Castelo e cerca urbana de Arraiolos
| IPA.00002719 |
Portugal, Évora, Arraiolos, Arraiolos |
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Cerca urbana gótica, de traçado circular, com muralha rematada por ameias e duas portas flanqueadas por cubelos quadrangulares. Torre de menagem de planta quadrada adossada ao corpo da muralha, cujo perímetro inclui a torre sineira e a igreja matriz situada no centro do recinto. Paço senhorial integrado na cerca e adossado à torre de menagem, apresentando planta quadrangular com três áreas distintas: corpo da guarda, pátio de armas e habitação dos alcaides. Enquadra-se na campanha de fortificações da época de D. Dinis no Alto Alentejo e insere-se na rede territorial do ducado de Bragança, localizando-se na proximidade de outros castelos da mesma casa, como Evoramonte (PT040704040002) e Vila Viçosa (PT040714030002). Apesar da licença para construir um castelo, explícita na doação de D. Afonso II, não se encontram vestígios arqueológicos de qualquer estrutura defensiva desta época. Ao contrário do que é comum na fortificação gótica alentejana, o castelo de Arraiolos apresenta torreões de secção quadrada e não semicircular. A zona habitacional do paço dos alcaides possui uma torre semicircular (voltada para O.) à qual ainda não se atribuiu uma função. Ao lado da torre de menagem, onde se observa a muralha fendida, é possível que tenha existido uma barbacã. A cerca e o castelo constituem os únicos trabalhos atribuídos a João Simão. |
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Número IPA Antigo: PT040702010004 |
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Registo visualizado 4647 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Militar Castelo e cerca urbana
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Descrição
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Conjunto com articulação visual de duas estruturas fortificadas - cerca muralhada e castelo / paço dos alcaides - que integram torre de menagem, torre do relógio, um acesso, duas torres semicirculares e duas quadradas. Ao centro do recinto intramuros, encontra-se a igreja do Salvador (v. PT040702010031), antiga matriz da vila, erguendo-se num dos pontos mais elevados. CERCA: recinto muralhado de planta quase totalmente circular com a zona SO. ligeiramente mais recta, acompanhando a irregularidade do terreno. Possui na zona O. a Porta de Santarém, orientada na direcção da mesma cidade, flanqueada por dois cubelos de planta quadrada e constituída por vão em arco quebrado no lado exterior e arco abatido no lado interior. É composta por muralhas em alvenaria e ameias quadrangulares largas no topo. Dois lances de escada adossados ao muro dão acesso ao adarve, que circunda toda a muralha, ascendendo no sentido S.-N. Ao longo de todo o perímetro de muralha, podem encontrar-se seteiras, quer no muro, quer nas próprias ameias. Para além da Porta de Santarém, a muralha encontra-se interrompida na secção SE. junto à Torre de Menagem, onde se encontraria anteriormente a Porta da Vila. Na mesma zona, um pouco mais na orientação E., está a Torre do Relógio, de planta quadrada, inserida no muro pela face O. Encontra-se rebocada e caiada de branco, contrastando com a alvenaria de pedra à vista e é rematada por um coruchéu cónico rodeado por quatro pináculos, também cónicos, de menores dimensões e pintados de azul claro. No registo superior desta torre, encontram-se quatro olhais com ombreiras chanfradas também pintadas a azul claro. Na face voltada para extra-muros, encontra-se um relógio circular com friso pintado da mesma cor e fundo negro, do qual parte uma antena. Ainda na mesma face, na zona da base, existe uma porta de alumínio verde. A torre tem também acesso a partir do recinto interior, através de escadaria de cinco degraus, que parte do adarve, ligando à face N. da torre. CASTELO / PAÇO DOS ALCAIDES: encontra-se inserido no paramento S. da cerca, ligado ao resto da muralha através do adarve. Planta quadrangular, com saliência no muro de um dos lados, integrando torre de menagem de base quadrada e duas torres semi-circulares, elementos esses muito arruinados. É