Estação Ferroviária de Pedras Salgadas

IPA.00027387
Portugal, Vila Real, Vila Pouca de Aguiar, Bornes de Aguiar
 
Estação ferroviária da Linha do Corgo, construída no início do séc. 20, que alcançou certa importância em resultado da povoação servir uma estância de águas mineromedicinais conhecidas entre as melhores do mundo, com um dos primeiros hotéis da península, de que subsiste atualmente o edifício de passageiros e as instalações sanitárias públicas. O edifício de passageiros de linhas depuradas, como é comum neste tipo de edifícios, valorizado pelos cunhais em silharia fendida e pelo jogo alternado de vãos em arco abatido e de volta perfeita, nos portais do corpo central, ambos com chave saliente, possui estrutura igual à Estação de Vila Pouca de Aguiar (v. IPA.00026186) e semelhante à Estação Ferroviária do Vidago (v. IPA.00027386) ou à Estação Ferroviária de Vila Real (v. IPA.00027082). Apresenta planta retangular, composta por três corpos, regularmente dispostos, o central de dois pisos, separados por friso e terminado em empena alteada, e os laterais de um, com as fachadas rasgadas regularmente por janelas de peitoril ou portais de verga abatida ou, no piso térreo do pano central, em arco de volta perfeita, possuindo na fachada que se virava ao cais de embarque marquise sobre falsas mísulas metálicas. As instalações sanitárias, construídas em 1934, dispostas paralelamente à linha, têm planta retangular simples, com as fachadas terminadas em friso, tendo vãos retangulares para arejamento nas fachada compridas, e nas de topo um ou dois portais de verga abatida, com modinatura igual ao edifício de passageiros. A ligação ferroviária era feita em via estreita.
Número IPA Antigo: PT011713030081
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Transportes  Apeadeiro / Estação  Estação ferroviária  

Descrição

Conjunto composto por edifício de passageiros (EP) e instalações sanitárias públicas (WC), sendo a paisagem ferroviária complementada por outros vestígios, como um depósito de água aéreo, plataforma de embarque e duas tomas de água. O EDIFÍCIO DE PASSAGEIROS tem planta retangular, composta por três corpos, dispostos paralelamente à linha, o central sensivelmente mais avançado, na frontaria, e de dois pisos e os laterais de apenas um. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas no corpo central, sobreposta por chaminé a sudoeste, e de duas nos laterais, rematadas em beirada simples. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por soco de cantaria e faixa em cimento encarapinhado, com cunhais em silharia fendida, e remates em friso de cantaria. As fachadas são rasgadas regularmente por vãos de verga abatida, com chave saliente, à exceção do piso térreo do corpo central, onde são em arco de volta perfeita, com fecho saliente, todos tendo caixilharia de duas folhas e bandeira. A fachada principal, virada a noroeste, e a posterior têm o corpo central terminado em empena aguda, na primeira rasgada por óculo circular, moldurado, com os pisos separados por friso, abrindo-se no primeiro três portais, e, no segundo, igual número de janelas de peitoril. Nos corpos laterais rasgam-se um portal e uma janela, na frontaria, e dois portais, na fachada posterior. As fachadas laterais terminam em empena, abrindo-se, no piso térreo da lateral direita, duas janelas de peitoril e, superiormente, óculo circular, com moldura formado quatro saliências, e, na lateral esquerda uma porta e uma janela, encimadas por três janelas quadrangulares de moldura simples; ao centro do primeiro e segundo piso do corpo central surge toponímia relevada. A fachada posterior, inicialmente virada à linha férrea, possui estrutura semelhante à principal, mas é percorrida, em toda a sua extensão, por marquise, com cobertura metálica, assente em oito longas mísulas de ferro; sobre a porta interior dos corpos laterais existe toponímia relevada. INTERIOR: o espaço estava dividido entre áreas de serviço no piso térreo e áreas de habitação no segundo piso, localizando-se as escadas no corpo lateral a sudoeste. As INSTALAÇÕES SANITÁRIAS, dispostas junto à fachada lateral esquerda, têm planta retangular, corpo único e cobertura em telhado de duas águas, rematada em beirada simples. Apresenta as fachadas rebocadas e pintadas de branco, com soco de cantaria, cunhais em silharia fendida e terminados friso de cantaria; nas fachadas viradas a nordeste e a sudoeste, terminadas em empena, abrem-se dois portais geminados ou um, respetivamente, de verga abatida e modinatura igual aos vãos do edifício de passageiros, e nas laterais dois amplos vãos retangulares, sob o remate, protegidos por reixas. A sudoeste do edifício de passageiros, implanta-se DEPÓSITO DE ÁGUA, circular, metálico, sobre estrutura, igualmente circular, mas em alvenaria rebocada e pintada de branco, com soco e remate em cantaria, possuindo a noroeste porta de arco abatido, moldurada.

Acessos

Bornes de Aguiar, EN 2; Rua Ernesto Paraíso; Linha do Corgo - Ponto quilométrico 61,268 (PK). WGS84 (graus decimais): lat.: 41,543464, long.: -7,602653

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado, a cerca de 200 metros do núcleo mais antigo da povoação e junto à estrada nacional. Implanta-se numa região muito fértil, e arborizada, com parques e edifícios de antigos hotéis, onde se destaca o Hotel Palace em Vidago (v. IPA.00005718). Entre o edifício de passageiros e o depósito de água, o pavimento encontra-se pavimentado a calçada à portuguesa, com representação estilizada de um comboio e a denominação da estação, e entre o edifício e as instalações sanitárias existe placa arrelvada e parque de estacionamento.

