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Paisagem Unidade de Paisagem
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Descrição
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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES ABIÓTICOS. ELEMENTOS GEOMORFOLÓGICOS. Relevo: O limite da Unidade está definido de acordo com o relevo (entre outras características), coincidindo muitas vezes com o sopé de alguns serros. Deste modo o relevo é praticamente plano, com altitudes muito próximas do nível do mar (inferiores a 50m em toda a Unidade). O relevo mais movimentado e com as cotas mais elevadas situa-se a N e NO da Unidade (município de Castro Marim), na envolvente E dos lugares de Monte Francisco e Junqueira, com elevações próximas dos 40m (Vértice geodésico Espigão com 47m, junto ao empreendimento Quinta do Vale Golf Club) e no lugar de Castro Marim, sobretudo o Castelo, a Igreja Paroquial de N. Sra. Mártires e Forte de S. Sebastião (Vértice Geodésico de Castro Marim - 44m). As cotas mais frequentes na unidade variam entre os 15 a 25m de altitude, localizando-se sobretudo no vale da ribeira do Beliche, envolvente de Castro Marim e da Via do Infante, sendo inferiores a 15m, nas áreas de sapal adjacentes à linha-férrea, na proximidade a Vila Real de Santo António e à Ponta da Areia. Salienta-se ainda o Vértice Geodésico do Farol de Vila Real de Santo António que no seu topo regista uma cota de 52m em relação ao nível médio das águas do oceano (ainda que a torre edificada tenha 46m de altura). Declives: Planície praticamente sem declives, exceptuando a envolvente E dos lugares de Monte Francisco e Junqueira e no lugar de Castro Marim (com valores máximos de 11 graus).
Exposição de vertentes: Devido aos baixos declives, a exposição de vertentes assume pouca relevância em praticamente toda a unidade. Geologia/Litologia: As formações mais antigas presentes na Unidade de Paisagem coincidem com as áreas de relevo mais movimentado, na envolvente dos lugares da Junqueira, Monte Francisco e no traçado da via do infante, incluindo o território onde se edificou a ponte internacional do Guadiana, correspondendo a formações sedimentares e metamórficas, como xistos argilosos, grauvaques (algumas vezes utilizadas para construção em tempos remotos) e arenitos do período do Devónico (409 MA) e Cabónico (363 MA) da Era do Paleozóico (Maciço Antigo). No lugar de Castro Marim e a NE de São Bartolomeu, encontram-se rochas eruptivas vulcânicas, como doleritos, datadas do Carbónico superior (~300 MA), tendo sido provavelmente ilhotas no meio do estuário do Guadiana, contíguas a manchas de formações sedimentares como os calcários, calcários dolomíticos e calcários margosos do Jurássico (208 MA a S do lugar de Castro Marim e a E de Três Azeitonas). Na envolvente E de São Bartolomeu encontram-se areias, calhaus rolados e arenitos pouco consolidados (formações sedimentares), datadas do Plio-Plistocénico (5 MA a 1,8 MA). Na restante área (correspondendo a cerca de 70% da Unidade) abundam as formações sedimentares do Holocénico (inferiores a 10 000 anos - mais recentes), sobretudo os aluviões nas áreas de sapal e salinas (vale das ribeiras do Beliche e Caroucha a N e nas áreas planas a jusante do esteiro da Carrasqueira e Ribeira Seco), incluindo a cidade de Vila Real de Santo António e as dunas e areias eólicas junto ao oceano (Ponta da Areia), a S de desta cidade (praia de Santo António) e foz do rio Guadiana (detritos que se foram depositando no troço final deste rio), dando origem a uma planície aluvial, sujeita a inundações, sulcada por esteiros sinuosos na embocadura de linhas de água de regime irregular originadas nos relevos circundantes. Solos: Os solos predominantes são os Solonchaks Gleizados (85 % da Unidade - associados a solos salinos e saturados com água) e Regossolos Êutricos (predominantemente arenosos apresentando alta erodibilidade) em Vila Real de Santo António e Ponta da Areia. CLIMATOLOGIA: clima mediterrânico com Verões quentes e secos e Invernos amenos, de curta duração. Insolação elevada (das mais elevadas do país com 3000 a 3100 horas anuais em Vila Real de Santo António e entre 2900 e 3000 h. em Castro Marim); Radiação Solar: varia entre 155-160 Kcal/cm2; Temperatura média anual entre 16 a 17,5º C e amplitudes térmicas reduzidas atenuadas pelo efeito moderador do oceano. A precipitação média anual é reduzida (das mais reduzidas do país), com apenas 400 a 500 mm em toda a Unidade, ainda que a distribuição da precipitação por ano seja diferenciada junto ao rio Guadiana (inferior a 50 dias, sendo o valor a par com outras regiões mais baixo de Portugal) e no resto da Unidade (entre 50 a 75 dias); o escoamento é também relativamente baixo (entre 50 a 100 mm). A geada tem pouca expressão com apenas 1 dia ou menos por ano (mais baixo do país a par com o Alentejo litoral). A humidade relativa média anual (medida às 9 horas) é de 71%.
