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Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Igreja
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Descrição
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Planta rectangular composta pela justaposição de 2 rectângulos (nave e capela-mor), o templo encontra-se integrado em edifício de planta rectangular, de volumetria paralelepipédica, e a cobertura efectuada por telhado a 4 águas em mansarda, perfurada por trapeiras. Em reboco pintado com cunhais e soco de cantaria, compõe-se de 4 pisos (um deles ao nível da cobertura) e abertura de vãos com emolduramento simples de cantaria, a ritmo regular. Alçado principal a SE., com piso térreo rasgado a eixo por portal de verga curva ladeado por 2 vãos de sacada de verga recta sobrepujados por janelas de verga curva. Andar nobre, separado por banda horizontal em cantaria, com 5 janelas de sacada de verga recta recortada servidas por varandins individuais com guarda em ferro forjado, das quais se demarca a axial, que integra no remate da janela, pedra de armas da Ordem Terceira do Carmo. O conjunto é sobrepujado por 5 janelas de peito de verga curva inscritas em emolduramento de verga recta. É superiormente rematado por cornija continuada acima da qual se eleva, no alinhamento do portal, um pano de muro recortado com aletas, ladeado por 2 janelas trapeiras. Alçado lateral SO. com piso térreo parcialmente enterrado e separado por friso de cantaria, podendo reconhecer-se os 2 pisos superiores animados pela abertura de janelas de peito de guilhotina, também presentes nos pisos correspondentes do alçado lateral NE.. INTERIOR: escadaria de mármore de lanço recto bifurcante, conducente ao 1º andar. Aí se localiza o templo, contiguamente à fachada principal do edifício em que se integra. Com acesso através de porta do lado da Epístola, o templo, de nave única, apresenta planta rectangular e cobertura em tecto plano animado por pintura decorativa. |
Acessos
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Largo do Carmo, n.º 25; Rua da Oliveira do Carmo; Rua da Condessa |
Protecção
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Incluído na classificação da Lisboa Pombalina (v. IPA.00005966) / Incluído na Zona de Proteção do Aqueduto das Águas Livres (v. IPA.00006811) / Parcialmente incluído na Zona de Proteção da Igreja do Convento do Carmo (v. IPA.00006521) |
Enquadramento
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Urbano, incluído em frente urbana que delimita a N. o Lg. do Carmo, na proximidade do Convento do Carmo ( v. PT031106270328 ) e do Palácio Valadares ( v. PT031106270598 ) |
Descrição Complementar
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Coro-alto adossado à face interna da fachada. Nos muros laterais, decorados com marmoreados, reconhecem-se 2 altares em talha dourada e pintada alusivos, do lado da Epístola, à Nossa Senhora da Boa Morte e ao Beato Nuno e do lado do Evangelho, a Cristo Morto e Cristo Crucificado, a par de púlpito de base poligonal, sob janela iluminante. Precede a capela-mor arco triunfal abatido em cantaria. Na capela-mor, delimitada por teia metálica, reconhece-se muro de topo animado por retábulo em talha dourada e pintada, vazado ao centro por camarim (a albergar a figuração escultórica, em madeira, de Nossa Senhora da Conceição) sobrepujado por frontão mistilíneo interrompido, e ladeado por peanhas com as figurações escultóricas dos profetas Elias e Eliseu. Contíguo ao alçado lateral SO., reconhece-se sacristia de planta rectangular e cobertura em tecto plano pintado com o emblema heráldico da Ordem Terceira do Carmo. Ao longo do alçado oposto desenvolve-se corredor conducente ao Santuário do Senhor dos Aflitos, pautado por muros laterais animados por silhares de azulejo padronado com flores, do período pombalino. |
Utilização Inicial
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Religiosa: igreja |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja / Comercial: loja |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTO: Manuel Caetano de Sousa (1780). ESCULTOR: José de Almeida (1755). PINTOR: Francisco Borja Gomes (séc. 19). PINTOR de AZULEJOS: Fábrica Viúva Lamego (1992). |
Cronologia
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1629 - fundação da Venerável Ordem Terceira do Carmo; 1665 - concessão de estatutos à Ordem Terceira, que possuia a sua capela na igreja do convento de Nossa Senhora do Carmo; 1700 - 1706 - construção do hospital da Ordem Terceira, no sopé do convento do Carmo, no local onde actualmente se inicia a Rua Primeiro de Dezembro (então Rua de Valverde); 1755 - feitura dos Passos da Paixão de Cristo; 1780 - instalação da capela da Venerável Ordem Terceira do Carmo num prédio, que, a partir do séc. 17 fora sucessivamente pertença dos Teives, dos Fernandes de Elvas e dos Silvas Coutinhos, sendo propriedade dos irmãos D. Rui da Silva Coutinho e D. Aires António da Silva aquando do terramoto de 1755, que o doaram (por escrituras de 18 de Dezembro de 1763 e de 3 de Janeiro de 1764, feitas perante o tabelião Inácio Matias de Melo) aos irmãos terceiros do Carmo (que tiveram o seu hospital destruído pelo sismo e a respectiva reedificação inviabilizada pela absoluta necessidade de construir, nesse local, uma muralha de sustentação do complexo arquitectónico do convento do Carmo); 1771, 27 Janeiro - adjudicação oficial da propriedade à Ordem Terceira do Carmo; 1775, 31 Janeiro - efectiva tomada de posse dos terrenos e ruinas do antigo palácio dos Silvas Coutinhos pela Ordem Terceira do Carmo, sendo então prior da mesma o Visconde de Ponte de Lima, e iniciando-se de imediato