Descrição Complementar

No edifício de passageiros, as fachadas laterais e a posterior têm a toponímia da estação, relevada "PEDRAS SALGADAS". Nas instalações sanitárias surge a inscrição "SENHORAS", na fachada virada a nordeste, e "HOMENS" na virada a sudoeste. No depósito de água surge igualmente a toponímica da estação, pintada de branco sobre fundo preto.

Utilização Inicial

Transportes: estação ferroviária

Utilização Actual

Comercial e turística: estabelecimento de restauração

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Infraestruturas de Portugal (conforme do artigo 6º, nº 2 e 5, e artigo 11º, n.º 1, ambos do DL 91/2015, e com a regras definidas pelo regime jurídico do Domínio Público Ferroviário que constam do DL 276/2003)

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

1878 - sendo as estâncias termais das Pedras Salgadas e do Vidago muito frequentadas, contribuindo para o desenvolvimento económico dos concelhos de Vila Pouca de Aguiar e de Chaves, a Câmara Municipal de Vila Real solicita a construção da via-férrea que ligasse Régua a Chaves, passando por Vila Real; 1897, 04 abril - publicação em Diário do Governo da concessão da ligação ferroviária, de via estreita, entre a Régua, Vila Real e Chaves, a Alberto da Cunha Leão e António Júlio Pereira Cabral; o fundamento para o deferimento da petição reside no interesse turístico e comercial das termas de Pedras Salgadas e do Vidago; 1903, 18 fevereiro - decreto determina a construção da linha-férrea do Vale do Corgo; 24 agosto - com administração direta do Estado, dá-se início aos trabalhos de construção da linha, a qual se desenvolve entre Régua e Chaves, no vale profundo do rio Corgo, afluente do rio Douro e seguindo a sua margem direita, com via estreita (bitola métrica) e uma extensão total de 96 quilómetros; 1905, 13 setembro - portaria aprova o projeto do troço entre o Ribeiro de Varges e a estação de Pedras Salgadas; esta estação devia ser construída entre a Estrada Real e a estrada municipal, que dava acesso às termas; 1906, 01 abril - chega à estação de Vila Real a primeira locomotiva; 1907, 15 julho - inauguração do troço ferroviário entre Vila Real e Pedras Salgadas, tendo D. Carlos juntamente com outras entidades oficiais embarcado na Régua e seguindo até Vila Real; em Pedras Salgadas, o rei sai da carruagem e toma um "landó", que o conduz à estância termal; 1926 - a estação expede cerca de 40 toneladas em g.v. e 2.000 em p.v., sobretudo de águas minerais, recebendo 100 toneladas em g.v. e 1.940 em p.v., de mercadoria de praça e taras vazias; regula cerca de 11.500 passageiros, na sua maioria aquistas que aqui se deslocavam de todos os pontos do país; 1934 - construção das instalações sanitárias nas retretes da estação de Pedras Salgadas; 1990, 01 janeiro - encerramento do troço da linha férrea entre Vila Real e Chaves; 2009, 12 maio - encerramento do troço da linha férrea para realização de obras; 2010, julho - encerramento definitivo da linha do Corgo, pela Rede Ferroviária Nacional.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes autónomas.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; soco, cunhais, frisos e molduras dos vãos em cantaria de granito; faixa em cimento encarapinhado; portas, caixilharias e reixas de madeira; vidros simples; marquise e mísulas de sustentação em metal; depósito em metal; cobertura exterior em telha.

Bibliografia

AZEVEDO, Correia de - Vila Real de Trás-os-Montes. Porto: s.d.; BORGES, Júlio António - Monografia do Concelho de Vila Real. Vila Real: 2006; Monografia das Estações e esboço corográfico da Zona atravessada pelos caminhos de Ferro do Minho e Douro. Lisboa: 1926; «O que se fez nos Caminhos de Ferro de Portugal, em 1934» in Gazeta dos Caminhos de Ferro. 01 janeiro 1935, n.º 47 (1129), 27-29; SILVA, José Ribeiro, RIBEIRO, Manuel - Os Comboios em Portugal. Lisboa: TERRAMAR, 2008, vol. 1; SOUSA, José Fernando de - «A linha da Regoa a Chaves». In Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 setembro 1905, n.º 18, p. 273; TORRES, Carlos Manitto - «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário». In Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 fevereiro 1958, n.º 70, p. 93; TORRES, Carlos Manitto - «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário». In Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 março 1958, n.º 71, p. 134; «Troços de linhas férreas portuguesas abertas à exploração desde 1856, e a sua extensão». In Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 outubro 1956, n.º 69, p. 529.

Documentação Gráfica

Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt)

Documentação Fotográfica

DGPC: SIPA; Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt)

Documentação Administrativa

Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt); Câmara Municipal de Lisboa: Hemeroteca Digital

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

Armando Oliveira (no âmbito do Protocolo de colaboração DGPC / Infraestruturas de Portugal) / Paula Noé 2019

Actualização

 
 
 
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