Estação Ferroviária do Entroncamento

IPA.00022559
Portugal, Santarém, Entroncamento, Nossa Senhora de Fátima
 
Arquitectura de transportes, modernista.
Número IPA Antigo: PT031410010011
 
Registo visualizado 1839 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Transportes  Apeadeiro / Estação  Estação ferroviária  

Descrição

ARMAZÉM DE VÍVERES: edifício de um só piso composto por um conjunto de volumes paralelepipédicos adossados. O mais longo e largo desenvolve-se paralelamente à estrada, ligeiramente recuado em relação a ela; define a fachada principal, a meio da qual se abre a entrada de público que dá acesso à zona de atendimento, situada no seu interior. Adossados à face oposta deste volume, definindo com ele um ângulo de cerca de 75º, existem três outros corpos paralelos entre si, com entradas autónomas e destinados ao armazenamento dos produtos, definindo dois pátios exteriores. A expressão de horizontalidade é reforçada pela platibanda com cornija que contorna integralmente o edifício, ocultando a cobertura em telhado. A platibanda é regularmente ritmada por uma sequência de pequenos blocos paralelepipédicos salientes. As janelas do volume principal, rectangulares e regulares, são enquadradas, superior e inferiormente, por elementos lineares horizontais salientes; um friso idêntico, situado a meia altura, corta-as em dois registos horizontais sobrepostos. O friso superior, contínuo, estabelece a ligação entre a porta de entrada e as oito janelas centrais, simulando um vão em comprimento que a planta curva dos nembos de separação vem reforçar. O friso intermédio interrompe-se a cada nembo e prolonga-se, sem solução de continuidade, numa delgada laje que cobre a entrada do edifício, apoiada em quatro colunas, volumosas e sólidas, de planta composta (um semi-círculo adossado a um rectângulo). As vigas estruturais desta laje cruzam-se ortogonalmente sobre as colunas, traduzindo-se em ligeiras variações de espessura no seu intradorso. O friso inferior acusa a intersecção com o nembo através de uma redução da saliência e articula-se com uma variação da espessura do paramento que destaca a zona situada abaixo de cada vão. O embasamento é sugerido por um ligeiro recesso do paramento, correndo horizontalmente entre o peito das janelas e o nível do solo. A composição do alçado principal é rematada, em cada extremo do edifício, por uma janela idêntica às restantes mas não ligada a elas. Os alçados laterais têm sequências destas janelas, sem continuidade de frisos e deixando maior extensão de paramento opaco entre elas. O acesso ao interior é feito em aproximação lateral, sob a laje que marca e protege a entrada: dois degraus conduzem à zona de transição, delimitada frontalmente por guardas metálicas, colocadas entre as colunas que suportam a cobertura, e canteiros baixos para plantas. INTERIOR: o espaço de atendimento de público, situado no volume principal é constituído por um espaço unificado, originalmente não compartimentado. Um balcão contínuo, paralelo às paredes exteriores, separava o público da área de atendimento. O escritório - um gabinete totalmente envidraçado - estava colocado de modo a dividir o balcão de acordo com os géneros vendidos. No interior da área de atendimento, uma sequência de armários expositores, mais baixos que o tecto, delimita o apoio de retaguarda, permitindo a percepção da dimensão total do espaço. As janelas, colocadas acima do nível dos olhos, asseguram a iluminação natural de todo o espaço, deixando os paramentos livres para exposição dos produtos. As vitrines de exposição são construídas logo abaixo das janelas, integradas na espessura da parede e voltadas para o interior; recebem luz natural através de um vão longitudinal envidraçado praticado na sua face superior

Acessos

R. Engenheiro Ferreira de Mesquita

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, em planície, isolado. A frente principal do edifício volta-se para a estrada que liga o Entroncamento a Torres Novas; a retaguarda confina com a zona de vias férreas da Estação do Entroncamento.

