Igreja Paroquial de Doze Ribeiras / Igreja de São Jorge
| IPA.00029065 |
Portugal, Ilha Terceira (Açores), Angra do Heroísmo, Doze Ribeiras |
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Arquitetura religiosa, oitocentista. Igreja paroquial composta de nave e capela-mor, mais baixa e estreita, interiormente com ampla iluminação axial e bilateral. Fachadas rebocadas e pintadas, com elementos estruturais e molduras dos vãos sublinhados a ocre, de carácter popular; a principal termina em empena recortada e é rasgada por três eixos de vãos, de verga recta, correspondendo a portal com frontão triangular e janela de varandim com frontão semicircular, entre dois registos de janelas encimadas por cornija. Torre sineira de dois registos, tendo, no primeiro, janela igual à da igreja e relógio circular e, no segundo, sineira em arco de volta perfeita, sendo rematada em coruchéu piramidal facetado. Fachadas laterais rasgadas por duas janelas e porta travessa, todas retilíneas e com moldura encimada por cornija reta. |
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Número IPA Antigo: PT071901020059 |
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Registo visualizado 774 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Igreja paroquial
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Descrição
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Planta retangular composta por nave e capela-mor, mais estreita e mais baixa, à qual se adossam de ambos os lados corpos retangulares, de dois pisos, e à fachada lateral esquerda torre sineira quadrangular. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na igreja, de três nos anexos, rematadas em beirada simples, e em coruchéu facetado na torre sineira, formando faixas alternadas em zigue-zague, pintadas de branco e azul. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com embasamento a preto, e os cunhais, frisos, cornijas e molduras dos vãos sublinhados a ocre. Fachada principal virada a O., terminada em empena recortada, coroada por cruz latina e com pináculos nos cunhais sobre plintos paralelepipédicos; é rasgada por três eixos de vãos, o central correspondendo a portal de verga recta, com moldura formando ligeiro recorte nos ângulos, encimado por friso e frontão triangular, e a janela de varandim, retilínea, assente em cornija e encimada por frontão semicircular; os laterais correspondem a dois registos de janelas retilíneas, com molduras encimadas por friso e cornija as superiores igualmente de varandim, com guarda em ferro. Sobre o eixo central existe cartela retangular com a data de 1898 inscrita. No alinhamento da fachada, dispõe-se à esquerda a torre sineira, de dois registos separados por cornija, tendo o primeiro rasgado por janela igual às que ladeiam o portal da igreja, encimado por relógio circular, e o segundo rasgado, em cada uma das faces, por sineira em arco de volta perfeita sobre pilastras, albergando sino; nos cunhais possui pináculos sobre plintos paralelepipédicos. Fachadas laterais rematadas em cornija, com a nave rasgada por duas amplas janelas retangulares e por porta travessa, todas de verga reta encimada por cornija, e a capela-mor por janela retilínea; junto ao portal da lateral esquerda havia janela, entretanto fechada. O anexo da fachada lateral esquerda é rasgado por janela retilínea a O. e a N, de dois panos, é rasgado no segundo por duas janelas de peitoril em cada um dos pisos; o anexo da lateral direita é rasgado a O. por porta de verga reta e, no segundo piso, por janela de peitoril e janela jacente; na virada a S., tem o primeiro pano rasgado por pequeno vão no piso térreo e o segundo pano igual ao da fachada oposta. Fachadas posteriores cegas, a da capela-mor terminada em empena coroada por cruz de cantaria sobre acrotério. INTERIOR com dois púlpitos. |
Acessos
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Ilha Terceira; Caminho da Igreja |
Protecção
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Enquadramento
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Urbano, isolado, em plataforma sobrelevada relativamente à estrada que corre frontalmente e que estrutura a povoação, formando adro precedido por larga escada, que tem no topo balaustrada de betão pintada de branco e ocre. Frontalmente o adro é pavimentado, mas lateral e posteriormente, é arelvado, possuindo faixa pavimentada até à porta travessa, que é precedida por dois degraus, e delimitado por muro. Num largo desenvolvido do outro lado da estrada, ergue-se o Império das Doze Ribeiras. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Religiosa: igreja paroquial |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja paroquial |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica (Diocese de Angra) |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ENTALHADOR: João Sé e Silva (1898); José da Costa Pacheco (1898). MESTRES: José da Costa Pacheco (1896-1899); José Vieira (1896-1899). |
Cronologia