composto por três áreas distintas: corpo da guarda, pátio de armas e habitação palaciana dos alcaides. O corpo da guarda encontra-se a N. do Paço, tem planta rectangular e acesso por vão em arco quebrado na da fachada E., ao lado do qual se encontra uma abertura arruinada indefinida. Apresenta, ao nível superior, cinco orifícios quadrados, três dos quais se encontram a um nível superior, onde poderão ter sido utilizados para armas de fogo. Na face S. tem um outro vão em arco quebrado de acesso directo ao pátio de armas. O pátio de armas é constituído por um recinto amplo, adjacente à zona habitacional palaciana na zona S. e possuindo adarve em todo o perímetro. No cunhal NO., apresenta uma torre semicircular com entrada através de um vão aberto no muro O. do pátio, da qual restam dois registos, sendo o primeiro abobadado e o segundo ameado, e ostentando uma seteira cruzetada e canhoneiras orientadas para o recinto intramuros. Apresenta vestígios de compartimentação ao nível do muro e do solo, quer na zona N., quer na SO. No cunhal NE. encontram-se vestígios de uma torre circular arruinada, permanecendo apenas uma concavidade com vestígios de abobadamento em tijolo. A zona SO. do pátio mostra uma saliência no muro O. e vestígios de compartimentação no seguimento da mesma. Esta área apresenta, numa das ameias do paramento S., uma inscrição medieval (conjectural) com vestígios de ter sido deslocada. Na zona S., junto à zona habitacional, pode ver-se uma plataforma em cimento com degraus no mesmo material. A zona habitacional palaciana encontra-se em estado geral de ruína, apresentando vestígios de dependências. Encontram-se, nesta zona, três compartimentos: um na zona O., apenas com vestígios da parede S. e com duas ligações: uma ao pátio de armas, através de vão rectangular no exterior e em arco abatido no interior inserido na parede N.; e outra com acesso à dependência a E. semelhante ao vão anterior. Este segundo compartimento possui planta em "L" e apresenta vestígios de dois registos. Na parede O. apresenta, ao nível do piso térreo, uma canhoneira, uma seteira cruzetada e um vão de porta em arco abatido ladeado por um vestígio de embasamento de portal em tijolo; ao nível do segundo piso, encontra-se um outro vão de janela em arco abatido; no topo, na parte exterior da parede O., apresenta um anterior encaixe de sobrado. A parede N. desta dependência é constituída por um troço de muralha do castelo, tendo na área E. um embasamento elevado de função incompreensível que vai até ao nível do primeiro piso e do adarve da secção de muralha que aqui passa. Na parede N., ao nível do primeiro piso e à esquerda do bloco maciço, encontra-se um vão de acesso ao pátio de armas com moldura de tijolo. A E., encontra-se uma torre semicircular ameada, orientada na mesma direcção, com seteiras longas distribuídas pela sua superfície; tem a zona plana do semicírculo na face O., onde apresenta duas reentrâncias verticais que deverão constituir vestígios de encaixes de paredes. A parede S. encontra-se em avançado estado de ruína, apresentando apenas uma seteira a nível do piso térreo e vestígios de uma ameia no topo. Da parede E. existem vestígios perto do embasamento elevado. Ao lado da torre de menagem, onde hoje se encontra a fenda na muralha, é possível que tenha existido uma barbacã. A E. da zona de habitação encontra-se a torre de menagem, de planta quadrada e desenvolvida em quatro registos, encontrando-se implantada na área SE. do paço dos alcaides, embutida no paramento de muralha S. e no muro E. do pátio de armas. A área que antecede verticalmente o primeiro piso aparenta ser maciça. A fachada N. apresenta, no primeiro registo, uma porta ao nível do adarve do muro do pátio de armas e com ligação ao mesmo. Na fachada O. encontra-se, uma mísula granítica a nível do primeiro piso, um vão de porta quadrangular com moldura em tijolo e vestígios de um arco em tijolo imediatamente abaixo da porta no segundo piso, e, no terceiro piso, uma mísula e duas seteiras. Na fachada S. pode ver-se um vão de janela rectangular com moldura de granito ao nível do terceiro registo. A fachada E. não apresenta qualquer rasgamento e a zona entre a torre de menagem e o paço habitacional apresenta uma secção de muro arruinada. |
