Convento de São Domingos / Catedral de Aveiro / Sé de Aveiro / Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Glória / Igreja de Nossa Senhora da Glória

IPA.00000238
Portugal, Aveiro, Aveiro, União das freguesias de Glória e Vera Cruz
 
Catedral instalada, no séc. 20, num antigo convento dominicanode fundação medieval, mas reconstruído nos sécs. 17 e 18, de que apenas subsiste a igreja e o perímetro da cerca, transformada em cemitério. Da primitiva estrutura medieval, surgem, integrados nos paramentos, um campanário e alguns vãos em arcos apontados, desentaipados e colocados à vista, no braço do Evangelho do presbitério, bem como um cruzeiro tardo-gótico proveniente do terreiro e colocado na galilé, na primitiva capela lateral do Evangelho; encontra-se esculpido com cenas da Paixão e ornado por decoração vegetalista, terminando as hastes em flores-de-lis, tendo sido alvo de classificação como Monumento Nacional, em 1910. Era de planta poligonal composta por igreja e zona regral adossada ao lado esquerdo, com um corpo perpendicular à estrutura, criando um terreiro, onde se implantavam a portaria, encimada pela biblioteca. A zona regral desenvolvia-se em torno de dois claustros, o principal amplo, tendo, na ala perpendicular à capela-mor, a Sala do Capítulo e adega, ladeada pelo acesso ao claustro secundário, tendo, no lado oposto, a cozinha e refeitório, ligados pela ministra, com as escadas regrais e o lavabo. A adega e arrumação estavam na ala da portaria. No claustro secundário, existiam várias capelas domésticas. No segundo piso, a botica, enfermaria e os dormitórios. A igreja era de planta poligonal composta por nave central e capelas intercomunicantes, tendo transepto inscrito e capela-mor profunda, com sacristia adossada, transformada no séc. 20, em uma catedral de planta em T, composta por galilé, sobre a qual se desenvolve um coro-alto, três capelas intercomunicantes e um presbitério amplo, com coberturas interiores em falsas abóbadas de berço e de lunetas e com cúpula no centro do presbitério, fortemente iluminada por óculos elípticos e amplas janelas na cabeceira. Fachada principal em empena reta, tripartida, dividida por pilastras, com três eixos de vãos, os laterais retilíneos, surgindo, ao centro, portal enquadrado por colunas maneiristas, encimadas por tabela do mesmo período, e óculo ovalado, mantendo a sua estrutura maneirista, redecorada no séc. 18, com a inclusão de fragmentos de frontão concheados e a introdução das três Virtudes Teologais. As primeiras capelas da antiga nave foram desativadas no séc. 19, abrindo para a atual galilé, sob o coro; este é de perfil côncavo e com guarda balaustrada, acedido pela torre sineira, também ela de construção oitocentista, de dois registos e com cobertura em domo cego. Possui, no interior, dois retábulos em pedra de Ançã com vestígios de policromia, estruturas retabulares maneiristas, um deles, o da Misericórdia, rematado em tabela, surgindo um semelhante, mas de talha dourada na atual Capela de Santa Joana; o segundo, da Visitação, é de dois andares com edículas e várias imagens, apesar de mutilada no remate. Destacam-se as Capelas do Rosário e do Santíssimo com tetos em caixotões, o primeiro com temática alusiva à vida de Cristo, atualmente sem qualquer disposição lógica, revelando que terá sido muito intervencionado ao longo do tempo; o do lado oposto, possui pintura de grotesco. Existência de um túmulo maneirista, de D. Catarina de Ataíde, ornado a grotesco e com o sepulcro da mesma, ostentando inscrição e pedra de armas. O retábulo do Santíssimo é de talha dourada do estilo barroco nacional, com a zona inferior intervencionada mais tardiamente. Destacam-se, ainda, o retábulo-mor, proveniente de outra igreja local, com interessante decoração e estrutura rococó, de que se destaca a tribuna, de perfil ovalado e recortado, o cadeiral com vários santos dominicanos e o órgão que apresenta cinco castelos na sua caixa, sendo mais vulgar o recurso a nichos, e os tubos de montra decorados com pintura. A cúpula em estuque decorativo, ornada com instrumentos da Paixão, contrasta fortemente com a modernidade dos materiais e demais decoração parietal do presbitério.
Número IPA Antigo: PT020105060009
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Ordem de São Domingos - Dominicanos

