Casa de Almeidinha
| IPA.00002574 |
Portugal, Viseu, Mangualde, União das freguesias de Mangualde, Mesquitela e Cunha Alta |
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Casa nobre manuelina e rococó. Dos elementos quinhentistas, mantém-se a torre quadrangular com arco rebaixado no interior e abóbada da capela-mor, polinervada, estrelada, de perfil rebaixado, com bocetes e assente em mísulas. Elementos setecentistas visíveis no demais edifício, desenvolvido em dois pisos, e com vários panos demarcados por pilastras, tendo os vãos moldurados com frontões curvilíneos e de volutas, óculo tetralobado, vãos elípticos, colunata, balaústres, retábulo de talha e azulejos azul e branco, narrativos, com decorações de talhe auricular. |
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Número IPA Antigo: PT021806100006 |
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Registo visualizado 1096 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Residencial senhorial Casa nobre Casa nobre Tipo planta em L
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Descrição
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Casa e capela formam planta em L com torre no vértice. Vários corpos articulados e adossados, com coberturas independentes, o bloco residencial de planta rectangular, horizontalista, telhado a três águas, a torre quadrangular, verticalista, com telhado piramidal, de quatro águas, dois corpos de habitação e serviços, rectangulares, horizontalistas, com telhados a duas águas, a ladear a capela, de planta longitudinal, rectangular, simples, horizontalista,também com telhado a duas águas. Frontaria, voltada a E. sem embasamento comtrês panos divididos por pilastras, o central com dois pisos, tendo, no primeiro, escadaria de acesso ao átrio do segundo piso, marcado por balaústres entre três arcos de asa-de-cesto sobre pilares, três portas de arco rebaixado e moldura curvilínea sob frontão em cortina. Remate em cornija, elevada em arco pleno ao centro, emoldurando pedra de armas. Pano lateral direito tem um piso com janela de arco rebaixado encimada por frontão em cortina sobre roseta circular. O pano da esquerda possui dois pisos, sendo o primeiro rasgado por porta rectangular, ladeada de frestas ( correspondentes à zona da adega ). No segundo, janela igual à anterior. Fachada S. tem, ao centro, frontaria da capela com portal rectangular, flanqueado por dois pares de pilastras estriadas, encimadas por frontão de volutas entre pináculos a enquadrar pedra de armas e, superiormente, óculo tetralobado de moldura vegetalista. Remate em empena com cruz sobre base de volutas, ladeada de pináculos sobre os cunhais. De cada lado, um pano de dois pisos, tendo, no primeiro, duas janelas de molduras rectangulares. No segundo, um vão elíptico. Fachada do topo E. com porta rectangular de acesso ao armazém. Remate em cornija. Fachada N. com cinco panos, o primeiro correspondente ao corpo adossado à capela, o segundo, a fachada posterior da capela, cega, rematada em empena. O terceiro tem dois pisos, o primeiro com uma porta de arco rebaixado e duas pequenas janelas rectangulares, havendo, no piso superior, três janelas e um vão rectangular. O quarto pano é constituído pela torre, sobressaindo em altura, com uma janela ao nível do piso térreo. No último pano, dois pisos com uma janela rectangular cada. Fachada O. tem cinco panos divididos por pilastras, com dois pisos rematados em cornija. O central, tem, no primeiro piso, três pilares, que sustentam o varandim recolhido do piso superior, marcado por três colunas sobre plintos, quatro portas, duas janelas de molduras rectangulares e três janelas mais pequenas sob o forro do telhado. Os panos laterais têm, no primeiro piso, uma porta rectangular e, no superior, duas janelas de arco rebaixado e moldura curvilínea sob frontões arqueados. Os panos extremos possuem, no primeiro piso, porta e fresta rectangulares, sendo o segundo rasgado por uma janela de arco rebaixado, moldura curvilínea, sob frontão contracurvado. Fachada do topo S. tem, no primeiro piso, escadaria lateral e