Forte de Santa Catarina / Palacete Seixas / Edifício da Messe de Cascais

IPA.00022648
Portugal, Lisboa, Cascais, União das freguesias de Cascais e Estoril
 
Chalet do séc. 20, de estilo ecléctico, de planta rectangular e irregular, composta por vários volumes articulados, destacando-se da mole, vários terraços e um corpo torreado, rematado em coruchéu. Possui coberturas amansardadas e remates em cornija sustentada por cachorros. A fachada principal, muito simples, possui vários vãos rectilíneos, sendo as demais marcadas por terraços e varandas, para onde abrem janelas rectilíneas e em arco de volta perfeita, aparecendo, ao nível do piso superior, várias sacadas. O corpo torreado ostenta balcões, sustentados por mísulas, com janelas de ângulo e vários vãos mainelados. Interior com vestíbulo e escadaria de acesso ao andar nobre. Edifício muito elaborado, totalmente revestido a cantaria, sendo alguns dos silhares almofadados, destacando-se a sua implantação no terreno junto ao mar, sobre um antigo forte seiscentista. Ostenta vários elementos decorativos, como contrafortes, bandas, cachorradas, janelas mainelados, apontado para várias influências da arquitectura medieval. As mansardas são emolduradas a cantaria, com remates em pináculos. As várias guardas ostentam elementos em arcos de volta perfeita, excepto a da varanda do piso inferior da fachada posterior, com elementos vegetalistas estilizados.
Número IPA Antigo: PT031105030139
 
Registo visualizado 8810 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa  Chalet  

Descrição

Planta rectangular irregular, composta por vários corpos de dimensões e volumetrias distintas, articulados e com coberturas diferenciadas em telhados . Fachadas em alvenaria, revestida a cantaria, com alguns silhares almofadados, a marcar os elementos estruturais. Fachada principal, virada a N., com dois e três pisos, adaptando-se ao declive do terreno, com soco de cantaria e remate em friso e cornija, sustentada por mísulas equidistantes, tendo a cobertura marcada por cinco trapeiras rectilíneas, com janelas maineladas e flanqueadas por pilares, que se prolongam sobre a cornija que lhes remata a empena, formando pequenos pináculos piramidais. Possui porta de verga recta, com remate em cornija curva, possuindo dez janelas jacentes, algumas com molduras comuns e várias janelas de peitoril. No piso superior, cinco janelas de peitoril, com guarda vazada em cantaria, semelhante às das janelas de sacada. No lado esquerdo, um portal em ferro, acede a um espaço de estacionamento e ao terraço junto ao mar. Fachada lateral esquerda, virada a E., marcada por amplo portal rectilíneo, rematado por cornija e pequenos pináculos em pinha, sustentados por quatro colunas grupadas, de fustes lisos e capitéis de inspiração coríntia. É ladeado por janela de peitoril com moldura simples, surgindo, no segundo piso, duas janelas de sacada, com bacia de cantaria e guarda vazada por arcaturas de volta perfeita, para onde abrem portas-janelas rectilíneas. Na cobertura, uma trapeira semelhante às anteriores. Fachada lateral direita, virada a O., percorrido por alto embasamento e friso saliente, correspondendo ao antigo cordão do Forte, sendo composta por vários corpos escalonados, surgindo, no lado esquerdo, corpo com três janelas jacentes, encimado por terraço, para onde abrem janela rectilínea e, no piso superior, janela de sacada semelhante às anteriores. No lado direito, corpo saliente, marcado por arcaturas de volta perfeita, rasgadas por cinco janelas jacentes e cinco em arco de volta perfeita, todas protegidas por grades exteriores. Sobre este corpo, desenvolve-se um terraço, para onde abre porta-janela em arco de volta perfeita. Fachada posterior com três panos, o do lado esquerdo prolongando o terraço da fachada anterior, também marcado por arcaturas e com cinco janelas jacentes e cinco de volta perfeita. Para o terraço abrem uma porta-janela de volta perfeita e, no ângulo esquerdo, truncado, uma janela de peitoril, sendo a aresta superior sustentada por coluna de fuste liso. Adossado a este terraço, um corpo torreado quadrangular, marcado por amplos contrafortes nos ângulos e com remate em cachorrada, que sustenta a cornija do remate, tendo cobertura em corcuhéu octogonal, rasgada por quatro trapeiras. Possui janela de peitoril mainelada e em ressalto e sustentada por mísulas, sendo encimada por varanda com vãos mainelados, inscritos em arco de volta perfeita, com espelhos ornados por elementos fitomórficos e com guarda plena de cantaria. O pano central em empena truncada e com contrafortes nos ângulos, apresenta três janelas de peitoril em arco de volta perfeita, no piso inferior, encimadas por três janelas de sacada, surgindo, no topo, painéis rectangulares emoldurados e janela de sacada, mainelada. No lado direito, uma porta de verga recta rasga-se no soco, surgindo, nos pisos imediatos, duas varandas sobrepostas, a inferior rectilínea e sustentada por duas colunas de fustes lisos e impostas laterais salientes, sendo protegida por guarda vazada por motivo vegetalista, sendo a do piso superior inscrita em arco abatido, com guarda semelhante às das janelas de sacada. Para cada uma delas, abre trífora rectilínea. No topo, uma trapeira, protegida por ampla guarda semelhante à anterior. INTERIOR com amplo vestíbulo, transformado em espaço museológico. No primeiro piso, o salão e a escadaria de acesso à sala de jantar.