Descrição

Planta poligonal irregular, composta por vários anexos e igreja em T, com nave única, antecedida por galilé e com capelas laterais intercomunicantes, e amplo presbitério de feitura moderna, tendo sacristia adossada ao lado esquerdo e uma sala - museu adossada à fachada posterior, e torre sineira adossada ao lado direito, de volumes articulados e escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de uma e duas águas, sendo em domo na sineira. Fachadas rebocadas e pintadas de branca, rematadas em cornijas nos corpos mais antigos. Fachada principal virada a SO., tripartida por pilastras toscanas colossais, encimadas por pináculos bolbosos e torsos, sobre a empena reta, em entablamento; os pináculos centram espaldar curvo e volutado, encimado por plintos e cruz latina, ostentando resplendor. É rasgada por portal saliente, de verga reta e moldura almofadada, flanqueado por duas colunas torsas, com o terço inferior liso e ornado por losangos e capitéis coríntios, assentes em plintos paralelepipédicos com as faces almofadadas e decoradas por cartelas enroladas e ovaladas; sobre as interiores, fragmentos de frontão concheado, onde assentam figuras alegóricas representando a Caridade e a Esperança. O portal encontra-se sobrepujado por friso de acantos e cornija, sustentando tabela de perfil curvo, ladeado por pilastras e aletas, sobrepujado pela figura da Fé. Sobre a estrutura, óculo ovalado. Os panos laterais possuem janelas retilíneas, em capialço e com molduras simples, em cantaria. Está flanqueado por dois panos de muro cegos e, no lado esquerdo do terreiro, construção de planta retangular. No lado direito, a torre sineira, de dois registos definidos por frisos e cornija, com a face principal possuindo um terceiro definido por friso, onde se inscreve o mostrador do relógio, circular. O registo inferior possui porta de verga reta e óculo circular, surgindo, no topo, quatro ventanas de volta perfeita assentes em impostas e com fechos salientes. A estrutura remata em platibanda plena com pináculos cónicos nos ângulos. Fachada lateral direita com o corpo da nave central rasgado por três óculos ovalados. Às capelas laterais adossam-se dois corpos retilíneos e, no braço do presbitério, porta retilínea, encimada por amplo vão com tijolo de vidro. INTERIOR com galilé formada sob o coro, com teto em falsa abóbada de berço e pavimento em lajeado, para onde abrem duas capelas laterais, dedicadas a Nossa Senhora da Misericórdia, no lado do Evangelho, e com o Cruzeiro de São Domingos, que se achava no exterior, no lado oposto; ambas têm acesso por arcos abatidos, sustentados por pilastras dóricas, assentes sobre plintos paralelepipédicos, almofadados em losango. A ladear o portal, painéis de azulejo figurativo e, no lado oposto, pias de água benta concheadas, em cantaria. Coro-alto assente em três arcos de volta perfeita, assentes em pilares toscanos e mísulas, com fecho saliente volutado, protegidos por portadas e bandeiras de madeira e vidro, tendo perfil côncavo e guarda balaustrada; tem acesso por porta de verga reta, a partir da torre sineira. A nave tem as paredes rebocadas e pintadas de branco, com cobertura em abóbada de lunetas, com arestas e pingentes de estuque nos fechos, assentes em mísulas decoradas por pingentes; as lunetas são formadas por amplos vãos ovalados; pavimento em ladrilho cerâmico. Possui três capelas laterais, intercomunicantes por portas de vergas retas e molduras simples em cantaria, dedicadas a Santa Joana, Coração de Jesus e Nossa Senhora do Rosário (Evangelho) e à Visitação, Senhor dos Passos e Santíssimo Sacramento (Epístola), surgindo, nos panos entre as mesmas, painéis de azulejo com simbologia mariana. Confrontantes, dois púlpitos quadrangulares, assentes em mísulas de cantaria e com guardas de madeira balaustrada, com acesso por portas de verga reta, encimadas por sanefas de talha dourada, a partir das últimas capelas e por escadas rasgadas no interior dos muros, revestidos a azulejo de padrão polícromo. Arco triunfal em arco abatido, assente em pilastras toscanas, de acesso ao amplo presbitério, formado por dois braços, com as paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por lambris de cantaria e com tetos planos, exceto ao centro, onde surge uma cúpula de estuque decorativo branco, formando elementos vegetalistas e ornada com atributos da Paixão. Ao centro, sobre supedâneo de cantaria, a mesa de altar, as cadeiras do bispo e celebrantes, com cobertura central em No braço do Evangelho, o ambão paralelepipédico e em cantaria, e possui vestígios da antiga construção quinhentista, com uma porta em arco apontado, encimada por um nicho com a imagem de Nossa Senhora da Escadinha, surgindo, no lado esquerdo, duas portas em arcos apontados e de arestas biseladas, sobrepujadas pelo órgão de tubos. No braço oposto, um órgão elétrico e a pia batismal, em cantaria, composta por pequeno pedestal, em toro, e taça hemisférica, decorada por lóbulos e elementos fitomórficos, surgindo, ainda um nicho com a imagem da Senhora de Fátima. Confrontantes, nos topos dos braços do presbitério, o cadeiral. Na parede testeira, em pequeno nicho retilíneo, o retábulo-mor, de talha pintada de marmoreados fingidos e dourados, de planta convexa e três eixos definidos por quatro colunas de fustes lisos, com o terço inferior marcado por anel e folhagem, que se repete junto ao capitel coríntio, assentes em três ordens de plintos galbados. Ao centro, tribuna de perfil contracurvo e ovalado, com moldura saliente, envolvida por motivos vegetalistas; contém peanha de dois degraus com a imagem do orago e fundo em caixotões de acantos. Os eixos laterais possuem mísulas ornadas por acantos, de que evoluem molduras, dando origem a apainelados, fechados por concheado projetado para o exterior, formando um falso baldaquino e enquadrando imaginária; na base, as portas de acesso à tribuna. A estrutura remata em fragmentos de frontão concheados e espaldar recortado e vazado por acantos, ornado por acantos, asas de morcego e um escudo português, encimado por coroa fechada. Altar paralelepipédico, encimado por amplo sacrário em forma de templete, com cobertura em domo e flanqueado por cartelões, tendo na porta um ostensório.

Acessos

Praça do Milenário

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 2/96, DR, 1.ª série-B, n.º 56, de 06 março 1996; Declaração de Retificação n.º 10-E/96, DR, 1.ª série-B, n.º 127, de 13 maio 1996 (catedral)

Enquadramento

Urbano, isolado, implantado na zona alta da cidade, num local cingido pelas antigas muralhas. Está antecedido por adro, o antigo terreiro do Convento, composto por casas no lado esquerdo, reconstruídas no séc. 20, mas que reaproveitaram antigas dependências conventuais, e colunata no lado direito, que o separa da via pública. No centro, um Cruzeiro, réplica do primitivo, transferido para o interior do templo. Fronteiro, o Mosteiro de Jesus (v. PT020105060001). Na fachada posterior, na antiga cerca, o Cemitério.