HIDROGRAFIA: Destaca-se o rio Guadiana que atribui o seu nome a esta Unidade, caracterizando-se como o principal elemento físico na constituição desta Unidade de Paisagem. O rio Guadiana (escoamento N para S) é ainda o colector principal das principais ribeiras que atravessam a unidade (Ribeiras do Beliche, Caroucha, São Lourenço, Seco e o esteiro da Carrasqueira), de uma forma geral, no sentido O para E. Esta unidade é muito influenciada pelo estuário do Guadiana, onde grande parte do seu território é inundado na preia-mar de uma forma periódica, segundo um ciclo diário e lunar e que se caracteriza não só pela enorme riqueza biofísica e paisagística, desde sempre utilizado como um recurso fundamental ao Homem, como se deve ainda a própria génese desta Unidade, que ao longo dos anos foi desagregando e depositando materiais que a originaram e a modelaram, criando condições particulares para o estabelecimento singular de diversos géneros de plantas, aves, peixes, moluscos e crustáceos (servindo de alimento e predação a muitas outras espécies). CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES BIÓTICOS. Beneficiando da especificidade do estuário e de uma cadeia trófica em equilíbrio, os factores bióticos encontram um meio ideal para o seu desenvolvimento. FLORA: A unidade de paisagem tem como principais valores florísticos, uma vegetação marinha muito diversificada onde a vegetação de Sapal tem uma importante função, enquanto produtor primário. Cada uma das sub-áreas da Unidade apresenta um tipo diferente de vegetação adaptada às condições do meio, fazendo-se a transição do sapal para a zona seca de forma gradual. Nas zonas húmidas ribeirinhas de sapais e salgados, onde as marés e os níveis de salinidade são determinantes, verifica-se a predominância de espécies halófitas (adaptadas ao sal). No Sapal as espécies mais comuns são Spartina maritima (morraça que que suporta longos períodos de submersão). Em fundos mais elevados, a Spartina maritima aparece acompanhada por Arthrocnemum, só ou em associação com Atriplex portulacoides e Spartina versicolor. Consoante o solo se vai tornando menos encharcado e salino, as espécies anteriores vão sendo progressivamente substituídas por Arthrocnemum glaucum, Atriplex portulacoides, valverde-dos-sapais (Suaeda vera), Artemisia caerulescens e Inula crithmoides e, já na orla do sapal alto, Limoniastrum monopelatum formando densas moitas que na estação quente se cobrem de flores rosa-lilás e erva-de-orvalho (Mesembryanthemun nodiflorum), que adquire um tom avermelhado nos princípios da época seca. À medida que se avança para áreas que sofrem cada vez menos a imersão das marés, a composição florística modifica-se gradualmente. Nos Sapais secundários subsistem algumas semelhanças, diferindo principalmente nas espécies dominantes e na densidade de vegetação. Nestes, a espécies mais comuns são Frankenia laevis, Lolium rigidum, Centaurium tenuiflorum tenuiflorum, Spergularia salina e Mendicago nigra, espécies que são, na sua maioria, típicas de meios mais secos. São ainda de destacar pelo seu estatuto de conservação: Picris algarbiensis (endemismo lusitânico considerado vulnerável), Limonium diffusum (espécie ameaçada) e Beta macrocarpa (espécie vulnerável). Nos taludes de algumas salinas é de salientar a presença de Halopeplis amplexicaule, rara em Portugal, onde corre perigo de extinção. Destacam-se ainda a Picris willkommii (Endémica do SW da Península Ibérica, globalmente muito rara, surgindo a sul de Castro Marim); Melilotus segetalis subsp. Fallax (Endémico da metade sul de Portugal, ocorrendo apenas em estuários); Halopeplis amplexicaulis (Planta de distribuição mediterrânica, mas bastante rara em toda a Unidade); Armeria linkiana (Endémica do SW da Península Ibérica e globalmente escassa, ocorrendo nos sapais do Beliche-Caroucha); Frankenia boissieri (Endémica do SW da Península Ibérica, NO de África e Canárias, localizando-se no local da reserva); Cosentinia vellea (Planta de distribuição geográfica alargada ainda que sempre de uma forma fragmentada. Em Portugal é bastante rara, ocorrendo nos sapais do Beliche-Caroucha, com uma abundância muito baixa); Picris algarbiensis (Endémica do SW da Península Ibérica e surge tanto na reserva, como nos sapais do Beliche-Caroucha, numa encosta pedregosoa); Limonium sinuatum (Endémica da região mediterrânica, estando disseminada nos sapais do Beliche-Caroucha); Ulex australis subsp. Australis (endémico do SW da Península Ibérica, ocorrendo com frequência em afloramentos de arenito no interior da