Conjunto Habitacional da Rua das Mães d'Água

IPA.00028223
Portugal, Lisboa, Amadora, Alfragide
 
Conjunto arquitetónico residencial multifamiliar. Habitação económica de promoção pública estatal (FFH), construída no âmbito do Plano Integrado do Zambujal. Conjunto de grande dimensão composto por edifícios multifamiliares em banda de cinco pisos (matriz C), com fogos T2, T3, T6, e comércio no piso térreo, formando quarteirões abertos.
Número IPA Antigo: PT031115030031
 
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Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício  Residencial multifamiliar  Habitação económica  Promoção pública estatal (FFH)  Plano Integrado do Zambujal (PIZ)

Descrição

Conjunto residencial constituído por 34 edifícios organizados em quatro bandas contínuas, formando traçado linear de média densidade. Núcleo correspondente ao percurso estruturante no contexto do PIZ, destacado pela existência do alinhamento de respiradouros e claraboias que assinalam a presença do Aqueduto das Francesas, optando-se pela criação de uma rua cujo eixo coincide com o aqueduto e em que os respiradouros obtêm o valor de "objetos urbanos" fundamentais para a memorização do local. A arquitetura dos edifícios que ladeiam o espaço assim formado tenta realçar a presença dos respiradouros que assumem ainda o papel de "marcas" na paisagem urbana, por definirem a nascença de percursos pedonais secundários perpendiculares ao percurso principal. Esse papel é realçado através da programação dos espaços exteriores e do primeiro piso dos edifícios que, nos pontos de encontro desses percursos, é constituído por galerias e lojas. No tratamento da rua interior de peões procurou-se compatibilizar dois tipos de utilização - a "rua-passagem" e as zonas de convívio - através da diferença de texturas dos pavimentos e do ritmo de implantação das caixas de plantação e das espécies arbóreas utilizadas. A permanência e utilização das zonas de estar é assegurada através da existência de caldeiras sobre-elevadas/bancos, equipamento infantil diverso e bebedouros. Paralelamente à rua principal desenvolvem-se as ruas de acesso automóvel, em que os espaços exteriores assumem principalmente as funções de circulação e de acesso aos edifícios. No plano original, do lado poente estava prevista uma faixa para plantação de árvores e arbustos destinada à proteção contra a excessiva radiação solar no verão. A via principal encontra-se ladeada pelas quatro bandas de edifícios, a NO. duas bandas de 7 e 12 edifícios e a SE. duas bandas de 8 e 7 edifícios. A construção foi efetuada por fases: 1ª fase - lotes 3, 4, 5, 6, 7 e 9; 2ª fase - lotes 16, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25 e 27; 3ª fase - lotes 8, 10, 11, 12, 13, 14, 15 e 17; 4ª fase - lotes 26, 28, 29, 30, 31, 32, 34, 36 e 38; 5ª fase - lote 2. Dos 34 edifícios deste núcleo fazem parte 322 fogos e 31 frações não habitacionais distribuídas do seguinte modo: Lotes 3, 4, 5, 6, 7, 9, 12, 15, 22, 24, 25, 26, 27, 29 e 31 (2 T2 e 8 T4); lotes 2, 8, 10, 11, 13, 14, 16, 17, 18, 19, 20, 21 e 23 com nove fogos (1 T2 e 8 T4) e uma loja no piso térreo; lote 28 com nove fogos (1 T5 e 8 T4) e uma loja (em semi-cave com acesso pelo tardoz); lote 30 com nove fogos (T4) e três lojas; lote 32 com nove fogos (T4) e duas lojas; lotes 34, 36 e 38 com nove fogos (T4) e quatro lojas (duas em semi-cave com acesso pelo tardoz e duas no piso térreo com acesso pela fachada principal). As semi-caves têm origem na diferença de nível entre a Rua das Mães d'Água e a Estrada do Zambujal. Nas fachadas principais, viradas para a Rua das Mães d'Água, predomina a parede lisa onde os vãos se apresentam aos pares alternando entre janelas e varandas. As fachadas a tardoz apresentam dois planos, em que o das varandas das cozinhas se salienta, alternando entre a grelhagem no alinhamento das cozinhas e a sequência de janelas; a zona do estendal exterior apresenta grelhas vazadas em betão armado. Em ambas as fachadas existem pormenores em betão descofrado pintado dando ênfase a algumas zonas dos vãos. As empenas dos lotes 2 e 3 são cegas, as dos lotes 14, 16, 17, 19, 31 e 38 apresentam dois vãos por piso, correspondendo às casas de banho. Encontra-se fixada nas paredes parte da iluminação exterior pública. As coberturas são de duas águas com chaminés de ventilação na prumada das casas de banho e chaminés para extração de fumos e ventilação nas prumadas das cozinhas (um total de quatro chaminés por lote). O acesso ao interior dos edifícios faz-se através de duas portas, uma na fachada principal, raramente utilizada, e outra a tardoz, acesso preferencial dos habitantes. Através da escada interior tem-se acesso às várias frações. As frações habitacionais de tipologia T4 apresentam vestíbulo de planta retangular dando acesso à sala, cozinha e zona de quartos. Tanto a sala de estar como a cozinha (que possui despensa) acedem diretamente à sala de refeições, dando esta acesso, por sua vez, à zona de tratamento de roupa. Por este espaço tem-se ainda acesso à zona exterior de estendal. Três dos quartos estão virados para a fachada principal estando um virado a tardoz, dando também acesso à zona exterior de estendal. O fogo apresenta ainda duas casas de banho.