terraço, tendo, no superior, duas portas ladeadas por duas janelas rectangulares. Remate em cornija. INTERIOR possui, no andar nobre, vários salões, quartos e biblioteca, quatro deles com cobertura em tecto de masseira, sendo o do salão nobre polícromo e o de um dos quartos em caixotões. Silhares de azulejos com cenas campestres e cortesãs revestem o salão nobre e dois quartos. A cozinha ocupa a torre, com grande arco rebaixado a meio. Capela de nave única, iluminada pelo óculo da fachada S., tendo pavimento de lajes graníticas e cobertura de abóbada de berço. Coro-alto de madeira sobre mísulas, pia de água benta conquiforme e pia baptismal. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras molduradas, com gradeamento de ferro. A capela-mor encontra-se coberta por abóbada polinervada, estrelada, sobre mísulas, rebaixada na zona central. No lado O., porta rectangular; inscrição epigráfica da fundação e reedificação. Lado E. com pequeno nicho decorado de volutas. No lado N., altar-mor e retábulo de talha dourada e polícroma marmoreada, a enquadrar tela com o Pentecostes. |
Acessos
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Almeidinha, extremo E., Largo da Roda |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 95/78, DR, 1.ª série, n.º 210 de 12 setembro 1978 / ZEP, Portaria nº 178/2014, DR, 2ª série, nº 44 de 4 março 2014 *1 |
Enquadramento
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Rural. Em terreno com suave declive para S. e O.. Destacada, com capela adossada a E.. Circundada por jardins, terras de cultivo e pequena mata a N. e O., várias dependências agrícolas a N. e E., e pátio a S.. A área é parcialmente delimitada por muro ao qual se encostam várias construções destoantes a O.. Jardins e Quinta: estendem-se para O.; iniciam com o Pátio das Acácias ( antigo Picadeiro ), com zona de fresco, fonte e bancos de pedra; são percorridos por uma alameda flanqueada de murete, buxos e árvores, finalizando no Jogo da Bola com um grande fontanário encimado de volutas e fogaréu, cujo espaldar teve revestimento azulejar. Para N. pequena mata que inclui a Fonte dos Cavalos, rematada por cruz pétrea. Para S. terrenos de cultivo, terminando em laranjal com mirante. |
Descrição Complementar
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Na fachada E., pedra de armas com escudo esquartelado de Amarais, Souzas de Arronches, Osórios e Vasconcelos ( com alguns erros heráldicos no 2 e 4 ); timbre: coroa de conde ( apesar do possuidor, João Carlos do Amaral Osório de Souza Pizarro, ser Visconde ). Frontaria da Capela com pedra de armas com escudo esquartelado de Amarais, Osórios, Cabrais e Fonsecas, encimado de elmo com paquife. Os silhares de azulejo azul e branco do salão nobre e dois quartos são painéis narrativos de fundo paisagístico com enquadramentos de tipo arquitectónico decorados com volutas vegetalistas e concheados de talhe auricular. Os do salão nobre possuem uma barra inferior sépia, marmoreada. O tecto de masseira desta sala é pintado com fundo branco e medalhões com paisagens, emoldurados de volutas vegetalistas muito finas, a vermelho, amarelo, verde e azul. Junto à sala de jantar, há uma pequena dependência com fonte-lavabo granítica, de bacia lobulada. Na cozinha, existem dois grandes lavadouros, um deles decorado com volutas e integrando cantareira. O retábulo da Capela é de talha dourada e polícroma a imitar mármore branco, rosa e azul, possui 2 pares de colunas de fuste liso e capitel coríntio a enquadrar pequenos nichos. Os motivos decorativos são cartelas, finas volutas vegetalistas e conchas de talhe auricular e é encimado por frontão contra-curvado sobre modilhões e cartela com a pomba do Espírito Santo. Inscrição da parede O. refere que " ESTA CAPELLA MAN DOU FAZER GASPAR PA ES DE AMARAL FIDALGO DA CAZA REAL NO ANN O DE 1590 E A REEDEFIC OU SEO 3º NETO MAN OEL OSORIO DE AMAR AL NO ANNO DE 1741". Das dependências agrícolas que circundam a casa pelo E. e N. fazem parte as antigas cavalariças, com pavimento e paredes de pedra, e construções agro-pecuárias com vacarias, fornos e lareira para o fumeiro. A adega ocupa toda a largura da casa do lado S., com travejamento assente em mísulas. |