reserva); Limonium algarvense (Endémica do SW da Península Ibérica, Ilhas Baleares e N de África, aparecendo principalmente no sapal primário, mas sempre esporadicamente e em pouca quantidade); Spergularia tangerina (Habita solos salinos em sapais altos mais ou menos secundários). Nas áreas mais elevadas e de ocorrência seca, surge uma componente agrícola, associada ao cultivo de cereais (trigo, aveia e cevada), na sua maioria destinados à pastagem de gado bovino e ovino. Encontram-se também áreas de plantações de amendoeiras (Prunus dulcis), figueiras (Ficus moraceae), alfarrobeiras (Ceratonia siliqua), oliveiras (Olea europaea) e vinha (Vitis vinifera), em culturas extremas ou mistas, de distribuição geralmente regular e variando de pouco densa a densa e Montados (sobreiro - Quercus suber, azinheira - Quercus rotundifolia), ou pinhais (pinheiro bravo - Pinus pinaster, pinheiro manso - Pinus pinea). FAUNA: Os sapais da Unidade, sobretudo os que correspondem à reserva de Castro Marim e Vila Real de Santo António são reconhecidos pela sua importância para a reprodução de várias espécies de peixes e como local de migração, invernada e nidificação de numerosas espécies de avifauna, sendo uma das áreas de maior interesse ornitológico do nosso país, muitas das quais são protegidas por directivas comunitárias. PEIXES: salienta-se o robalo (Dicentrarchus labrax), a dourada (Sparus aurata), a tainha (Mugil cephalus), o sargo (Diplodus sargus), a enguia (Anguilla anguilla), o linguado (Solea senegalensis), o enxarroco (Halobatrachus didactylus) e o alcabroz (Gobius sp.). CRUSTÁCEOS: caranguejo furta-camisas (Pachygrapsus marmoratus) e cava-terra (Uca tangeri), o camarão-branco (Palaemon serratus) e o camarão de Monte Gordo (Penaeus Kerathurus), o lagostim-fantasma (Upogebia delfaura). MOLUSCOS: variedade apreciável de bivalves, sendo os mais frequentes: o berbigão (Cardium edule), a amêijoa branca (Spisula solida) e o lingueirão (Ensis siliqua). ANFÍBIOS: destacam-se sapo (Bufo bufo), rã verde (Rana perezi) e o tritão-de-ventre-laranja (Triturus boscai). RÉPTEIS: os mais comuns a osga (Tarentola mauritanica), a lagartixa-do-mato (Psammodromus algirus) e a cobra-rateira (Malpolon monspessulanus). AVIFAUNA: A grande maioria das aves que povoam a Unidade é aquática, predominando as espécies limícolas, aves que utilizam o seu bico comprido para procurar alimento na área de vasa. Destacam-se entre estas algumas residentes, como a cegonha branca (Ciconia ciconia), a garça-boieira (Bubulcus ibis), a garça-branca pequena (Egretta garzetta), o alfaiate (Recurvirostra avosetta), o borrelho-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus) e o perna-longa (Himantopus himantopus). Com a Primavera surgem as aves estivais para nidificação, como exemplo a andorinha-do-mar-anã (Sterna albifrons). Como espécies invernantes (de Outubro a Março), destaca-se a garça-real (Ardea cinerea), o flamingo comum (Phoenicopterus ruber), o galeirão-comum (Fulica atra), o maçarico-de-bico-direito (Limosa limosa), o perna-vermelho (Tringa totanus), o pilrito-pequeno (Calidris minuta) e o colhereiro (Platalea leucoropdia). Salietam-se ainda o pato real (Anas platyrhynchos), o pato trombeiro (Anas clypeata) e o arrabio (Anas acutae) que se alimentam também de insectos, caracóis, vermes e girinos ou outros pequenos vertebrados, utilizando simultaneamente a zona húmida e a zona seca. Nas áreas secas mais distantes do sapal (altitudes relativamente mais elevadas), diminui a diversidade de espécies, predominando as aves terrestres, destacando-se uma das raras colónias residentes conhecidas em Portugal de calhandrinha das marismas (Calandrella rufescens). Nas aves de rapina, salienta-se o peneireiro das torres (Falco naumanni), o peneireiro de dorso malhado (Falco tinnunculus), e os tartaranhões (Circus pygargus, Circus cyaneus e Circus aeruginosus). MAMÍFEROS: especial destaque, entre outros, para a presença da lontra (Lutra lutra), a raposa (Vulpes vulpes), o sacarrabos (Herpestes ichneumon), a doninha (Mustela nivalis), a geneta (Genetta genetta), a lebre (Lepus capensis), o coelho bravo (Oryctolagus cuniculus), o ouriço-cacheiro (Erinaceus europeus linnaeus) e o morcego (Pipistrellus pipistrellus scheber). |
Acessos
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Rodoviário: Via do Infante de Sagres (A22), IC27, EN125, EN122, EN511; Ferroviário: Linha do Algarve; Fluvial: Estação fluvial de Vila Real de Santo António |
Protecção
