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Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Igreja paroquial
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Descrição
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Planta longitudinal composta pela justaposição axial de dois retângulos, o da nave e o da capela-mor, sendo a cobertura telhada de duas águas. Na fachada principal, de um só corpo, distingue-se, ao nível do piso térreo, o portal em arco abatido fechado por grade de ferro, através do qual se acede à galilé, encimado por um relevo figurando os santos mártires do orago, Máximo, Veríssimo e Júlia. A eixo, num segundo nível, rasga-se um janelão com emolduramento de cantaria lavrada e coroado de ática, o remate do alçado é feito por frontão triangular vazado por janela iluminante. Lateralmente reconhecem-se duas torres sineiras de secção quadrada, com quatro ventanas e rematadas por cúpula coroada de acrotérios. Na galilé observa-se, para além da porta principal, com emolduramento de cantaria de mármore e ladeada por pilastras igualmente de mármore, a porta de acesso à capela dos Santos Mártires, à esquerda. O interior, de uma só nave e capela-mor profunda, apresenta cobertura em falsa abóbada de berço em madeira, decorada por 72 painéis pintados e dourados, compartimentados em oito tramos regulares e tendo por temática alegorias da Eucaristia. Adossado ao intradorso do muro da fachada e sobre a porta, eleva-se o coro assente sobre seis mísulas e com varanda encurvada, de balaústres dourados. As três capelas, que se abrem em cada um dos muros laterais da nave (sendo encimadas por janelas iluminantes a eixo) são dotadas de altares de madeira com camarim e possuem as seguintes invocações, do lado do Evangelho: São Miguel, Santa Luzia, Nossa Senhora da Piedade, e do lado da Epístola: Nossa Senhora da Bonança, Santo António e Coração de Jesus. Destacam-se ainda as capelas de Nossa Senhora da Conceição (localizada no topo, ao lado direito do arco triunfal) e do Santíssimo Sacramento, cujo tecto é suportado por quatro colunas decoradas com estuque rosa. A capela-mor, de planta rectangular e coberta por abóbada de berço com decoração de estuque em torno de um emblema eucarístico central, apresenta lateralmente tribunas com tríplice arcaria e balaustrada de mármore, observando-se uma pedra de armas dos marqueses de Abrantes no lado da Epístola. No altar-mor, emoldurado por colunas de estuque simulando mármore, apresenta trono e sobre este as imagens dos três padroeiros da igreja. |
Acessos
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Rua de Santos-o-Velho |
Protecção
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Em estudo / Incluído na Zona Especial de Proteção conjunta do Museu Nacional de Arte Antiga (v. IPA.00003153), da Igreja de São Francisco de Paula (v. IPA.00002621), do Convento das Trinas do Mocambo (v. IPA.00003151) e do Chafariz da Esperança (v. IPA.00004943) *1 |
Enquadramento
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Urbano, destacado, isolado. |
Descrição Complementar
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A denominada capela dos Santos Mártires (acesso pela galilé) é constituída por duas câmaras, localizando-se, na primeira, um pequeno altar de mármore com imagens dos três santos Máximo, Veríssimo e Júlia, e, na segunda, um painel de azulejos setecentistas e uma lápide assinalando o local de sepultura dos mártires. |
Utilização Inicial
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Religiosa: igreja paroquial |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja paroquial |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica (Diocese de Lisboa) |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 18 / 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITETO: Teodósio de Frias (1624). ENTALHADORES: Francisco Rodrigues Porto (1695); Santos Pacheco (1752). PEDREIROS: Gonçalo da Costa (1696-1697); Manuel Antunes (1705). PINTORES: António Machado Sapeiro (séc. 18); José Ferreira de Araújo (1697). PROJETISTA: João Antunes (1695-1697). |
Cronologia
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1490, 05 setembro - as comendadeiras da Ordem de Santiago de Espada abandonam o edifício de Santos-o-Velho, que até então ocupavam, para ocuparem o novo edifício; 1566 - instituição da paróquia de Santos-o-Velho, pelo cardeal-rei D. Henrique, reedificando-se a igreja no reinado de D. Sebastião; 1606, 10 novembro - autorização para se arrecadar o dinheiro da finta lançada para se levarem a cabo as obras, orçadas em oito mil cruzados; 1624, 13 novembro - Teodósio de Frias foi encarregado de delinear as obras necessárias na igreja; 1695 - feitura do guarda-pó e guardas dos púlpito de mármore da igreja, desenhados por João Antunes, por Francisco Rodrigues Porto (FERREIRA, vol. II, p. 512); 19 julho - contrato com Gonçalo da Costa para a execução da torre sineira, púlpitos, porta lateral e fachada principal, conforme projeto de João Antunes (COUTINHO: 348); 1696-1697 - desenho da fachada e das torres da igreja por João Antunes, executada pelo pedreiro Gonçalo da Costa; 