Povoado calcolítico de Leceia / Estação Eneolítica de Leceia

IPA.00002345
Portugal, Lisboa, Oeiras, Barcarena
 
Aglomerado proto-urbano. Povoado da Época Calcolítica. Povoado fortificado do Calcolítico pré-campaniforme, com cincp fases construtivas, referentes a diferentes fases de ocupação: 1ª fase - final do Neolítico final da Estremadura, situável em Leceia na 2ª metade do séc. 04 a.c.; 2ª - início do Calcolítico Inicial da Estremadura - "horizonte de cerâmica canelada"; 3ª - meados do Calcolítico Inicial; 4ª - final do Calcolítico Inicial; 5ª - Calcolítico Pleno.
Número IPA Antigo: PT031110020006
 
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Registo

 
Conjunto urbano  Aglomerado urbano  Povoado  Povoado da Época Calcolítica  Povoado fortificado  

Descrição

Povoado com cinco fases construtivas: 1ª - estabelecimento de povoado de carácter habitacional, aberto, defendida apenas por escarpa natural por quase todos os lados; 2ª - após provável hiato de curta duração, construiu-se, aparentemente, de forma rápida e respeitando ideia pré-concebida, complexo dispositivo defensivo, constituído por 3 linhas fortificadas, tendo o lado exterior reforçado por bastiões ocos, maciços ou semi-maciços e semicirculares, que defendiam entradas no interior de cada circuito; 3ª - o dispositivo defensivo sofre várias alterações e acrescentos, que dão maior solidez às estruturas (muralhas e bastiões), acompanhadas pelo progressivo estreitamento e alongamento das 3 entradas existentes; 4ª - após período de intensos derrubes, adensa-se ocupação do espaço entre as duas muralhas, nesta altura segmentado por muralhas radiais; as estruturas habitacionais são por vezes também reforçadas e as entradas reforçadas através da construção de novos panos e bastiões adossados aos já existentes; 5ª - as construções defensivas são reduzidas reedificando algumas muralhas existentes, noutros casos, após reforço das estruturas já existentes, logo no momento inicial desta fase, entram em declínio ou foram deliberadamente arrasadas, construindo-se sobre os seus alicerces, estruturas habitacionais. Estas últimas aproveitaram elementos arquitectónicos de pé ou foram edificados de raíz, mas em estruturas muito frágeis.

Acessos

Rua Sete de Junho / Vale da Ribeira de Barcarena - Leceia. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,728063; long.: -9,281604

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 45 327, DG, 1.ª série, n.º 251 de 25 outubro 1963 / ZEP, Portaria n.º 470/86, DR, 1.ª série, n.º 196 de 27 agosto 1986

Enquadramento

Rural. Implanta-se no alto da encosta O. sobre o vale de Barcarena, dominando visualmente a entrada da Barra do Tejo.

Descrição Complementar

A 1ª fase corresponde à instalação de vasto povoado, sobre toda a plataforma rochosa, tendo-se encontrado a nível cerâmico avultadas taças carenadas e vasos de bordos dentados. As construções da fase Calcolítica mais antiga assentam ou no substrato rochoso ou na camada do Neolítico final. Correspondem a um aparelho de muito boa qualidade, em que os blocos eram ligados por argamassa. O progressivo reforço das estruturas nas 2 fases construtivas seguintes, ainda pertencentes ao Calcolítico inicial denotam a manutenção da situação de instabilidade social. João Cardoso sistematiza as várias fases construtivas do seguinte modo: I Fase - atribuível ao Neolítico final e sem estruturas identificadas; II fase - Calcolítico inicial da Estremadura ("horizonte da cerâmica canelada") com 3 sub-fases: 1) constrói-se a fortificação central, onde o espaço ocupado ultrapassaria o limite por ela definido e ulteriormente sobreposta pela 1ª linha defensiva; 2) alarga-se o dispositivo defensivo, construindo-se a 1ª linha de bastiões adossados ao seu lado externo, prolonga-se lateralmente a fortificação central por meio de pano de muralha provido de bastião externo. O aparelho denota menor robustez; 3) reforça-se as estruturas pré-existentes: parte dos bastiões são transformados em estruturas maciças, reforça-se as 2 entradas, o espaço entre a 1ª linha defensiva e a fortificação central é compartimentado por muros radiais, adensa-se a ocupação do espaço intermédio e fechou-se entre o prolongamento para ocidente da fortificação central e a 1ª linha defensiva; III fase - pertencente ao Calcolítico pleno - "horizonte da folha de acácia" - manteve-se, pelo menos em parte, operacional, respeitando a disposição anteriormente definida; IV fase - caracterizado pelo aparecimento de cerâmicas campaniformes e marcada pela decadência do sistema defensivo. Desde 1983 que João Luís Cardoso aqui dirige sistematicamente escavações em extensão, distribuídas por onze campanhas anuais.

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Pública: municipal / Privada: pessoa singular

Afectação

Época Construção

Calcolítico

Arquitecto / Construtor / Autor

Não aplicável

Cronologia

Neolítico Final - início da construção do povoado, sofrendo várias remodelações em consequência das modificações de ocupação; primeiros séculos da nossa Era - foi abandonado; 1878 - referida pela primeira vez pelo General Carlos Ribeiro; 1880 - apresentada à Comunidade Arqueológica Internacional por comunicação de Francisco de Paula e Oliveira; 1917 - Leite Vasconcelos anuncia criação de Museu de Barcarena para recolher os materiais da estação.

Dados Técnicos

Materiais

Calcário

Bibliografia

S.a., Roteiros da Arqueologia Portuguesa, 1 - Lisboa e Arredores, s.l., 1986; CARDOSO, João Luís, SOARES, Joaquina, SILVA, Carlos Tavares da, Oeiras há 5000 anos - Monografia de Leceia, s.l., 1987; CARDOSO, João Luís, Leceia: Resultados das Escavações efectuadas 1983 / 1988, s.l. 1989; IDEM, Estudos Arqueológicos de Oeiras, 1 - Notícia da Estação Humana de Leceia por Carlos Ribeiro, Oeiras, 1991; IBIDEM, Estudos Arqueológicos de Oeiras, 2 - O Homem pré-histórico no Concelho de Oeiras. Estudos de Antropologia Física, Oeiras, 199; CARDOSO, José, Leceia in Informação Arqueológica, nº 9, Lisboa, 1994, p. 63 - 64; Plano de Salvaguarda do Património Construído e Ambiental do Concelho de Oeiras, DPGU, CMO, Oeiras, 1999.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID

Intervenção Realizada

1920, depois de - Joaquim Fontes e Álvares de Bréc passam a recolher materiais; 1973 - Escavações; 1983 - Campanha de escavações com o apoio da Câmara Municipal; 1984 - Vedada pela Câmara Municipal de Oeiras; 1986 - escavações arqueológicas dão conhecimento do controlo estatigráfico; 1987 - escavações tendendes a reconhecer o dispositivo defensivo, procurando estabelecer através de escavação em extensão, relações funcionais entre estruturas defensivas e habitacionais, numa perspectiva diacrónica; 1988 - 6ª campanha de escavações; 1989 - Obras de recuperação e valorização turística.

Observações

Autor e Data

Paula Noé 1991 / 1994

Actualização

 
 
 
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