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1510 - referências à povoação das Doze Ribeiras, embora fazendo parte de Santa Bárbara das Nove Ribeiras; 1526 - instituição da ermida de São Jorge como cabeça de morgado e respetiva construção, por iniciativa de Afonso Lourenço e sua mulher Marqueza Gonçalves Machado, nas propriedades que tinham nas margens da Ribeira das Doze; séc. 17 - a ermida é instituída sede de um curato sufragâneo da Igreja Paroquial de Santa Bárbara das Nove Ribeiras, a cuja paróquia pertence; o primeiro cura da ermida é Francisco Dias Godinho, que ali administra os sacramentos e diz missa; 1684 - Doze Ribeiras é elevada a paróquia independente; 26 dezembro - data do primeiro assento de batismos, relativo a Luzia Fª. de João Gonçalves dos Santos e de sua mulher Maria Coelho, "todos fregueses deste freguezia de São George", feito pelo vigário Manuel Tristão de Melo; construção da igreja paroquial sobre a ermida de São Jorge ou ampliando-a; o primeiro vigário é o padre Manuel Tristão de Melo, antigo cura de Santa Bárbara; 1694 - data do primeiro registo de casamento da freguesia; 1719 - 1789 - datas balizadoras do livro de óbitos mais antigo da freguesia; 1844, 24 outubro - data da morte do sub-diácono José Lourenço da Rocha, figura de grande erudição e conhecedor de latim, grego, retórica, francês, italiano, espanhol, filosofia e teologia; 1846, 05 outubro - transladação dos restos mortais de José Lourenço da Rocha do cemitério para a igreja, sendo a sepultura integrada no pavimento; 1850, década - construção do primitivo cemitério da freguesia mas, porque não respeita as normas legais para inumação de cadáveres, os enterramentos são feitos em Santa Bárbara; 1871, 01 janeiro - benção de outro cemitério, vedado por muro e com grade de ferro, pelo vigário capitular António José Ferreira de Sousa, situado num alqueire e meio de terra, adquirida a Francisco Luís Fróis, por 240$000; 1883 - aquisição de terreno, por 115$550, para construção de um novo cemitério, pela Junta da Paróquia, custeado na sua maioria por subscrição dos residentes; 1893, 28 agosto - ciclone assola a ilha, causando grandes danos na igreja, decidindo-se proceder à sua demolição e reedificação, quase no mesmo sítio da anterior; 1896, 17 maio - cerimónia de lançamento e benção da primeira pedra, nas traseiras da igreja, a qual só é demolida depois disso; as obras de reconstrução duram 39 meses e 10 dias, realizando-se, durante esse período, num barracão construído para o efeito; 1898 - data inscrita em cartela da fachada principal; a falta de verba para aquisição de telha para a cobertura da nova igreja; para a conclusão das obras destaca-se o espírito dinâmico do vigário José Mendes Alvares; nas obras, os trabalhos de pedra e carpintaria são feitos pelos mestres José Vieira, do Pesqueiro, e José da Costa Pacheco, de Santa Bárbara; a pedra de cantaria e alvenaria é extraída das pedreiras da freguesia, situadas às "Onze" e às "Deze"; a verga principal vem das Lajes e as restantes da Rua Longa, em Biscoitos; as cimalhas são do Pico de Marães, São Mateus, os "bilros" da sineira e da frontaria provêm das Cales, Altares, e as madeiras em resina, maioritariamente oferecidas, são de Angra; todos os materiais beneficiam de transporte gratuito e o povo ajuda na construção, oferecendo, por exemplo no tempo da colheita do milho, um cesto de massarocas como esmola de cada carro de bois que passasse carregado junto à igreja; o retábulo-mor é executado pelo angrense João Sé e Silva e os outros por José da Costa Pacheco, exceto o da Capela do Senhor do Bom Jesus da Paz, que pertencia à capela-mor da antiga igreja; outubro - ainda está por sobradar o pavimento e o teto por estucar; 1899, 27 agosto - benção da nova igreja, tendo assistido o governador civil, Visconde de Nossa Senhora das Mercês, o bispo da Diocese de Angra, D. Francisco José Ribeiro Vieira e Brito, o Dr. António da Fonseca Carvão Paím da Câmara, Fernando Rocha e Silva e Luís Correia Ourique, grande benfeitor das obras da igreja, e outras autoridades personalidades; 1910, cerca - douramento dos retábulos, sendo pároco o padre Domingos da Rocha Mendes; 1956 - aquisição de um último sino numa fundição de Braga; 13 maio - coroação solene da imagem de Nossa Senhora de Fátima, oferecida por Manuel Machado Luís, natural da freguesia e emigrado nos Estados Unidos; 1965, 30 maio - inauguração da rede elétrica na freguesia; 1980, 1 Janeiro - destruição de 90% do parque edificado da povoação e da igreja pelo terramoto; posteriormente, iniciou-se a reconstrução da igreja seguindo, com poucas alterações, a traça da anteriormente destruída.. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura rebocada e pintada; frisos, pilastras, cornijas, faixas e molduras dos vãos em argamassa; portas de madeira; vidros simples; guardas em ferro; coberturas de telha. |
Bibliografia
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MERELIM, Pedro de - As 18 Paróquias de Angra. Sumário Histórico. Angra do Heroísmo: tipografia Minerva Comercial, 1974; OLIVEIRA, Carlos, LUCAS, A., GUEDES, J. H. correia, ANDRADE, Rui - «Metodologia para a quantificação dos dados observados no parque monumental». 10 Anos após o sismo dos Açores de 1 de Janeiro de 1980. Lisboa: Carlos Sousa Oliveira, Arcindo R. A Lucas e J. H. Correia Guedes, 1992, vol. 2, pp. 743-791. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: SIPA |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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1984, 1 setembro - início das obras de restauro; 1985 / 1986 - continuação e conclusão das obras de restauro, orçadas em cerca de 57.724 contos. |
Observações
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EM ESTUDO. *1 - Embora seja frequente explicar a origem do topónimo no facto da localidade ser atravessada por 12 ribeiras, tal não corresponde à realidade. A designação tem origem na expressão Às Doze Ribeiras, nome que passou a designar o território em torno da décima-segunda ribeira encontrada viajando de Angra em direcção a O.. |
Autor e Data
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Paula Noé 2010 |
Actualização
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