Forte do Rato
| IPA.00002823 |
Portugal, Faro, Tavira, União das freguesias de Tavira (Santa Maria e Santiago) |
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Forte construído no séc. 17, pela Coroa, para defesa da barra de Tavira, com traçado abaluartado, e reformado ainda na mesma centúria, com redução do programa construtivo, devido à perda de importância estratégica, na sequência do assoreamento e alteração da linha de costa. Já na década de 70, do séc. 16, durante o reinado de D. Sebastião, se procedera ao inicio da construção de uma fortificação, na denominada ilha das Lebres, junto à foz do rio Gilão. No entanto, a perda de importância estratégica resultante das alterações geomorfológicas da barra e do consequente assoreamento dos canais, levam ao prolongamento das obras e à sua própria interrupção, no início do séc. 17, desconhecendo-se como seria o seu projeto inicial, que é atribuído ao engenheiro italiano João Maria Benette. O atual forte estava em construção em 1617, contemplando, segundo um desenho anotado de Alexandre Massai, o recinto magistral, de planta poligonal, composta por cinco baluartes, três virados à barra e dois virados a terra, e as obras exteriores, formadas por fosso lajeado que, ao que parece, era para ser alagado, e o caminho coberto de traçado tenalhado. A frente virada à barra estava mais adiantada, com os baluartes cinco palmos acima do cordão, enquanto os virados a terra ainda não chegavam ao cordão. Pouco depois, em 1621, Massai sugere o seu desmantelamento e o reaproveitamento da pedra no Torreão do Lastro, que considera mais importante para a defesa de Tavira, ou noutras construções no norte de África. Apesar do forte não ter deixado de funcionar, a construção foi reformada, demolindo-se os dois baluartes virados a terra, para aproveitamento dos seus materiais, e dos quais não existem quaisquer vestígios, alterando-se igualmente a implantação dos edifícios de apoio no interior do recinto, o que, possivelmente, explica a diferença do remate na frente virada a terra, sem ter cordão. Assim, o forte apresenta planta poligonal, composta por frente virada a terra retilínea e a oposta formada por três baluartes, o central maior e os de ângulo muito irregulares. Tem a escarpa exterior em talude, em alvenaria de pedra à fiada e cunhais em cantaria, rematados em parapeito liso ou em cordão e parapeito liso, respetivamente. A meio da cortina virada a terra, abre-se o portal, em cantaria almofadada, atualmente sem remate, desconhecendo-se qual o primitivo perfil , precedido por ponte sobre o fosso, parcialmente entulhado. No interior, ao longo da frente com baluartes, desenvolve-se adarve, existindo no baluarte central bateria quadrada sobrelevada e, dispersas no recinto, ruínas de vários edifícios de apoio. Entre elas, a do paiol, a poente, de planta retangular e com a fachada lateral esquerda contrafortada; a da casa da guarda, junto à cortina entre o baluarte central e o disposto a nascente, também de planta retangular e com um contraforte de ângulo, e um quartel, na gola do baluarte nascente. Junto deste último ficava o poço, já referido por Massai em 1617. No ângulo de espalda poente do baluarte central existe guarita, com estrutura tosca, de construção mais tardia. É possível que o caminho coberto de traçado tenalhado nunca tenha sido construído, até devido à limitada importância estratégica do forte, e que leva a ser utilizado exclusivamente como depósito de pólvora, pelo menos a partir de 1792, e a ser abandonado definitivamente, a partir de 1830. |
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Número IPA Antigo: PT050814050008 |
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Edifício e estrutura Edifício Militar Forte
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Descrição
