Palacete na Rua Ivens, n.º 14 / Edifício da Rádio Renascença

IPA.00022144
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santa Maria Maior
 
Palacete oitocentista de planta rectangular, de massa simples paralelepipédica.
Número IPA Antigo: PT031106200596
 
Registo visualizado 1016 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa  Palacete  

Descrição

Planta rectangular, de massa simples paralelepipédica e cobertura efectuada por telhado a 3 águas, perfurado por trapeiras do lado N.. Compõe-se de 4 pisos, em reboco pintado com cunhais e soco de cantaria, e abertura de vãos com emolduramento simples de cantaria, a ritmo regular. Alçado principal a E., com piso térreo rasgado a eixo por porta de verga curva ladeada por amplas vidraças. Andar nobre marcado pela presença de 7 janelas de sacada de verga recta, com bandeira em arco apontado, guarnecidas individualmente por varandas de base em cantaria e guarda em ferro fundido, com pinhas nos extremos. Estas varandas articulam com formas cartelares com mascarões e emolduramentos de estuque com perfil em arco de volta perfeita, que inscrevem ora 2 ora 3 janelas definindo desta forma módulos na fachada. Sucedem-se, no 2º andar, janelas de peito com o mesmo tipo de remate, acima das quais se desenvolve varanda corrida contígua a este alçado e ao alçado lateral N., que, suportada por mísulas em cantaria e com guarda em ferro fundido, serve janelas de peito. O edifício é superiormente rematado por cornija acentuada por beirado. No alçado N., mais prolongado horizontalmente, reconhece-se exactamente o mesmo tipo de organização dos vãos, salientando-se aqui a presença dos emolduramentos de estuque e da varanda corrida que acentuam a modelação da fachada. INTERIOR: piso térreo e definido por amplo vestíbulo de disposição longitudinal, contíguo a compartimento que se desenvolve ao longo da fachada N., separado por parede em vidro ritmada por colunas metálicas. Este vestíbulo articula-se no extremo oposto ao da entrada principal (alçado E.) com lanço curvo de escadaria de madeira com guarda em balaustrada, apenas conducente ao 1º andar. Do lado S. regista-se a presença de um auditório *1 de planta em L.. A N. localiza-se um outro acesso, sensivelmente a eixo do alçado e directamente conducente a escada que inscreve caixa de elevador e interliga todos os pisos. No 1º andar, identificam-se, como principais elementos de circulação, 2 corredores que, dispostos entre si em ângulo recto, atravessam o edifício no seu sentido transversal e horizontal e se localizam nas proximidades das 2 escadas, gerando em torno da escadaria principal uma galeria, pela qual se acede à compartimentação interna, disposta ao longo dos alçados. Adossado ao lado O. do alçado posterior (a S.) regista-se a presença de um anexo de 2 andares, de cujo o piso térreo coincide com o 1º andar do edifício principal.

Acessos

Rua Ivens, n.º 14; Rua Capelo, n.º 1 a 5

Protecção

Incluído na classificação da Lisboa Pombalina (v. IPA.00005966) / Incluído na Zona de Proteção do Convento de São Francisco da Cidade (v. IPA.00004020)

Enquadramento

Urbano, adossado, na proximidade do Teatro Nacional de São Carlos (v. PT031106200042) e do Palacete Loures / Grémio Literário(v. PT031106200594).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Comunicações: edifício de rádio

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19

Arquitecto / Construtor / Autor

DECORADOR: Franz Torka (séc. 20).

Cronologia

Séc. 19 - provável construção do imóvel; 1904-1932 - o edifício é propriedade dos condes e primeiros marqueses de Gouveia, D. Afonso de Serpa Leitão Freire Pimentel (1849 - 1930) e sua esposa D. Grácia da Cunha Matos de Mendia; 1914-1950 - funciona na Rua Ivens, 14, Loja, 1º e 3º dt.º o estabelecimento da Companhia dos Grandes Armazéns Alcobia; 1914 - demolição de paredes interiores nas dependências ocupadas por Carlos Alcobia; 1914-1927 - Carlos Alcobia é director da Companhia dos Grandes Armazéns Alcobia; 1920, Agoasto - Franz Torka (1888 - 1953, assistente e decorador chefe do atelier de Otto Wagner entre 1909 e 1911) instala-se em Portugal a convite de Carlos Alcobia, director da Companhia dos Grandes Armazéns Alcobia (dos mais prestigiados em Portugal ao nível da decoração de interiores), para director artístico da área de decoração, organização técnica das fábricas e estabelecimento na Rua Ivens, proposta que Torka terá aceite em virtude da situação desfavorável da Áustria do pós-guerra; década de 20, final - Franz Torka desenha um conjunto de três painéis decorativos para a sede da Casa Alcobia, em madeiras embutidas e laca, nos quais representa uma elegante figura feminina de gosto vincadamente Art Déco numa evocação à figura de Paul Poiret ; 1929, Julho - regularização da numeração de polícia (Rua Capelo, n.º 1-9 e Rua Ivens, n.º 12-16); 1930 - por falecimento do 1º marquês de Gouveia sem descendência directa, a herança de bens e títulos recai sobre aquela de seu irmão, tornando-se proprietários do imóvel os filhos e netos deste; 1931 - construção de uma galeria em madeira e respectiva escada de acesso, nas dependências ocupadas pelos Armazéns Alcobia, para exposição de mobílias baratas; 1933 - grande campanha de redecoração interna promovida pela Casa Alcobia nas suas instalações da Rua Ivens, pautada pela funcionalidade e despojamento, verificável pela utilização de grandes superfícies lisas, paredes brancas, abandono quase total da linha curva, mobiliário modular e formas simplificadas, com tubo cromado e revestimentos de couro; 1935 - construção de divisórias em madeira e diversas construções de carpintaria para efeitos de exposição do mobiliário do estabelecimento Alcobia; 1938 - 1955 - o edifício é propriedade de Maria de Mendia de Serpa Pimentel e Maria Eugénia Machado de Mendia; 1939 - 1940 - Franz Torka abandona a Casa Alcobia e abre o seu próprio atelier de decoração no Largo da Graça, n.º 63 ; 1942 - funciona na Rua Capelo, n.º 5, 3º direito a Pensão Nova Capelo; construção de uma instalação sanitária, pinturas e beneficiações interiores em tectos, paredes e soalhos na Rua Capelo, n.º 5, 3.º direito, ocupado pela Pensão Nova Capelo; 1946 - João Alcobia é gerente da Companhia dos Grandes Armazéns Alcobia; 1950 - reparações urgentes, pinturas em todos os compartimentos, construção de ante-câmara para toucador nas instalações sanitárias femininas e demolição de paredes para alargamento das salas ocupadas pela Casa do Algarve na Rua Capelo, n.º 5, 2.º direito; 1950 - 1965 - a sede da Casa do Algarve encontra-se instalada na Rua Capelo, n.º 5, 2.º direito; 1955 - 1984 - funciona na Rua Capelo, n.º 5, 2.º esquerdo e 3.º direito a Rádio Renascença; 1956 - construção de uma escada de madeira no interior do estabelecimento Alcobia, conducente à oficina de marcenaria e arrecadação no 1º andar; 1964 - construção de arrecadações e instalações sanitárias no piso térreo e 1.º andar; 1964 - 1967 - o edifício é propriedade de Maria da Conceição de Paiva de Serpa Pimentel, menor, representada por sua mãe, Maria Adelaide Eugénia de Sarrea Brak-Lamy de Paiva Brandão de Serpa Pimentel; 1965 - cai parte da ornamentação em estuque da fachada voltada para a Rua Capelo; 1968 - são retirados clandestinamente os ornatos de estuque aplicados ao nível do 2.º andar; 1980 - o estabelecimento António F. Barradas, Herdeiros Ld.ª instala um armazém na Rua Capelo, n.º 5, 3.º esquerdo; 1988 - construção de duas instalações sanitárias nas dependências da Rádio Renascença.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira.

