Bairro de Alvalade / Área do Plano de Urbanização da Zona a Sul da Avenida Alferes Malheiro
| IPA.00030357 |
Portugal, Lisboa, Lisboa, Alvalade |
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Sector urbano. Bairro. Conjunto urbano, de carácter residencial, promovido pela Federação das Caixas de Previdência - Habitações Económicas na década de 40 do século 20. Bairro urbano, de traçado regular, de média densidade, dedicado maioritariamente à habitação, sendo dotado de comércio ao nível do piso térreo e de pequenas indústrias não poluentes. Obedece aos princípios do "zonamento" e estrutura-se segundo uma rede viária hierarquizada, que define a estruturação do conjunto em 8 células/ unidades de vizinhança, por sua vez definidas por quarteirões de configuração regular, ortogonais entre si. |
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Número IPA Antigo: PT031106421637 |
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Registo visualizado 3966 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Conjunto urbano Setor urbano Unidade morfológica Contemporânea Área planeada
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Descrição
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A definição da malha urbana de Alvalade é o resultado dos pressupostos delineados no Plano de Urbanização da Zona a Sul da Avenida Alferes Malheiro, manifestando, hoje, a coerência do sistema formado por vias, quarteirões, edifícios, espaços públicos e mobiliário urbano originalmente definidos na década de 40, como também as experiências de arquitectura residencial de que a mesma se constituiu suporte entre as décadas de 40 e 60. Ditas experiências configuram, actualmente, unidades morfológicas facilmente identificáveis pela sua imagem, autoria ou programa, cujas fichas de inventariação, inseridas no SIPA, deverão complementar a leitura da presente ficha. Trata-se de um conjunto de carácter urbano, maioritariamente dedicado à habitação, que conforma um trapézio de configuração irregular com cerca 230 hectares. A estrutura do conjunto de Alvalade assenta em três grandes eixos de circulação viária previamente definidos no Plano Director da Cidade de Lisboa (Avenidas de Roma, dos EUA e Alferes Malheiro / do Brasil), aos quais foram acrescentados novos eixos de grande expressão (Avenidas do Aeroporto, do Rio de Janeiro e Av. da Igreja - artéria comercial principal que liga o Campo Grande à Av. do Aeroporto). Estes grandes eixos subdividem a área do "trapézio" em 8 unidades de vizinhança (originalmente denominadas de "células"), dentro das quais uma rede secundária de arruamentos viabiliza o acesso às habitações e uma rede paralela de caminhos pedonais ou veredas atravessa os quarteirões, racionalizando e abreviando os percursos de acesso aos equipamentos situados o interior de cada célula. Isoladamente, cada célula organiza-se em torno de equipamentos escolares e é dotada de elementos de interesse geral (COSTA, Guilherme Faria da - Memória Descritiva e Justificativa, [1945]), como sejam grandes espaços livres, mercados, igreja, instalações de serviços públicos, escolas, liceus, cinema, entre outros. Embora maioritariamente dedicada ao programa habitacional a definição do Bairro de Alvalade obedece aos princípios do "zonamento", subdividindo-se em áreas dominantes do seguinte modo: Células I e II, situadas a O. da Av. de Roma, na margem O. do conjunto de Alvalade, são dedicadas à zona residencial de casas de renda económica; Célula III, situada a E. da Avenida de Roma, junto ao limite N. do conjunto, é ocupada por uma zona residencial dotada de comércio no nível do piso térreo e de pequenas indústrias não poluentes, situadas a norte da célula; Célula IV, situada no extremo E. do conjunto de Alvalade e marginada a O. pela Av. do Aeroporto, é zona ocupada por moradias unifamiliares económicas, isoladas e geminadas com 2 pisos (volumetria ditada pela coincidência com o canal de aterragem da pista S. do Aeroporto de Lisboa); Célula V, localizada no centro do conjunto, entre a Av. de Roma e a Av. Rio de Janeiro, integra o centro desportivo da INATEL (ex-FNAT) que ocupa uma extensa área "aberta"; Célula VI, situada no vértice N.-E. do conjunto, é coupada por uma zona residencial e pelo extenso espaço verde da mata de Alvalade; Célula VII, no vértice S.-O., integra uma zona residencial denominada Bairro de São Miguel; Célula VIII, situada no vértice S.-E. do conjunto, comporta uma zona residencial que integra o Bairro das Estacas e equipamentos de lazer. |