Descrição Complementar

Inscrição: "Armazém de Víveres", na platibanda da fachada principal sobre a zona de entrada, com letras maiúsculas de tipo sem patilha, em relevo.

Utilização Inicial

Transportes: estação ferroviária

Utilização Actual

Transportes: estação ferroviária

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses (C.P.), Divisão de Via e Obras: arq. José Ângelo Cottinelli Telmo (1897-1948)

Cronologia

1859 - fundada a povoação do Entroncamento, quando as linhas de caminho de ferro do Norte e do Leste começaram a ser prolongadas para além da Ponte da Asseca; o território onde foi situado o ponto de divergência dos dois traçados era então completamente despovoado; 1890 - o aglomerado tinha ainda apenas uma escassa dezena de casas; séc. 20, primeiras décadas - com o gradual desenvolvimento da rede de caminhos de ferro, o Entroncamento transformou-se num dos principais centros ferroviários do país, e portanto a localização mais adequada para a instalação de oficinas e depósitos de material circulante. Aqui se verificavam as maiores concentrações de funcionários residentes ou em deslocação, ocupados nas tarefas de construção e manutenção da rede, motivo pelo qual a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses (CP) aqui construiu habitações (permanentes ou temporárias) destinadas ao seu pessoal e os equipamentos para a sua assistência e apoio (armazém de víveres, cantina, escola, posto médico e dispensatório); 1935, Maio - projecto de adaptação de edifício existente para Armazém de Víveres da Estação do Entroncamento (não construído); 1938, Junho-Novembro - projecto do novo Armazém de Víveres da Estação do Entroncamento; 1939, 30 de Dezembro - inauguração; 2014, 18 julho - lançamento do concurso da empreitada do projecto de construção de uma loja no Museu Ferroviário, a funcionar no Armazém de Víveres; lançamento do concurso para o arranjo dos espaços exteriores.

Dados Técnicos

Estrutura mista

Materiais

Paredes exteriores em alvenaria, com acabamento a reboco e pintura. Pavimento exterior da entrada em pedra calcária. Vergas e elementos de separação intermédia horizontal das janelas e laje sobre a entrada em betão armado. Cobertura em telhado de telha cerâmica sobre asnas de madeira. Porta e janelas exteriores com caixilhos em aço macio pintado; vidros aramados, incolores. Tampo do balcão, vitrines interiores e lambrim da zona de público em pedra. Módulo do escritório, prateleiras, estantes e demais equipamentos em madeira.

Bibliografia

SILVA, Dias da, Novo Armazém de Víveres do Entroncamento, Boletim da CP, n.º 129, Março 1940, pp. 45-49; MARTINS, João Paulo, Cottinelli Telmo. A Obra do Arquitecto (1897-1948). Dissertação de mestrado em História da Arte, Lisboa: FCSH, UNL, 1995, 2 vol.; MARTINS, João Paulo, Cottinelli Telmo. Arquitecto na CP, in Gilberto Gomes (ed.), O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996, Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses, 1996, pp. 126-134SILVA, Dias da, Novo Armazém de Víveres do Entroncamento, Boletim da CP, n.º 129, Março 1940, pp. 45-49; MARTINS, João Paulo, Cottinelli Telmo. A Obra do Arquitecto (1897-1948). Dissertação de mestrado em História da Arte, Lisboa: FCSH, UNL, 1995, 2 vol.; MARTINS, João Paulo, Cottinelli Telmo. Arquitecto na CP, in Gilberto Gomes (ed.), O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996, Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses, 1996, pp. 126-134

Documentação Gráfica

CP: Direcção Geral de Gestão de Infraestruturas, Arquivo Técnico

Documentação Fotográfica

DGEMN: DSID

Documentação Administrativa

CP: Direcção Geral de Gestão de Infraestruturas, Arquivo Técnico

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

JPaulo Martins 2002

Actualização

 
 
 
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