Igreja Paroquial de São Pedro de Trancoso / Igreja de São Pedro

IPA.00002989
Portugal, Guarda, Trancoso, União das freguesias de Trancoso (São Pedro e Santa Maria) e Souto Maior
 
Arquitectura religiosa, tardo-barroca. Igreja paroquial com planta longitudinal composta pela nave e capela-mor, torre sineira adossada à fachada e remate poligonal na cabeceira. Panos murários delimitados por pilastras molduradas, tal como o portal, de lintel recto, rematado por frontão interrompido. Remate da cabeceira com frontão seccionado. Óculos quadrilobado e circular. Nave única iluminada por quatro janelões simétricas, número de vãos repetido nas tribunas da capela-mor. Púlpito com base apoiada sobre mísula em forma de voluta estriada. Retábulos em talha de características eclécticas. O portal principal mostra algumas afinidades com os portais da Igreja da Misericórdia (v. PT020913180018).
Número IPA Antigo: PT020913180017
 
Registo visualizado 531 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal composta pela nave e capela-mor, com torre sineira adossada à fachada, agregando ainda três dependências junto à cabeceira, corpo que apresenta um remate tripartido de planta poligonal quando consideradas as paredes exteriores. Forma conjunto de volumes articulados, coberto com telhado de duas águas. Todos os panos murários se encontram delimitados por pilastras almofadadas e entablamento. A fachada principal, orientada a O., integra um portal de lintel recto, ladeado por pilastras escalonadas e molduradas, sendo rematado por friso e frontão interrompido, envolvendo as armas, encimado por janelão. O alçado lateral N. mostra o adossamento de um corpo de piso único, que deixa libertos dois janelões. A zona da capela-mor é ocupada pela sacristia, onde se assinala o portal de lintel recto com entablamento alto. No lado oposto observa-se um corpo simétrico, de idênticas características, mas com o portal aberto na face E.. O alçado posterior é composto por cinco panos: dois panos laterais oblíquos e correspondentes aos corpos adossados, e três panos avançados equivalentes à cabeceira, mostrando nos ângulos pilastras duplas. O remate da empena é complexo: acompanhando a inflexão dos panos, simula um frontão seccionado pelo ressalto imposto pela continuidade das pilastras. De notar que o pano central é iluminado por um óculo quadrilobado, encimado por outro circular. O espaço interno possui nave única integrando coro-alto em madeira. É iluminada por quatro janelões simétricos, cujo remate se prolonga em baixo-relevo na cornija. Na parede N. observa-se o púlpito, com a base quadrada apoiada sobre mísula em forma de voluta estriada, enquanto no lado oposto se conserva o túmulo parietal *1. O arco triunfal, de volta inteira e moldurado, é secundado por pilastras e cantoneiras de igual recorte, mas que são intersectadas pela cobertura em falsa abóbada de berço de madeira. A capela-mor, cujo interior não denuncia as inflexões externas, integra quatro tribunas simétricas, sendo apenas de destacar os motivos pintados ( representando as armas de São Pedro ) que ornamentam a cobertura, também em falsa abóbada de madeira. O templo alberga três retnbulos em talha pintada e dourada.

Acessos

Largo do Pelourinho

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, intra-muros. Ergue-se, isolada e em terreno plano, quase ao centro do espaço da Praça, tal como o Pelourinho (v. PT020913170001). A cabeceira está orientada para a R. dos Cavaleiros (antiga R. Direita) e os alçados laterais confrontam com a Igreja da Misericórdia (v. PT020913180018), a antiga Casa da Câmara e Cadeia, a Casa dos Arcos (v. PT020913170022) e a casa porticada contígua ( v. PT020913170025).

Descrição Complementar

Torre sineira: apresentando planta quadrada, mostra um óculo elíptico no alçado principal e as aberturas sineiras em arco pleno. Possui coroamento piramidal com quatro jarrões, exibindo um remate bojudo sobre o qual sobressai um catavento em ferro, com a figura de um leão rampante. O portal da sacristia que se encontra aberto na zona da cabeceira inclui, para além das pilastras almofadas, uma sobreposição de frisos seccionados e um entablamento muito alto, cuja complexidade não tem semelhança com o portal existente no lado oposto. A seu lado estn adossado um Passo da Via Sacra: constituído por mesa e lintel rectos, nele apenas se destacam as ombreiras com ornatos incisos, sendo o próprio coroamento resumido a uma peça decorada por volutas, também elas sugeridas por incisão. No interior, sob a torre, organiza-se uma pequena capela baptismal, com a pia em forma de cálice decorada por motivo encordoado. No lado oposto abre-se outro arco pleno, albergando o Senhor do Calvário. O túmulo de Bandarra resume-se a uma laje rectangular epigrafada *1 e ladeada por pilastras molduradas, acusadas na base por volutas salientes. O coroamento mostra pináculos em médio relevo, ladeando uma cruz com enrolamentos na peanha.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese da Guarda)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

CARPINTEIRO: António Moreira de Queirós, Custódio Vieira e Manuel Fernandes (1755) *2. PEDREIROS: João Gonçalves (1733), Domingos Gonçalves (1755).