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Inclui parcialmente a RN - Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António (Decreto-Lei n.º 162/75, de 27 Março 1975 e Portaria n.º 337/78, de 24 Junho 1978 que regulamenta a Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António; rectificada pelas Portarias n.º 647/78 de 7 Novembro 1978, n.º 813/88 de 19 Dezembro 1988, n.º 490/90 de 30 de Junho e n.º 820/93 de 7 de Setembro) / RN2000 - Rede Natura 2000: inclui parcialmente o Sítio de Importância Comunitária da Ria Formosa/Castro Marim (Resolução do Conselho de Ministros n.º 142/97 de 28 de Agosto), Sítio de Importância Comunitária do Guadiana (Resolução do Conselho de Ministros n.º 142/97 de 28 de Agosto), inclui parcialmente a ZPE - Zona de Proteção Especial dos Sapais de Castro Marim (Decreto-Lei n.º 384-B/99 de 23 de Setembro) |
Enquadramento
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Situada na GUP Algarve, confina a N com a Unidade de Paisagem do Vale do Baixo Guadiana e Afluentes, a NO com Serras do Sul, a O com o Barrocal, a SO com a Ria Formosa a S com o Oceano Atlântico e a E com o Rio Guadiana e Espanha. Abrange os concelhos de Castro Marim e Vila Real de Santo António (raro exemplo em Portugal de uma unidade administrativa descontinua, a par com Montijo, Oliveira de Frades e Soure). |
Descrição Complementar
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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES ANTRÓPICOS. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO: Predominam as áreas de salinas e de sapais junto às principais linhas de água e nas cotas menos elevadas, correspondendo sensivelmente a cerca de 76% do território da Unidade. Nas cotas relativamente mais elevadas (40m de altitude), surgem alguns núcleos populacionais com tecido urbano contínuo (geralmente mais antigo) e descontínuo (na envolvente à classe de uso anterior e junto aos principais eixos viários). Destaca-se ainda a cidade de Vila Real de Santo António com uma assinalável área de tecido urbano contínuo, mas também descontínuo (para O, mais recente) e com uma área de indústria (e construção naval), comércio e equipamentos gerais relativamente comprida (de uma forma geral em declínio, junto ao Guadiana a E da cidade), bem como uma pequena bolsa de zona portuária (a NE da cidade). Nas áreas secas, ligeiramente mais elevadas e que não estão ocupadas por edificações, encontram-se sobretudo pomares, prados e pastagens naturais e áreas agrícolas (estas últimas mais frequentes a S da Unidade, na envolvente do tecido urbano descontínuo, junto à EN 125 e ferrovia). TIPO DE POVOAMENTO: Polinucleado. Dois núcleos urbanos principais que correspondem às sedes de concelho (Castro Marim e Vila Real de Santo António). Povoamento linear ao longo da EN 125 e Ferrovia (fazendo praticamente a ligação em tecido urbano descontinuo entre Vila Real de Santo António e Monte Gordo, este último fora da Unidade). Destaca-se ainda o empreendimento turístico Quinta do Vale, associado a um campo de golfe de 18 buracos que abrange uma área equivalente à sede de concelho onde está implantado (a NNO de Castro Marim), em fase de construção/consolidação e onde se prevê a construção de uma marina fluvial, moradias e apartamentos de luxo, lagos, clube, entre outros, à semelhança de empreendimentos já realizados na região do Algarve. DADOS DEMOGRÁFICOS: Em 2001 residiam por freguesia (população residente em valores absolutos): Vila Real de Santo António - 10542 e Castro Marim - 3047 habitantes (ambas sedes de concelho com o mesmo nome). Esta Unidade caracteriza-se por uma área de sapal e salinas com população praticamente nula, exemplo disso é a relativamente baixa densidade populacional da freguesia de Castro Marim com cerca de 38,5 hab/km2. No entanto, a S da Unidade este valor passa para uma densidade populacional bastante superior (de 1177,9 hab/km2) na freguesia de Vila real de Santo António (das densidade mais elevadas do Algarve ainda que este valor deverá ser ponderado, considerando a reduzida área da freguesia). PATRIMÓNIO CULTURAL: No concelho de Vila Real de Santo António destacam-se as construções pombalinas desta cidade, que foi planeada no final do séc. 18 (um caso por vontade política por Marquês de Pombal, ministro do rei D. José I), exemplo raro na génese das cidades em Portugal, como uma garantia de povoamento junto à fronteira com Espanha (v. PT050816020003), bem como o Farol da Vila Real de Santo António (v. PT050816020012), alguns edifícios da cidade como a estação ferroviária (v. PT050816020009), ou o mercado 1º de Maio (v. PT050816020016) e alguma arquitectura