Acessos
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Avenida de Roma |
Protecção
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Em estudo / Inclui Zona Especial de Proteção do Solar da Quinta dos Lagares d'El-Rei (v. PT031106040124) |
Enquadramento
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Urbano. O conjunto insere-se na malha urbana consolidada no extremo N. da cidade. Enquadra-se entre a faixa verde do Campo Grande [v. PT031106091148] e a zona do Areeiro, sendo delimitada a N. pela Av. do Brasil (antiga Alferes Malheiro), a S. pela linha de caminho-de-ferro, a E. pela Av. do Aeroporto e a O. pelo Parque do Campo Grande. Constitui a materialização do Plano de Urbanização da Zona Sul da Avenida Alferes Malheiro. |
Descrição Complementar
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O Bairro de Alvalade constitui uma obra paradigmática na arquitectura e no urbanismo do século 20 em Portugal, no qual se experimentaram e prepararam, modelarmente, novos modelos espaciais e abordagens tipológicas para a expansão da cidade no sentido norte. Constituiu um verdadeiro "estaleiro de inovações técnicas como um exemplo de mix social e de actividades e espaços livres generosos, na sua maioria privados, sem procurar a ruptura com os conceitos de avenida, rua e edificação contínua, de média altura". (PORTAS, 1997, p.119). O Plano de Alvalade - "com características de plano parcial integrado no plano geral de urbanização e expansão da Cidade, já perfeitamente definido nas suas linhas fundamentais -, t[inha] por fim uma nova zona de expansão da Cidade tornada indispensável pelo seu crescimento normal" (COSTA, Guilherme Faria da - Memória Descritiva e Justificativa, [1945]). Foi delineado para cobrir uma vasta zona de cerca de 250 hectares, destinada ao alojamento de 45.000 habitantes, tomando por princípio estruturante a coexistência de diversas categorias sociais, o que assegurou quer a própria viabilidade económica do Plano, quer a diversidade tipológica e programática no interior do mesmo que contempla: a.habitações colectivas de renda económica; b. habitações colectivas de renda não limitada; c. moradias unifamiliares de renda económica; d. moradias unifamiliares de renda não limitada. O Plano propunha a resolução da crise habitacional, o realojamento das famílias que moravam na zona central da cidade, então em remodelação (Baixa, Socorro, Rossio), a descentralização de serviços e a resolução de problemas de circulação viária no centro da cidade. Para tal foi definida, logo em 1938, uma vasta área de configuração trapezoidal, no extremo norte da cidade, com cerca de 250 hectares, limitada a N. pela Av. Alferes Malheiro (actual Av. do Brasil), a E. pela Av. do Aeroporto, a S. pela via-férrea e a O. pelo extenso Jardim do Campo Grande / R. de Entrecampos. A opção por esta zona obedeceu a critérios de natureza diversa, nomeadamente: a. características topográficas do local; b.características geo-morfológicas do local; c. a sua orientação permitindo a criação de espaços livres e salubres; d. a vizinhança imediata de grandes espaços livres, como a vasta zona verde e de lazer do Campo Grande, o Aeroporto de Lisboa e os campos desportivos situados a poente e a norte do Campo Grande; e. a possibilidade de integração do conjunto na continuidade de uma malha urbana consolidada ou em consolidação.A intervenção geral de Alvalade constituiu para além dos aspectos que temos vindo a enunciar um laboratório de