades, os padrões, etc., testemunhos dos Trunfos, dos Agulhas, dos Reixas, dos Pragas, dos Pinheiros e tantos outros agradecidos à Virgem pelas suas intervenções. Esse portal foi substituído por um outro, encontrando-se actualmente em exposição permanente no Museu Municipal de Etnografia e História da Póvoa de Varzim. As " assinaturas sigladas ", embora muitas de origem poveira, eram, também, senão a maioria, dos pescadores fangueiros, de Esposende e Apúlia, autênticos brasões de família e, algumas das vezes, únicos assentos notariais da classe piscatória. A esta capela acorriam pescadores e mareantes de todo o litoral norte do país e mesmo Galiza, que vinham solicitar a melhor bonança para a labuta no mar, disso dão-nos prova os Ex-votos dedicados à Senhora da Bonança. |
Autor e Data
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Sónia Basto 2008 |
Actualização
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