industrial associada às actividades da cidade como antigas fábricas de conservas (v. PT050816020036 ou v. PT050816020051) e estaleiros de construção naval ou o porto de pesca (v. PT050816020057). No concelho de Castro Marim evidencia-se nas altitudes mais elevadas o Castelo de Castro Marim (v. PT050804020001), a Igreja Matriz (v. PT050804020004) e o Forte de São Sebastião (v. PT050804020003) e nas altitudes mais baixas as Salinas, os Fornos de Telha e de Cal que atestam a especificidade da Unidade e a relação intensa entre a modelação da paisagem em função das suas componentes. Salienta-se ainda a existência da Estação Fronteiriça do Guadiana (v. PT050804020012), a Ponte Internacional (v. PT050804020007) ou o Consulado de Espanha (v. PT050816020033 - em Vila Real de Santo António), que atesta a divisão da geografia política e a proximidade da fronteira. ORGANIZAÇÃO SOCIAL E MODOS DE VIDA: A salicultura ocupa uma parte significativa da Unidade e atribui uma tipologia de paisagem específica (semelhante a um mosaico de talhões) graças à sua compartimentação. As salinas podem ser diferenciadas entre as salinas artesanais (de pequenos talhões) ou industriais (de grandes dimensões e com recurso a máquinas, sendo uma actividade, obviamente, mais recente), que deteve um grande peso na economia local (com um decréscimo acentuado a partir da década de 70, sendo abandonadas ou a convertidas para aquacultura, ainda que se pretenda revitalizar o sal produzido artesanalmente, por processos de certificação, graças à sua elevada qualidade - Sal Marinho). A agricultura ocupa igualmente uma parte importante da paisagem da Unidade, sendo mais frequente encontrar a policultura e sistemas culturais e parcelares complexos sobretudo de hortícolas, típico de uma agricultura tradicional de subsistência e de mão-de-obra familiar. São ainda comuns os pomares (alfarrobeira, amendoeiras e oliveiras) e vinhas. Pecuária, presente um pouco por toda a Unidade, sobretudo de bovinos e rebanhos de caprinos/ovinos. Silvicultura, com alguma expressão evidenciando-se sobretudo os pinhais e o montado. O turismo sobretudo balnear (a partir da década de 60), de grande importância económica na Unidade e região do Algarve e mais recentemente também o turismo de natureza e ainda a procura e edificação de campos de Golf, geralmente associados a resorts de luxo. No entanto, subsiste alguma sazonalidade no emprego associado ao turismo. São ainda de referir as actividades ligadas ao comércio e serviços, sobretudo nas sedes de concelho e alguns edifícios fabris, ligados à indústria de conservas e construção naval (em Vila Real de Santo António). A aquacultura e pesca são também actividades presentes na Unidade. É frequente a disseminação de população flutuante e visitantes provenientes dos dois lados da fronteira. SISTEMA DE VISTAS: Destaca-se a frente ribeirinha do rio Guadiana, os esteiros e ribeiras que nele desaguam, a morfologia pouco movimentada ocupada sobretudo por áreas de sapal. A compartimentação da paisagem reticular originada pelo misto de salinas, planos de água e aquacultura é um factor preponderante e particular na unidade, com a presença de inúmeras aves, que povoam a unidade para a procura de alimento e nidificação. A agricultura, pecuária (pastagens) e silvicultura estão presentes um pouco por toda a Unidade, especialmente nas áreas mais secas e relativamente afastadas do sapal. A paisagem é ainda marcada por um sistema predominantemente polinucleado com especial destaque para Vila Real de Santo António (com o farol e o traçado ortogonal da cidade) e Castro Marim (onde se evidencia o Castelo e o Forte de São Sebastião). A Ponte Internacional do Guadiana sobressai na paisagem, sendo visível em praticamente todos os pontos dentro da Unidade, bem como as construções associadas ao turismo balnear em Monte Gordo (fora da Unidade). Na metade S da unidade, sobressai a frente oceânica e as praias em costa arenosa, o estuário e a foz do Guadiana, as construções associadas à indústria (em declínio) de conservas e construção naval, bem como a presença de alguns barcos de pesca. A Ferrovia é um elemento linear que se encontra presente na parte S da Unidade. Na envolvente à Ponte Internacional o relevo é relativamente movimentado e com um substrato geológico mais antigo, onde se tem encetado a edificação de habitações de luxo (de segunda residência) associado ao Golf. Na metade N da Unidade, verificam-se algumas quintas associadas sobretudo à agricultura, pecuária e silvicultura, mantendo ainda algumas características mais