Acessos

Rua Fernandes Tomás. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,697565, long.: -9,418656

Protecção

Incluído na Zona de Proteção das Bases da muralha que interliga os dois baluartes da praia da Ribeira / Muralha do cavaleiro e Baluarte da Foz (v. PT031105030004)

Enquadramento

Urbano, isolado, implanta na orla marítima, junto à Praia e à Baía de Cascais, ao lado de um dos pontões que a flanqueiam, no lado E.. Encontra-se virado para o mar, a preencher um espaço até à costa, de que se separa por um terraço demarcado por murete de pedra, implantado sobre o antigo Forte de Santa Catarina, um dos redutos defensivos de Cascais e da linha do Tejo. A fachada principal encontra-se voltada para uma rua muito estreita, a Rua da Saudade, fronteiro aos Armazéns piscatórios de Cascais (v. PT031105030158) e à Villa D. Pedro / Villa Albatroz (v. PT031105030306).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Comercial: messe / Residencial: residência oficial

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Manuel Joaquim Norte Júnior (1920).

Cronologia

Séc. 17, década de 40 - construção do Forte de Santa Catarina ou Baluarte da Foz, para defesa da praia da Ribeira, cruzando fogo com a Fortaleza de Nossa Senhora da Luz (v. PT031105030031) e, para E., com o de Nossa Senhora da Conceição (v. PT031105030009); 1675, 02 Novembro - no relatório de D. João de Mascarenhas, comandante da Província da Estremadura, é referida a existência do Forte de Santa Catarina, junto à Praça de Cascais; 1720, 29 Junho - visita ao Forte do Coronel João Xavier Teles, que refere que se encontra fechado e sem guarnecimento militar; tem uma peça de bronze de 6, e 5 de ferro, todas muito deterioradas; era necessário construir um lanço do parapeito, com cantaria, o que custaria 20$000; 1777 - encontra-se no activo, com 8 peças de artilharia, sendo habitado por um civil com a sua família; séc. 19 - no local existe um chalet de madeira; 1817 - encontra-se muito arruinado, não sendo, na opinião do coronel Pedro Folque, de restaurar; se fosse arranjado, sugeria que o parapeito fosse mais afastado do mar e arredondado, para evitar a erosão; 1821 - planta do Forte por Pedro Folque, mostrando uma zona da cortina arruinada, no lado SE., sendo prevista a sua reconstrução, mas com menor perímetro, bem como um novo parapeito interno, curvilíneo; a E., é visível uma construção com duas dependências intercomunicantes e acesso frontal *1; 1831, 01 Dezembro - relatório sobre o forte; 1868 - apenas existem as cortinas e uma das casas abobadadas; 1875 - num desenho deste data, verifica-se a existência de habitações no local, como a casa de Madame Aline Neuville *2, uma modista de Lisboa e fornecedora da Casa Real, e de Domingos Sequeira de Queirós *3, à frente da qual havia um terraço para este ver o mar, ambos construídos em terreno militar, do qual se apossaram indevidamente; 1876 - Domingos Sequeira de Queirós manda demolir parte do paiol e fecha-lhe o acesso, para a construção de um terraço; 1880 - arrendamento do espaço a ambos os proprietários pela Secretaria da Guerra, após um largo período de contenda e embargos sucessivos; 1915 - instalação da Marinha no Pavilhão de Santa Catarina, que saiu em 1918; 1916, 14 Junho - pedido de Henrique Manfroy Seixas *4 para a construção do seu palácio, com projecto de Manuel Joaquim Norte Júnior; 1920 - construção do edifício para sobre um pequeno chalet de madeira e do Forte de Santa Catarina ou Baluarte da Foz, na Ribeira das Vinhas; o proprietário da Villa D. Pedro (v. PT031105030306), Luís Vaz de Carvalho Crespo, filho dos anteriores, decide pedir o embargo da obra, por lhe ter sido tirada a vista da baía; 1945, 20 Outubro - testamento do proprietário, deixando o usufruto do imóvel à esposa, D. Ida Santos de Seixas, sendo doada ao Ministério da Marinha, para instalação da Capitania de Cascais, sendo o seu recheio, uma colecção de modelos de barcos, doada ao Museu da Marinha; 1948, 22 Fevereiro - morte do proprietário; década de 20 - doação do edifício ao Estado; década de 70 - obras de remodelação, alterando a traça do imóvel e das coberturas; 2004 - conclusão das obras de remodelação.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria mista; revestimento, modinaturas, colunas, mísulas, pináculos, contrafortes, cornijas em cantaria de calcário; painéis de azulejo industrial no interior; portas e coberturas interiores de madeira; janelas com caixilharias de alumínio lacado e vidro simples; grades metálicas nas janelas.

