Forte de São Julião da Barra / Farol de São Julião

IPA.00002343
Portugal, Lisboa, Oeiras, União das freguesias de Oeiras e São Julião da Barra, Paço de Arcos e Caxias
 
Arquitectura militar barroca. Estilisticamente no limiar do Barroco, implanta-se em excelente posição estratégica e integra-se no sistema defensivo da Barra do Tejo. Posteriormente, cruzava fogo com o do Forte de S. Lourenço ou do Bugio. De planta quase pentagonal, protegido por terra por 2 fossos e porta levadiça (primitivamente), é constituído por complexo sistema defensivo formado por revelim, baluartes, esplanadas de baterias, guaritas, etc. Integrava no seu interior capela, casamatas abobadadas e cisterna também abobadada. Uma das primeiras fortificações abaluartadas existentes em Portugal.
Número IPA Antigo: PT031110040004
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Fortaleza    

Descrição

Planta irregular quase pentagonal de volumes articulados constituídos por complexa articulação de vários elementos defensivos. Da praia da Torre à de Carcavelos, profundo e largo fosso de topos rematados por altas muralhas isola o forte, descrevendo um " V " muito aberto em cujo vértice se lança a ponte, em aço e alvenaria de ligação e acesso ao forte (já não levadiça) dirigida à porta elevada sobre amplo terreiro que dá acesso às portas principais abertas em túnel e fortemente defendidas. Um outro fosso menor protege o revelim, ligando-se ao fosso principal. Poderosos baluartes, altas cortinas, grandes esplanadas de baterias, construídas em socalcos, interligadas por várias rampas e por caminhos de ronda, completam a defesa. Para nascente ergue-se imponente massa do baluarte do Príncipe ou de El-Rei D. Fernando; na face do mar, os baluartes do poente multiplicam cortinas, reentrâncias, avançados diedros, baterias. O de Santo António é o mais espectacular, subordinando a forma à sapata de penedos. A cisterna, em segmento de círculo, 3 naves de diferentes tramos e com abóbada de cruzaria sobre colunas toscanas, é o núcleo principal. A torre do farol com guaritas nos cunhais e de 3 pisos divididos por moldura, ergue-se no eixo transversal e é ladeada por alojamento da guarnição. Para além de outros cómodos, possui biblioteca, capela, casamatas, algumas com clarabóias e um conjunto de habitações que serviam de alojamento aos elementos da guarnição e suas famílias.

Acessos

Avenida Marginal Lisboa - Cascais, Oeiras e São Julião da Barra. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,674605; long.: -9,325363

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 41 191, DG, 1.ª série, n.º 162 de 18 julho 1957 *1

Enquadramento

Urbano. Ergue-se, sobre um maçiço rochoso, na margem direita do Rio Tejo, junto à sua foz, estendendo-se ao longo da praia da Torre até à praia de Carcavelos, dominando a entrada e saída dos navios na barra do Tejo.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Militar: fortaleza

Utilização Actual

Residencial unifamiliar: residência oficial / Comunicações: farol

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Estado Maior General das Forças Armadas

Época Construção

Séc. 16 / 17

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS e ENGENHEIROS MILITARES: Miguel de Arruda (séc. 16), Leonardo Turriano (atr.), Giacomo Palearo ( ampl., séc. 16), Isidoro de Almeida (séc. 16). DESENHADOR: Jaime Martins Barata (séc. 20). MESTRE-DE-OBRAS: António Mendes (séc. 16).