Descrição Complementar

Um dos SINOS da torre, o sino de Santa Maria, possui a inscrição: "JHS . SANCTA MARIA ORA PRO NOBIS - ANNO DOMINI MCDXXIII", o sino Balão, proveniente da Igreja de São Miguel, demolida em 1835 e data de 1792, o Sino da Figueira, da mesma igreja e datado de 1621, sendo o quarto proveniente da Igreja do Espírito Santo, demolida em 1858. A CAPELA DA MISERICÓRDIA possui retábulo em pedra de Ançã, com vestígios de policromia, de planta reta e três eixos definidos por duas colunas do tipo balaústre e duas pilastras ornadas por brutesco, estas assentes em duas ordens de plintos paralelepipédicos, os superiores decoradas por cartelas com drapeados, e as primeiras sobre banco decorado por acantos e animais fantásticos, centrando cartela delida, ladeada por duas figuras híbridas. Ao centro, painel pintado a representar a Virgem da Misericórdia, ladeado por dois painéis com bustos de santos dominicanos sobrepostos, masculinos no lado do Evangelho e femininos no oposto. A estrutura remata em cornijas e friso, com tabela central retilínea horizontal, representando a figura de Deus Pai, envolvido por drapeados a abrir em boca de cena, sustentadas por dois anjos e que saem de um baldaquino em domo; está ladeada por pilastras, aletas e possui pináculos exteriores. Na base, sobre estrutura moderna em cantaria, uma Deposição no túmulo, em pedra de Ançã, com as figuras da Virgem, das três Marias, de São João Evangelista e de Nicodemos e João de Arimateia em meio-corpo, estando o Cristo jacente. Na parede do Evangelho, o túmulo de D. Catarina de Ataíde, inserido em vão retilíneo e ampla estrutura de cantaria, com as jambas ornadas por brutesco, enquadrando arco de volta perfeita, assente em duas colunas toscanas, tendo os seguintes vazados por dois bustos. No nicho formado com o fundo perspetivado por três arcos de volta perfeita, encimados por duas anjos que seguram o escudo esquartelado e com cobertura em caixotões decorados por rosetões, surge o sarcófago, assente em acantos angulares, com a frontal ocupada por inscrição: "AQVI IAZ DONA CATERINA DE TAIDE FILHA DE ALVARO DE SOVSA / E DE DONA FILIPA DATAIDE NETA DE DIOGO LOPEZ DE SOVSA / E POR SER DEVOTA DESTA CASA LHE DEIXOV VINTE MIL REIS DE / IVRO TEM POR ISO MISA COTIDIANA E LHE DERÃO A CAPELA / A ELA E A SEV PAI E MAI E ERDEIROS DECENDENTES / FALECEO A 28 DE SETEMBRO DE 1551 ANOS / E A CAPELA HE ESTA EM QVE IAZ". O escudo tem no primeiro o escudo dos Sousa de Arronches, "Esquartelado, o primeiro e o quarto de prata, com cinco escudetes de azul, postos em cruz, cada escudete carregado de cinco besantes do primeiro esmalte, postos em sautor (...) o segundo e o terceiro de vermelho com uma caderna de crescentes de prata" (Armorial Lusitano, p. 511); o segundo é dos Silva "De prata, com um leão de púrpura, armado e lampassado de vermelho ou de azul" (Armorial Lusitano, p. 503); o terceiro dos Coutinho, "De ouro, com cinco estrelas de cinco raios de vermelho, postas em sautor" (Armorial Lusitano, p. 185); o quarto as armas dos ilegítimos da família Castro, "De prata, com seis arruelas de azul, 2,2 e 2" (Armorial Lusitano, p. 153). Fronteira, uma pedra de armas semelhante, proveniente do antigo fecho do arco triunfal. No lado oposto, na antiga Capela de São Jacinto e depois Capela de Nossa Senhora dos Prazeres, o antigo Cruzeiro do terreiro, chamado CRUZEIRO DE SÃO DOMINGOS, assente em alto plinto paralelepipédico, composto por capitel facetado, ostentando um tetramorfo, onde assenta a base da cruz, octogonal, com as faces ornadas por pequenas edículas com cenas da Paixão de Cristo: Cristo no Horto, Prisão de Cristo, Flagelação de Cristo, Coroação de espinhos e Caminho do Calvário. A cruz latina com as hastes flor-de-lisadas e ornadas por elementos fitomórficos possui, na face frontal, a figura de Cristo, de trabalho arcaizante. Na parede do topo da capela, uma cruz de sagração. A ladear o portal axial, dois PAINÉIS DE AZULEJO figurativo a azul e branco, com remates coloridos, sendo exemplar do denominado Regresso à Cor, sobre rodapés de pedra torta. Cada um deles está enquadrado por cartelões e remate recortado, formando rocalhas e espaldar curvo, sobrepostos por flores. Um deles representa a Virgem a entregar o rosário a São Domingos, surgindo, no lado oposto, a Pesca milagrosa de São Gonçalo de Amarante. A nave possui PAINÉIS DE AZULEJO do mesmo estilo dos anteriores, representando as cidades de Osma e Bolonha, onde São Domingos nasceu e morreu, respetivamente, bem como painéis de menor dimensão representando atributos das Litanias Marianas - cipreste, lírio, rosa, oliveira e palmeira - respetivamente com as inscrições: "QVASI CVPRESVS", "QVASI LILIVM", QVASI ROSA", QVASI CEDRVS", "QVASI OLIVA" e "QVASI PALMA". A CAPELA DE SANTA JOANA, antiga Capela de Santa Catarina, possui cobertura em falsa abóbada de berço, rebocada e pintada de branco, tal como as paredes; na testeira, um retábulo de talha dourada, de planta reta e três eixos definidos por quatro colunas com espiras torsas, formando ângulo central, com o terço inferior ornado por cartelas a representar os bustos dos Evangelistas, assentes em plintos paralelepipédicos almofadados e integrando edícula de volta perfeita com as imagens de Santo António de Lisboa, São Francisco de Assis, São Pedro de Verona e São Jacinto. Ao centro, nicho em arco abatido e moldura de botões entrelaçados, contendo mísula com a imagem do orago, a ostentar um escudo bipartido com as armas de Portugal, encimadas por coroa aberta, ladeado por dois anjos. Os eixos laterais possuem apainelados retilíneos, com vestígios de estofo, contendo mísulas. A estrutura remata em friso de albarradas e acantos, cornija e friso canelado, sobre o qual se ergue, ao centro, uma tabela retangular, flanqueada por cartelões e por quartos de círculo