Parque do Vale do Silêncio

IPA.00026714
Portugal, Lisboa, Lisboa, Olivais
 
Arquitectura recreativa, modernista. Parque de conceção modernista que tem como princípios a ideia de que as zonas verdes além de desempenharem um papel importante na ordenação da paisagem, constituem em si para a população um fator fundamental do ponto de vista higiénico, recreativo e psicológico. A distribuição da vegetação efetua-se segundo a morfologia do terreno, de acordo com os princípios e imposições ecologistas.
Número IPA Antigo: PT031106331362
 
Registo visualizado 391 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Espaço verde  Parque  Parque  Modernista    

Descrição

Parque de planta em quarto crescente, cujos vértices apontam as orientações NE.-SO, não murado, encontrando-se os seus limites preenchidos de maciços arbóreos formando duas linhas de mata. A sua zona central é ocupada por um vastíssimo relvado que ocupa praticamente toda a sua extensão, delimitada por um caminho pedonal em que parte dele é ladeado por um monumental alinhamento de choupos-brancos e choupos-negros, intersectado por quatro caminhos transversais. Inclui parque infantil, campo de jogos e circuito de manutenção.

Acessos

Avenida de Berlim; Avenida Cidade Lourenço Marques; Rua Cidade Nova Lisboa; Rua Cidade Lourenço Marques

Protecção

Enquadramento

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Recreativa: jardim

Utilização Actual

Recreativa: jardim

Propriedade

Municipal

Afectação

Época Construção

Séc.20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO PAISAGISTA: Manuel Sousa da Câmara (1968).

Cronologia

1955 - O Parque é referenciado pela primeira vez "Plano de Urbanização dos Olivais. Estudo-Base" no qual se lê: "Na célula F reservou-se uma área ruralizada de cerca de 5,2 hectares que serve para melhor isolamento da zona industrial devidamente arborizada e utilizável em pequena cultura agrícola. Igual utilização terá uma pequena área da célula C junto ao Arruamento Entre Aeroportos" Este Plano foi coordenado por Guimarães Lobato, e contou com a colaboração de Gonçalo Ribeiro Telles. A zona atualmente ocupada pelo parque, era destinada a uma área verde, arborizada ao longo dos seus limites, envolvendo uma enorme clareira sendo esta área no entanto bastante inferior à real. Ribeiro Telles, responsável pelo capítulo Espaços Verdes afirma "Como é evidente, estas áreas ruralizadas podem separar zonas urbanas de zonas fabris e com a sua compartimentação, proteger dos ventos os blocos habitacionais.", e também "(...) o que, como já se salientou, sob o aspeto cultural, educativo e humano é de grande valor.", manifestando como objetivos a atingir não só o isolamento relativamente aos fumos, odores e ruídos resultantes da atividade industrial, como também a de contribuir para o restabelecimento do contacto dos moradores, muitos deles trabalhadores fabris, com uma natureza rural, encarando-se o parque como um grande logradouro coletivo rodeado de árvores perenifólias formando cortina perpendiculares à direção dos ventos dominantes, no qual uma grande clareira central era revestida a prado natural; 1959, julho - "Plano de Urbanização dos Olivais. Estudo-Base" sofreu um reajustamento. Da sua aplicação foi construída uma parte dos arruamentos dos Olivais e nos Olivais Sul, uma faixa que envolve a malha a poente e a Sul estava já atribuída ao Ministério da Obras Públicas para a construção de moradias e blocos habitacionais; 1959, 18 agosto - é promulgado o Dec Lei 42 454 que especifica os princípios de ordem técnica, administrativa e financeira pelos quais se devia reger a urbanização das áreas destinadas à construção social. Foi criado o Gabinete Técnico da Habitação (GTH) tendo como finalidades o projeto e a execução de todos os trabalhos de urbanização necessários; 1960, março - é aprovado o primeiro plano devidamente reajustado ("Plano de Urbanização dos Olivais. Estudo-Base" ), elaborado pelo GEU; Na sua sequência da aprovação do DL 42 454, foi elaborado um novo plano, o "Plano dos Olivais Sul", da autoria dos arquitetos José Rafael Botelho e Carlos Duarte, que respeitou as vias já construídas e os compromissos previamente assumidos. Acerca da equipa do GTH podemos ler: "A extensão das tarefas que o Gabinete Técnico da Habitação tem a cargo exigem a colaboração de um apreciável número de técnicos. Atualmente, distribuídos pelos diversos sectores de atividade, em funcionamento, trabalham 19 arquitetos e 33 engenheiros, incluindo os 5 arquitetos e 16 engenheiros que fazem parte do quadro permanente do pessoal…"; 1965, março - no GTH começou-se a entender a necessidade da formação de uma equipa dedicada apenas ao problema do arranjo dos espaços verdes 1966 - o parque aparece assinalado no Plano de Zonamento Geral dos Olivais Sul; 1967 - foram preparados no Parque 70 000m2 de terreno, incluindo estrumações e as movimentações necessárias à modelação do terreno, tendo presente que "No projeto de tratamento do terreno em curso procura-se ainda manter algumas características mais relevantes da paisagem local, evitando uma ruptura completa entre a paisagem rural existente e a nova estrutura urbana"; 1968, 21 de Janeiro - plano de plantação do projecto para o parque pelo arquitecto paisagista Manuel Sousa da Câmara. Selecionou espécies vegetais autóctones, posicionadas segundo na sua aptidão ecológica, tendo em conta a topografia do terreno e a exposição solar das encostas. Plantou perenifólias de sistemas secos, como o pinheiro manso (Pinus pinea), ao longo da linha de cumeada, e caducifólias, de sistemas húmidos como o choupo negro (Populus nigra var. italica) na margem, acompanhando a linha de água. A meia encosta plantou um conjunto de espécies misto, constituído por espécies arbóreas caducifólias como o choupo branco (Populus alba), o choupo cinzento (Populus canescens), o Ulmeiro-das-folhas-lisas (Ulmus campestres), o lodão-bastardo (Celtis australis) e o freixo (Fraxinus angustifolia). Selecionou para meia encosta mata constituída por Carvalho negral (Quercus pyrenaica), carvalho cerquinho (Quercus faginea), alfarrobeira (Ceratonia siliqua) e a olaia (Cercis siliquastrum). Também os arbustos escolhidos eram de espécies autóctones; 1968 - os moradores insurgiram-se enviando uma cara ao Presidente da CML pois havia passado já 5 anos sobre a data do bairro começar a ser habitado, e o parque ainda não estava concluído; 1969 - realizou-se a plantação de árvores e arbustos e a abertura de caminhos; 1971 - efetuaram-se ainda plantações de árvores, arbustos e herbáceas vivazes, a colocação de bancos de jardim e apetrechamento das zonas de estadia; 1972 - foram concluídos os campos de jogos.