experimentação de propostas e princípios característicos do Movimento Moderno, entre os quais se destacam: a)o desenvolvimento de "Unidade de Habitação"; b) introdução de "Células de Vizinhança"; c) separação estrita dos trânsitos automóvel e pedonal, e, dentro do primeiro, das circulações rápidas e de acesso local; d) a concentração da área construída em altura, como meio de reduzir a densidade de ocupação do solo, libertando este para o desenvolvimento de zonas verdes em extensão; e) a criação das melhores condições de habitação (salubridade, ventilação natural, exposição ao sol); f) a previsão da existência de serviços colectivos e amplos espaços exteriores; g) a eliminação das regras de hierarquia convencionais entre fachadas (principal e secundárias) na sua relação com a frente de rua / interior do quarteirão, fazendo desaparecer a figura do quarteirão fechado e igualizando a importância dos diversos alçados; h) a ponderação dos mesmos factores exteriores no desenho das células habitacionais, cruzada com imperativos de funcionalidade, optimização de percursos e equipamento desenvolvido para redução de mobiliário supérfluo ao mínimo, como formas de potenciar o usufruto de áreas pouco generosas. Dentro destas experiências podemos evidenciar: o conjunto de Habitações de Renda Económica projectadas por Miguel Jacobetty, em 1948 [v.PT031106041335]; o conjunto da Av. Rodrigo da Cunha, definido por Joaquim Ferreira, de 1951 [v. PT031106421646]; o Bairro das Estacas projectado em 1955 por Ruy d'Athouguia [v. PT031106041175]; os chamados Blocos Vává, que assinalam o cruzamento da Av. dos Estados Unidos da América com a Avenida de Roma, de José Segurado, Filipe Figueiredo e Sérgio Gomes, projectados em 1953 [v. PT031106041177]; o conjunto da Av. do Brasil, de José Segurado, datados de 1956 [v. PT031106421650]. Essa experimentação ocorreu, igualmente, ao nível dos ensaios de materiais e processos técnicos e construtivos, visível nomeadamente no estudo de betão sem finos, das argamassas de revestimento para aplicação em revestimentos interiores e exteriores. |
Utilização Inicial
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Não aplicável |
Utilização Actual
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Não aplicável |
Propriedade
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Não aplicável |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Arquitecto/Urbanista: Guilherme Faria da Costa (Plano de Urbanização); Arquitecto: Croft de Moura; Dário Silva; F. Ressano Garcia; Fernando Silva; Filipe Figueiredo; Formozinho Sanchez; Henrique Albino; Inácio Peres Fernandes; Joaquim Areal e Silva; J. M. Andrade Barreto; Joaquim Ferreira; José Lima Franco; José Segurado; Luís Américo Xavier; L. Castro Freire; Luís Mateus; M. Coutinho Raposo; Manuel Laginha; Miguel Jacobetty; Nuno Craveiro Lopes; Orlando Azevedo; Palma de Melo; Pedro Cid; Ruy d'Athouguia; Sérgio Andrade Gomes; Vasconcelos Esteves; Arquitecto Paisagista: Gonçalo Ribeiro Telles |
Cronologia
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Anos 30 - o crescimento populacional de Lisboa, que rondava os 12.000 habitantes por ano, a par do lento processo de construção dos bairros de renda económica - sobretudo limitada à construção de pequenas moradias enquadradas numa concepção howardiana de cidade-jardim -, contribuíram para o agravamento da crise habitacional. 1932, 19 Setembro - criação do Fundo do Desemprego cujas atribuições e competências foram estabelecidas pelo Decreto nº 21.699. Este organismo tinha como primeiro intuito atenuar a crise do desemprego motivando, simultaneamente, a qualificação dos serviços e instalações das empresas particulares e consequente reforma da actividade económica do país, tendo constituído um importante mecanismo na concretização das intenções de expansão e qualificação da malha urbana em Lisboa e no restante país, nomeadamente na concretização do Plano de Alvalade. Procurava a "coordenação dos esforços do Estado com os esforços