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Planta poligonal composta por uma frente retilínea, virada a noroeste e a terra, e por três baluartes, os de ângulo muito irregulares, na frente oposta, virada a sudeste e à barra. Apresenta paramentos com a escarpa exterior em talude, em alvenaria de pedra à fiada, argamassada, com cunhais em cantaria e rematados em parapeito liso, na frente noroeste, e em cordão e parapeito liso, nas restantes frentes, ainda que o cordão se encontre interrompido em alguns troços. No flanco e face do baluarte nascente, o parapeito é rasgado por dois vãos retilíneos, pertencentes à antiga casa do governador, construída junto à escarpa interior. Sobre o parapeito do ângulo de espalda poente do baluarte central, eleva-se estrutura, correspondendo a pequeno corpo, tipo guarita, em alvenaria. A meio da frente noroeste abre-se portal, de que conserva apenas parte das jambas, em cantaria almofadada, e sem remate, precedido por ponte de alvenaria. INTERIOR: ao longo de grande parte do parapeito e atrás das construções erguidas no forte, desenvolve-se adarve, em alguns setores pavimentado a alvenaria de pedra, e seccionado por contrafortes que reforçam o parapeito; no ângulo flanqueado do baluarte, central existe bateria quadrangular, sobrelevada e no baluarte nascente vestígios de ter sido lajeado. No ângulo poente da frente noroeste, junto aos paramentos, ergue-se paiol, de planta retangular simples e sem cobertura, com fachadas aprumadas, em alvenaria de pedra e vestígios de reboco, com a fachada nascente, onde tinha vão de acesso, parcialmente derrubada e a fachada sudeste reforçada com três contrafortes de esbarro, o frontal disposto de ângulo. No ângulo de espalda poente do baluarte central, parcialmente sobre o parapeito e avançando para o interior, existe guarita curva, de estrutura tosca, com cobertura plana e rasgada por fresta de tiro e acesso retilíneo; nas suas imediações existe escada para o parapeito. Entre o baluarte central e o baluarte a nascente, existem as estruturas em ruína do antigo corpo da guarda, de planta retangular, com contraforte na fachada principal e na lateral direita, a primeira com vestígios de vão de acesso. Seguem-se, para nascente, as ruínas dos antigos quartéis, de planta retangular irregular, com paramento delimitando a gola do baluarte. |
Acessos
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Santa Maria, Sapal do Rato; estrada alcatroada a partir da rotunda no término da Rua Almirante Cândido dos Reis, em frente do Hipermercado Continente, com placa indicativa da direção, desenvolvendo mais à frente em terra batida. WGS84 (graus decimais) lat.: 37,121460, long.: -7,621436 |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 8/83, DR, 1.ª série, n.º 19 de 24 janeiro 1983 / Incluído no Parque Natural da Ria Formosa |
Enquadramento
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Marítimo, isolado no denominado Sapal do Rato, com densa cobertura vegetal, que abriga numerosas espécies de animais, a cerca de 2 km a sudeste da cidade de Tavira, junto à foz do Rio Gilão. Erguendo-se inicialmente na denominada ilha das Lebres, encontra-se atualmente incorporada na linha da costa, devido ao seu assoreamento, bem como da entrada da barra. O interior, encontra-se coberto por vegetação arbustiva. Nas imediações existem salinas e zona de exploração agrícola. A sudoeste desenvolve-se a praia da Galé e ergue-se o Hotel da Galé. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Militar: forte |
Utilização Actual
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Devoluto |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Sem afetação |
Época Construção
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Séc. 17 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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1530 - o crescente ataque de piratas argelinos na costa algarvia, levam os taveirenses a solicitar ao rei D. João III uma força permanente de quatro caravelas para guarda da barra e do rio; 30 abril - em resposta à Câmara Municipal, o rei recusa o pedido dos habitantes de Tavira; 1562, 12 dezembro - determina-se nas Cortes que "no Algarve se façam fortalezas onde pareçam necessárias"; posteriormente, procede-se ao início da construção do forte, numa ilha fronteira à nova barra de Tavira, na ilha das Lebres, junto à foz do rio Gilão, com o objetivo de defender a entrada do porto de Tavira e, simultaneamente, a própria cidade; é então governador do Algarve D. Diogo de Sousa, o qual "sempre combinou o abrigo estuarino do rio Gilão com um sistema de ilhas-barreiras que estabeleceram um sistema de barras móveis"; a construção não demonstra ser de grande utilidade defensiva pois, enquanto decorriam as obras, dão-se modificações na linha de costa, nomeadamente na entrada; 1573 - segundo João Gascão, aquando da visita do rei D. Sebastião a Tavira, "(...) o senhor D. Duarte foi pelo rio abaixo num batel ver o sítio da fortaleza, que ora fez, e viu outra que está feita de torreões [referindo-se ao