Capela de Nossa Senhora do Socorro / Santuário de Nossa Senhora do Socorro

IPA.00022134
Portugal, Aveiro, Albergaria-a-Velha, Albergaria-a-Velha e Valmaior
 
Santuário nacional que nasce de um voto da população de Albergaria-a-Velha, dizimada por um forte surto de cólera morbus, em meados do séc. 19. É composto por uma igreja, rodeada por um pequeno parque e zona de lazer. A capela era inicialmente de pequenas dimensões, de espaço único, de que subsiste a cabeceira, a que foi adossada uma nave e corpos de apoio, bem como uma torre sineira. É de planta poligonal composta por nave, com alpendre aberto, capela-mor e anexos e torre sineira adossada ao lado direito, com coberturas interiores diferenciadas de madeira em masseira e iluminada uniformemente por janelas rasgadas nas fachadas laterais. Fachada principal rematada em empena, com os vãos rasgados em três eixos, compostos por portal e óculo e por dois postigos. Interior com arco triunfal de volta perfeita e capela-mor com retábulo de talha pintada de estilo revivalista neobarroco, com recurso aos concheados, grinaldas de flores, acantos e pequenos baldaquinos escalonados. Também a cruz da empena apresenta invocações barrocas, no recurso às volutas do plinto.
Número IPA Antigo: PT020102010020
 
Registo visualizado 754 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta poligonal composta por nave, antecedida por alpendre, capela-mor, sacristia e torre sineira adossadas ao lado direito, de volumes articulados e escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de uma (sacristia), duas, três (alpendre) e quatro (torre) águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com os elementos arquitetónicos e modinaturas pintadas de cinza, percorridas por socos e flanqueadas por cunhais salientes, e rematadas em cornijas. Fachada principal virada a S., rematada em empena com cruz latina sobre plinto volutado no vértice, ladeada por pináculos piramidais; é rasgada por portal de verga reta e moldura simples, em cantaria, ladeado por dois postigos retilíneos e encimado por óculo circular. O portal está protegido por alpendre amplo e aberto, com acesso por escadas e rampa, assente em duas colunas cilíndricas, com cobertura em laje de betão. No lado direito, torre sineira de dois registos separados por cornija, o inferior rasgado por frestas retilíneas e o superior com ventanas de volta perfeita. No topo da cobertura, a torre tem pináculo piramidal. As fachadas laterais são semelhantes, rasgadas por janelas retilíneas, a lateral direita marcada pelos anexos com várias portas e janelas retilíneas. Fachada posterior rematada em empena. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por silhares de azulejo de padrão policromo, com coberturas de madeira em masseira e pavimento em tijoleira com corredor central em mármore na nave e em lajeado de granito na capela-mor. Arco triunfal de volta perfeita assente em impostas salientes, ladeado por mísulas com imaginária. A capela-mor tem, ao centro, mesa de altar, em madeira, de formato tronco-piramidal. Sobre supedâneo de dois degraus, surge o retábulo-mor de talha pintada de branco e azul, de planta reta e três eixos definidos por quatro colunas de fuste liso, capitéis coríntios e terço inferior marcado por anel fitomórfico, assentes em duas ordens de plintos paralelepipédicos de faces almofadadas e decoradas por motivos vegetalistas. Ao centro, nicho de perfil facetado com o fundo pintado de azul e contendo trono expositivo de quatro degraus. Os eixos laterais possuem mísulas, enquadradas por apainelados pintados de azul, recortados e com molduras salientes e de decoração fitomórfica, e, cada um deles, por duas pilastras que sustentam baldaquino escalonado e decorado com borlas; na base, as portas de acesso ao nicho. A estrutura remata em espaldar facetado e apainelado ornado por concheados. Altar paralelepipédico e com o frontal decorado por concheados, encimado por sacrário em forma de templete, ladeado por pilastras e a porta ornada por motivos eucarísticos, com cobertura em falso domo. No lado da Epístola, porta de acesso à sacristia.