Utilização Inicial
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Residencial: casa nobre |
Utilização Actual
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Residencial: casa |
Propriedade
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Privada: pessoa singular |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 16 / 18 / 19 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ESCULTOR: António José Pereira (séc. 19). |
Cronologia
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1590 - Gaspar Paes do Amaral, Fidalgo da Casa d'El-Rei e instituidor do Vínculo do Espírito Santo, manda construir o solar e a capela; 1741 - Manoel Osório Amaral remodelou a Capela e tirou licença para se benzer e poder celebrar missa; igualmente realizou obras de reconstrução e ampliação no solar e o revestimento azulejar da fonte; séc. 18, 2ª metade - Semião do Amaral Osório dá continuidade às obras e manda forrar três dependências ( dois quartos e salão nobre ) com silhares de azulejos; séc. 19, 1ª metade - João Carlos do Amaral Osório de Souza Pizarro, 1º Visconde, produziu alterações na fachada principal da casa, o que é atestado pela aposição da sua pedra de armas sob a cornija arqueada, atribuída a António José Pereira; 1973, 30 janeiro - proposta de classificação pela Direção-Geral dos Assuntos Culturais; 1975, 17 janeiro - parecer da Junta Nacional de Educação a propor a classificação como Imóvel de Interesse Público; Despacho de homologação da classificação pelo Secretário de Estado da Cultura e Educação Permanente; séc. 20, década de 90 - obras de remodelação; 1997, 02 setembro - Despacho do vice-presidente do IPPAR a determinar a necessidade de fixar uma Zona Especial de Proteção para o imóvel; 200, 03 março - proposta da DRCoimbra de fixação da Zona Especial de Proteção; 2002, 26 setembro - parecer favorável do Conselho Consultivo do IPPAR; 23 outubro - Despacho de homologação da Zona Especial de Proteção pelo Ministro da Cultura. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes e estruturas mistas. |
Materiais
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Cantaria granítica ( pilares, cunhais, molduras, frontões, colunas, pilastras, balaústres, cornijas, pináculos, nervuras e fontes ); caixas murárias de alvenaria de granito irregular, rebocada; pavimentos e tectos de madeira; silhares de azulejos; coberturas exteriores de telha. |
Bibliografia
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ARAÚJO, Ilídio Alves de, Arte Paisagista e Arte dos Jardins em Portugal, vol. I, Lisboa, 1962; ALVES, Alexandre, Igrejas e Capelas Públicas e Particulares da Diocese de Viseu nos Séculos XVII, XVIII e XIX, in Beira Alta, vol. XXIV, Viseu, 1965, p.65; SIMÕES, João Santos, Azulejaria em Portugal no século XVIII, Lisboa, 1979, p.120; TAVARES, José Carlos de Athayde de, Amaraes Osórios Senhores da Casa de Almeidinha, Lisboa, 1986; ALVES, Alexandre, Artistas e Artífices nas Dioceses de Lamego e Viseu, vols. I e II, Viseu, 2001; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/74599 [consultado em 28 dezembro 2016]. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID |
Intervenção Realizada
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1990 / 1991 / 1992 / 1993 / 1994 - Os proprietários procederam à reconstrução de parte do telhado do bloco habitacional, e ao restauro de um dos quartos e W.C. e de uma pequena dependência que possui uma fonte de granito. |
Observações
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*1 - DOF: Casa de Almeidinha, com azulejos do século XVIII e os jardins anexos. *2 - o espaldar da fonte do Jogo da Bola estava revestido de azulejos azuis e brancos, recentemente desaparecidos, que representavam uma cena mitológica ( SIMÕES, João, 1979, p.120 ) com enquadramento de tipo teatral. |
Autor e Data
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Madeira Portugal 1991 / Lina Marques 1995 |
Actualização
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