desaparecido Forte do Torrão do Lastro], e tem alguma artilharia para guarda do rio (...); séc. 17, início - as alterações geomorfológicas da barra de Tavira e consequente assoreamento dos canais, levam à interrupção das obras de construção da fortificação; 1617 - relatório de Alexandre Massai refere que à entrada da barra de Tavira "(...) está principiado um forte de cinco baluartes, e três deles estão cinco palmos mais altos do cordão que são os da parte do mar, e os dois de terra estão em quinze palmos de alto com todos os contrafortes e estão terraplanados, com poço de água de beber dentro, e entendo custou, do modo que está ao presente, mais de trinta mil cruzados, e custará acabá-lo vinte mil. Dizem que começou em tempo de El-Rei Dom Sebastião que está em glória, e entendo se deixou ou por se mudar a barra para levante ou pelo muito custo que na verdade era necessário de ordinário sustentá-lo com presídio (isto é, guarnição em pessoa), e acabá-lo, ou também por estar longe da dita cidade e não poder dela ser facilmente socorrido senão com dificuldade por mar, pelos muitos lamarões e pauis e por ser sítio de areia e terra inútil e doentia (...)"; 1621 - Alexandre Massai, ao serviço da administração filipina, considera o Torreão de Lastro mais importante para a defesa de Tavira que o Forte de Ilha das Lebres, como então era conhecido, sugerindo o seu desmantelamento, dada a falta de operacionalidade, e reutilizar a sua pedra para reconstruir o Torreão do Lastro ou outras construções, mesmo no norte de África; dessa forma, o rei evitaria despesas, pois a pedra poderia ser facilmente transportada em barcos; não obstante e apesar das advertências de Massai, o Forte da Ilha das Lebres não deixa de funcionar, ainda que a pedra dos baluartes anteriores seja retirada para reformar o Torrão do Lastro, permitindo que as embarcações continuassem fundeando com segurança junto a ele; elaboração de desenho do forte na ilha do Rato ou das Lebres pelo engenheiro Alexandre Massai, com planta composta por quatro níveis e um corte transversal pelo eixo do pentágono *1; 1654 - D. João IV determina o reinício das obras no forte, sendo na altura governador do Algarve o conde de Reis; pouco depois D. João IV envia carta referindo as obras no forte das Lebres ao conde da Vidigueira; na sequência, o forte é redenominado como Forte de Santo António de Tavira; 1656 - 1670 - a construção do Forte da Conceição, mais a leste, leva ao desinteresse pelo forte do Rato, até devido ao afastamento da barra para nascente, passando a ter exclusivamente as funções de registo; 1753, 14 abril - relatório do engenheiro Pedro de Santa Colomba refere que a barra de Tavira é defendida por um "(...) Fortim o qual não é defensa nenhuma, em si, em razão da má disposição dos baluartes dos flancos não descortinam nada e não passam de 15 palmos e por conseguinte não se lhe pode alojar artilharia nem as linhas de defensa são para isso (...)"; no forte procede-se à colocação de artilharia, que estava apeada, e para ser socorrido por terra (já que tal não podia ser feito por barco durante a maré vazia) o Governador manda fazer, à sua custa, uma ponte com que se escusam os gastos dos barcos, que antes havia, para o serviço ordinário do forte; 1788 - elaboração de planta do forte por José de Sande Vasconcelos, indicando com a letra A uma ponte levadiça sobre um canal de água, a preceder a entrada, atualmente inexistente; 1792 - uma relação de armamento refere que o Forte de Santo António tem nove homens, duas peças, uma sem apetrechos e que serve exclusivamente como depósito de pólvora; 1821 - o forte não tem artilharia e a porta está semidesfeita, acumulando-se a pólvora no paiol destelhado e com o revestimento apodrecido; 1830 - o forte deixa de funcionar como paiol e é abandonado definitivamente por ordem do brigadeiro governador de Armas do Algarve, o visconde de Molelos, que o considera demasiado custoso de manter e contactar por terra; 1863, 02 setembro - relatório sobre o forte existente no arquivo da Praça de Tavira refere que "A fortaleza de Santo António, próximo do local da primitiva barra de Tavira, é um reduto quadrado, abandonado há muitos anos, tem alguma cantaria. É cercado por um terreno que é de 85 metros para a banda do norte, e 68 m para a banda do sul, 408 m de comprimento sobre 102 de largo para o lado de este; esta última área foi cultivada em tempo, e deu bom centeio"; esta superfície e a parte mais elevada do sapal não é alcançada pela maré (Infraestruturas do Exército: Tombo dos Prédios Militares, PM2/Tavira, Proc.