Casa do Santo

IPA.00022760
Portugal, Vila Real, Sabrosa, União das freguesias de Provesende, Gouvães do Douro e São Cristóvão do Douro
 
Arquitectura residencial, tardo-barroca. Solar de planta rectangular com fachada principal rebocada e pintada, com cunhais apilastrados, terminada em friso e cornija, alteada ao centro em perfil curvo, tendo dois pisos, o primeiro rasgado por três portais de verga recta e o segundo, por janelas de verga abatida, com molduras terminadas em cornija, sendo as laterais de peitoril com brincos rectos e a central de sacada, com guarda em ferro e encimada por brasão. No interior, a casa apresenta a organização normal dos solares do Douro, com lagar e adega no piso térreo.
Número IPA Antigo: PT011710080069
 
Registo visualizado 450 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo planta retangular

Descrição

Planta rectangular de coberturas de quatro águas, tendo adossado à fachada lateral direita corpo perpendicular, de planta rectangular, com ampla chaminé. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, terminadas em friso e cornija, sobreposta por beirada simples. Fachada principal de dois pisos, com pilastras toscanas nos cunhais, terminada em friso e cornija alteada ao centro formando falso forntão curvo; é rasgada no primeiro piso por três portas de verga recta e moldura simples, dispostas regularmente, e no segundo por sete janelas, as laterais de peitoril, de verga abatida, com molduras terminadas em cornija e formando brincos rectos, e com caixilharia de guilhotina, e a central de sacada, com o mesmo perfil, mas chave relevada, com guarda em ferro e interligada à porta central por friso recto; esta janela é encimada por brasão de família. Fachadas laterais terminadas em empena com beirada simples, possuindo marcada friso e cornija no alinhamento do remate da fachada principal; na lateral esquerda, a que se adossa varanda, rasgam-se janelas de peitoril molduradas, a da empena mais simples, e na oposta porta de verga abatida com moldura terminada em cornija, e janela de peitoril na empena. INTERIOR: no piso térreo possui o lagar e a adega. No segundo piso possui oratório.

Acessos

Rua da Calçada. WGS84: 41º13'05.23''N., 7º34'09.59''O.

Protecção

Incluído na Zona Especial de Protecção da Casa do Fundo da Vila (v. PT011710080073), Casa da Calçada (v. PT0117100800619) e da Casa dos Beleza (v. PT011710080074)

Enquadramento

Rural, isolado, uma das Aldeias Vinhateiras do Douro, implantada sobre um monte, num dos extremos da povoação, adaptada ao declive do terreno, formando frente de rua, a qual é pavimentada a paralelos de granito. Sensivelmente recuada da fachada principal, possui portão de acesso à quinta, enquadrado por amplos pilares em silharia fendida, coroados por plintos almofadados. Junto ao portal dispõe-se marco de homenagem ao Dr. Joaquim Pinheiro de Azevedo Leite Pereira, com busto do mesmo em bronze. Em frente ergue-se o Calvário de Provesende, o qual se encosta ao muro da quinta da Casa da Calçada (v. PT011710080061).

Descrição Complementar

As armas são escudo esquartelado, tendo no I e no IV quartel as armas dos Silva: em campo de prata, um leão de púrpura armado de azul; no II, em campo de ouro, as dos Azevedos, que são esquarteladas, no I uma águia negra estendida, no II em campo azul, cinco estrelas de prata em sautor, orla vermelha, com 8 aspas de ouro e assim os contrários; no III quartel as armas dos Pinheiros: em campo vermelho, um pinheiro da sua cor, perfilado, e com pinhas de ouro e raízes de prata, e junto dele um leão de ouro rompante ao mesmo pinheiro. Elmo de prata aberto guarnecido de ouro. Paquife de metais e cores das armas. Timbre dos Silvas é o leão do escudo, e por diferença, uma brica azul com um farpão de prata. As armas da casa, em vez do concedido elmo, têm uma coroa e o escudo, em vez do oval, é quadrado. O plinto da marco comemorativo junto à fachada tem a seguinte inscrição, em seis regras: DR. JOSQUIM PINHEIRO DE AZEVEDO LEITE PEREIRA 1829 - 1918 VITIVULTOR E CIENTISTA SALVOU O DOURO DA FILOXERA.