as obras com vista à edificação do hospital; 1775, 21 Junho - encontravam-se lançadas as fundações do novo edifício do hospital; 1779, Março - a escassez de fundos para prosseguir as obras determina a suspensão das mesmas; 1780, 16 Outubro - falecimento do irmão Manuel Simões, que por testamento lega à Ordem terceira 300$000 reis para as obras do hospital na condição de serem imediatamente utilizados, pelo que a Mesa (presidida pelo prior D. Diogo de Noronha) determina que com tal quantia se proceda à construção da capela; 1780, 29 Outubro - iniciam-se as obras da capela, segundo projecto do arquiteecto Manuel Caetano de Sousa; 1781 - as obras param por dificuldades não identificadas (e assim parecem ficar até Março de 1784) mas consegue-se entretanto a obtenção de dois breves do papa Pio VI (datados de 18 de Maio), concedendo privilégios ao altar-mor da capela e às missas de defuntos ditas noutros altares; 1782 - as obras encontravam-se certamente bastante avançadas, referindo-se nesta data que faltava apenas dourar e pintar o retábulo; 1784, Março - retomam-se os trabalhos, porque o irmão José de Faria Martins se dispôs a pagar as folhas de ouro destinadas ao douramento do retábulo e os irmãos João Roiz Vale e Miguel Lourenço Peres contribuiram com o pagamento de vigas de madeira e tabuado; 1789, 15 Fevereiro - estava concluída a obra, sendo então prior o conde de Lumiares, o qual propôs a condução da imagem de Nossa Senhora do Carmo ao altar-mor, em solene procissão; 1789, 16 Fevereiro - benzida a capela pelo Reverendo António Roiz Brabo, com a autorização do arcebispo de Lacedemónia, celebrando-se seguidamente a primeira missa; 1793, 23 Agosto - primeira festa solene de Nossa Senhora do Carmo realizada na capela, sendo prior o marquês de Penalva; 1793, 14 Setembro - sermão e Te Deum na capela, pelo nascimento do príncipe da Beira; 1833 - segundo Luís Gonzaga Pereira, a capela é pequena, com cinco capelas, a mor e quatro laterais, uma do Santíssimo e uma com o Senhor morto; sacristia com quadros, um a representar uma Sagrada Família, de Vieira Lusitano; 1835, 15 janeiro - na sequência do decreto liberal (de 30 de Maio de 1834) que determina a expulsão das ordens religiosas, a capela da Ordem Terceira recebe nesta data algumas alfaias litúrgicas, como sejam cálices, paramentos, turíbulos, castiçais, missais, etc.; 1836 - solicitação da Ordem Terceira ao arcebispo de Lacedemónia que fossem consideradas sua pertença as imagens provenientes do convento do Carmo (entretanto extinto) que se encontravam à sua guarda; 1837 - funcionava numa das lojas do piso térreo do edifício onde se integra a capela, um chocolateiro (José Caetano Pires Branco), que ali permaneceu até 1883; 1840 - instala-se um barbeiro numa das lojas do piso térreo (o qual entre 1849 e 1857 se denomina Pastor); 1841 - 1848 - uma taberna ocupa uma das lojas do imóvel; 1873 - 1875 - funciona um dentista, de nome Neves, no piso térreo do edifício; 1873 - c. 1880 - numa das lojas do piso térreo funciona um capelista; 1883 - referência a um padeiro numa das lojas do piso térreo; 1918, 10 Maio - entregues à Ordem Terceira os restos mortais de D. Nuno Álvares Pereira; 1918, 13 Maio - colocação dos restos mortais do Condestável num cofre no altar lateral do lado da Epístola; 1927, 30 Julho - tresladação dos restos mortais de D. Nuno Álvares Pereira na urna de prata onde ainda actualmente se guardam; 1938 - grandes festas por ocasião da beatificação de D. Nuno Álvares Pereira; c. 1940 - era prior da ordem o 7º conde e 3º marquês de São Paio (D. António Pedro Maria da Luz de São Paio Melo e Castro, n. 1902) |
Dados Técnicos
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Estrutura autoportante |
Materiais
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Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira |
Bibliografia
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PEREIRA, Luís Gonzaga - Monumentos Sacros de Lisboa em 1833. Lisboa: Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927; PROENÇA, Raul, (dir. de), Guia de Portugal, Vol. I, Lisboa, 1924 ; ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, Vol. II, Lisboa, s.d. ; SEQUEIRA, Gustavo de Matos, O Carmo e a Trindade, Vol. III, Lisboa, 1938 - 1941 ; PEDRO, Manuel Gonçalves, Nossa Senhora do Monte do Carmo (Capela), in SANTANA, Francisco, SUCENA, Eduardo, (dir. de), Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, 1994; VALE, Teresa Leonor M., Um português em Roma Um italiano em Lisboa. Os escultores setecentistas José de Almeida e João António Bellini, Lisboa, Livros Horizonte, 2008. |
Documentação Gráfica
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CML: Direcção Municipal de Planeamento e Gestão Urbanística. |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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ARQUIVO DA ORDEM TERCEIRA DO CARMO, Códice 92 (Livro da Receita e Despeza Geral na Reedificação do Hospital da Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo de Lisboa, Anno de 1784) ; A.O.T.C., Livro do Registo Geral de Ofícios |
Intervenção Realizada
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PROPRIETÁRIO: séc. 19 .- encarnação das imagens dos Passos por Francisco Borja Gomes; c. 1992 - campanha de obras de beneficiação, responsável designadamente pela aplicação de revestimento azulejar (na capela e escadaria de acesso), da Fábrica Viúva Lamego |
Observações
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Autor e Data
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Teresa Vale, Maria Ferreira e Sandra Costa 2001 |
Actualização
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