decorados por acantos, criando um falso frontão semicircular. Altar paralelepipédico com frontal de talha, tendo o pano ornado por ferronerie e acantos, que centram cartela com as armas dominicanas, flanqueado pro sebastos e encimado por sanefa, ornados por concheados e acantos. Sobre este, pequena predela, tendo, ao centro, a representação de uma religiosa dominicana a quem aparece o Menino. A CAPELA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS, antiga Capela de São Gonçalo de Amarante, possui o intradorso do arco de acesso ornado por rosetões, tendo falsa cobertura em abóbada de berço decorada por estuque, contendo um retábulo de talha pintada de marmoreados fingidos e dourado, de planta côncava e um eixo definido por duas colunas de fustes lisos e capitéis coríntios, assentes em plintos paralelepipédicos, encimadas por fragmentos de frontão e fogaréus. Ao centro, nicho de perfil contracurvo, rodeado por moldura saliente e flanqueado por acantos e palmas; contém peanha facetada e decorada por acantos. A estrutura remata em cornija contracurvo sobre friso denteado sobrepujada por espaldar recortado, encimado e ladeado por fragmentos de cornija e ornado por glória de querubins e resplendor. Altar em forma de urna com cartela central concheada e ladeada por querubins. Na parede lateral, uma lápide com a inscrição "ESTA CAPELLA HE DE FRÃ / CISCA SOARES DONNA VI / VVA QVE FICOV DE IOÃO PI / RES TAIPINHO A QVAL COM / PROV E DEIXOV MISSA QVO / TIDIANA PERA O QUE HERDOV / ESTE CONVENTO TODA A SVA FAZENDA / NO ANNO DE 1718". A CAPELA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO possui as paredes rebocadas e pintadas de branco, com silhar de azulejo de padrão colocado em esquadria, formando o padrão P-17-00999 - "Composição polícroma, de contorno azul, com elementos de repetição que utiliza dois motivos quadrangulares alternados e vários elementos de ligação, formando faixas diagonais pela disposição a meia esquadria. Um dos motivos principais é constituído por três quadrados concêntricos com os cantos reentrantes de configuração cruciforme, delimitados por moldura amarela de bordos laranja. Cada um dos lados do segundo quadrado apresenta aletas convergentes, de folhagem branca sobre fundo azul, encimadas por elemento vegetalista amarelo. O quadrado central circunscreve florão azul recortado e perfurado (simulando ferronerie), de núcleo floral amarelo e laranja, envolto por outros elementos vegetalistas a amarelo, com núcleo laranja. O outro motivo é formado por quadrado com moldura idêntica ao anterior, circunscrevendo florão azul de quatro lóbulos, em forma de coração, perfurados (simulando ferronerie), que inscrevem, cada um, dois elementos fitomórficos, a amarelo. O centro é formado por outra composição floral recortada amarela, azul e branca, da qual se projecta, até ao limite do quadrado e ocupando o espaço entre os lóbulos, uma sucessão de um elemento vegetalista a azul e dois elementos florais em campânula, a amarelo, unidos por contas laranja e rematados por enrolamentos no mesmo tom. Nos cantos encontram-se elementos vegetalistas a amarelo com folha azul trifoliada. Um dos elementos de ligação, também quadrangular e de moldura idêntica mas de menores dimensões, circunscreve um florão circular azul, de núcleo estrelado branco, laranja e azul sobre fundo amarelo, envolto por elementos vegetalistas recortados, a amarelo e azul. Um dos outros elementos de ligação é constituído por retângulos brancos, com moldura idêntica às restantes, coincidentes com os lados dos quadrados que constituem os motivos principais. Nas áreas de fundo azul, unindo os lados dos quadrados principais com o retângulo, dispõem-se cartelas elípticas delimitadas a amarelo, de remates vegetalistas a amarelo, laranja e branco, inscrevendo motivo floral amarelo e hastes azuis. Justapostos aos cantos destes encontram-se quadrados de dimensão reduzida, delimitados a amarelo, inscrevendo motivo estrelado azul sobreposto por quadrado amarelo e branco, com contas nos vértices. Em repetição o padrão permite a observação de ritmos diagonais de forte impacto." (http://redeazulejo.fl.ul.pt/pesquisa-az/padrao.aspx?id=128). Estes são interrompidos por porta de verga reta e moldura boleada, ladeada por pia de água benta concheada. A nível superior, painéis pintados, emoldurados a talha dourada, formando cartelões, representando, no central, a Crucificação, ladeado por Santa Ana e a Virgem. O teto é de caixotões pintados, com cenas hagiográficas, sem qualquer lógica de disposição, representando o Caminho do Calvário, Anunciação, Apresentação no templo, Natividade, Cristo Redentor, Coroação da Virgem, Cristo no Horto, Visitação, Caminho do Calvário, Nossa Senhora da Assunção, Virgem entrega o rosário a São Domingos, Calvário, Ressurreição de Cristo e Flagelação, sendo quatro de difícil leitura. O retábulo é de talha pintada de marmoreados fingidos e dourada, de planta convexa e um eixo definido por duas colunas de fustes lisos e terço inferior marcado por folhagem, que se repete junto ao capitel, assentes em duas ordens de plintos galbados, decorados por rocalhas. Possui ilhargas decoradas por acantos, cartelas e concheados. Ao centro, amplo nicho de perfil curvo, ornado por festões e envolvido por moldura torsa e concheados, contendo trono de cinco degraus com a imagem do orago e o interior decorado por apainelados. A estrutura remata em fragmentos de frontão encimados por anjos, que centram espaldar projetado para o exterior, contendo glória e encimado por anjos que sustentam as iniciais "AM". Altar em forma de urna, decorado por cartela e palmas. A CAPELA DE NOSSA SENHORA DA VISITAÇÃO, com cobertura em falsa abóbada de berço, rebocada e pintada de branco, possui retábulo em pedra de Ançã, tendo vestígios de policromia, de planta reta e um eixo