das actividades dos particulares e a coordenação das actividades exercidas por vários sectores e por várias funções do próprio Estado"; 1938, 1 Julho - publicação do Decreto-Lei nº 28.797 que viabilizou a apropriação camarária de terrenos privados mediante a legalização de uma campanha de expropriação de solos rurais. Dos 230 ha que constituem a área total definida no plano de Alvalade, 218 ha resultam de acções expropriação; 1938 - ano que marca uma alteração substancial na política de expansão urbana da cidade de Lisboa, bem como na resolução dos problemas habitacionais na época evidenciados. Trata-se do ano em que o urbanista russo (nacionalizado francês) Etienne de Gröer é convidado por Duarte Pacheco - Ministro das Obras Públicas e Presidente da Câmara Municipal de Lisboa em simultâneo -, a desenvolver o Plano Geral de Urbanização e Expansão de Lisboa, dirigindo desde esta data um núcleo muito qualificado de técnicos camarários entre os quais os arquitectos João Guilherme Faria da Costa (1906 - 1971), Francisco Keil do Amaral (1910 - 1975) e Inácio Peres Fernandes (1910 - 1989). Criam-se, a partir deste momento, novas circunstâncias metodológicas e conceptuais que, cruzadas com o crescente protagonismo do próprio município e a criação de novos instrumentos legais desde meados dos anos 30, permitiram definir estratégias inovadoras e desenvolver uma política de expansão urbana muito qualificada; 1941, 30 Janeiro - é apresentado o "Projecto da Avenida dos Estados Unidos da América do Norte", elaborado pelo Engenheiro Manuel Botelho da Costa para a Direcção de Serviços de Urbanização e Obras (DSUO) da CML, que desenvolve e detalha o anteprojecto, do mesmo autor, para a "grande Avenida de Circunvalação [destinada] a estabelecer a ligação entre o Parque Florestal de Monsanto e a futura Avenida Marginal do Tejo", via com 30 metros de largura que liga a projectada Avenida de Ceuta à Estrada de Chelas (CML/Arquivo Arco Cego, URBA-EP/04/139 e 140) (v. PT031106421648); 1945, 7 Maio - publicação da Lei nº 2007, mediante o qual foi criado o regime de construção de casas de renda económica, destinadas aos centros urbanos e industriais, viabilizando a criação de uma política de habitação municipal. De acordo com este diploma legal, por casas de renda económica consideravam-se aquelas que: a) eram edificadas por sociedades cooperativas ou anónimas, organismos corporativos ou de coordenação económica, instituições de previdência social, empresas concessionárias de serviços públicos, empresas industriais e outras entidades privadas; b) que ofereciam boas condições de salubridade e construção, obedecendo aos pressupostos estabelecidos nos regulamentos do Ministério das Obras Públicas e Comunicações; c) que eram dotadas de acesso directo para cada fogo; d) que comportavam sistemas de distribuição de águas e de esgotos ligados à rede sanitária pública; e) que tinham três pisos como limite máximo de altura; f) que tinham um limite mínimo de 3 divisões para as habitações de 2ª classe e de 5 para as habitações de 1ª classe; g) que não excediam as rendas-base mensais cujos valores estavam tabelados. Esta medida seria complementada dois anos depois com a regulamentação da construção de casas de renda limitada que permitiu a introdução de vários projectistas na zona de Alvalade; 1945 -1948 - concepção do Plano de Urbanização do Sítio de Alvalade, inicialmente designado por Plano de Urbanização da Zona a Sul da Avenida Alferes Malheiro (actual Av. do Brasil), delineado pelo arquitecto e urbanista João Faria da Costa (Sintra, 1906 - Lisboa, 1971) *1; 1945, Outubro - aprovação do Plano de Alvalade pelo Governo. Dois anos depois já estava em construção o primeiro núcleo de habitações; 1946, 25 Abril - criação da Federação das Caixas de Previdência - Habitações Económicas, mediante o Decreto-Lei nº 35.611, que veio contribuir decisivamente para a promoção da habitação económica mediante a aplicação de verbas provenientes de todas as instituições de