º n.º 2); 1875, 28 outubro - relatório do Comandante Militar de Tavira declara o estado do forte de Santo António, dependência da mesma praça, como estando "em completa ruína e abandono, tendo sido roubados quase todos os materiais mais importantes, como cantaria, lagedo, tijolo e telha" *2; 1882, 26 abril - requerimento de António de Sousa Barros e de João Gil Pessoa a solicitar a cedência da maior parte do sapal situado nos subúrbios de Tavira, na margem esquerda do rio Gilão; o arrendamento dos terrenos a cercar o forte é feito por 10$000 anuais; 1885, 15 setembro - término do arrendamento dos terrenos que cercam o forte; 1888 - 1892 arrendamento dos terrenos à Câmara Municipal de Tavira, por 15$050 anuais, a fim de facilitar as pastagens do gado dos lamares pobres do concelho; 1897, 31 dezembro - data do término do novo arrendamento dos terrenos à Câmara; 1898, 25 abril - Inspeção de Engenharia na 4ª Divisão Militar considera de toda a conveniência a prorrogação do arrendamento à Câmara Municipal dos terrenos; 11 dezembro - tendo terminado o arrendamento dos terrenos dependentes da fortificação, que fora feito à Câmara pelo prazo de 9 anos, com faculdade de prorrogação por igual período, e desejando a Câmara Municipal continuar com esse, solicita-se a averiguação da existência de algum inconveniente na prorrogação do arrendamento; 25 dezembro - os terrenos são colocados em praça, mas não comparece nenhum licitante para fazer arrematação, devido, segundo o comandante da Praça de Tavira Joaquim Alberto Marques, ao pouco valor do imóvel; na sequência, a Inspeção de Engenharia na 4ª Divisão Militar considera de toda a conveniência a prorrogação do arrendamento dos terrenos à Câmara Municipal, a partir daí por 15$000; 1899 - questiona-se a venda em hasta pública dos terrenos pertencentes ao forte; 1915, 07 agosto - João Esteves Águas requer a compra em hasta pública dos terrenos do prédio militar; 1931, 27 maio - a Junta Autónoma das Obras do Porto e Barra de Tavira pede a demarcação do forte; 14 julho - informa-se ter sido autorizada a demarcação pelo General Diretor de Arma de Engenharia, com despesa suportada pela Junta; 11 novembro - tendo a Junta achado exageradamente elevada a importância em que foi avaliada a demarcação, comunica que a faria por si mesma e solicita os elementos necessários; não tendo sido efetuada a demarcação, por várias vezes, insiste-se na sua execução; 1933, 01 abril - João Rosado da Silva Rijo toma de arrendamento o forte "para guarda de gados e pastagens", pelo prazo de 5 anos e por 250$00 anuais; no termo de contrato, uma das cláusulas estipula que o arrendatário não poderia fazer construções, demolições, nem obras, que não sejam simples reparações, sem prévia autorização do Ministério da Guerra, dada por escrito; na altura acorda-se verbalmente entre o arrendatário e o chefe da Delegação, capitão Mário Lisboa, que a demarcação seria feita o mais breve possível, pelo que o arrendatário chega a mandar fazer os respetivos marcos, por 85$00; contudo a demarcação acaba por não ser feita; 30 novembro - a Junta informa que procederia à demarcação na ocasião em que fosse feito o levantamento da planta cadastral de todos os terrenos sujeitos à sua jurisdição; 1936, 10 janeiro - exposição do tenente João Rosado da Silva Rijo, do comando militar da cidade, justificando o pedido de rescisão do contrato de arrendamento do forte *3; 19 fevereiro - João Rosado da Silva Rijo informa não estar disposto a oferecer os marcos para a demarcação; junho - informação de já se ter feito o orçamento para a obra de demarcação do forte, para ser dotado de verba das obras mínimas, mas dessa ainda não ter sido feita por falta de verba; 1937 - decide-se que o forte e terreno anexo não deve ser posto em praça para novo arrendamento, devendo aguardar-se que alguém o requeira; 1938, 31 março - data do término do arrendamento do forte, não desejando João Rosado Rijo continuar o arrendamento; 1939, 01 março - auto de demarcação e avaliação para o arrendamento de uma parcela de terrenos de sapal do domínio público marítimo, com a superfície de 68,77ha, requerido por António Marques Trindade e Custódio Pires Siaras; contudo, a Comissão ao proceder à medição, verifica que os vértices de delimitação do terreno do Ministério da