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Edifício e estrutura Edifício Militar Castelo
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Descrição
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Traçado ovalado irregular com lado quase recto a O., com muralhas em alvenaria argamassada e um único local com merlões, piramidais. Apresenta 4 portas,a de São Pedro, a E., ladeada por torre; é de perfil em arco apontado, com cobertura em abóbada de berço ligeiramente apontado. A porta O. é semelhante e, a SE., desenvolve-se uma porta falsa, em arco quebrado semi-enterrado. A porta principal desenvolve-se a S., abrindo apenas até às impostas do arranque do arco. Integra 6 torres, incorporadas na muralha à excepção da torre NE. e E adossadas pelo exterior. A Torre de Menagem encontra-se a NE., de planta quadrada, em cantaria de granito aparente, rematada por cornija com cachorrada apresentando decoração geométrica. A fachada virada a E. é cega no primeiro registo, tendo, no segundo, duas frestas altas em arco pleno; fachadas viradas a S. e a O. são idênticas, cegas no primeiro registo, tendo, no segundo, fresta em arco de volta perfeita; a fachada N. tem, no primeiro registo, porta de verga recta e umbrais curvos, surgindo, no segundo, fresta em arco de volta perfeita. INTERIOR sem marcação de pisos e cobertura. A Torre N. é de planta rectangular, encontrando-se algo arruinada, tendo porta virada a S. e acesso pelo adarve. A Torre da Vaca, situada a O., é de planta quadrada, percorrida por embasamento escalonado, tendo, na fachada N., seteira no segundo registo, com remate em merlões cúbicos de alvenaria; a fachada E. ostenta seteira no segundo registo e a S. porta de verga recta com arco de descarga quebrado ao nível do adarve, sendo a fachada O. cega. As torres S. e NE. e a denominada Torre Larga são de planta quadrada, cegas e vãs. Possui cisterna circular, com cerca de 7 m. de diâmetro, sem cobertura, ao centro do recinto, com c. de 7 m. de de diâmetro. Junto à porta S. observam-se as ruínas da Igreja de Santa Maria do Castelo e cemitério *1. Na área fronteira à fachada E., existe um alinhamento N. / S. de 3 pilares de secção quadrada chanfrada nos ângulos com capitel formado por 5 molduras sobrepostas de igual secção e de diâmetro crescente. |
Acessos
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Estrada do Castelo. WGS84 (graus decimais) lat.: 41.099764º, long.: -7.290113 |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910 |
Enquadramento
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Rural, isolado, situa-se num cabeço muito declivoso e desnivelado, a encosta nascente sa Serra da Lapa, a cerca de 677 m. de altitude, na margem S. da foz da Ribeira da Teja, afluente do Rio Douro, situada a cerca de 4 Km., e à povoação. Acesso por estrada, seguindo-se caminho estreito, pedonal, com cerca de 100 m.. Na encosta E., junto à Porta de São Pedro e onde existiu capela homónima, observam-se cerca de 10 sepulturas antropomórficas escavadas na rocha, área popularmente denominada por Cemitério dos Mouros. Do castelo, é possível avistar, para E., do vale da Ribeira de Teja até São João da Pesqueira, sendo visíveis os castelos de Ansiães (v. PT010403070002), Castelo Rodrigo (v. PT020904030002), Castelo Melhor (v. PT020914020015), Ranhados (v. PT020909150009) e Penedono (v. PT011812060001). |
Descrição Complementar
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INSCRIÇÔES: Em 1798/99 Sousa Viterbo faz referência à seguinte inscrição, hoje desaparecida: "O seu antiquissimo castelo se acha, pela maior parte arruinado. Saindo dele para a vila pela porta, que fica ao Poente, se vê uma pedra inscrita no muro, e à mão direita...".*2 |
Utilização Inicial
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Militar: castelo |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: marco histórico-cultural |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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DRCNorte, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163 de 24 agosto 2009 |
Época Construção