Cronologia

1553 - construção iniciada em dia de São Julião (outros autores afirmam que seria por já existir uma ermida naquele local com o nome de São Gião), reinado de D. João III; obras por António Mendes; 1559 - a criação de um imposto especial permitiu que os trabalhos seguissem de forma mais rápida; 1562 - nomeação de Miguel de Arruda para mestre vedor; com ele terá trabalhado Isidoro de Almeida; 1568 - Cardeal D.Henrique, grande impulsionador desta obra, *2, considerou o forte como concluído; 1573 - forte era já uma prisão para degredados, tanto para aí cumprirem pena, como para trabalharem nas obras de construção da fortificação; 1579 - João Baptista Gésio, espião do rei Filipe II, colheu informações deixando descrição e desenho da fortificação; 1597 - Leonardo Turriano, engenheiro e arquitecto do rei de Espanha, tomou a direcção das obras, ; 1580 - Duque de Alba mandou Giacomo Palearo estudar formas de reforçar o forte: corrigiu o fosso, construíu novas baterias, ampliou defesas do flanco poente, que tornaram este forte na maior e mais poderosa fortaleza do reino; 1582 - edificação da esplanada baixa do lado oposto, com os baluartes de S.Filipe e S.Pedro; 1591 - edifício foi objecto de projectos que não se realizaram; 1640 - rendeu-se depois de atacada por portugueses, por terra; 1645 - o governador do forte, Martim Correia da Silva informou D. João IV da necessidade urgente de se fazerem obras de reparação; 1650 - construção do revelim; foi a única parte construída de um ambicioso projecto de dotar o forte de uma defesa do lado de terra; 1655 - construção dos quartéis e alojamentos para os soldados; 1751 - obras de ampliação e renovação: reparação da muralha do lado do mar, arranjo da casa do governador, dos quartéis subterrâneos que estavam entulhados pelas areias e das cisternas; 1759 - Marquês de Pombal utilizou o forte como cárcere de 124 jesuítas; durante reinado D. José construiu-se ainda a torre do farol; 1777 - notícia de que a fortaleza estava em bom estado de conservação; 1807 - foi tomado pela forças francesas comandadas por Junot; 1808 - o general francês Travot colocou o quartel-general das tropas em Oeiras, ocupando o forte de São Julião; em Setembro foi ocupado pelos ingleses após a Convenção de Sintra; 1809 - forte tem um governador português; 1809/1810 - temendo uma nova invasão francesa, portugueses e ingleses desenharam as chamadas Linhas de Torres; das quatro linhas defensivas, uma delas era a de Oeiras, que tinha o seu ponto fulcral no forte de São Julião; 1831- as forças miguelistas ocupando o forte foram atacadas pelas forças liberais francesas; 1834 - as forças liberais retomaram o forte; 1951 - forte foi desclassificado como fortificação militar e entregue à presidência do Conselho (adaptado para a recepção de membros do governo e pousada de visitantes ilustres; antigos alojamentos militares foram adaptados a salões, sala de jantar, biblioteca e capela); Jaime Martins Barata faz os desenhos das tapeçarias "Infante D. Henrique" e "Chegada de Vasco da Gama a Calecut"; 1962- estudo de ligação dos esgotos à rede geral, executado pelo engenheiro Vilar; 1969 - estragos provocados pelo sismo; C. M. Oeiras: 2006, 14 Outubro - comemorações dos 450 anos, conferência "A Fortaleza da São Julião da Barra - A Chave do Reino" , decorreu na cisterna da Fortaleza

Dados Técnicos

Estrutura de cantaria e alvenaria rebocada. A torre do farol tem uma altura de 24 m, a luz encontra-se a 39 m de altitude e o seu alcance luminoso é de 14 milhas (c. 26 km), com característica luminosa de ocultações de cor vermelha, com um período de 5 segundos.

Materiais

Calcário, cimento, betão, outros

Bibliografia

AAVV, À Descoberta das Sentinelas - Roteiro das Fortalezas da Região de Lisboa e Vale do Tejo, Lisboa, 1998; AZEVEDO, Carlos de, FERRÃO, Julieta, GUSMÃO, Adriano de, Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Lisboa, 1963; BARBOSA, I. Vilhena, Archivo Pittoresco, 6 vols., Lisboa; 1863; CALLIXTO, Carlos Pereira, Fortificações Marítimas do Concelho de Oeiras, Lisboa, s.d.; CALLIXTO, Carlos Pereira, Resumo Histórico da Torre ou Fortaleza de São Julião da Barra, Lisboa, 1980; COSTA GUEDES, Lívido da, O Arco de Belém - S. Julião da Barra contorno da Anseada de Paço de Arcos, Lisboa, 1986; GIL, Júlio, CABRITA, Augusto, Os Mais Belos Castelos de Portugal, Lisboa, 1986; LOURENÇO, Manuel Acácio Pereira, As Fortalezas da Costa Marítima de Cascais, Cascais, 1964; MOREIRA, Rafael, "A Arquitectura Militar" in História da Arte em Portugal, 7 vol., Lisboa, 1986, pp. 137 - 151; Metodologias de Análise e Critérios de Selecção de tratamentos de Conservação de Pedras Calcárias em Edifícios de Valor Histórico e Artístico - Relatório de Avaliação do desempenho imediato de tratamentos de conservação por ensaios in situ - vol. 2 - Forte de S. Julião da Barra, Protocolo de Colaboração, DGEMN, ISTe LNEC, Lisboa, 1999; Monumentos, n.º 7, n.º 16-21, Lisboa, DGEMN, 1997, 2002-2004; PEDREIRINHO, José Manuel, Dicionário de arquitectos activos em Portugal do Séc. I à actualidade, Porto, Edições Afrontamento, 1994; Plano de Salvaguarda do Património Construído e Ambiental do Concelho de Oeiras, Oeiras, 1999; RIBEIRO, Aquilino, Oeiras, s.l., 1940; ROCHA, Filomena, Oeiras, o Património - a História, Oeiras, 1997; VITERBO, Sousa, Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portuguezes ou a serviço de Portugal, Lisboa, Imprensa Nacional, 1904, vol. II.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMO: DPGU