Acessos
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EN251, Rua do Castelo WGS84: 38º43'30.30''N 7º59'14.44''O |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 de junho de 1910 |
Enquadramento
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Urbano, mas implantado no cimo de um monte em forma tronco-cónica quase regular de constituição granítica, a 387m de altitude e a SO. da Ribeira do Divor. Situado a N. do centro da vila de Arraiolos (PT040702010025), antigo arrabalde que se desenvolveu no sopé da colina e na planície, e dista 21km da cidade de Évora. Encontra-se relativamente isolado, limitado a N. por campos de pasto e olival., a S. e a E. pela rede urbana da vila de Arraiolos e a O. por um campo de futebol e diversos equipamentos do agrupamento de escolas da vila. No interior da cerca apenas se conserva um edifício - a igreja do Salvador (v. PT040702010031), matriz até ao séc. 17. Insere-se na grande campanha de construção de castelos do séc. 14 por iniciativa do rei D. Dinis, vindo mais tarde a integrar-se na rede urbana e fundiária da casa ducal de Bragança. Faz também parte da rede de fortificações medievais construídas no Alto Alentejo, em zonas relacionadas com a linha mais interior da protecção da fronteira terrestre e com o acesso a Lisboa, aproveitando os pontos de maior altitude, e formando uma linha defensiva com os castelo de Montemor-o-Novo (v. PT040706040011) e Estremoz (v. PT040704030001). Do ponto mais alto, é possível avistar Évora, Monsaraz, Redondo, Evoramonte, Vimieiro, Estremoz, Alter do Chão, Cabeço de Vide, Fronteira, Avis, Pavia, Águias, Lavre e Montemor-o-Novo. |
Descrição Complementar
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Segundo o contrato assinado entre D. Dinis e o concelho da Arraiolos, o castelo deveria ter "207 braças de muro, de três braças de alto e uma braça de largo; e a fazer no dito muro dous portaes dárco com suas portas, e com dous cubellos quadrados em cada uma porta" (Espanca, 1975). Ao centro da área amuralhada encontra-se a igreja do Salvador (v. PT040702010031), antiga igreja matriz da vila, orientada no sentido SO.-NE., apresentando planta em forma de cruz latina e construída na mesma época do castelo mas reconstruída no séc. 16. A cerca poderá ter possuído 3 portas: a da Barbacã ou da Vila, a de Santarém (ainda existente) e a de campanha (Espanca, 1975), distribuídas segundo os eixos de evolução da cidade: a primeira estaria virada para a vila de Arraiolos, direcção na qual o povoado extra-muros aumentou, a segunda dava acesso à ligação para o litoral, e a terceira seria a porta de acesso ao castelo a partir da vila (Espanca, 1975). A Porta da Vila ou da Barbacã, estaria situada na zona SE., perto da torre de menagem, flanqueada por dois torreões, um deles aproveitado para torre do relógio. Acima desta porta, deveria estar a lápide epigrafada referente à fundação do castelo do tempo de D. Dinis (Rivara, 1983). A torre do relógio é a parcela do castelo em melhor estado de conservação devido à sua utilização frequente (ainda hoje os sinos são utilizados para anunciar as horas), sendo caiada anualmente, segundo as tradições regionais, ou seja, na época quente e com as cores aplicadas na arquitectura vernacular, embora não haja referências a esta aparência como sendo a original. O espaço aberto nas muralhas junto à torre de menagem ter-se-á devido a um incidente de causa natural ou ao aproveitamento de pedras para construção (Lopes, 2008). INSCRIÇÃO: Era de Mil e III e XXIII anos / XXIIII dias d aabryl forom fectas / estas XII ameas E castelonas / G Fernandez pedreyro d'evora. Vasco Pirez o Escriveo. |
Utilização Inicial
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Militar: castelo e cerca urbana |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: marco histórico-cultural |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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DRC Alentejo, Portaria nº829/2009, DR, 2.ª Série, n.º 163 de 24 Agosto 2009 |
Época Construção