definido por quatro colunas de fustes lisos decorados por folhagem e capitéis coríntios, grupados em plintos comuns, paralelepipédicos. Ao centro, enquadrada por fundos arquitetónicos perspetivados, a representação da Visitação. A estrutura remata em friso interrompido por querubins, mísulas e cartelas laterais, que sustentam três nichos, o central mutilado e de perfil curvo, sobrepujado por friso com a data "1559", cornija e frontão interrompido por volutas. Os nichos laterais, com abóbadas de concha, flanqueados por pilastras ornadas por grotesco, contêm imaginária e rematam em frisos, cornijas e pequeno florão; o segundo andar está ladeado por um cordeiro e uma águia, atributos dos santos dos nichos laterais. Altar em alvenaria, ladeado por plintos paralelepipédicos de faces almofadadas. No lado direito, uma lápide com a inscrição: "NESTA SEPVLTVRA ABAIXO ESTA A DI / OGVO GONÇALVEZ E MARIA ARRAIZ E / SVAS FILHAS E HO PADRE MANOEL / GONÇALVES SEV FILHO ABA / DE QVE FOI DA IGREIA DE RIBEIRÃO / ARCEBISPADO DE BRAGA HO QVAL FES ES / TA CAPELA E DOTOV DE RENDA / SVFICIENTE PERA LHE DIZEREM DVAS MISSAS CADA SOMANA A TOS / TÃO E HVN OFFICIO DE TRES LIÇÕES / COM SVA MISSA CÃTADA EM CADA HVM / ANO DE QVE DARÃO 600 DEIXA POR TES / TAMENTEIRO E ADMINISTRADOR DESTA / CAPELLA AO PRIOR QVE HE E FOR E A FAZENDA DE RA / IS QVE SE AGIAR HE DESTA CAPELLA CONFORME HO / TESTAMENTO QVE FICA NO DEPOSITO DESTE CÕVENTO HERA 1594". Está encimada pela pedra de armas dos Dominicanos. A CAPELA DO SENHOR DOS PASSOS, antiga Capela do Santíssimo, possui cobertura em caixotões com molduras de cantaria e, na parede de fundo, duas pilastras encimadas por fogaréus, que centravam o altar. A CAPELA DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO, antiga Capela do Senhor Jesus, possui teto de madeira em caixotões, pintados com brutesco e molduras de talha dourada, formando pontas de diamante e óvulos com florões nos ângulos. Possui na parede do lado direito apainelados de talha pintada, flanqueados por cartelões e, no lado esquerdo, retábulo de talha dourada com corpo de planta côncava, com um eixo definido por duas colunas torsas ornadas por pâmpanos e assentes em consolas, ladeadas por quatro pilastras e friso de acantos, assentes em consolas e plintos paralelepipédicos, decorados por acantos e de feitura mais recente. As colunas e pilastras centrais prolongam-se em três arquivoltas, duas torsas e com aduelas no sentido do raio, ladeadas por apainelados de acantos e querubins, formando o ático. Ao centro, tribuna de bola perfeita. Altar paralelepipédico decorado por acantos e frisos de pontas de diamante e óvulos, encimado por sacrário retangular, decorado por rosetões, encimado pelo pelicano a alimentar os filhos. O CADEIRAL do presbitério, em madeira encerada com duas ordens de cadeiras, as exteriores encimadas por espaldares, compondo apainelados divididos por cartelões, assentes em plintos paralelepipédicos, unidos por frisos, todos decorados por acantos, e rematando em cornija. Os apainelados possuem duas telas pintadas, a figurar hagiografia dominicana: no lado do Evangelho, Beata Osana de Mântua, Beata Lúcia, Beata Inês de Montepulciano, Santa Catarina de Siena, Beato Bento XI, Santo Alberto Magno, São Jacinto, São Raimundo de Penhaforte, São Pedro de Verona, São João de Colónia e São Domingos de Gusmão; no lado oposto, Santa Joana, Santa Rosa de Lima, Beata Margarida do Castelo, Beata Margarida de Sabóia, Santo Antonino de Florença, São Pio V, São Gonçalo de Amarante, Beato Ambrósio de Siena, Beato Tiago de Mevânia, São Vicente Ferrer e São Tomás de Aquino. O ÓRGÃO DE TUBOS tem caixa de talha pintada de marmoreados fingidos e dourada, de planta trapezoidal e com cinco castelos escalonados, dois deles formando as ilhargas, definidos por pilastras de fustes almofadados e rematados por cornijas e volutas, com os tubos de montra em composição diatónica em teto, ornados por carrancas pintadas e possuindo, ao centro, as armas dos Dominicanos; possuem, superiormente, gelosias compostas por festões de flores e volutas; na base, os tubos de palheta, em leque. O corpo inferior está ornado por apainelados, decorados por acantos vazados, com consola em janela, onde se situa o teclado, ladeada pelos botões dos registos. Está instalado num coreto com guarda balaustrada, assente em mísula. A estrutura é coroada por volutas, albarradas e cornija com fecho saliente e volutado. No lado da Epístola, num pequeno vão retilíneo, o ALTAR DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA, com retábulo de talha pintada de cinza, verde, marmoreados e dourados, de planta convexa e um eixo definido por cartelões e ilhargas ornadas por folhagem. Ao centro, nicho de perfil contracurvo com a boca rendilhada e fundo pintado com motivos fitomórficos e concheados, contendo a imagem do orago. A estrutura remata em cornija e pequeno espaldar recortado, decorado por enrolamentos, acantos e roseta, centrados por enrolamentos e acantos que sobrepujam os cartelões. Altar em forma de urna, decorado por cartela concheado e com acantos, encimado por banqueta com o mesmo tipo decorativo. Junto a esta estrutura, uma lápide com a inscrição: "O PAPA PIO IX, EM BULA DE 24 DE AGOSTO DE / 1938, EXECUTADA POR DOM JOÃO EVANGELISTA / DE LIMA VIDAL EM 11 DE DEZEMBRO SEGUINTE, / RECONSTITUIU A DIOCESE DE AVEIRO, QUE FORA / CRIADA NO ANO DE 1774 E EXTINTA NO DE 1882 / PELA REFERIDA BULA PONTIFÍCIA, O MESMO / PAPA ELEVOU À DIGNIDADE DE CATEDRAL DE / AVEIRO ESTE TEMPLO, OUTRORA CONVENTUAL / DOS PADRE DOMINICANOS E AGORA MATRIZ / DA FREGUESIA DE NOSSA SENHORA DA GLÓRIA / O BISPO DE AVEIRO, DOM MANUEL DE ALMEIDA / TRINDADE, APÓS OBRAS DE RESTAURAÇÃO E DE / AMPLIAÇÃO, SENDO PÁROCO O PADRE ARMÉNIO / ALVES DA COSTA JÚNIOR, CONSAGROU ESTA / IGREJA CATEDRAL NO DIA 11 DE ABRIL DE 1976".