Guerra, indicados na planta apresentada pelos pretendentes ao arrendamento, não correspondiam à posição dos marcos de cantaria encontrados; assim, não se pôde proceder à avaliação; 17 agosto - auto de entrega do forte pelo Ministério da Guerra ao Ministério das Finanças; 28 outubro - auto de devolução do antigo prédio militar ao Ministério das Finanças, sendo então descrito *4; 1979, 06 fevereiro - ofício da Câmara de Tavira a informar que o forte ameaça ruína e corre o risco de se perder, solicitando a realização de obras de recuperação; 1998, 02 Novembro - protocolo entre a DGEMN e a Câmara Municipal de Tavira para recuperação do imóvel e nele se proceder à instalação de núcleo museológico Museu do Mar; elaboração de estudo para projeto de conservação e valorização; 2000 - candidatura ao Programa PROALGARVE - Eixo 3, para obras de valorização e arranjo paisagístico da envolvente; 2016, 27 dezembro - o forte integra a lista de cerca de 30 imóveis a concessionar pelo Estado Português a privados, para ser convertido num projeto turístico, no âmbito do programa Revive. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura em alvenaria de pedra, argamassada e/ou com vestígios de cimento; moldura do portal e janelas em cantaria. |
Bibliografia
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AA.VV - Património Arquitectónico Militar de Tavira: Guia. Tavira: Câmara Municipal de Tavira, 2005; ALMEIDA, João de - Roteiro dos monumentos militares Portugueses, Lisboa: 1948, vol. III; ANICA, Arnaldo Casimiro - Tavira e o seu Termo. Memorando Histórico. Tavira: Câmara Municipal de Tavira, 1993; CALLIXTO, Carlos Pereira - Apontamentos para a História das Fortificações da Praça de Faro. Separata dos «Anais do Município de Faro - n.º XI». Faro: Tipografia União, 1982; COUTINHO, Valdemar - Castelos, Fortalezas e Torres da Região do Algarve. Vila Real de Santo António: Algarve em Foco Editora, 1997; COUTINHO, Valdemar (coordenação) - Dinâmica Defensiva da Costa do Algarve. Do período islâmico ao século XVIII. Instituto de Cultura Ibero-Atlântica, 2001; LOPES, João Baptista da Silva - Corografia (...) do reino do Algarve. Lisboa: 1841; MAGALHÃES, Natércia - Algarve. Castelos, Cercas e Fortalezas. As muralhas como património histórico. Faro: Letras Várias, (2008); MANSO PORTO - Carmen - Cartografía Histórica Portuguesa. Catálogo de Manuscritos (siglos XVII-XVIII). Madrid: Real Academia de la História; Depaartamento de Cartografía Y Bellas Artes, 1999; SILVA, António Jorge Sebastião e - «Fortificações pós-medievais em Tavira». In III Jornadas de História de Tavira. Actas. Tavira: Clube de Tavira, 1997, pp. 197-207. |
Documentação Gráfica
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DGPC: DGEMN:DREMSul/DM; CMTavira; Arquivo do Museu da Cidade de Lisboa: Códice Vieira da Silva (cota: MC.DES.1402.04, fl.10-D); Infraestruturas do Exército: GEAEM, SIDCarta, Tombo dos Prédios Militares: PM2/Tavira |
Documentação Fotográfica
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DGPC: DGEMN:DSID, SIPA |
Documentação Administrativa
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DGPC: (DGEMN:DSID-001/008-0937/1, DGEMN:DSID-001/008-0937/2), DGEMN:DSARH (DGEMN:DSARH:010/262-0001); Infraestruturas do Exército: Tombo dos Prédios Militares: PM2/Tavira; CMTavira |
Intervenção Realizada
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DGEMN: 1981 - obras de consolidação de troços de muralha pelo tarefeiro Cimeira - Indústria e Comércio de Construção Civil, Ldª, com sondagens junto à entrada do forte, para recuperação das pedras do arco de entrada e outros elementos, arranque de figueiras e outras árvores com as suas raízes, existentes nos panos de muralha, assentamento em panos de muralha, construção de alvenaria hidráulica em elevação, empregando pedra rija da região e argamassa de cimento e areia, para consolidação e tapamento de rombos, reparação de panos de muralha, assentamento de cantarias existentes no local do cordão e as cantarias de um cunhal; CMTavira: 1999 - limpeza geral do interior, escavação superficial, colocação de sinalética; 2000 - limpeza do forte. |
Observações