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Séc. 14 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITETO: João Simão (atr.) |
Cronologia
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2500 a.C. - poderá ter existido no morro do castelo um povoado do Neolítico e do Bronze, segundo indica o aparecimento de alguns instrumentos percutores e um machado de bronze encontrados na zona a SE. da igreja do Salvador, no ponto mais alto das muralhas (Paço, 1967); 1000 a.C. - achados arqueológicos ocasionais poderão apontar para o povoamento da zona onde se ergue o castelo durante o período imediatamente pré-romano (Silva e Perdigão, 1998); 414 - conquista da vila pelos alanos; 716 - conquista da vila pelos mouros; 1217, 7 de Maio - doação a título perpétuo e hereditário da herdade de Arraiolos por D. Afonso II ao bispo de Évora, D. Soeiro II, com licença/obrigação de construção de um castelo para assegurar a sua defesa; séc. 13 - contendas entre D. Afonso III e o bispo de Évora D. Martinho, devido à intenção régia de reaver a herdade de Arraiolos, mas tendo o segundo conseguido conservar a posse do bispado; 1271 - retorno da vila e termo de Arraiolos à posse régia, embora no fim da sua vida Afonso III tenha doado de novo a vila à Igreja, no contexto da sua tentativa de resolução do conflito que o opunha à Santa Sé; 1290 - possível carta de foral concedida por D. Dinis*1; 1305, 26 Dezembro - assinatura do contrato entre D. Dinis, o concelho da vila, o alcaide e juízes locais para construção da muralha com projecto de João Simão, meirinho-mor, de "207 braças de perímetro, 1 braça de espessura e 3 braças de altura, com 2 portais e dois cubelos quadrados em cada porta" (ANTT, Lº 2 dos Direitos Reais, fl. 229); 1306 - início da construção da muralha; 1310 - a cintura de muralhas encontrava-se terminada; 1315 - conclusão da construção do paço dos alcaides, com um custo de 2000 libras; neste ano existia já um paço ao qual terão sido adicionadas outras parcelas para sua ampliação, por via de uma compra feita pelo rei de um terreno adjacente (Fonseca, 2000); 1367 - renovação da concessão da vila de Arraiolos a Rodrigo Afonso de Sousa, filho de D. Afonso Dinis (que era filho ilegítimo de D. Afonso III e a quem esta concessão tinha sido entregue primeiramente por D. Pedro I); 1371 - concessão de carta de privilégios, tal como perdão de dívidas e dispensa de obrigação de conceder aposentadoria, a quem habitasse a área intramuros de Arraiolos; esta iniciativa por parte de D. Fernando I foi depois confirmada por D. João II, D. Manuel e D. João III; 1377 - devido à morte sem deixar herdeiros de D. Rodrigo Afonso de Sousa, deu-se a concessão da vila a D. Álvaro Pires de Castro, irmão de Inês de Castro, conde de Viana e 1º condestável do reino, que ficou com o título de 1º conde de Arraiolos; 1379, 30 Dezembro - estadia do rei D. Fernando I em Arraiolos*2; 1384, 3 Maio - confiscação de Arraiolos ao conde D. Álvaro Pires de Castro por D. João I, sob acusação de um possível apoio que prestara a Castela durante a crise dinástica de 1383/85; este feito teria tido, no entanto, o objectivo de angariar terras com destino a recompensar os apoiantes do mestre de Avis (Paulo, 2007); 1384, 30 Agosto - concessão da vila a Fernão de Álvares Pereira, irmão de Nuno Álvares Pereira, em recompensa pelos serviços prestados; facto que no entanto, durou pouco tempo devido à morte no novo governador, em Vila Viçosa, às mãos dos castelhanos; 1384 - ocupação do castelo pelo exército castelhano comandado por Pero Roiz Sarmiento; 1386 - incêndio no castelo provocado pelos castelhanos, depois da tomada de Évora, no contexto da crise dinástica; 1387, 16 Dezembro - doação do condado de Arraiolos por D. João I a Nuno Álvares Pereira, 2º conde de Arraiolos, que aí habitou, pelo menos, entre 1415 e 1423, até à época em que se retirou para o Convento do Carmo, em Lisboa; 1422 - doação do condado por D. Nuno Álvares Pereira ao seu neto D. Fernando, futuro 2º duque de Bragança, juntamente com outras terras que lhe pertenciam; este ano, segundo o Rol de Besteiros do Conto, a Arraiolos cabiam 15 besteiros; 1451, 21 de Janeiro - passagem de D. Afonso V por Arraiolos; 1480 (cerca) - reestruturação arquitectónica do Paço; 1483, 7 Junho - nomeação de Pero Zuzarte (ou Jusarte), fidalgo ao serviço do duque de Bragança para o cargo de alcaide-mor, após a execução do duque D. Fernando II, acusado de oposição à política centralista de D. João II*3; mais tarde, o seu filho Garcia Zuzarte de Melo terá herdado também o mesmo território; 1492 - assalto à cidadela por parte dos Mendes de Vasconcelos*4; séc. 15 - obras de consolidação da torre de menagem por ordem de D. João II, como comprova o seu brasão de armas representado numa pedra em mármore previamente existente na mesma torre; 1496, 16 Agosto - confirmação por parte D. Manuel I da passagem do condado de Arraiolos para a posse de D. Jaime I, duque de Bragança, no contexto da reintegração na Casa de Bragança nos seus antigos bens; 1499, 22 Outubro - passagem de D. Manuel I por Arraiolos; 1511, 29 Março - nova carta de foral concedida por D. Manuel I; 1523 - já existia um relógio numa das torres da muralha, embora possa datar de anos anteriores (Fonseca, 2000); 1542 - reconhecimento do título de conde de Arraiolos a D. Teodósio I de Bragança por parte de D. João III; 1544 - revogação dos privilégios aos moradores do castelo, considerado já desnecessário, tendo em conta o crescimento dos arrabaldes; o despovoamento da área intra-muros deveu-se à sua reduzida área e melhor harmonização do arrabalde com a actividade agrícola e o transporte inter-regional (Paulo, 2007); 1573 - segundo o Livro de Lançamento das Sisas, dos 405 fogos sobre os quais recaíram os privilégios cedidos inicialmente por D. Fernando I, apenas 17 se encontravam na zona intramuros; 1579 - estadia do duque de Bragança, D. Teodósio II; 1599 - último ano em que fecharam regularmente as portas das muralhas todas as noites, embora muitos dos habitantes residissem já na encosta exterior; séc. 15 / 16 - obras de renovação com integração de novas dependências no paço e acrescentamento dos coruchéus cónicos na torre do relógio; 1613 - criação de uma sanção, pela vereação camarária, para quem arrancasse materiais de construção do castelo e antigo casario, que poderia ir de 500 réis a 10 dias de prisão; ausência de guarda no castelo; 1616, 10 Abril - proibição de manter bois e bestas dentro do recinto intramuros durante a noite, sob pena de sanção, uma vez que o pátio de armas do paço dos alcaides estava a ser utilizado como curral; 1640 - Restauração da Independência e nomeação de Pedro de Sousa de Brito como alcaide-mor, tendo o castelo recebido alguns privilégios militares; nesta época, vieram habitá-lo a marquesa de Montalvão, Francisca de Vilhena, aqui encarcerada por ter tomado o partido de Filipe IV de Espanha, enquanto o marquês, Jorge de Mascarenhas, vice-rei do Brasil, se encontrava nesse país; 1641, 6 Janeiro - pedido dos procuradores de Arraiolos ao rei para reparação das muralhas, castelo e barbacã para tornar o castelo habitável e para o dotar de equipamento bélico; 1641, 11 Maio - entrega da guarda da fortaleza a Custódio de Vilalobos de Almeida, capitão da ordenança; 1642, 20 Dezembro - sessão camarária pedindo a transferência do encarcerado mestre de campo Trigueiros, de origem castelhana, do castelo para a cadeia da vila, por aí encontrar maior segurança; 1643, 30 Dezembro - sessão da Câmara em que se decidiu fazer novas portas para o castelo e outras obras, com objectivo de o consolidar e tornar mais resistente; 1655 - a cerca e o castelo encontravam-se no seguinte estado de ruína: fortaleza e muros em parcial ruína, barbacã derrocada, torre de menagem muito danificada, paço dos alcaides inabitável, sendo a igreja do Salvador o único edifício situado intramuros; 1663, 13 Maio - a praça de Arraiolos prestou obediência a D. João da Áustria, na Venda do Duque, que se preparava para tomar Évora; 1664, 23 Agosto - autorização do rei D. Afonso VI para restauro e melhoramento do castelo, a ser pago pelo tributo do real de água; contudo, este foi aplicado no castelo de Évora e a obra em Arraiolos ficou por fazer; 1689 - abandono da fortificação e da sua área residencial até à actualidade; séc. 