Acessos

EM 556, no denominado Bico do Monte

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Florestal, isolado, implantado no topo de uma elevação, a 210 metros de altitude, com acesso por duas vias alcatroadas que entroncam na EM 556. O recinto está rodeado por área florestal com predominância de pinheiros e eucaliptos, possuindo um pequeno Parque já no topo do outeiro, onde se implanta, a N., um coreto rodeado por pérgula semicircular, a qual protege vários bancos de jardim em madeira e, junto à Capela, constitui-se um miradouro de toda a região lagunar do Baixo Vouga. Tem acesso frontal por ampla escadaria. A S., situa-se a Casa Diocesana de Nossa Senhora do Socorro, de grandes dimensões e planta quadrangular com pátio central e evoluindo em dois e três pisos, adaptando-se ao forte declive do terreno.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: capela

Utilização Actual

Religiosa: santuário

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Aveiro)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ESCULTOR: João da Silva Vidal (1856).

Cronologia

1855 - 1856 - um surto de cólera morbus afeta a região de Albergaria, fazendo vários mortos; 1855, 18 outubro - um grupo de 17 pessoas, incluindo José de Almeida e os padres João António e João Fortunato, reúne-se na Casa do Agro, onde fazem um voto de construção de uma ermida em honra de Nossa Senhora do Socorro, no caso de rápido término do surto de cólera; 1856 - a Diocese do Porto concede autorização para a construção do templo; setembro - a Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha cede um terreno baldio no denominado Bico do Monte, a N. da vila e a zona mais elevada da mesma; início da construção da capela, custeada pelo grupo de 17 pessoas; doação da imagem por João da Silva Vidal, esculpida por ele próprio; 1857, 15 agosto - sagração do templo, ocorrendo a primeira grande romaria; 1858, 23 outubro - constituição da Irmandade de Nossa Senhora do Socorro; 1879 - aprovação dos Estatutos da Irmandade de Nossa Senhora do Socorro, entretanto criada; 1880 - 1883 - ampliação do templo, integrando a antiga capela, transformada em cabeceira; 1888, 16 agosto - João Patrício Álvares Ferreira e D. Henriqueta Guilhermina doam à Irmandade um vestido de seda branca, um manto de seda azul bordado a ouro fino e uma cruz de prata cravejada, integrada num colar de ouro; 1896 - os mesmos doam à sacristia um oratório em madeira de castanho, que pertencera ao Real Hospital de Albergaria; oferta dos pináculos para os cunhais da capela; 1904 - construção da estrada de acesso; 1920 - incremento no culto por ação do Padre Matos; séc. 20, 2.ª metade - arranjo da zona envolvente, então arborizada, alargamento da alameda de acesso e feitura de um parque de estacionamento; 1960 - durante as festividades, realiza-se uma feira de grandes dimensões e um festival de folclore.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria, rebocada e pintada; modinaturas, pináculos, cruzes e pavimento da capela-mor em cantaria de granito; portas, mísulas, coberturas e mobiliário de madeira; janelas com vidro simples; pavimento da nave em tijoleira com corredor em mármore; cobertura exterior em telha cerâmica.

Bibliografia

BARARDO, Maria do Rosário - Santuários de Portugal. Caminhos de Fé. Lisboa: Paulinas Editora, 2015; CALVET, Nuno - Nossa Senhora de Portugal. Santuários Marianos. Lisboa: Edições Intermezzo, 2003; FERREIRA, Delfim Bismarck - «João Patrício Álvares Ferreira» in revista Patrimónios. Aveiro: Associação para o Estufo e Defesa do Património Natural e Cultural da Região de Aveiro, 2008, n.º 8; GONÇALVES, A. Nogueira - Inventário Artístico de Portugal Distrito de Aveiro, Zona Sul. Lisboa: Academia Nacional de Belas Artes, 1959; VASCONCELOS, João - Romarias I. Inventários dos Santuários de Portugal. Lisboa: Olhapim Edições, 1996, vol. I.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA; Associação de Reitores dos Santuários de Portugal: Paulinas

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: séc. 20 - tratamento de rebocos e pinturas; revisão das coberturas; colocação de novo pavimento e de silhares de azulejo na nave.

Observações

*1 - a peregrinação inicia-se no 3.º domingo de agosto, com uma missa e procissão, a que se sucede um concerto filarmónico e a recitação do rosário; no final do dia, realiza-se o convívio com piqueniques, ocorrendo uma feira com venda de produtos no local (http://www.rotadoperegrino.com/cultura/capela-da-senhora-do-socorro/, consultado em 19 de fevereiro de 2013].

Autor e Data

Paula Figueiredo 2014 (no âmbito da parceria IHRU / Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja)

Actualização

 
 
 
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