Cronologia

1320, 23 maio - bula do Papa João XXII concedendo a D. Dinis, por três anos, para subsídio de guerra contra os mouros, a décima de todas as rendas eclesiásticas do reino, sendo a Iigreja taxada em 60 libras; integra o termo de Trancoso e o bispado de Viseu; 1512 - pertencendo ao padroado real, tornou-se comenda da Ordem de Cristo; 1574 - a igreja pertence ao padroado real e integra o território da Diocese de Viseu; 1641 - D. Álvaro de Abranches, Governador das Armas da Província da Beira, mandou executar o túmulo de Bandarra, então localizado a N. *1; 1720 - provável início das obras da nova igreja; 1728 / 1729 - contratação de pedreiros galegos para trabalhar na capela-mor; 1732 - as denominadas memórias paroquiais referem que o templo medieval tinha sido demolido por ordem do Senado da Câmara, mordomo perpétuo da Confraria de S. Pedro; confirma-se que estava em curso a nova construção, "de melhor fabrica de estilo dorico"; 1733 - contratação do mestre pedreiro João Gonçalves para fazer a capela-mor e respectiva abóbada em pedra, estando previamente planeada para ser em tijolo; a obra foi financiada por esmolas da população; 1749 - depois da paragem dos trabalhos, devido em parte a problemas de administração, a obra nova arruinou-se sendo o culto transferido para a Igreja de Santa Maria; 1754 - recomeço dos trabalhos, projectando-se mudar a implantação da igreja; 1755 - a fiscalização / direcção da obra estava a cargo do Juiz de Fora; a obra de carpintaria (coberturas e púlpito) foi adjudicada ao mestre Custódio Vieira, de Castelo de Lanhoso, trabalhando na obra, o seu oficial António Moreira de Queirós; a obra constava do madeiramento da igreja, das duas sacristias, portas principais e travessas e a capela-mor "forrada de barrete" e o púlpito com guiarda plena lavrada e respectivo guareda-pó (ALVES, 2001, vol. III, p. 5); 6 Agosto - assistia na obra o mestre pedreiro Domingos Gonçalves, de Valença do Minho, responsável pelas sacristia e casa da confraria, cada uma com duas frestas, e pela torre sineira, com cobertura em cúpula, exteriormente oitavada, com quatro pirâmides e seis casas dos sinos; empreitada da cobertura da nave dada ao carpinteiro Manuel Fernandes, por 52$000; 7 Setembro - contrato com o entalhador José Oliveira para a execução dos três retábulos da igreja, por 202$000; 1756, 28 Abril - a obra dos retábulos não se efectuou por falta de pagamento; 1780 - a torre sineira encontrava-se incompleta e o ritmo dos trabalhos abrandava de novo; 1852 - conclusão das obras, colocando-se o relógio na torre sineira; 1857 - fundição dos sinos.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Granito, cantaria sem revestimento e alvenaria rebocada; madeira; ferro; telha de aba e canudo

Bibliografia

HERCULANO, Alexandre, Apontamentos de Viagem, (1853), Lisboa, 1986, pp. 136-137; LEAL, Pinho, Portugal Antigo e Moderno, Lisboa, 1873; CASTRO, José Osório da Gama e, Diocese e Distrito da Guarda, Porto, 1902; CAMPOS, Norberto de, Monografia de Trancoso, in Almanach e Annuario de Trancoso, 1915 e ss.; MOREIRA, David Bruno Soares, Terras de Trancoso, Porto, 1932; ALMEIDA, José António Ferreira de, dir., Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1980; TEIXEIRA, Irene Avilez, Trancoso, Terra de Sonho e Maravilha, Trancoso, 1982; CORREIA, Joaquim Manuel Lopes, Trancoso (Notas para uma Monografia), 2ª ed., Trancoso, 1989; Plano de Salvaguarda do Centro Histórico de Trancoso - Gabinete Técnico Local, Trancoso, 1991; ALVES, Alexandre, Artistas e Artífices nas Dioceses de Lamego e Viseu, 3 vols., Viseu, 2001; SERRÃO, Joaquim Veríssimo - Livro das Igrejas e Capelas do Padroado dos Reis de Portugal - 1574. Paris: Fundação Calouste Gulbenkian Centro Cultural Português, 1971.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Arquivo da Câmara Municipal de Trancoso

Intervenção Realizada

Séc. 20, 2ª metade - obras de conservação e beneficiação regulares.

Observações

*1 - Epitáfio do túmulo do sapateiro Bandarra: "Aqui jaz Gonçaliannes Bandarra natural desta Villa que profitizou a restauração deste Reino, e que hauia de ser no anno de seiscentos e quarenta por el Rey Dom João o quarto noso Senhor, que hoje Reina, faleceo na era de mil e quinhentos, e quarenta e sinco. Esta sepultura mandou fazer Dom Alvaro de Abranches sendo general da provincia da Beira, e se acabou governando nella as armas João de Saldanha de Souza e outo de feuereiro de mil e seiscentos e quarenta e dous."; consta que foi parcialmente apagado por ordem da Inquisição. *2 - Mestre carpinteiro, e não o homónimo arquitecto e engenheiro militar activo na 1ª metade do séc. 20.

Autor e Data

Margarida Tavares 1998

Actualização

 
 
 
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