Bibliografia

COSTA, Mário, Chiado Pitoresco e Elegante, Lisboa, 1965 ;VALDEMAR, António, Chiado : o Peso da Memória, Lilsboa, 1990

Documentação Gráfica

CML: Direcção Municipal de Planeamento e Gestão Urbanística, Arquivo de Obras, Procº nº 2442

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

INQUILINO: 1904 - remodelações interiores de portas e janelas, colocação de pavimento de ladrilho de mosaico e fasquiagem do tecto a fim de receber pardo e estuque; 1927 - demolição de uma divisória interna e colocação de uma viga de ferro no 2.º esquerdo da Rua Capelo, n.º 5 pelo padre António Brandão; instalação de reclamo luminoso no cunhal do edifício com o texto Alcobia Móveis e respectiva sinalização; 1929 - reparações interiores e exteriores; 1930 - pintura de paramentos exteriores do edifício; 1932 - beneficiações interiores e exteriores, reparação da cobertura, substituição de telha tipo Alhandra por telha tipo Marselha; 1938 - reparações gerais e pintura exterior de caixilhos e grades; 1939 - pintura de paramentos interiores dos Armazéns Alcobia e restauro dos estuques; 1940 - consolidação da fundação de uma coluna numa dependência ocupada pelos Armazéns Alcobia; 1941 - limpezas gerais e reparações interiores de tectos, paredes e têmperas; 1942 - reparação do saguão e pinturas interiores nos estabelecimentos Alcobia; 1943 - beneficiações interiores e obras de adaptação de uma montra a porta de ligação dos estabelecimentos Alcobia à Rua Capelo; 1944 - pintura do reclamo luminoso com a inscrição Vendas a Prestações e pintura exterior das portas; 1946 - pinturas interiores e construção clandestina de uma galeria para arrecadação de materiais no estabelecimento Alcobia; 1948 - limpezas gerais; 1949 - pintura de paramentos interiores e exteriores, janelas, caixilhos, tábuas de peito e reparação dos patins da escada; construção de uma galeria em madeira na zona destinada à oficina de estofadores dos Armazéns Alcobia; 1955 - pintura do reclamo luminoso dos Armazéns Alcobia e substituição de porta ondulada por porta envidraçada com dois batentes; 1956 - obras de beneficiação geral, pintura e limpeza; 1964 - remodelação dos pavimentos dos Armazéns Alcobia, obras no desaterro do logradouro para saneamento e substituição dos esgotos, alteração da escada de acesso às oficinas; 1965 - obras gerais de beneficiação, conservação de rebocos e pinturas, aplicação de revestimento azulejar, substituição de loiças sanitárias e reparação dos soalhos nas instalações da Casa do Algarve; 1967 - limpezas e obras gerais de beneficiação; 1979 - modificações na arrecadação do piso térreo ocupada pela Rádio Renascença; 1984 - obras de transformação de uma montra em porta nas instalações da Rádio Renascença; 1985 - regularização da numeração de polícia na porta que sofreu transformações; 1988 - obras gerais de beneficiação e construção de duas instalações sanitárias nas dependências da Rádio Renascença; 1989 - alteração do esquema de ligações das águas residuais e esgotos; 1999 - remodelações do piso térreo em consequência das obras do metropolitano, instalação do ascensor e obras gerais de beneficiação.

Observações

* 1 - em espaço correspondente a uma capela aí anteriormente existente e entretanto convertida.

Autor e Data

Teresa Vale, Maria Ferreira e Sandra Costa 2001

Actualização

 
 
 
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