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMO: DPGU

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREL; CMO: DPGU

Intervenção Realizada

DGEMN: 1952 - consolidação da muralha: demolição do troço da muralha SE., aproveitando parte das cantarias; revestimento da cortina da muralha com lagedo de cantaria igual ao da cortina superior; 1954 - colocação de vértices superiores na torre do farol com guaritas semelhantes às dos vértices da fortaleza; 1962 - Instalação de posto de transformação privativo e de um sistema de iluminação; 1963 - picagem de paredes e tecto de uma arrecadação com argamassa de cimento e areia; 1964 - Ligação de esgotos; consolidação nas casamatas e palácio; obras de arranjo das arrecadações junto à entrada principal e caiação das fachadas do palácio, incluindo reparação dos rebocos; conservação dos edifícios anexos ao palácio: caiação das fachadas , colocação de tubagem da instalação eléctrica existente nas fachadas, limpeza dos caixilhos e portas; reparação garagem e anexo: colocação de mosaico cerâmico, substituição de caixilhos e portas por outros de madeira exótica com ferragnes de latão, pintura a tinta de óleo de portas de ferro; 1965 - arranjo do terraço, reparação dos portões de madeira, substituição de algumas pedras partidas, desmontagem, conserto e assentamento de chapas de ferro de reforço dos portões de madeira do baluarte dos Cardeais e trabalhos de conservação nas residências do oficial, do porteiro e do encarregado de obras; 1966 - Reparação das muralhas, refechamento das juntas, rebocos do muro superior que confina com a praia da Torre, conserto e pintura do portão e das soleiras de cantaria da entrada, pintura e conserto do gradeamento de ferro do mesmo recinto ; 1967 - Consolidação das muralhas da praia da Torre, lado N., e de refechamento de juntas; 1968 - Conservação e consolidação das muralhas da praia da Torre, do lado S. e do refechamento das juntas; 1969 - Reparação dos estragos causados pelo sismo de Fevereiro: reparação da muralha voltada à praia do Moinho que tinha quatro fendas a toda a altura, consolidação da base da muralha dos Cardeais e arranjo do quebra-mar junto à praia do Moinho; 1975 - Instalação eléctrica de vigilância; 1994 / 2000 - arranjos gerais; 1996 / 1997 - recuperação das muralhas e piscina; 1996 / 1997 / 1998 / 1999 - revisão geral da cobertura da ala norte do palácio e substituição das clarabóias; DGEMN / IST / LNEC: 1997, Setembro / 1998, Maio - selecção de elementos a incluir num estudo prévio de patologias de pedra calcária de diversos paramentos, recolha de amostras que foram caracterizadas em laboratório, sob o ponto de vista físico e químico, aplicação de produtos de tratamento; 1998 / 1999 / 2000 - recuperação das muralhas da piscina; trabahlo de campo correspondente à caracterização do material existente neste imóvel e à aplicação de produtos de tratamento ( que devido às condições climatéricas só foi possível em final de fevereiro de 1998); 2000/2001 - recuperação dos arcos do túnel da entrada norte; elaboração de estudos de engenharia; impermeabilização dos terraços das moradias; reconstrução das muralhas; 2002 / 2003 / 2004 - remodelação das residências; remodelação das muralhas; caiações interiores; envernizamento dos pavimentos e escadas de madeira; tratamento das peças de mobiliário.

Observações

*1 - antigamente com a designação de São Gião da Barra, nome da ermida ali existente; *2- era conhecida por Fortaleza do Cardeal. Em 1989, durante prospecções arqueológicas subaquáticas realizadas nas imediações do forte, foram encontrados dois peitorais de ferro do século 17.

Autor e Data

Paula Noé 1991

Actualização

Helena Rodrigues 2005
 
 
 
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