Dados Técnicos

Materiais

Vegetal: árvores - choupo-branco, choupo-negro, olaia, pinheiro-manso.

Bibliografia

ANDERSEN, Teresa. CAMARA, Teresa Bettencourt. CARVALHO, Luís Guedes - "Lugares da Arquitetura Paisagista: 1940-1970" in ANDERSEN, Teresa. Do Estádio Nacional ao Jardim Gulbenkian - Francisco Caldeira Cabral e a primeira geração de Arquitetos Paisagistas (1940-1970), Lisboa, 2003, pág. 227-229; CAMARA, Teresa Bettencourt - "Contributos da Arquitetura Paisagista para o Espaço Público de Lisboa", Porto, 2015, p.202 -208. Dissertação de Doutoramento. Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, texto policopiado; CASTEL-BRANCO, Cristina - O vale do Silêncio de Sousa da Câmara: Prioridade à ecologia. Jardins. Lisboa. Fevereiro, nº 5. (2003), p. 14-18; CASTEL-BRANCO, Cristina - Jardins de Portugal. Lisboa: Edições Clube de Colecionadores dos Correios, 2014; FERREIRA, Maria João - Espaços verdes de Recreio. Boletim GTH. Lisboa. Vol. 7, n.º50-51 (1986); FERREIRA, Maria João - Evolução das zonas verdes do bairro de Olivais sul [texto policopiado]: Lisboa: [s.n.], 1984.Trabalho de fim de curso. Acessível no Instituto Superior de Agronomia; HEITOR, Teresa Valsassina - A expansão da cidade para o Oriente: Os planos de urbanização de Olivais e Chelas. In AAVV - Lisboa Conhecer Pensar Fazer Cidade. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, 2001, p. 72-85; LISBOA. Câmara Municipal. Gabinete Técnico da Habitação - Urbanização de Olivais Sul. Serviço de planeamento, 1964. Acessível no Arquivo Municipal de Lisboa. Arco do Cego, Lisboa, Portugal, p.52.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC:SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

Considerada o "pulmão dos Olivais", foi plantada com o objectivo de purificar o ar poluído pelos maus cheiros da zona industrial; EM ESTUDO.

Autor e Data

Teresa Camara 2018

Actualização

 
 
 
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