Bibliografia

BARROS, Maria de Fátima Bombouts, BOIÇA, Joaquim Manuel Ferreira e RAMALHO, Margarida de Magalhães, As Fortificações marítimas da costa de Cascais, Cascais, Câmara Municipal de Cascais / Quetzal Editores, 2001; ENCARNAÇÃO, José de, Cascais - Guia para uma visita, Cascais, Câmara Municipal de Cascais, 1983; ENCARNAÇÃO, José de, Recantos de Cascais, Lisboa / Cascais, Edições Colibri / Câmara Municipal de Cascais, 2007; COSTA, António José Pereira da, Cidadela de Cascais (pedras, homens e armas), Lisboa, Estado-Maior do Exército Direcção de documentação e História Militar, 2003; ENCARNAÇÃO, José de, Recantos de Cascais, Lisboa / Cascais, Edições Colibri / Câmara Municipal de Cascais, 2007; JUSTINO, Ana Clara, Cascais, um centro histórico vocacionado para o turismo cultural, in II Fórum Ibérico sobre Centros Históricos, Cascais, Câmara Municipal de Cascais, 2005, pp., 133-149; LOURENÇO, Manuel Acácio Pereira, As Fortalezas da Costa Marítima de Cascais, Cascais, Câmara Municipal de Cascais, 1964; SILVA, Raquel Henriques da, Cascais, Lisboa, Editorial Presença, 1988; SILVA, Raquel Henriques da, Arquitectura de veraneio: alguns tópicos sobre o que é e algumas pistas para o que falta saber, in Monumentos, n.º 31, Lisboa, Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, 2011, pp. 84-91; Um olhar sobre Cascais através do seu património, vol. I, Cascais, Câmara Municipal de Cascais / Associação Cultural de Cascais, 1989.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: séc. 21 - tratamento e limpeza das cantarias; colocação de caixilharias em alumínio lacado; restauro do interior.

Observações

*1 - o forte é composto por dois baluartes poligonais compostos por face e flanco irregulares, adaptando-se aos afloramentos rochosos; as cortinas encontram-se revestidas a cantaria; no interior, três dependências abobadadas, encimadas por uma bateria, com acesso por escada exterior, tendo, ainda uma esplanada lajeada; no lado E., um corpo rectangular, que servia de paiol. *2 - a casa é de planta rectangular simples e cobertura homogénea em telhado de 3 águas, com as fachadas rebocadas e pintadas de branco, rematadas em beirada simples; as fachadas são rasgadas por vãos rectilíneos, tendo, na fachada O., uma janela de sacada, ladeada por duas de peitoril. *3 - o chalet é de planta rectangular simples e cobertura em telhado homogénea de duas águas, com aba corrida e remate em lambrequins; possui varandas sustentadas por colunas. *4 - Henrique Manfroy Seixas nasceu a 15 Abril 1887.

Autor e Data

Luísa Castro-Caldas 2005 / Paula Figueiredo 2010

Actualização

 
 
 
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