naturalizadas. PERCEPÇÃO DA PAISAGEM: O rio Guadiana e o seu estuário são os elementos preponderantes na paisagem, associada à bacia quaternária de relevo plano, onde se estabeleceram diversos talhões de salinas (procurados por diversas espécies de fauna). O clima quente e seco com poucos dias de nebulosidade e precipitação, associado à proximidade às praias de costa arenosa, atribui-lhe um carácter de lazer, muito característico desta região de Portugal. É uma paisagem relativamente bem preservada (quando comparada com a restante região do litoral algarvio), onde muitas vezes a vivência urbana e turística está inserida num meio algo tradicional e próximo a um espaço semi-natural (estuário), em algumas ocasiões incompreendido e desprezado. Importa referir que esta área é bastante sensível do ponto de vista ecológico, encontrando-se os factores bióticos, abióticos e antrópicos de certa forma em equilíbrio. O rio Guadiana ao longo dos anos tem modelado e é influenciado pelo relevo, desagregando diversos materiais a montante e que são aqui depositados (especialmente na correspondência às áreas de aluvião e dunas). A água doce mistura-se com as águas do oceano, tornando numa área singular para o estabelecimento de diversas espécies de flora e fauna (factores preferenciais para a atracção ou associação de outras espécies). A presença do Homem na compartimentação da paisagem para o estabelecimento de salinas tradicionais (originalmente sapal) e produção agrícola, a par com a presença de água e de alimento, tem também criado condições para determinadas espécies (sobretudo aves) que procuram este local como habitat. As actividades económicas presentes nesta Unidade são bastante dependentes deste equilíbrio quer na componente agrícola, piscícola, extracção de inertes, pecuária e turismo balnear e de natureza. O rio Guadiana é ainda uma barreira natural que delimita as fronteiras internacionais quer de Espanha, quer de Portugal. |
Utilização Inicial
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Não aplicável |
Utilização Actual
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Não aplicável |
Propriedade
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Não aplicável |
Afectação
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Não aplicável |
Época Construção
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Não aplicável |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Não aplicável. |
Cronologia
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Neolítico - Ocupação habitacional de cerca de seis mil anos (achados em aproximadamente 50 sítios arqueológicos datados do Neolítico e Calcolítico). Séc. 8 A.C. - Possível presença do povo Cónio (ou Cinetes - margem ocidental do Guadiana) e proximidade do povo Turdetano (margem oriental do rio - Espanha); Vestígios arqueológicos que testemunham a existência de uma civilização detentora de uma escrita própria (escrita do Sudoeste). Séc. 8 ao séc. 3 a.C. - Castro (que deu nome a Castro Marim); As margens do Guadiana foram sucessivamente marcadas pela presença de povos de regiões do Mediterrâneo (Norte de Africa e Mediterrâneo oriental, como os fenícios, gregos, cartagineses, que estabeleceram entrepostos comerciais e que utilizavam o rio Guadiana como via de penetração no sudoeste da Península para o transporte de mercadorias como os minérios, o trigo, o couro, o mel, azeite, sal ou pescado). Vestígios da existência das salinas de Castro Marim, talhadas sobre terrenos de sapal, época em que é introduzida na região a técnica da salga de peixe para conserva; Forte abalo sísmico que destrói algumas edificações na actual localização do castelo de Castro Marim. Séc. 3 A.C. - Invasão romana da Península Ibérica (Segunda Guerra Púnica); Fundação de várias cidades na Península Ibérica; Calçadas romanas e indústria da olaria, tecelagem, minas, pedreiras, que desenvolveram o comércio; Influência romana na religião e manifestações artísticas; Divisão provincial romana - Hispânia Ulterior - província romana da Lusitânia com capital em Emerita Augusta, actual Mérida; proximidade da fronteira com a província romana Baetica com capital em Córdoba [divisão entre Lusitania e Baetica realizada pelo uádi (rio) Anas/Annas - actual rio Guadiana]; Densificação dos assentamentos rurais dispersos e estabelecimentos industriais extractivos, oleiros e agro-marítimos junto ao estuário (povoamento linear costeiro); Provável existência de Villae estuarinas, com estruturas portuárias próprias edificadas no contexto de inundações periódicas; provável