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Religiosa: catedral / Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Aveiro)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Fernando Abrunhosa de Brito (1974-1976). CANTEIRO: Franklin Ramos Pereira (1978-1979). CARPINTEIRO: Bartolomeu Fernandes (1624). ENSAMBLADORES: Bento da Rocha (1676); João Coelho de Magalhães (1700); José Martins Tinoco (1741). ENTALHADORES: António Gomes (1702); Roque Nunes (1660). ESCULTORES: Carlos Leituga (1900); Joaquim Manuel Pereira de Meireles (1907). MESTRE DE OBRAS: Domingos Lopes (1675, 1676, 1678). PEDREIRO: Francisco Carvalho (1624).

Cronologia

Séc. 15 - intenção de se fundar o convento, que terá sido apoiada por D. Pedro, Duque de Aveiro; 1423, 13 março - Breve do Papa Martinho V, a autorizar a fundação do Convento *1; 23 maio - o infante D. Pedro coloca a primeira pedra no Convento de Nossa Senhora do Pranto, mais tarde de Nossa Senhora da Piedade e depois de Nossa Senhora da Misericórdia; execução do sino de Santa Maria; 1445, 31 julho - doação de 286$000 de esmola ao Convento (Calendário Histórico Aveiro); 1449, 16 julho - D. Afonso V coloca o Convento sob a sua proteção (Calendário Histórico Aveiro); 1451, 02 abril - carta de isenção de pagamento de sisa e portagens e doação de 10$000 e cinco moios e 20 alqueires de trigo; carta de privilégio ao procurador e dois mandadores do Convento (Calendário Histórico Aveiro); 1451, 18 setembro - D. Sancho de Noronha, Senhor de Aveiro, doa um terreno junto às muralhas ao Convento (Calendário Histórico Aveiro); 1461, 03 fevereiro - concessão de privilégios ao carpinteiro e pedreiro que servissem no Convento (Calendário Histórico Aveiro); 1464, 20 janeiro - dedicação litúrgica do Convento; 1470, 04 janeiro - falecimento de D. Helena Pereira, mulher de D. João de Albuquerque, Senhor de Angeja, sepultada no local (Calendário Histórico Aveiro); o túmulo é colocado no centro da capela; 1476, 06 agosto - Carta de D. Afonso V autorizando o corte de lenha necessária nas matas da Terra de Santa Maria (Calendário Histórico Aveiro); 1477, 12 maio - D. Afonso V autoriza João de Albuquerque a deixar uma quinta e uma marinha, para manter a capela que instituíra na igreja do Convento (Calendário Histórico Aveiro); 20 agosto - escritura de contrato entre os religiosos e D. João de Albuquerque que deixa uma marinha, do Puxadouro, e a Quinta de Canelas, em Estarreja, com obrigação de missa quotidiana na Capela do Senhor Jesus (Calendário Histórico Aveiro); séc. 16 - construção da Casa do Capítulo, financiada por Francisco de Sousa Tavares (FERREIRA, p. 49); 1541 - o prior Frei Gonçalo de Oliveira doa um relicário de prata dourada à comunidade, para a colocação do Santo Lenho (GASPAR, p. 27); 1550 - data numa das colunas da capela do Santíssimo; 1551, 02 setembro - testamento de D. Catarina de Ataíde, filha de D. Álvaro de Sousa e D. Filipa de Ataíde, deixando 20$000 de juro anual para que lhe fosse dada sepultura no Convento; 28 setembro - falecimento de D. Catarina de Ataíde, sepultada na capela-mor; o padroado da capela-mor pertence à família Sousa; 1558 - primeira referência à Irmandade do Senhor Jesus (Calendário Histórico de Aveiro); 1559 - data inscrita no retábulo da Capela de Nossa Senhora da Visitação; data numa das colunas da Capela do Santíssimo; 1560 - construção da atual capela do Senhor dos Passos (FERREIRA, p. 59); 1563, 30 março - D. Sebastião autoriza o Convento a possuir uma vinha e um pedaço de terreno, que haviam sido de André Falcão e uma terra que foi dos herdeiros de André Luís (Calendário Histórico Aveiro); 1560 - fundação da segunda capela da Epístola (GASPAR, p. 20); 1566 - provável execução do retábulo da Capela de Nossa Senhora da Misericórdia, nas oficinas de Coimbra; 1572 - data da sepultura de Miguel Fernandes e da sua mulher, Antónia Fernandes, na Capela do Rosário; 1578 - primeira referência à Irmandade de Nossa Senhora da Esperança, situada na capela da galilé, no local da primitiva Capela de São Jacinto (GASPAR, p. 12); 1594 - fundação das primeira e segunda capelas da Epístola por Manuel Gonçalves, filho de Diogo Gonçalves Arrais, sepultado na segunda, com a obrigação de missa cantada anual, para o que deixou bens pecuniários; séc. 17 - construção da primeira capela do Evangelho, dedicada a Santa Catarina de Siena (GASPAR, p. 22); 1606 - o padroado da capela-mor passa a Diogo Lopes de Sousa, segundo Conde de Miranda (GONÇALVES, p. 109); 1623 - nesta data, a Capela da Anunciação é dedicada a Cristo; 1624, 11 dezembro - obras no alpendre do Convento pelo pedreiro Francisco Carvalho e pelo carpinteiro Bartolomeu Fernandes, por 60$000 (FERREIRA, p. 87); 1631 - data na talha da primeira capela do Evangelho, de Nossa Senhora da Misericórdia; 1659, 06 setembro - falecimento de Sebastião Crisóstomo Pimentel, sepultado na Capela de Santa Catarina (FERREIRA, p. 72); 1660, 25 junho - contrato com o entalhador Roque Nunes, do Porto, para a feitura do retábulo-mor, conforme traça dada pelos religiosos, tendo quatro santos de vulto e dois painéis em relevo, a representar o Pentecostes e Nossa Senhora da Misericórdia, pelo preço de 240$000 (BRANDÃO, vol. I, pp. 339-345); 1664, 02 maio - falecimento de Maria da Silva, viúva de Manuel Gomes Pimentel, sepultada na Capela de Santa Catarina (FERREIRA, p. 72); 1668 - a Capela de Nossa Senhora dos Prazeres pertence a Manuel André de Figueiredo e à mulher, Francisca da Cruz, com missa quotidiana, para o que deixaram vários bens (FERREIRA, p. 71); 1675, 31 julho - contrato com Domingos Lopes, mestre de arquitetura, para a feitura da obra do coro da igreja por 300$000, com cadeiral de duas ordens e um total de 38 cadeiras, com espaldar possuindo 22 telas pintadas com temas hagiográficos (BRANDÃO, vol. I, pp. 423-726); 1676, 22 outubro - contrato com Domingos Lopes e Bento da Rocha, ensamblador, para as obras das grades e púlpitos; 1678 - data na porta do púlpito do Evangelho; 1699 - data no púlpito do Evangelho; 1700, 21 janeiro - contrato com João Coelho de Magalhães, ensamblador do Porto, para a feitura de sete grades, uma para o cruzeiro e seis para as capelas laterais, pela quantia de 350$000 (BRANDÃO, vol. II, pp. 19-23); séc. 18 - a última capela da Epístola é da devoção do Santo Cristo e nela está sediada a sua respetiva Irmandade; 1702, 12 outubro - contrato com o entalhador António Gomes para a feitura do retábulo, teto e ilhargas da Capela do Senhor Jesus, atual Capela do Santíssimo Sacramento, por 200$000 (BRANDÃO, vol. II, pp. 138-142); 1708, 06 julho - testamento de D. Francisca Soares, viúva de João Pires Taipinho, deixando todos os seus bens, em troca de missas quotidianas e ordenando que a sepultassem na sua capela de São Gonçalo de Amarante (FERREIRA, p. 64); 1718, 28 agosto - falecimento de D. Francisca Soares, sepultada na Capela de São Gonçalo; 1719 - data no portal principal e na estante do coro; 1726, 08 junho - contrato entre as religiosas do Mosteiro de Jesus, os religiosos do Convento e o Senado da Câmara a autorizar a redução do terreiro do Convento em dois degraus, para ampliação da capela-mor do Mosteiro de Jesus, sem prejudicar o tráfego na via pública (Calendário Histórico de Aveiro); 1741, 12 junho - contrato do entalhador do Porto José Martins Tinoco para a feitura do retábulo-mor, reaproveitando o friso, remate das colunas grandes e a tribuna e trono da primitiva estrutura, por 172$800 (BRANDÃO, vol. III, pp. 388-392); 1742, 15 fevereiro - é ordenado que as Irmandades de Nossa Senhora do Rosário e do Senhor Jesus passem a livro e as escrituras e testamentos existentes nos respetivos cartórios (Calendário