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Séc. 12 / 14 (conjectural) |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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Época Neolítica - identificação de achados avulsos (J. A. P. Ferreira); época pré-romana - hipotética existência de castro lusitano; época romana - hipotética localização da cidade de Numancia; referência a inscrições romanas (P. Leal) hoje não identificadas; séc. 10 / 11 - era uma praça forte num território praticamente despovoado; 960 - no testamento de D. Flâmula vem referido o castelo, recomendando-se a sua venda para os rendimentos serem aplicados no resgate de cativos, apoio aos peregrinos e mosteiros; foi doado ao Convento de Guimarães; 997 - o castelo é conquistado pelos muçulmanos; 1030 - terá sido arrasada pelos irmãos Tedom e Rausendo Ramires, ficando semi-ermada; 1055-56 - D. Fernando Magno reconquista o castelo; 1059 - o castelo surge referido nos bens pertencentes ao Mosteiro de Guimarães; 1128 - foral outorgado pela Coroa; 1130 - doação a Fernão Mendes de Bragança, casado com D. Sancha, irmã de D. Afonso Henriques, que concedeu carta de foral (referida como Civitate Noman) e mandou (re)edificar o castelo, o qual seguia o modelo de Salamanca / Numão; o território do concelho englobava quase todas as freguesias do actual concelho de Vila Nova de Foz Côa; 1148 - a administração religiosa da povoação pela diocese de Braga é confirmada pelo Papa Eugénio II; 1189 - D. Sancho I terá mandado restaurar as muralhas e construir a torre de menagem, esta construção ficou registada numa inscrição hoje desaparecida *2 ; séc. 13 - doação temporária a Abril Peres no reinado de D. Sancho II; feitura de imaginária para a Igreja de Santa Maria; 1247 - era tenente D. Afonso Lopes de Baião; 1265, Outubro - confirmação do foral por D. Afonso II; 1285, 27 Outubro - confirmação do foral por D. Dinis; provável reconstrução do castelo; 1291 - a povoação tinha tabelião, que pagava ao rei 3 libras; 1302 - o monarca doa o padroado da Igreja de Santa Maria e das suas anexas ao bispado de Lamego; 1320 - a Igreja surge referida no rol das igrejas *2; 1373 - era alcaide-mor Vasco Fernandes Coutinho, de Marialva; a alcaidaria-mor permaneceu na Casa dos Condes de Marialva até ao reinado de D. João III; 1436 - instituição de couto de homiziados por D. Duarte; 1512, 25 Agosto - concessão de foral novo por D. Manuel; era comenda da Ordem de Cristo; 1527 - no Cadastro da População do Reino, surge referido que a povoação tinha 15 habitantes intra-muros, surgindo 41 nos arrabaldes; 1568, Abril - o alcaide-mor, Diogo Cardoso, habitava em Freixo de Numão, começando a decadência da povoação; séc. 17 - foi integrado no concelho de Freixo de Numão; séc. 18 - progressiva ruína do castelo, o aglomerado não se consolidou intramuros, onde se deveria localizar a casa da câmara e pelourinho, mas transformou-se numa paróquia rural na área sobranceira; Numão integrava o termo do concelho de Freixo de Numão; a cerca muralhada possuiria 15 torres; 1758 - nas Memórias Paroquiais, é referido que está no termo de Freixo de Numão e tinha 134 fogos; 1758, 20 Junho - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco António Vaz Dias, de Freixo de Numão, é referido que a povoação integrava o termo de Freixo de Numão, com 80 vizinhos; 1798-99 - Frei Joaquim de Santa Rosa de Viterbo refere que o castelo se encontra praticamente arruinado e que na porta "que fica ao Poente" estava gravada uma inscrição que transcreve.*3; 1873 - a povoação foi integrada no concelho de Vila Nova de Foz Côa; 1927 - referência a uma inscrição a ladear a porta O., com a data "1189"; 1940, 17 Fevereiro - edifício afecto à Junta de Freguesia por decreto ministerial; 1953 - a cisterna encontrava-se entulhada. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes; abóbada de berço quebrado. |
Materiais
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Estrutura em alvenaria e cantaria de granito. |
Bibliografia
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LEAL, Pinho, Portugal Antigo e Moderno, Lisboa, 1873; AZEVEDO, Joaquim de, História Eclesiástica da Cidade e Bispado de Lamego, Porto, 1877; BEÇA, Humberto, Castelos de Portugal, Os Castelos da Beira Histórica, Porto, 1922; DIONÍSIO, Sant'Ana, Guia de Portugal, Lisboa, 1927; ALMEIDA, João de, Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses, Lisboa, 1945; FERREIRA, João Albino Pinto, Antiguidades de Numão, Porto, 1953; AZEVEDO, Correia de, Património Artístico da Região Duriense, Porto, 1963; FERREIRA, João Albino Pinto, Numão Pré-histórico, Lisboa, 1965; AZEVEDO, Correia de, Terras com Foral ou Pelourinho das Províncias do Minho, Trás-os-Montes, Alto Douro e Beiras, Porto, 1967; PERES, Damião, A Gloriosa História dos Mais Belos Castelos de Portugal, Porto, 1969; FERREIRA, J.A. Pinto, Antigo Concelho de Freixo de Numão - memórias paroquiais do século XVIII, Lisboa, MCMLXXIV; FERREIRA, João Albino Pinto, Numão Através da História, Lisboa, 1978; BARROCO, Joaquim Manuel, Panoramas do Distrito da Guarda, Guarda, 1978; ALMEIDA, José António Ferreira de, dir., Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1980; GIL, Júlio