Espaços verdes do Bairro Oliveira Salazar / Espaços verdes do Bairro do Pessoal da Sacor / Bairro da Bobadela

IPA.00023974
Portugal, Lisboa, Loures, União das freguesias de Santa Iria de Azoia, São João da Talha e Bobadela
 
Sector urbano. Conjunto habitacional. Industrial. Bairro cujo enquadramento paisagista demonstra preocupações de carácter ecológico e de conforto dos utentes, típicas do movimento moderno em arquitectura paisagista *4.
Número IPA Antigo: PT031107120132
 
Registo visualizado 3938 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Espaço verde  Jardim  Jardim de enquadramento      

Descrição

Os edifícios do bairro encontram-se dispostos em banda, acompanhando as curvas de nível, nas duas vertentes orientadas a Nascente. Os espaços verdes ajardinados do bairro encontram-se sobretudo situados ao longo de numa encosta orientada a Poente onde se situa uma MATA e em todo o VALE adjacente*1. Encontra-se também ajardinadas algumas zonas de enquadramento de edifícios de importância assinalável ou ainda, pontualmente, espaços verdes de lazer projectados no interior da malha urbana do bairro destinados a serem usufruídos pelos moradores. Alguns arruamentos são ponteados por ciprestes e/ou apresentam sebes a delimitá-los. A encosta é revestida por uma MATA com várias espécies de árvores pré-existentes e mantidas no projecto de arquitectura paisagista, encontrando-se sobretudo exemplares da nossa flora como a alfarrobeira (Ceratonia siliqua), a oliveira (Olea europaea), o pinheiro-bravo (Pinus pinaster) e o pinheiro manso (Pinus pinea), distribuídos em manchas. Encontramos também exemplares notáveis de espécies exóticas, ainda na zona de orla da mata, nas imediações das construções mais antigas do local, como dois enormes dragoeiros (Dracena drago), duas tamareiras (Poenix dactylifera), e duas palmeira-das-vassouras (Chamaerops humilis). Esta mata pode ser percorrida por vários caminhos curvilíneos que se intersectam entre si, nas margens dos quais se situam bancos de jardim com ripas de madeira *2. O VALE, completamente livre de construções é cortado transversalmente aproximadamente a meio da sua extensão por uma monumental alameda de palmeiras que liga a zona residencial do bairro a poente com a zona da mata, local onde termina a alameda. A montante desta encontram-se actualmente plantadas hortas e a jusante restos de um relvado que termina numa zona impermeabilizada onde se encontra um campo de futebol em terra batida. O vale é acompanhado, em toda a sua extensão, a nascente por um caminho que o separa da mata ladeado do lado do vale por várias árvores como choupos e amieiros e a poente por um caminho ladeado por oliveiras de ambos os lados. Tanto nas ruas, como junto aos edifícios, como em áreas ajardinadas foram plantadas árvores estrategicamente colocadas de modo a pontuar o espaço. Vamos encontrar espécies como os cedros (Cedrus spp.), o pimenteiro (Scinus molis), a palmeira-das-canárias (Phoenix canariensis), a magnólia (Magnolia grandiflora), o plátano (Platanus orientalis), a tília (Tilia cordata), os cupressos (Cupressus spp.) e o pinheiro-manso (Pinus pinea) entre outras. Cada uma das casas do bairro tem anexa uma pequena parcela murada onde junto à mesma se situa um pequeno terraço, separado por murete, junto ao qual se situa um galinheiro, de uma horta, encontrando-se no entanto já muitas das parcelas adulteradas na sua organização espacial e funcional*3.

Acessos

EN 10; Rua dos Girassóis

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Bairro situado na margem esquerda do Rio Trancão, junto à linha de caminho de ferro da Azambuja e a poente da mesma. Encontra-se envolvido em meio urbano, em malha ainda não totalmente consolidada, a N. e a S. e peri-urbano nas restantes orientações. Estende-se ao longo de duas encostas orientadas a nascente e de uma encosta, compreendida entre estas duas, orientada a poente. Ocupa ainda a zona de vale, no sopé desta última, apresentando aqui como ocupação do solo zonas verdes hortícolas e zonas desportivas.

Descrição Complementar

No enquadramento da Igreja da Sagrada Família, situa-se um pátio pavimentado a calçada portuguesa com desenho em preto e branco, onde existem três exemplares notáveis de oliveiras (Olea europaea).

Utilização Inicial

Enquadramento paisagístico: de bairro

Utilização Actual

Enquadramento paisagístico: de bairro

Propriedade

Privada

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETOS PAISAGISTAS: António Viana Barreto e Álvaro Dentinho (1959/1965); ARQUITECTO: Jorge Segurado; ENGENHEIRO (Civil): Sebastião Porto de Abreu.

Cronologia

1958 - Anteprojecto de Arquitectura Paisagista, 1959/1965 - Projecto de Arquitectura Paisagista em várias fases. 1963 - António Viana Barreto e Álvaro Dentinho adaptaram o projecto de Jorge Segurado à topografia do terreno.

Dados Técnicos

Adaptação do desenho do Arquitecto Jorge Segurado à topografia do terreno de forma a este necessitar o mínimo possível de uma modelação. Recorreu-se assim à construção de inúmeros muros em pedra seca, que têm a particularidade de facilitar largamente a drenagem das águas na encosta*6. No vale foi projectada uma rede de drenagem em espinha, para que a água pudesse ser aproveitada para subir o nível freático no vale e diminuir o nível de humidade, considerado excessivo*7.