17 - prisão da marquesa de Montalvão por ter tido conhecimento da fuga dos seus filhos, D. Pedro e D. Jerónimo de Mascarenhas, para Castela; integração da vila na comarca de Vila Viçosa; 1755, 1 Novembro - danos estruturais provocados pelo terramoto com epicentro ao largo do Cabo de São Vicente, entrando a torre de menagem em perigo de desabamento; 1833 - enterramento das vítimas de cólera no pátio de armas; 1834, 26 Maio - passagem do duque da Terceira para aclamação da rainha D. Maria II; 1834, 27 Maio - chegada a Arraiolos do segundo exército do conde de Saldanha para ali permanecer quatro dias, esperando negociações entre D. Miguel e D. Pedro; 1834 - transferência do cemitério para o claustro do Convento de São Francisco, extinto pela Constituição deste ano; 1905, 9 Junho - visita do rei D. Carlos I a Arraiolos; 1934 / 1935 - alguns habitantes utilizavam pedras do castelo para construir as suas casa; 1936 - o castelo encontrava-se em risco de ruína; 1955 - os herdeiros a quem pertenceria o castelo eram António Joaquim Serrinha e Jacinto António Pontes; proposta por parte do Governo Civil Distrital de Évora ao Ministério das Obras Públicas para adaptação do castelo a pousada; 1992, 01 Junho - o imóvel foi afecto ao Instituto Português do Património Arquitectónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 2008, 11 Junho - publicado no DR nº133 o anúncio do Concurso Público de Ideias para a Requalificação do Castelo de Arraiolos, lançado pelo município; 2009 - previsão de obras de requalificação no recinto muralhado, com desenho de cafetaria, instalações sanitárias de apoio e uma estrutura de suporte a eventos culturais com capacidade com 400 lugares; fora do recinto, requalificação e/ou criação de percursos de acesso à Igreja do Salvador e do caminho de ronda e a definição de um recinto para 10 a 15 ovelhas com uma área de pastagem e com outra área para demonstração da tosquia da lã; Arq. Nuno Miguel Pedrosa foi eleito vencedor do concurso público de ideias para a requalificação do Castelo; projecto não realizado. |
Dados Técnicos
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Paredes portantes |
Materiais
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Alvenaria de pedra, silharia de granito da região nos cunhais e elementos de reforço; cimento. |
Bibliografia
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ALMEIDA, João - Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses. Lisboa: Edição de autor, 1948, X; BARROCA, Mário - "D. Dinis e a Arquitectura Militar Portuguesa", Revista da Faculdade de Letras, Porto: Universidade do Porto, nº15, 1998, pp 801-822; BORGES, José - Arraiolos revisitada a preto e branco. Lisboa: Livros Horizonte, 2005; CARREIRA, Maria Isabel - Subsídios para o estudo e evolução urbana da vila de Arraiolos, Tese de Mestrado em Recuperação do Património Arquitectónico e Paisagístico. Évora: Universidade de Évora, 1995; FONSECA, Jorge - Arquivo Histórico Municipal de Arraiolos. Arraiolos: Câmara Municipal de Arraiolos, 1999; FONSECA, Jorge - O Foral Manuelino de Arraiolos - Estudo e transcrição, Arraiolos. Arraiolos: Câmara Municipal de Arraiolos, 2000; LOPES, Bruno - O Castelo de Arraiolos. Apenas Livros: Lisboa, 2008; PAÇO, Afonso do - Castelo de Arraiolos. Évora: Junta Distrital de Évora, 1967; PAULO, Sandra, Arraiolos Medieval, Organização do Espaço e Estruturas Sociais, Dissertação de Mestrado em Estudos Históricos Europeus. Évora: Universidade de Évora, 2007; PEDREIRINHO, José Manuel - Dicionário dos Arquitectos Activos em Portugal do séc. I à actualidade. Porto: Edições Afrontamento, 1994; RIVARA, Joaquim - Memórias da Villa de Arrayollos. Arraiolos: Câmara Municipal de Arraiolos, 1983, vol. I e III; SILVA, António e PERDIGÃO, José - Contributo para a Carta Arqueológica de Arraiolos. Arraiolos: Câmara Municipal de Arraiolos, 1998; ZUQUETE, Afonso - Nobreza de Portugal e do Brasil. Lisboa: Representações Zairol, 1960-1989, vol. 2. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID |
Intervenção Realizada