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Residencial: casa

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1751, 26 Novembro - data da escritura em que o Padre Manuel Álvares da Silva vinculou todos os seus bens em favor de seu irmão Leonardo Álvares da Silva, para este casar com D. Madalena José de Azevedo Pinheiro, em favor da qual o tio dela, o Dr. António Lopes Pinheiro, vinculou toda a sua casa *1; 1753 - nascimento de José Pinheiro de Azevedo e Silva, senhor da casa do Santo; 1760 - nascimento do irmão António Pinheiro de Azevedo e Silva, que foi vice-reitor da Universidade de Coimbra; 1770 - compra de uma primitiva casa pelo Padre Manuel Álvares da Silva, instituidor do vínculo da Casa do Santo, a José Correia Pinto do Amaral, de Vila Real; 1786, 6 Maio - carta de brasão dado por D. Maria I concedendo as armas da casa; seu irmão, Leonardo Álvares, reformou a casa; Leonardo e D. Madalena foram os primeiros morgados dos vínculos reúnidos de Val da Figueira e Vale de Mendiz, tendo tido filhos; foi 2º morgado e 7º senhor da casa seu filho José Pinheiro de Azevedo e Silva, bacharel formado em direito, juiz de fora de Idanha-a-Nova, que morreu solteiro; séc. 19 - primeiro casamento de Joaquim Pinheiro de Azevedo e Silva com D. Rosa Maria de Carvalho e Almeida; 1814 - 2º casamento de Joaquim Pinheiro de Azevedo e Silva com D. Pulquérita Efigénia Leite Pereira de Carvalho, de Cabeceiras de Basto; 1829, 9 Fevereiro - nascimento de Joaquim Pinheiro de Azevedo Leite Pereira, filho do segundo casamento (e que viria a ser 10 senhor na casa); 1831 - exonerado do cargo de vice-reitor da Universidade de Coimbra, por motivos de saúde, António Pinheiro de Azevedo e Silva retirou-se para a sua casa do Santo, em Provesende; 5 Novembro - alvará a seu irmão Joaquim Pinheiro de Azevedo e Silva para sucessão no vínculo, morgadio e senhor da casa; 1832 - incêndio destruiu grande parte da casa, tendo sido reconstruída pelo seu 3º morgado, Joaquim Pinheiro de Azevedo e Silva; 1843, 23 Março - morte de António Pinheiro de Azevedo e Silva em Provesende, sendo sepultado na Capela de São Sebastião, próximo da Casa; foi 4º morgado e 9º senhor da casa José Pinheiro de Carvalho e Almeida, filho do 1º casamento, que casou com D. Augusta Carolina da Cunha da Gama Lobo, mas que faleceu sem geração; sucedeu-lhe o meio irmão Joaquim Pinheiro de Azevedo Leite Pereira (nascido a 9 Fevereiro de 1829) na Casa do Santo; este sucedeu em metade do vínculo e foi herdeiro de seu tio, António Pinheiro de Azevedo e Silva, vice-reitor da Universidade de Coimbra; casou com D. Maria das Dores Barbosa da Cunha e Melo; ficou conhecido como o salvador do Douro da praga da filoxera *2; teve 6 filhos, tendo-lhe seguido o primogénito António Pereira de Azevedo Leite Pereira, nascido a 5 Dezembro 1876; 1878 / 1879 - durante o Inverno, o Dr. Joaquim Pinheiro iniciou as suas plantações de americanas para porta-enxertos; 1882, 5 Agosto - decreto nomeando-o membro da Comissão do Norte dos Serviços de Filoxéricos; 1902 - casamento de António Pereira de Azevedo Leite Pereira com D. Maria Efigénia Taveira, tendo 11 filhos; 1918, 17 Janeiro - morte do 10º senhor da casa, Joaquim Pinheiro de Azevedo Leite Pereira, com 79 anos; 21 Outubro - morte de António Pereira de Azevedo Leite Pereira com gripe penumónica; com a extinção dos vínculos, a Casa do Santo passou para os irmãos de António Pereira de Azevedo Leite Pereira, Joaquim e José; 1935 - era representante da Casa do Santo Joaquim Roberto Taveira Pinheiro de Azevedo; 2001 - classificação da povoação como "aldeia vinhateira do Douro".

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; pilastras, molduras dos vãos, brasão, frisos e cornijas em cantaria de granito; portas e caixilharia de madeira; janelas com vidros simples; grades e guardas em ferro; cobertura de telha.

Bibliografia

SAAVEDRA, José Augusto Pinto da Cunha, Provezende, Lisboa, 1935; LOPES, Humberto, Provesende. Memória da região duriense, Casas de Portugal, nº 41, Maio - Junho, Queluz Baixo, 2003.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

*1 - Esta família procede de um segundo filho de Álvaro Eanes de Cernache, alferes de bandeira da Ala dos Namorados na Batalha de Aljubarrota, tendo sido feito Anadel-mor de besteiros, chamado igualmente Álvaro Eanes ou Anes, e o rei deu-lhe o senhorio de Vila Nova de Gaia, de juro e herdade, e dos casais de Andorinha do Bispado de Coimbra. Este filho veio para Provesende, onde casou e formou um ramo separado, que no filho deste último, com o mesmo nome, se subdividiu, formando o ramo da Casa do Santo e o do lado materno, do Desembargador Banto Borges. Durante 3 gerações o apelido de Anes ou Eanes conservou-se na casa, e o de Álvares durante mais outros três, até que, pelo casamento do primeiro morgado, a família adoptou o apelido de Pinheiro de Azevedo. *2 - Joaquim Pinheiro de Azevedo Leite Pereira dedicou-se inteiramente à administração da casa e a estudos de ampelografia, enologia e aos problemas vinícolas do Douro. Aquando da praga da filoxera, iniciou o combate à doença, que terminou pela adopção das cepas americanas, tornando-se assim Provesende no centro de combate à praga, tendo aberto gratuitamente na sua casa do Santo uma escola de patologia vegetal, de citicultura e de podadores, que dalí irradiavam para toda a região.

Autor e Data

Paula Noé 2008

Actualização

 
 
 
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