Materiais

Inertes: muros e lancis em pedra; caminhos em terra batida; muros em tijolo; bancos em madeira. Vegetais: árvores - alfarrobeira (Ceratonia siliqua), oliveira (Olea europaea), pinheiro-bravo (Pinus pinaster), pinheiro manso (Pinus pinea), dragoeiro (Dracena drago), tamareira (Poenix dactylifera), palmeira-das-vassouras (Chamaerops humilis), cedros (Cedrus spp.), pimenteiro (Scinus molis), palmeira-das-canárias (Phoenix canariensis), magnólia (Magnolia grandiflora), plátano (Platanus orientalis), tília (Tilia cordata), cupressos (Cupressus spp.)

Bibliografia

Documentação textual relativa ao projecto, Textos policopiados (1958/1965); ANDRESEN, Teresa "Do Estádio Nacional ao Jardim Gulbenkian - Francisco Caldeira Cabral e a primeira geração de Arquitectos Paisagistas (1940-1970)", Lisboa, 2003.

Documentação Gráfica

IHRU: Arquivo Pessoal de António Viana Barreto

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

*1 - "Encostada à mata, a várzea constitui na verdade um novo elemento de alto interesse no conjunto do Bairro. Liberta como devia ser da construção, ela desempenha papel importante na drenagem natural do ar e da humidade de toda a mancha. Ao mesmo tempo e sob o ponto de vista urbanístico, ela cria juntamente com a mata, um amplo espaço livre com características semelhantes ás do parque público."; *2 - "Conforme o que nos foi proposto, os trabalhos a fazer aqui limitam-se ao arranjo de pavimentos de alguns dos caminhos existentes e à eliminação ou redução da largura da faixa de alguns outros a fim de criar-se uma hierarquização entre todos os acessos. Além disso, apenas se prevê um reforço da plantação arbustiva ao longo dos caminhos principais e sobretudo na orla da mata, com o objectivo de reduzir os perigos de erosão."; *3 - "Esta área do talhão subdividiu-se em 20 pequenas parcelas tantas quantas necessárias para o estabelecimento de uma sucessão hortícola equilibrada, em harmonia com o carácter do bairro. Esta sucessão teria como solução ideal a implantação, em ordem de proximidade à casa, das seguintes culturas: alho - 1 talhão, cenoura - 1 talhão, cebola - 1 talhão, tomate - 2 talhões, salsa, hortelã - 1 talhão, aipo -1 talhão ,chicória- 1 talhão, alface - 1 talhão, beterraba - 1 talhão, couve - 2 talhões, feijão verde - 2 talhões, fava- 2 talhões, beringela - 1 talhão, ervilha - 1 talhão, nabos e rabanetes - 1 talhão, espinafres - 1 talhão. Encomendaram-se as seguintes árvores de fruto a plantar nos locais para tal designadas: limoreiro, nespereira, ameixeiras, figueiras, amendoeiras, marmeleiro."; *4 - "...o plano de ordenamento paisagístico do Bairro Dr. Oliveira Salazar pretende resolver a integração do novo aglomerado no ambiente. À população que o vai habitar procura-se dar assim uma atmosfera urbana que lhe possa proporcionar uma sensação de abrigo, de segurança e de convívio social indispensável, de tal forma porém que ela se não abstraia do contacto rural e natural cujos benefícios são hoje unanimemente reconhecidos como fundamentais à saúde e ao trabalho das populações industriais. Nessa orientação se compartimentou toda a área interessada, por meio de cortinas vegetais, em unidades de menor número de elementos, de forma a facilitar a formação de células de convívio através de um contacto íntimo dos seus habitantes, lançando-se mão para o efeito de pequenos núcleos locais "de estar" e de recreio para crianças e adultos, núcleos estes cujo carácter de diversão diária e familiar junto à casa não interfere, de forma alguma, com a zona geral de recreio do aglomerado, cuja natureza é, de facto bem diferente."; *5 - "Na sua distribuição individualizou-se cada caminho com uma planta própria, de forma a criar um "espírito de rua" e, reduzindo a monotonia, tornar clara a localização das ruas.";*6 - "O acentuado e irregular relevo do terreno abrangido nesta fase da construção e o facto já mencionado de não poder merecer confiança o levantamento topográfico de que dispusemos, levou-nos a efectuar, para estudo, alguns perfis do terreno apoiados apenas sobre cotas obtidas dos perfis longitudinais dos arruamentos e das que foram fornecidas por medição local....insistimos pela necessidade de se reduzir o declive na área das hortas lançando mão para o efeito da construção de pequenos muretes em pedra seca..."; *7 - "A sua excessiva humidade actual exige todavia o estabelecimento de uma rede de drenagem em espinha cujos drenos de diâmetro igual a 0,06m, afastados de e assentes a 0.60m de profundidade, descarregarão numa vala cega cheia com jorra sobre a qual se coloca uma camada de turfa e terra viva. Desta forma pretende-se, reduzindo a velocidade de escoamento da água de drenagem, subir ao longo da várzea mas numa faixa determinada, o nível freático, de tal forma que permita a criação de habitat mais fresco contrastando com as que revestem a encosta. Na depressão final (charco) existirá um descarregador de superfície que ligará ao esgoto geral. A modelação prevista para o terreno da várzea será muito suave a fim de, permitindo o seu melhor aproveitamento urbano, não se alterar o seu aspecto natural. As águas pluviais provenientes da bacia da Bobadela serão canalizadas no atravessamento da zona E e lançadas em vala aberta, marginando a várzea, vala esta que será independente da que se destina á drenagem superficial."

Autor e Data

Teresa Camara 2008

Actualização

 
 
 
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