Acessos

Rua das Mães d'Água

Protecção

Incluído na Zona Especial de Proteção do Aqueduto das Francesas (v. IPA.00027746)

Enquadramento

Periurbano, integrado na malha urbana, rodeado por zona predominantemente residencial de habitação económica (estatal, camarária e cooperativas particulares). Encontra-se delimitado a N. pelo IC19, a E. pela Rua do Cerrado do Zambujeiro, a S. pela Rua do Restolho e a O. pela Estrada do Zambujal e pela Rua das Gaias. A N. encontra-se o aglomerado da Buraca, a E. o núcleo de habitação económica do Alto do Zambujal (v. PT031115030033) a S. e a O. vários edifícios de habitação e serviços.

Descrição Complementar

Os fogos de tipologia T4 são constituídos por um vestíbulo de grandes dimensões, quatro quartos, todos com acesso independente: três virados para o alçado principal e um virado a tardoz, duas casas de banho (uma com lavatório, sanita e banheira e outra com lavatório, sanita e bidé), uma sala de estar, virada a tardoz e uma cozinha, também virada a tardoz, subdividida em cinco espaços contíguos: zona de preparação de alimentos com ligação à despensa, zona de refeições e zona de tratamento de roupas com acesso à zona de estendal.

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Privada: Igreja Católica / Privada: pessoas singulares / Pública: estatal de administração indireta

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Helder de Almeida; CONSTRUTOR (arruamentos e esgotos): CDL, Tomás Oliveira (1976/1978); (edifícios: 1.ª fase - 60 fogos) Intercal - Companhia Nacional de Construções, SARL (1975/1976); (edifícios: 2.ª fase - 92 fogos e 6 lojas) ICESA/Engenheiro Ilídio Monteiro (1976/1977); (edifícios: 3.ª fase - 74 fogos e 6 lojas) GC, Gestão e Coordenação, SARL (1976); (edifícios: 4.ª fase - 78 fogos e 18 lojas e 5.ª fase - 9 fogos e 1 loja); Geobra, Gabinete de Estudos de Decoração e Obras, SARL (1977/1978); EQUIPA PROJETISTA (arruamentos e esgotos, espaços exteriores e edifícios): Grupo de Trabalho do Zambujal (1976); ESTUDO DE COR: José Aguiar e João Pernão (2009).