utilização de diques; exploração de matérias-primas minerais a montante (maciços geológicos mais antigos), dependente da acessibilidade fluvial (10 vezes mais barato que pela via terrestre); manufacturas industriais (salga do peixe, fornos de cal, olarias - produção de ânforas). Sec. 5 a 8 - Presença dos Bárbaros (Após a queda do império romano do ocidente); 409 - Vandalos e Analos na Lusitânia; 415 - Os Visigodos (e os Suevos no N de Portugal) absorveram a cultura e línguas romanas. Séc. 8 ao Séc. 13 - Presença islâmica do então chamado Al Garb al Andaluz; cultura, artes e ciências muito marcados neste período (introduzem utensílios e práticas agrárias, dispositivos de utilizar a água, nomes de pesos e medidas, aprestos de embarcações, construção de casas e organização da sociedade, entre outros); Introduzem limoeiro, a laranjeira, provavelmente o arroz, desenvolvem a cultura da oliveira e a difusão da alfarrobeira; espalham a religião al-Islam (Islão) e a língua árabe (660 vocábulos árabes, que constituem a maior contribuição não românica); influência de topónimos e nomes próprios, grande dinamização de lugares e edificação de povoados; contacto estreito com o N de África. 756 a 929 - Emirado independente (Abderramão I - primeiro emir de Córdova 756-788; Abderramão III - oitavo emir de Córdova 912-929 e primeiro califa Al-Andaluz); 929 a 1031 - Califado (Califado de Córdova - 9 califas); 1031 - Fragmentação em múltiplos reinos conhecidos como Taifas; Taifa de Huelva; 1069 - Taifa de Sevilha (múltiplas pequenas Taifas integradas). Séc. 12 (1189) - Primeira conquista cristã (D. Sancho I); Presença durante 2 anos; Séc. 13 - conquista do Algarve aos mouros; Silves é a capital do Algarve, sendo nomeado um Bispo; As comunidades muçulmanas continuam porém fixadas no Algarve; Mourarias localizadas no extra-muros. 1242 - Castro Marim foi conquistada aos mouros por D. Paio Peres Correia (mestre da Ordem de Santiago), tendo recebido foral em 1277 (por D. Afonso III, com grandes privilégios para atrair população, erguendo, sobre as fortificações pré-existentes, o Castelo); A maior parte da população vivia da terra, mas a posição estratégica de Castro Marim retirava do mar e do rio, através da pesca, outros produtos importantes para a economia da região. Séc. 14 - 1319 - Derivada à sua importância geográfica, Castro Marim acolhe por bula decretada pelo Papa João XXII, a primeira sede da recém-criada, Ordem de Cristo (1319 a 1356). Séc. 15 - Infante D. Henrique impulsiona activamente a participação das gentes nas viagens marítimas dos descobrimentos portugueses; O incremento das campanhas ultramarinas, a região, especialmente Castro Marim, ganha novo impulso, tornando-se esta vila um ponto estratégico para a conquista ultramarina; 1420 - O infante é nomeado governador da ordem de Cristo, tendo tido residência no Castelo de Castro Marim. Séc. 16 - Dada a sua proximidade com Marrocos, Castro Marim passa a ter um papel fundamental na luta contra a pirataria muçulmana, tornando-se a principal praça de guerra do Algarve, após as obras de restauro que D. Manuel I mandou fazer ao castelo em 1509; a vila torna-se num importante ponto de segurança, porto piscatório e comercial; 1513 - existência de uma pequena povoação de pescadores, designada Santo António de Arenilha, parcialmente abandonada. 1577 - Faro é a sede do assento episcopal. Séc. 17 - D. João IV (1640 - 1656) decide mandar restaurar o Castelo de Castro Marim e fazer novas obras de fortificação, construindo o Forte de S. Sebastião, destinado a comandar a travessia e a navegação no Guadiana. Séc. 18 - Terramoto de 1755 (destrói parte dos edifícios da Unidade, sobretudo na vila de Castro Marim); A partir deste momento, a vila cresce no extra-muros; Vila Real de Santo António é fundada em 1774 (no reinado de D. José I - 1750 a 1777), por vontade expressa do Marquês de Pombal, perto da foz do Guadiana (aproveitando os abundantes recursos piscatórios e evitando o domínio espanhol). A cidade constitui um testemunho histórico importante devido ao facto de ter sido construída de raiz em apenas dois anos, segundo o padrão iluminista, caracterizado pela planimetria e volumetria; Castro Marim perde a sua importância de outrora; Faro é o principal centro urbano da região. Séc. 19 - Extinção das ordens religiosas; desenvolvimento económico relacionado com a actividade piscatória; Prosperidade para Vila Real de Santo António (importante centro conserveiro e porto disputado pelos navios que carregavam minério proveniente das minas de São Domingos); 1886 - Iluminação