Histórico de Aveiro); 1745 - data no púlpito do lado da Epístola; 1754 - data no órgão de tubos; provável reforma da nave, com a construção da nova abóbada; 1774, 12 abril - criação da Diocese de Aveiro por Breve de Clemente XIV, a pedido do rei D. José I, com território destacado da Diocese de Coimbra, ficando sufragânea da Arquidiocese de Braga; 20 maio - falecimento de Catarina Correia Rangel de quadros, sepultada na Capela do Rosário (FERREIRA, pp. 62-63); 1775, 10 março - concessão da Igreja da Misericórdia ao primeiro bispo, D. António Freire Gameiro de Sousa; 1775, 24 abril - execução do Breve pontifício com instalação da Diocese na Igreja da Misericórdia e tomada de posse do primeiro bispo; 1786, 26 setembro - o Papa Pio VI concede indulgência plenária a quem visitar a Capela de Nossa Senhora da Escadinha, no Convento; 10 novembro - beneplácito régio à indulgência papal; 12 dezembro - o Núncio Apostólico designa o dia 25 de março para a obtenção da indulgência (Calendário Histórico de Aveiro); séc. 19 - descrição do edifício por José Rangel de Quadros *2; 1812, 11 agosto - provisão a favor das Confrarias de Nossa Senhora do Rosário e de são Gonçalo permitindo-lhes pedir esmola (Calendário Histórico de Aveiro); 1820, 17 janeiro - autorização para que as Confrarias do Senhor Jesus e de Nossa Senhora do Rosário tivessem esquife (Calendário Histórico de Aveiro); 1830, 15 setembro - mudança da Catedral para o Recolhimento de São Bernardino (Calendário Histórico de Aveiro); 1834, 28 maio - Decreto de extinção das Ordens Religiosa, sendo os bens incorporados nos Próprios da Fazenda Nacional; 24 junho - os religiosos abandonam o Convento; 1835, 18 outubro - colocação das imagens da antiga Igreja de São Miguel na igreja do Convento, transformada em sede da freguesia de Nossa Senhora da Glória (Calendário Histórico de Aveiro); transformação da Capela de Nossa Senhora dos Prazeres, antiga Capela de Nossa Senhora da Esperança, em batistério, com a feitura da respetiva pia (GASPAR, p. 12); 22 novembro - realização do primeiro batismo na igreja; 22 novembro - realização do primeiro casamento na igreja (Calendário Histórico de Aveiro); 1839, 10 novembro - bênção do cemitério público, construído em parte da antiga cerca do Convento; 1843, 18 outubro - um incêndio de grandes proporções destruiu, quase por completo a área regral (ARROTEIA, 1989, p. 63), então a funcionar como quartel; 1845, 01 abril - o arcebispo de Braga foi nomeado administrador apostólico da Diocese, tendo nomeado vários vigários; 1858, 10 fevereiro - termina a demolição da Igreja do Espírito Santo, sendo os materiais empregues na construção da torre sineira da nova paroquial (Calendário Histórico de Aveiro); 1859 - colocação do túmulo de João de Albuquerque encostado à parede da Capela (GASPAR, p. 21); 1860, 11 outubro - início das obras da torre sineira, por 1:500$000 (Calendário Histórico de Aveiro); 1862, 28 maio - inauguração da torre sineira, com sinos provenientes das Igrejas de São Miguel e do Espírito Santo, no local onde se erguia o nicho de Nossa Senhora da Escadinha (Calendário Histórico de Aveiro); 1863, 09 setembro - colocação de um relógio na torre da igreja; 1864, 01 outubro - o destacamento militar abandona a zona do antigo convento, passando para o de Santo António; 1866, 08 outubro - venda de parte da cerca do Convento a Custódio da Rocha (Calendário Histórico de Aveiro); 1867 -1872 - construção do coro-alto, obrigando ao rebaixamento das capelas laterais (GASPAR, p. 12) e fazendo desaparecer alguns painéis de azulejo (GASPAR, p. 17); 1878 - colocação do túmulo de D. João de Albuquerque na Capela de Nossa Senhora dos Prazeres (GASPAR, p. 21); 1879 - colocação do retábulo proveniente da Igreja de Vera Cruz na capela-mor (GASPAR, p. 32); 1880 - colocação do mesmo túmulo à entrada da sacristia (GASPAR, p. 21); 1881, 30 setembro - extinção da Diocese por bula de Leão XIII; 1882, 04 setembro - execução do teor da Bula papal; 1884, 26 agosto - a Junta da Paróquia resolve comprar a tribuna da capela-mor da demolida Igreja de Vera Cruz para colocar na igreja, por estar arruinada a que possuí (Calendário Histórico de Aveiro); 1885 - colocação do túmulo de D. João de Albuquerque na Capela de Nossa Senhora da Misericórdia (GASPAR, pp. 21-22); 1886 - obras na capela batismal, sendo removidos os azulejos (FERREIRA, p. 70); 1887, 19 junho - inauguração da igreja, após obras de remodelação (Calendário Histórico de Aveiro); 1898 - data no candelabro da Capela de Nossa Senhora do Rosário; 1900, 07 março - chega à Igreja a Imagem do Senhor dos Passos, encomendada pela respetiva Irmandade a António Teixeira Lopes e executada pelo seu discípulo Carlos Leituga (Calendário Histórico de Aveiro), localizada na última capela da Epístola, atual Capela do Santíssimo; feitura da cúpula; 1904 - refundição do sino proveniente da Igreja do Espírito Santo; 1910, 21 outubro - é transportado o Santíssimo da Igreja de Jesus, então encerrada ao culto, para a paróquia; 1938, 24 agosto - criação da Diocese de Aveiro por Bula do Papa Pio XI, com 82 paróquias, absorvendo território das Dioceses de Coimbra, Porto e Viseu; 11 dezembro - a Diocese é instalada na Igreja de São Domingos, então elevada a Catedral; 1940, 28 janeiro - é nomeado D. João Evangelista de Lima Vidal como bispo; 1945, 20 setembro - cedência ao Estado do túmulo de João de Albuquerque, colocado no Museu de Aveiro (Calendário Histórico de Aveiro); 1955 - projeto de remodelação do adro da igreja, pedindo a Câmara autorização para deslocar o Cruzeiro (SIPA, txt.00852457), o que viria a ser recusado; 1970 - remoção do cruzeiro exterior para a capela da galilé, onde se achava o batistério; 1974 - 1976 - reconstrução da catedral, conforme projeto do arquiteto Fernando Abrunhosa de Brito, do Porto; feitura do presbitério, em betão, ferro e pedra artificial, para o que se demoliu o transepto e a capela-mor; redistribuição do património integrado, com a remoção do túmulo de D. Catarina de Ataíde da capela-mor para a Capela de Nossa Senhora da Misericórdia; trasladação da Capela do Senhor dos Passos para a segunda da Epístola; construção das sacristias e salas de catequese; 1975 - colocação da cúpula da Capela do Senhor dos Passos no centro do presbitério; 1976 - transferência do recheio da primeira capela da galilé para a primeira capela lateral do Evangelho; colocação da pia batismal no presbitério; instalação da imagem do Senhor dos Passos na segunda capela da Epístola, antiga Capela do Santíssimo (GASPAR, p. 20); colocação do retábulo da capela da galilé na Capela de Nossa Senhora da Conceição, a primeira do Evangelho (GASPAR, p. 23); colocação do altar que se encontrava na última capela da Epístola na do Sagrado Coração de Jesus (GASPAR, p. 24); colocação da imagem de Nossa Senhora da Escadinha no braço do Evangelho do presbitério (GASPAR, p. 26); durante as obras, encontraram-se silhares siglados medievais, colocados nas portas do braço do Evangelho do presbitério (GASPAR, p. 27) e descoberta uma legenda que invoca o incêndio que destruiu a sacristia; colocação da imagem de Nossa Senhora da Conceição, proveniente da Igreja de São Miguel, no retábulo-mor (GASPAR, p. 33); 04 abril - inauguração da Catedral, após obras de ampliação do templo; 1978 - remoção do cruzeiro do terreiro e feitura de um molde para a execução da réplica, em pedra artifical, nas oficinas de Franklin Ramos Pereira, de Afife (SIPA: txt.00852260); 1979 - colocação no interior do templo do Cruzeiro de São Domingos, a expensas da Diocese.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes (nave); sistema estrutural de paredes autónomas (presbitério).