Cronologia

1969, 28 maio - criação do Fundo de Fomento da Habitação (FFH), contribuindo para a resolução do problema habitacional dos indivíduos não beneficiados pelas Caixas de Previdência ou outras instituições semelhantes, e face à crescente afluência de população migrante a viver em aglomerações de construções precárias; 1972, 9 outubro - aprovação do anteplano do Zambujal pelo Secretário de Estado da Habitação e Urbanismo com base no parecer favorável da então Direção Geral dos Serviços de Urbanização (DGSU); 1973, 1 março - celebração do contrato entre o FFH, a Câmara Municipal de Oeiras, o proprietário Joaquim Peña Mechó, o Instituto da Família e Ação Social e a firma Habitat que dá origem ao Plano Integrado do Zambujal (PIZ); finais - constituição de uma equipa pluridisciplinar que reformula o anterior Anteplano; 1974, 22 julho - lançamento da Declaração de Expropriação Sistemática dos terrenos para a concretização do plano pela Presidência do Conselho de Ministros; 8 novembro - declaração de Utilidade Pública, dando origem aos processos de expropriação dos terrenos necessários à execução do Plano; 1975, abril - Empreitada n.º 2/75, construção de 60 fogos (lotes 3, 4, 5, 6, 7 e 9), contrato n.º 83 de 17 de abril de 1975, visado pelo Tribunal de Contas em 22 de abril de 1975 (1.ª fase); julho - Empreitada n.º 8/75, construção de 74 fogos e 6 lojas (lotes 8, 10, 11, 12, 13, 14, 15 e 17), contrato n.º 98 de 31 de julho de 1975, visado pelo Tribunal de Contas em 2 de agosto de 1975 (2.ª fase); 1976, janeiro - Empreitada n.º 4/75, construção de 92 fogos e 6 lojas (lotes 16, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25 e 27), contrato nº 88 de 9 de janeiro de 1976, visado pelo Tribunal de Contas em 15 de janeiro de 1976 (3ª fase); novembro - Empreitada nº 2/76, construção de 78 fogos e 18 lojas (lotes 26, 28, 29, 30, 31, 32, 34, 36 e 38), contrato nº 166 de 2 de novembro de 1976, visado pelo Tribunal de Contas em 3 de novembro de 1976; 1978, março - Empreitada nº 5/77, construção de 9 fogos e 1 loja (lote 2), contrato nº 274 de 2 de março de 1978, visado em 8 de março de 1978; meados - início da execução das obras de construção civil referentes ao tratamento dos troços iniciais da rua central de peões; 1979, 11 setembro - criação do município da Amadora, passando o PIZ a fazer parte desta autarquia (desde 1916 pertencia ao município de Oeiras); 1982, 10 maio - data da ocupação do primeiro fogo; 29 maio - extinção do FFH; processo prolonga-se até 1987, período durante o qual a gestão do conjunto está a cargo da Comissão Liquidatária do Fundo de Fomento da Habitação; 1985, 17 janeiro - proposta de alienação de frações; julho - existiam 87 fogos por ocupar; 1987, 21 janeiro - existiam 8 fogos por ocupar; 26 fevereiro - criação do Instituto de Gestão e Alienação do Património Habitacional do Estado (IGAPHE); a propriedade do bairro é transferida para este instituto sendo gerido pela Direção de Gestão Habitacional do Sul, com sede em Évora; 2002, 5 novembro - fusão do IGAPHE com o Instituto Nacional da Habitação (INH); 2007, julho - com a criação do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), a propriedade do bairro passa para este novo organismo; 2008, 30 abril - protocolo de parceria para o estabelecimento de um programa de reabilitação e desenvolvimento integrado na zona do Plano Integrado do Zambujal, Amadora "Zambujal Melhora", entre a CMA e o IHRU; 22 julho - Protocolo de financiamento "Política de Cidades - Parcerias para a Regeneração Urbana", entre a Autoridade de Gestão PORLISBOA, o Município da Amadora, o IHRU e a Escola Intercultural das Profissões e do Desporto da Amadora; 2009, fevereiro - elaboração da Carta de Risco do conjunto pelo IHRU / SIPA; 14 março - início do levantamento para atualização dos dados dos arrendatários que residem na Rua das Mães d'Água.

Dados Técnicos

Estrutura de betão armado em pórtico com lajes em betão pré-esforçado. Paredes em alvenaria de tijolo.