previdência, i.e. de todas as caixas sindicais de previdência ou reforma dependentes do Ministério das Corporações e Previdência Social. A sua actividade, que se estendeu até 1972, pressupunha a elaboração da proposta, do estudo e da execução de programas de casas de renda económica, assim como a prestação de assistência técnica. Tratou-se essencialmente de um organismo coordenador, dotado de meios técnicos para executar os empreendimentos delineados pelos Serviços Camarários; 1946, 8 Agosto - celebração de contrato entre o FCP-HE e a Câmara Municipal de Lisboa. A FCP- HE disponibilizou uma verba de cerca de 200.000.000$00 destinada à 1º fase de construção; 1947, 7 Abril - publicação do Decreto-Lei nº 36.212 que institui um novo regime jurídico de habitação até então inexistente, regulamentando a construção de "casas de renda limitada". Este novo regime abria à iniciativa privada a possibilidade de construção dentro da área do Plano de Alvalade, o que se reflectiu, de imediato, na aceleração do ritmo da construção nas zonas destinadas ao comércio (Células III e V). Estas casas seriam construídas até 31 de Dezembro de 1957; 1947-1950 - construção do primeiro grupo de 302 edifícios nas Células I e II, definindo um núcleo de 2066 casas de renda económica, com 3 e 4 pisos de altura, cujo projecto foi delineado pelo arquitecto Miguel Jacobetty Rosa (1901-1970). Trata-se de um grupo de casas de renda económica, com 3 e 4 pisos de altura, sem elevador, organizadas em banda no interior das referidas células, que contempla 9 tipos de habitações, organizadas em 3 séries que correspondem ao nível socio-económico dos agregados familiares; 1948 - Iº Congresso Nacional de Arquitectura, realizado no âmbito da exposição 15 Anos de Obras Públicas (1932-1947) promovida pelo SNI, no qual se afirmava que os arquitectos tinham a sagrada missão de construir racionalmente casas no sentido de manter o equilíbrio da sociedade; por isso a forma radiosa proposta pela Carta de Atenas é a única forma de dar aos homens alegria e optimismo. Nesta ocasião, Jacobetty Rosa apresentou uma comunicação com o título "Estudo de Casas de Renda Económica", na qual elencava os princípios estruturantes das soluções tipológicas definidas para Alvalade. Sem abordar profundamente o estudo racional dos serviços domésticos, como modernamente se está fazendo na América e noutros países, procurou, segundo afirma, lançar mão de métodos tanto quanto possível objectivos para controlar os estudos que empreendemos baseados nas directivas expostas e nos princípios modernos. Recorreu, então, ao "Método dos Sinais" e a outros processos metodológicos, nomeadamente os métodos gráficos desenvolvidos por Alessandro Klein e apresentados por Enrico A. Griffini na publicação Construzione Razionale della casa; 1950 - início da construção de um conjunto de casas de renda económica na Célula V, contemplando cerca de 108 prédios, financiados pela FCP-HE; 1950, Julho - conclusão da construção de casas de renda económica nas Células I e II; 1952 - Plano Director de Urbanização de Lisboa; 1953-1955 - estudo da zona compreendida entre a Av. do Rio de Janeiro e a Av. de Roma, pelo Arq.º Areal e Silva; 1954, Fevereiro - é criado na CML o Gabinete de Estudos de Urbanização (GEU), que procedeu à revisão do Plano Director da Cidade de Lisboa, de 1948; 1999 - um grupo de especialistas do Centre Scientifique et Technique du Bâtiment (CSTB) - entre os quais Brigitte Guigou, Jean Didier Laforgue, Patrice Séchet - distinguiu o caso de Alvalade como um dos melhores exemplos de conjuntos residenciais europeus de meados do século XX. De acordo com este estudo: C'est un urbanisme qui réussit à articuler et à hiérarchiser, sur une grand échelle urbaine, les différents espaces - des avenues aux impassrs, et des espaces les plus publics aux espaces les plus privés. Il est surprenant que cet exemple ne soit pas valorisé davantage, dans la littérature professionnelle internationale ; il représente en effet une forme idéal typique de la ville moderne, comparable à celle élaborée par Haussman à Paris ou por Cerdá à Barcelone. (AA.VV, 1999). |