a gás de Vila Real de Santo António (primeira localidade do Algarve); 1889 - inauguração do caminho de ferro do Algarve (estação de Vila Real de Santo António inaugurada em 1906). Séc. 20 - Inauguração do troço da linha férrea entre Tavira e Vila Real de Santo António; 1945 - Edificação da actual estação de caminho de ferro; inicio da década de 60 - Início da explosão do fenómeno do turismo no Algarve; 1965 - Construção do aeroporto de Faro; 1978 - Reserva Natural do Sapal de castro Marim e Vila Real de Santo António; década de 80 - Grande surto urbanístico; 1986 - Vila Real de Santo António é elevada a cidade; 1991 - Construção da ponte internacional sobre o rio Guadiana; Gradual importância do sector terciário na economia da Unidade. |
Dados Técnicos
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Não aplicável |
Materiais
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Inertes: Dunas, Areias, Arenitos, Xistos, Grauvaques, Calcários, Doleritos. |
Bibliografia
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AAVV, Contributos para a Identificação e Caracterização da paisagem em Portugal Continental, vol. 5, Lisboa, 2004, DGOTDU. BEJA, PEDRO - Plano de Ordenamento da Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António, da Mata de Monte Gordo e dos Sapais do Beliche-Caroucha, ERENA Ordenamento e Gestão de Recursos Naturais, Lda, 2007. ICN, Plano Sectorial da Rede Natura 2000, ICN, 2006. ODUM, E. P., Fundamentos de Ecologia, Fundação C. Gulbenkian, Lisboa, 2001. RIBEIRO, ORLANDO, Portugal. O Mediterrâneo e o Atlântico, Lisboa: Livraria Sá da Costa, 1986. RIBEIRO, ORLANDO - A Formação de Portugal, ICALP, Ministério da Educação, Lisboa,1987. ROGADO, LEONOR - Peixes do Parque Natural do Vale do Guadiana, Parque Natural do Vale do Guadiana, ICN, S/data. WRL: CMCM (www.cm-castromarim.pt), CMVRSA (www.cm-vrsa.pt), ICNB (www.icnb.pt), IHRU (www.monumentos.pt), INAG (www.inag.pt), Reserva Natural do Sapal de CM e VRSA (www.mctes.pt). |
Documentação Gráfica
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IHRU: SIPA; IA; ICNB; DGOTDU; IGP; IgeoE; EP |
Documentação Fotográfica
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IHRU: SIPA |
Documentação Administrativa
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IHRU: SIPA |
Intervenção Realizada
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Não aplicável |
Observações
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Segundo Prichard (in Odum E., 1997), "um estuário é uma massa de água costeira semi-cercada que tem uma ligação livre com o mar; deste modo, é fortemente influenciada pela acção das marés, e no seu interior, a água do mar mistura-se...Os estuários podem ser considerados como zonas de transição ou ecotonos entre habitats de água doce e marinho, embora muitas das suas mais importantes características físicas e biológicas não sejam de transição, mas sim específicas.".
Odum refere que "a variabilidade é uma característica fundamental, e os organismos que vivem nesse habitat necessitam de possuir grandes tolerâncias. Enquanto que as condições físicas nos estuários são frequentemente extremas, e a diversidade em espécies correspondentemente baixa, as condições alimentares são tão favoráveis que é uma região cheia de vida."..."O estuário consegue um bom equilíbrio entre as componentes física e biótica e, a partir daí, uma elevada taxa de produtividade biológica". INSTRUMENTOS LEGAIS DE GESTÃO DO TERRITÓRIO: Plano de Ordenamento de Áreas Protegidas (RCM n.º 181/2008, de 24 de Novembro); Plano de Ordenamento da Orla Costeira Vilamoura-Vila Real de Santo António (RCM n.º 103/2005 de 27 de Julho); Plano de Bacia Hidrográfica do Guadiana (Decreto Regulamentar n.º 16/2001 de 22 de Junho); Plano de Ordenamento da RNSCMVRSA (RCM n.º 181/2008 de 24 de Novembro); Plano Sectorial da Rede Natura 2000 - Sítio da Ria Formosa/Castro Marim (RCM n.º 142/97 de 28 de Agosto); Plano Regional De Ordenamento Florestal do Algarve (DR nº 17/2006 de 20 de Outubro); PROT-Algarve (RCM n.º 102/2007 de 3 de Agosto - em revisão; RCM n.º 188/2007 de 28 de Dezembro - Alteração); Plano Director Municipal de Castro Marim (RCM nº 56/94 de 27 de Junho; aviso n.º 3048/2009 de 4 de Fevereiro - Alteração por adaptação); Plano Director Municipal de Vila Real de Santo António (PORT n.º 347/92 de 16 de Abril - 1ª publicação; aviso n.º 11231/2009 de 22 de Junho - 7ª alteração). |
Autor e Data
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Luís Marques 2009 |
Actualização
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