Materiais

Acessos exteriores pedonais pavimentados com blocos de cimento de encaixe (tipo "pavet") nas cores branco e encarnado. Exterior dos edifícios: reboco hidrofugado pintado a branco; pormenores em betão descofrado pintado na cor branca no remate das chaminés, na estrutura porticada ao nível do piso térreo e no murete dos pátios do piso térreo (por vezes em cinzento), e na cor amarela nos remates inferior e superior da fachada, na grelhagem vertical nos vãos da cozinha a tardoz, na laje aparente entre os vãos centrais na fachada principal, nos parapeitos de todos os restantes vãos e no remate superior das janelas das casas de banho nas empenas laterais. Guardas da platibanda da cobertura, dos vãos centrais da fachada principal e da zona dos estendais em ferro pintado na cor verde-claro. Tubos de queda exteriores para as águas pluviais recolhidas na cobertura. Caixilharias das janelas em madeira pintada a branco, com vidros simples e duas folhas de abrir em todos os compartimentos, exceto nas cozinhas: cinco vãos contíguos, com uma folha de abrir, possuindo os três vãos centrais bandeira basculante. Coberturas de duas águas revestidas a telha de cimento com "shed" para iluminação e ventilação da escada interior. Acesso ao interior dos edifícios através de duas portas metálicas, uma na fachada principal e outra a tardoz. Interior dos fogos: Escada comum: cobertores e patins em lioz, paredes revestidas a marmorite lavada, teto estucado. Frações habitacionais - vestíbulo com pavimento em tacos de madeira de pinho e rodapé em régua de madeira de pinho, paredes e teto estucados; sala de estar e sala de refeições: pavimento em tacos de madeira de pinho e rodapé em régua de madeira de pinho, paredes e tetos estucados; quartos: pavimento em tacos de madeira de pinho e rodapé em régua de madeira de pinho, paredes e tetos estucados; cozinha: pavimento e rodapé em tijolo tipo "klinker", paredes com pintura vitrificante, lambrim em azulejo 15x15, teto estucado; casas de banho: pavimento e rodapé em tijolo tipo "klinker".

Bibliografia

Ainda em busca de um direito à cidadania - Situações de realojamento em análise. Relatório 207/95 - GE. Lisboa: LNEC, 1995; Gestão integrada de parques habitacionais de arrendamento público - Proposta final de um guião recomendativo. Relatório 294/99 - NA. Lisboa: LNEC, 1999; GRAÇA, Joana - Contabilidade Analítica - Plano Integrado do Zambujal. Lisboa: FFH, 1986; Inquérito à Arquitetura do Século XX em Portugal. Lisboa: OA, 2006; Levantamento dos ramos de atividade económica, equipamentos e serviços existentes na zona do Plano Integrado do Zambujal. Lisboa: IGAPHE, 2000; Manual da Habitação. Lisboa: IGAPHE, 1995; Plano Integrado do Zambujal - Relatório Geral. Lisboa: FFH, 1976; Plano Integrado do Zambujal - uma experiência de planeamento, projeto, obra e gestão de estrutura verde e espaços exteriores. Lisboa: FFH, 1982; Plano Integrado do Zambujal - Amadora, Relatório. Lisboa: FFH - Comissão Liquidatária, 1986; Zona da Grande Lisboa - Plano Integrado do Zambujal - Loteamento da Área Adjacente a Alfragide. Lisboa: IGAPHE, 1989.

Documentação Gráfica

IHRU: SIPA

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA; DAGP

Documentação Administrativa

IHRU (Bairro n.º 3042)

Intervenção Realizada

IHRU: 2011 - 2012 - obras de reabilitação com aplicação do estudo de cor nas fachadas.

Observações

A designação "Mães d'Água" não será a mais exata. Uma mãe d'água implica a existência de uma nascente e neste caso tratam-se apenas de respiradouros e de uma claraboia/acesso ao aqueduto. No entanto, como o topónimo da via estruturante é "Rua das Mães d'Água" este núcleo acabou por adotar a mesma designação. Nesta rua existe ainda uma banda de 5 edifícios camarários que não são analisados neste documento, embora façam parte da intervenção conjunta a realizar pelo IHRU e pela CMA no âmbito do programa "Zambujal Melhora". *2 - As casas são atribuídas de acordo com o número de indivíduos do agregado familiar e as rendas são calculadas de acordo com o seu rendimento médio mensal. *3 A Rua das Mães d'Água é muito resguardada, não tem trânsito automóvel, tem pouca frequência de peões e as portas de acesso aos edifícios nesta zona não são utilizadas, criando uma zona propícia para a ocorrência de ações de vandalismo como se pode verificar pela grande profusão de grafitis. Estas portas foram soldadas pelo IGAPHE a pedido de alguns moradores, tendo em vista impedir o acesso indevido e evitar que o átrio servisse para encontro de marginais. As caldeiras sobre-elevadas das árvores, pensadas originalmente com dupla funcionalidade para descanso dos transeuntes, acabam por criar zonas de permanência de delinquentes.

Autor e Data

Teresa Ferreira 2009

Actualização

Anouk Costa 2014
 
 
 
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