1697 - pintura do tecto em brutesco por José Ferreira de Araújo; séc. 18, 1ª metade - obras de remodelação; pintura da Vida e Milagres dos Santos Veríssimo, Júlia e Máxima por António Machado Sapeiro (f. 1740); pintura de telas para a igreja por António Machado Sapeiro; 1705, 30 janeiro - a Irmandade do Santíssimo contrata o pedreiro Manuel Antunes para a feitura da porta travessa, que se pretende abrir (COUTINHO: 329); 1752 - pagamento de 96$000 a Santos Pacheco pela execução de dois confessionários, com pagamentos em 1758 e 1759 (FERREIRA, vol. II, p. 560-561); 1755, 1 novembro - o terramoto provoca danos substanciais, designadamente a queda da abóbada do coro; 1758, 27 abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco Gonçalo Nobre da Silveira, é referido que a igreja tem o altar-mor, os colaterais, dedicados a Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora da Piedade; na nave, os altares laterais de Santa Catarina, Santo António, São Sebastião, das Almas, de São Francisco Xavier e de São Pedro; jutno à porta axial, a Capela dos Santos Mártires; tem as irmandades do Santíssimo Sacramento, Nossa Senhora da Piedade, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora da Bonança, no altar de Santa Catarina, Santos Mártires e Almas; o pároco é reitor, apresentado pelo Patriarcado, recebendo o pé-de-altar, que rende cerca de 800 a 900$000; séc. 18, 3º quartel - obras de reconstrução; 1768, 23 outubro - morte de Santos Pacheco, sepultado na igreja (FERREIRA, vol. II, p. 561); 1821 - edificação da capela dos Santos Mártires, na galilé, no local onde já existira uma outra e se crê estar a sepultura dos três mártires Veríssimo, Máxima e Júlia; 1840 - edificação da capela-mor da igreja, em terreno cedido pelos marqueses de Abrantes, que ficam com acesso às tribunas laterais da mesma através do seu palácio (contíguo à igreja); 1861- significativa campanha de obras; 1876 - 1889 - reedificação da igreja; 1888 - entrega do órgão do extinto Mosteiro da Esperança (v. PT031106371733); 1899, 19 setembro - o subdelegado de saúde, Ferreira Cardoso, faz uma reclamação junto do Inspetor das Obras Públicas do Distrito de Lisboa solicitando a limpeza e a pintura da frontaria da igreja, bem como alerta para a necessidade de compor o sobrado da pequena casa junto à sacristia. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes. |
Materiais
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Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, mármore, estuques pintados, azulejos, madeira dourada e pintada, ferro forjado. |
Bibliografia
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ATAÍDE, M. Maia (dir. de) - Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Lisboa-Tomo III. Lisboa, 1988; CAEIRO, Baltazar Matos - Os Conventos de Lisboa, Lisboa, 1989; COUTINHO, Maria João Fontes Pereira - A Produção Portuguesa de Obras de Embutidos de Pedraria Policroma (1670-1720). Lisboa: s.n., 2010, 3 vols., texto policopiado, dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa; FERREIRA, Sílvia Maria Cabrita Nogueira Amaral da Silva - A Talha Barroca de Lisboa (1670-1720). Os Artistas e as Obras. Lisboa: s. n., 2009, dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa; LEAL, Augusto Soares de Azevedo Barbosa de Pinho - Portugal Antigo e Moderno. Lisboa, 1874, vol. 2; MANGUCCI, António Celso - História da Igreja de Santos-o-Novo. Lisboa, s. n., texto policopiado; MATOS, Alfredo, PORTUGAL, Fernando - Lisboa em 1758. Memórias Paroquiais de Lisboa. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, 1974; SERRÃO, Vítor - História da Arte em Portugal - o Barroco- Barcarena: Editorial Presença, 2003; VITERBO, Sousa - Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portuguezes ou a serviço de Portugal. Lisboa: Imprensa Nacional, 1904, vol. 3. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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DGLAB/TT: Arquivo Histórico do Ministério das Finanças, Conventos extintos, Convento da Esperança, caixa 1959, capilha 10; Ministério das Obras Públicas, caixa 443, Processo n.º 14 |
Intervenção Realizada
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1901 - edificação dos anexos da igreja; 1919 - restauro da capela dos Santos Mártires; 1940 - arranjo do adro e construção da escadaria de acesso; c. 1950 - obras de beneficiação do interior da igreja. |
Observações
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*1 DOF: Zona Especial de Proteção conjunta aos imóveis: Museu Nacional de Arte Antiga, Igreja de São Francisco de Paula, Túmulo da rainha D. Maria Vitória, Palácio do conde de Óbidos, Chafariz das Janelas Verdes, Teatro da Casa da Comédia, Edifício da rua das Janelas Verdes n.º 78 - 78, Cinema Cinearte, Chafariz da Esperança, Convento das Trinas, Casa de António Sérgio, Palacete do viscondes e condes dos Olivais e da Penha Longa, Troço do do Aqueduto das Águas Livres, Abadia de Nossa Senhora da Nazaré do Mocambo. |
Autor e Data
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Teresa Vale e Carlos Gomes 1995 |
Actualização
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