e CABRITA, Augusto, Os Mais Belos Castelos e Fortalezas de Portugal, Lisboa, 1986; SÁ-COIXÃO, António de, dir., Notícias de Freixo de Numão, Freixo de Numão, 1982 - 1991; COIXÃO, António do Nascimento Sá e TRABULO, António Alberto Rodrigues, Evolução político-administrativa na área do actual concelho de Vila Nova de Foz Côa, Vila Nova de Foz Côa, 1995; GONÇALVES, Luís Jorge Rodrigues, Os castelos da Beira interior na defesa de Portugal (séc. XII - XVI), [dissertação de mestrado], Lisboa, Faculdade de Letras de Lisboa, 1995; GOMES, Rita Costa, Castelos da Raia. Beira, vol. I, Lisboa, 1997; BARROCA, Mário Jorge, Corpus Epigráfico Medieval Português, tomo I, pp. 477-479, FCG, Lisboa, 2000; Foz Côa Inventário e Memóra, [coord. de SOALHEIRO, João], Porto, 2000; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/70481 [consultado em 20 dezembro 2016]. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID; IHRU: SIPA |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID |
Intervenção Realizada
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DGEMN: 1944 - reconstrução completa de muralhas com reaproveitamento de silhares, escavação e remoção de terras; desentulhamento completo da cisterna; 1945 - reconstrução completa de muralhas com reaproveitamento de silhares; apeamento e reconstrução do arco pleno da porta N. da muralha, escavação e remoção de terras; 1946 - reconstrução de panos de muralha com reaproveitamento de silhares, escavações para regularização do terreno da parte interior do castelo; 1947 - reconstrução de panos de muralha com reaproveitamento de silhares; escavações para regularização do terreno da parte interior do castelo; 1948 - Reconstrução de panos de muralha com reaproveitamento de silhares; escavações para regularização do terreno da parte interior do castelo; 1949 - reconstrução de panos de muralha com reaproveitamento de silhares; escavações para regularização do terreno da parte interior do castelo; 1950 - apeamento, limpeza e arrumação das cantarias, cornija e cachorrada, do corpo superior da torre E.; reconstrução do corpo superior da torre E.; reparação da porta e fechadura da torre; 1973 - apeamento e reconstrução de pano de muralha desmoronado (troço N.); consolidações de fundação no troço da muralha, respaldo de paredes com argamassa de cimento, apeamento e arrumação de cantaria solta, limpeza do terreno e remoção do entulho; 1974 - apeamento e arrumação de silharia solta, refechamento dos silhares no lado interior de pano de muralha, nos topos de troços não ruídos e na base de assentamento, reconstrução de pano de muralha (troço N.); remate superior da muralha com refechamento das últimas fiadas e tratamento do piso do adarve, limpeza do terreno e remoção de entulhos; 1984 - reconstrução de dois panos de muralha na zona SE.; lajeamento do adarve da muralha nas zonas em falta, execução de degraus e soleiras em cantaria e seu assentamento na entrada principal, execução de lajedo na zona interior da entrada principal; CMS: séc. 21, início - instalação de iluminação cénica, com apoio de fundos comunitários. |
Observações
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*1 Templo de planta longitudinal:2 rectângulos justapostos. Fachada principal: orientada a O.; portal em arco quebrado. Alçado N.: cego; cachorrada com decoração geométrica na capela-mor. Alçado S.: portal em arco quebrado na nave, fresta e cachorrada na capela-mor. Alçado E.: fresta entaipada; empena angular com cornija. Subsiste arco triunfal quebrado com 2 arquivoltas e impostas decoradas com meias esferas. *2 - a povoação tinha, ainda as paróquias de São Pedro (v.), de São Tiago, desaparecida no séc. 16, São Mamede, referida em 1558 e São Vicente, desaparecida no séc. 18; eram todas do padroado régio. *3 - Segundo Mário Barroca trata-se da inscrição comemorativa da construção da Torre de Menagem. Apesar do castelo possuir outras torres só naquela era costume colocar uma epígrafe para registar esse tipo de acontecimentos.(CEMP nº 185). Gravada no único silhar coevo da antiga torre (os que actualmente se observam são do período da reconstrução). Tipo de Letra: Inicial capitular carolino-gótica. Leitura: INCEPIT TVRREM IN ERA MCCXXVII (=ano de 1189). *3 Ruínas da Igreja de Santa Maria do Castelo: planta longitudinal com portais em arco quebrado, cachorrada com decoração geométrica e arco triunfal quebrado com impostas decoradas com meias esferas. |
Autor e Data
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Margarida Conceição 1992 / Filipa Avellar 2005 |
Actualização
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