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DGEMN: 1934 / 1935 - obras de consolidação e limpeza a nível do assentamento de cunhais em cantaria para a torre de menagem, reconstrução do pano de muralha e demolição de algumas áreas arruinadas; DGEMN: 1941 / 1942 / 1943 / 1944 / 1945 - obras de restauro do castelo a nível da reconstrução e consolidação de paredes de alvenaria, colocação de cantaria aparelhada, demolição de paredes em alvenaria argamassada, colocação de paramentos de cantaria na muralha e limpeza; DGEMN: 1942 - achados arqueológicos no decorrer do arranque de pedra ou de obras de restauro na área do castelo, tais como: pote de cerâmica, escada, depósito subterrâneo de 6m de lado na torre de menagem com espingardas, balas de chumbo, objectos de cerâmica e azulejos e um depósito de pedra com a configuração de um túnel com 6m de fundo e 4m de diâmetro; após estes achados, a obra foi suspensa; Governo Civil do Distrito de Évora: 1955, 8 de Fevereiro - proposta ao Ministério das Obras Públicas de aproveitamento do castelo para adaptação a pousada turística por parte do Governo Distrital de Évora; DGEMN: 1959 - entaipamento de uma cisterna; 1959 / 1960 / 1961 / 1963 - obras de restauro da torre de menagem a nível da reconstrução de uma escada em caracol, da construção da muralha em vários troços e da reconstrução de silhares em cunhais em granito, e da consolidação de troços de muralha com construção de elevações em alvenaria hidráulica e reconstrução de merlões; RTP: 1962 - trabalhadores da RTP encontraram objectos arqueológicos no deccorer de escavações para colocação de uma antena junto à igreja do Salvador; DGEMN: 1972 - iluminação do castelo; 1984 - continuação das obras precedentes e refechamento de uma fenda existente num pano de muralha, com início a 11 de Abril e conclusão a 5 de Junho; CMA: 1995 - aprovação do projecto Envolvente do Castelo de Arraiolos: Arranjo Paisagístico, com o objectivo de colocar vias pedonais de circulação na zona próxima das muralhas, valorização da zona da entrada, remodelação do miradouro da EN370, rectificação dos caminhos rodoviários, colocação de material de apoio e criação de parques de estacionamento. |
Observações
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Segundo Sandra Paulo (2007, p. 25), a altura da entrada para a torre NO. do pátio de armas demonstra que o solo estaria a um nível mais elevado. O bloco maciço existente na zona palaciana poderá ter constituído uma torre flanqueante de uma porta possivelmente existente na área destruída a E. do paço e a O. da torre de menagem. As duas reentrâncias existentes na face O. da torre semicircular da área palaciana aparentam demonstrar, em conjunto com o adarve da parede N. da dependência, que ali terá existido um corredor. Terá, provavelmente, existido uma dependência na área O. da habitação, no local que tem ligação para o pátio de armas e para a zona habitacional devido à natureza desses dois vãos que, sendo bastante amplos e tendo configuração de portas simples, não poderiam servir de ligação ao exterior de uma muralha. Não existem dados suficientes para considerar a inscrição medieval autêntica. *1 - segundo Cunha Rivara (cit. por Carreira, 1995), a possível carta de foral de 1290 pode ter sido confundida com uma carta de aforamento do reguengo de D. Dinis no termo de Arraiolos; *2 - na ocasião da estadia do rei em Arraiolos em 1379, este recebeu várias queixas dos habitantes acerca de vexações por parte do governador da vila, sobretudo ao nível da aposentadoria, o que levou o rei a escrever a Carta de Composição entre os seus moradores e D. Álvaro Pires de Castro, documento de compromisso a favor da população que o alcaide assinou; *3 - a concessão do título de alcaide-mor a Perdo Zuzarte foi feita em agradecimento da denúncia feita pelo fidalgo do duque, avisando a corte de propósitos infiéis por parte do seu amo; *4 - trágico episódio da morte do cavaleiro Diogo Gil Magro, que foi assassinado depois do assalto à cidadela pelos fidalgos de Évora da família Mendes de Vasconcelos. |
Autor e Data
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Manuel Branco e Castro Nunes 1994 / Margarida Contreiras 2012 |
Actualização
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