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*1 - A planta do forte da Ilha das Lebres, que está principiado à entrada da barra da cidade de Tavira, é representado com cinco baluartes, três na frente virada à barra e dois na frente oposta, virada a terra, envolvido por fosso e caminho coberto de traçado tenalhado. Na legenda consta: A - Poço de água doce que não está acabado; B - Estes três baluartes estão de sete palmos mais altos que o cordão com os seus contrafortes e estão terraplanados e quase em defesa; C - Estes dois baluartes estão mais baixos que o cordão e lhes falta daí para cima; D - Fosso ou cava que segundo informação dizem ser lajeado de pedra que não pude ver por estar entupido de areia as faces dos baluartes e cortinas são todas de pedra bem lavrada e parece que o dito fosso havia de estar cheio de água doce ou salgada; E - são as fundações das casas e armazéns os quais estão mais baixos que as outras paredes ou muros e assim a esta cortina é arrimada aos ditos fundamentos e parece que por cima havia de haver outros sobrados como se vê na segunda "traça"; F - todos os cunhais dos cinco baluartes são de pedra bem lavrada a regra aprumo e há muita quantidade dela. Contém em si o dito forte 860 varas de cordão a fora a que lhe falta que vale $550 a vara que monta a 437 Urs; a pedra vale 10 a 12 mil cruzados sendo como dizem o fosso lajeado e tudo o mais se tem advertido na sobre dita relação da cidade de Tavira. Na respetiva memória descritiva ou "relação", Alexandre Massai escreve que "(...) à entrada da barra (...) está uma ilha (Ilha das Lebres) e nela está começando um forte com cinco baluartes (...) três deles estão quase na sua necessária altura, que são os da parte da barra. Os outros dois, da parte da terra estão, em dezoito palmos de alto com todos os contrafortes e terrapleno e com o poço da água de beber dentro dele. O qual dizem quem mandou fazer el-rei Dom Sebastião que está em glória sendo governador do rei Dom Diogo de Sousa (...) dizem ser de arquitectura de João Maria Beneditte. E que ele se deixou de acabar por se mudar neste tempo a Barra para o lado leste de modo que à artilharia nele a não ofende" (Guedes, 1988: 101). *2 - Um outro documento, datado de 20 novembro do mesmo ano, refere que o forte possivelmente fora construído para defesa da barra de Tavira, antes de 1775, quando esta barra ficava em frente da cidade; sendo depois do terramoto deslocada para leste, e nesta data é defendida pelos fortes de Cacelas e da Conceição. Abandonado desde 1825 ou 1826, o forte de Santo António está bastante arruinado, tendo desaparecido do seu interior "todas as cantarias de portas, todas as lages das plataformas e todas as madeiras das casas, payoes, casa da guarda, etc; algumas paredes foram demolidas para roubarem a pedra; um poço muito bom revestido com pedras facetadas foi entulhado, destruído o gargalo e tiradas algumas aduelas do revestimento. As muralhas construídas em toda a extensão e espessura com boas alvenarias, estão bastante arruinadas devido principalmente às raízes das figueiras - terrível inimiga das construções nestes sítios - que se desenvolvem em grande número pelas fendas de alvenaria"; em consequência do estado de ruína e da importância desta fortificação, conclui-se que "será mal empregado qualquer sacrifício que se faça para a conservar" (Infraestruturas do Exército: Tombo dos Prédios Militares, PM2/Tavira, Proc.º n.º 2). *3 - Segundo a exposição de João Rosado da Silva Rijo, "os terrenos que circundam o forte são extrema com terrenos da Capitania do Porto de Tavira e da Hidráulica, que passam licenças para a apascentação de gados e apanha de caveiras e morraça e como a propriedade do Ministério da Guerra não está directamente demarcada, e está invadida, não só por rebanhos de outrem, e indivíduos que lhes colhe a morraça e rafeiras, não me reconhecendo aqueles a mim com direito aos mesmos terrenos pois que não se sabe onde comessam e onde acabam. Alem disso, de longa data vem o público usufruindo daqueles terrenos como de domínio publico". *4 - No auto de devolução, o forte é descrito do seguinte modo: "consta de uma fortaleza em completa ruína e de um terreno em volta da mesma, confrontando por todos os lados com o rio de Tavira, que o cerca com dois braços de água. O terreno é todo de areia (...). Apenas restam alguns alicerces e bocados de parede de alvenaria. Tem a área de setenta e cinco mil e sessenta e quatro metros quadrados. O valor de sete mil e novecentos escudos, conforme consta do respectivo tombo, e encontrasse desocupado". |
Autor e Data
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Paula Noé 2018 |
Actualização
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