Pelourinho de Soajo

IPA.00002220
Portugal, Viana do Castelo, Arcos de Valdevez, Soajo
 
Arquitectura político-administrativa e judicial, seiscentista. Pelourinho de tabuleiro, com soco quadrangular de três degraus e fuste cilíndrico. A sua forma curiosa tem induzido os autores a tentar encontrar uma explicação, vendo nele frequentemente a representação escultórica do antigo privilégio cedido ao concelho, presumivelmente por D. Dinis ou D. João I, de nenhum fidalgo permanecer na vila mais tempo do que o necessário para se esfriar um pão quente, posto ao ar na ponta de uma lança. A lança seria, assim, o fuste e o pão o remate triangular. Para Luís Chaves a cara é uma afirmação senhorial. Não são visíveis vestígios de guarnição de ferros o que nos faz supôr que nunca os teve, o que se poderá ligar à sua fase tardia de construção. O granito do remate é mais fino e resistente do que o da coluna, onde os grãos são mais grosseiros e pouco consistentes. É um pelourinho de enquadramento cronológico difícil dadas as suas características, sendo no entanto datado do séc. 17 pela maioria dos autores. Possui maior valor histórico e etnográfico do que propriamente artístico, uma vez que o fuste é meio tosco, não tem base e a decoração, antropomórfica, resumir-se a uma cara solar. Despertou algum interesse folclórico, ficando associado aos cantares populares e como local de encontro da mocidade nas tardes de domingo ou de folga *1.
Número IPA Antigo: PT011601460004
 
Registo visualizado 1402 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Estrutura  Judicial  Pelourinho  Jurisdição régia  Tipo tabuleiro

Descrição

Estrutura em cantaria de granito, composta por soco quadrangular de três degraus escalonados, onde assenta coluna de fuste circular, tendo esculpido no topo face circular, marcada com grandes olhos redondos, nariz e boca risonha. Remata-a placa triangular.

Acessos

Soajo, Largo de Eiró. WGS84 (graus decimais) lat.: 41,873843; long.: -8,264364

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG, 1.ª série, n.º 136 de 23 junho 1910

Enquadramento

Urbano, isolado. Ergue-se no centro da povoação do Soajo, numa das principais praças, em frente ao antigo edifício dos Paços do Concelho (v. PT011601460063) e tendo junto ao soco placa com memória histórica e descritiva. A praça é pavimentada a lajes de cantaria e enquadrada por casas de granito. Nas imediações, ergue-se a igreja paroquial (v. PT011601460261).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Judicial: pelourinho

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Autarquia Local, Artº 3º, Dec. 23 122 de 11 Outubro 1933

Época Construção

Séc. 17 (conjectural)

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1514, 07 Outubro - D. Manuel I eleva Soajo a vila, na sequência do qual e em data incerta se deve ter erguido o pelourinho; 1706 - povoação do rei, com amplos privilégios; tem juiz ordinário, 2 vereadores, um procurador, de eleição trienal, confirmado por carta pelo Corregedor de Viana; tem 2 escrivães; 1758, 05 Abril - segundo o abade António Gonçalves Gomes nas Memórias Paroquiais, a freguesia é do padroado real, pertence à comarca de Valença e tem 441 vizinhos e 1140 pessoas; o concelho tem Câmara e juiz ordinário sujeito ao corregedor da comarca de Viana; tem privilégios reais; 1980 - derrube do pelourinho por um camião.

Dados Técnicos

Sistema estrutural autónomo.

Materiais

Estrutura em cantaria de granito.

Bibliografia

ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de Alto Minho, Lisboa, 1987; ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Porto, 1988; BAPTISTA, António Martinho, O Pelourinho do Soajo in Terra de Val de Vez, nº 1, Arcos de Valdevez, 1980, p. 130 - 150; CARDOSO, Nuno Catarino, Pelourinhos do Minho e Douro, Lisboa, 1935; CAPELA, José Viriato, As freguesias do distrito de Viana do Castelo nas Memórias Paroquiais de 1758, Braga, Casa Museu de Monção / Universidade do Minho, 2005; CHAVES, Luís, Os Pelourinhos, Lisboa, 1938; CHAVES, Luís, Os Pelourinhos do Distrito de Viana do Castelo, Lisboa, s.d.; COSTA, António Carvalho da (Padre), Corografia Portugueza…, vol. I, Lisboa, Valentim da Costa Deslandes, 1706; CRESPO, José, Pelourinhos. Cruzeiros. Forcas in Cadernos Vianenses, Tomo 6, Viana do Castelo, 1981, p. 97 - 112; MALAFAIA, E. B. de Ataíde, Pelourinhos Portugueses. Tentâmen de Inventário Geral, s.l., 1997; OLIVEIRA, Lopes de, Soajo. Uma Aldeia Diferente. "Cabeça de Montaria", Viana do Castelo, 1970; SOUSA, Júlio Rocha e, Pelourinhos do Distrito de Viana do Castelo, Viseu, 2001.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DSID

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGPC

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

DGEMN: 1950 - arranjo do largo; Parque Nacional da Peneda do Gerês em colaboração com a Direcção Regional dos Edifícios e Monumentos do Porto, Câmara Municipal de Arcos de Valdevez e Junta de Freguesia do Soajo: 1980, 1ª quinzena de Maio - restauro; Câmara Municipal de Arcos de Valdevez: 2005 - autorizou a requalificação e valorização do núcleo rural do Soajo (no valor de 123.607€00).

Observações

*1 - Uma das quadras populares reza "Esta gente do Soajo / Dá de beber a quem passa, / Tem a fonte na estrada / E o pelourinho na praça".

Autor e Data

Paula Noé 1992

Actualização

 
 
 
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