Materiais

Alvenaria com rebocada, calcário (cantarias e superfícies retabulares), madeira (superfícies retabulares e decoração avulsa), tijolo (pavimento e cobertura), estuque (cobertura interior e decoração avulsa), granito (campanário original).

Bibliografia

Armorial Lusitano. Genealogia e Heráldica. Lisboa: Editorial Enciclopédia, Lda., 1961; BRANDÃO, Domingos de Pinho - Obra de talha dourada, ensamblagem e pintura na cidade e na Diocese do Porto - Documentação. Porto: Diocese do Porto, 1984-1985, vols. I e II; FERREIRA, António José Leandro Costa - Poder, prestígio e imagem no antigo convento de São Domingos de Aveiro. Azurém: s.n., s.d. Texto policopiado. Dissertação de Mestrado em Património e Turismo pela Universidade do Minho, Polo de Azurém, Guimarães; GASPAR, João Gonçalves - Catedral de Aveiro - História e Arte. Aveiro: Paróquia de Nossa Senhora da Glória, 1979; GONÇALVES, A. Nogueira - Inventário Artístico de Portugal. Distrito de Aveiro. Lisboa: Academia Nacional de Belas - Artes, 1959, vol. VI, pp. 107 - 112; NEVES, Amaro - Dois retábulos maneiristas na Sé de Aveiro. Aveiro: FEDRAVE, 1996; SMITH, Robert C. - Cadeirais de Portugal. Lisboa: Livros Horizonte, 1968, pp. 44 - 91. Calendário Histórico de Aveiro. http://www.prof2000.pt/users/avcultur/Calendaveiro/Cronologico/index.htm [consultado em 08 fevereiro 2013].

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, SIPA; Secretariado dos Bens Culturais da Igreja / Terra das Ideias

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID-001/001-003-0056/01, DGEMN/DSID-001/001-004-0055/1, DGEMN/DSARH-010/038-0072/01, DGEMN/DSRH-010/038-0092

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1864 - pintura da madeira do cadeiral, a branco (GASPAR, p. 30); 1866 - raspagem da tinta do cadeiral e enceramento da madeira (GASPAR, p. 30); 1883 - remodelação do órgão, com o acrescento de dois meios-jogos; 1907 - restauro da imagem de Nossa Senhora da Soledade na Oficina de Teixeira Lopes, por Joaquim Manuel Pereira de Meireles (GASPAR, p. 20); CMAveiro: 1957, cerca - melhoramento e desafogo do adro: demolição do muro que o vedava a NO., remoção da vedação em alvenaria e grades de ferro frente à Rua de Santa Joana e construção de passeio provisório com dois degraus, com ligeiro rebaixamento do adro, a pavimentar a lajeado de granito; deslocação do cruzeiro para o centro do adro; deslocação de duas árvores (SIPA: txt.00931452); alargamento das Rua dos Caçadores, de Santa Joana e da Fonte Nova; PROPRIETÁRIO: 1976 - restauro do órgão, com o acrescento de três meios-jogos e substituição do tipo de foles; restauro do cadeiral e das telas, estas no Instituto José de Figueiredo (GASPAR, p. 30); restauro da fachada da igreja com recurso à pedra artificial; DGEMN: 1979 - restauro do Cruzeiro quinhentista, com limpeza da pedra, pelo Departamento de Química da Universidade de Aveiro (SIPA: txt.00852287).

Observações

*1 - Frei Luís de Sousa aponta na sua Crónica a data de 12 de fevereiro.

Autor e Data

Paula Figueiredo 2012 (no âmbito da Parceria IHRU / Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja)

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