Dados Técnicos
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Utilização de sistemas normalizados para elementos constitutivos das edificações, como sejam: portas, janelas, revestimentos, degraus de escadas e guarnecimentos de vãos exteriores, caixilharias, tubagens; paredes de alvenaria com blocos de betão; |
Materiais
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Alvenaria de tijolo; alvenarias de betão; betão sem finos; argamassas de revestimento; tijolo aparente vidrado |
Bibliografia
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AA.VV., Do Estádio Nacional ao Jardim Gulbenkian. Francisco Caldeira Cabral e a Primeira Geração de Arquitectos Paisagistas (1940-1970), Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2003, pp. 231-234; ACCIAIUOLI, Margarida - Exposições do Estado Novo: 1939-1940. Lisboa: Livros do Horizonte. 1998; d'ATHOUGUIA, Ruy; SANCHEZ, Formozinho - "Bairro das Estacas: Bairro de S. João de Deus, Alvalade, Lisboa 1949-1953", in Jornal dos Arquitectos, nº257, 2004; A urbanização do Sítio de Alvalade. Lisboa: CML, Setembro 1948; BAPTISTA, Luís V., Cidade e Habitação Social: O Estado Novo e o Programa das Casas Económicas em Lisboa, Celta Editora, 1999; BECKER, Annette; TOSTÕES, Ana; WANG, Wilfried (dir.) - Arquitectura do século XX. Portugal. Lisboa/ Munique: Prestel, 1997; CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA - "Empreitada de Construção do 1º Grupo de Casas de Rendas Económicas", Caderno de Encargos. Lisboa: CML, 1945; CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA - "Grandes Problemas de Lisboa - A construção de casas de rendas económicas", Revista Municipal. Lisboa: CML, nº 26, 3º trimestre 1946; CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA - A Urbanização do Sítio de Alvalade. Lisboa: CML, 1948; CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA - Carta de Património - Levantamento do património Construído e Ambiental; Lisboa: Freguesia de Alvalade, 1992; COELHO, António Baptista - 1984-2004. 20 anos a promover a construção de habitação social. Lisboa: LNEC/INH, 2006, pp. 46-51; COUTINHO, António de Araújo, Alguns aspectos da intervenção das diversas instituições no fomento da Habitação Social, s.l. [Lisboa], policopiado, s.d. [1985]; COSTA, João Pedro - Bairro de Alvalade: um paradigma no urbanismo português. Lisboa: Livros do Horizonte/ FAUTL, 2002; COSTA, Rui Seco da - Conceitos e experimentação de desenho urbano em Portugal: do modernismo à revisão dos modelos (texto policopiado), dissertação de mestrado em Arquitectura apresentada ao Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 2006; FRANÇA, José-Augusto - Lisboa: Urbanismo e Arquitectura. Lisboa: Livros do Horizonte. 1997; FRANÇA, José-Augusto - História da Arte em Portugal: o Modernismo. Lisboa: Editorial Presença. 1997; GARRETT, V. A. - "A Casa Económica: No passado, no presente e no futuro, sua influência no nível cultural da classe trabalhadora", trabalho apresentado ao IV Congresso da União Nacional, Maio-Junho, 1956; GROS, Marielle Christine - "Pequena história do alojamento social em Portugal", in Sociedade e Território, 1994, pp. 80-90; HOWEL, Margarida Souza Lobo - "Casas Económicas: um programa emblemático da política habitacional do Estado Novo", in Caminhos do Património - 1929-1999, DGEMN, 1999, pp.151-158; JACOBETTY, Miguel - Estudo de Casas de Renda Económica. (Comunicação apresentada no I Congresso Nacional dos Arquitectos). Lisboa, 1948; LAMAS, José - Morfologia Urbana e Desenho da Cidade. Lisboa: FCG/JNICT, 1988; LABORATÓRIO NACIONAL DE ENGENHARIA CIVIL - Assistência Laboratorial à Construção de Casas de Rendas Económicas no Sítio de Alvalade. Relatório nº 620, II serviço - Secção de Madeiras. Lisboa: LNEC-MOP, Maio 1954; LOBATO, Luís Guimarães; FARINHA, Manuel Brazão - Construção de Casas de Rendas Económicas - Condições Gerais. Lisboa: CML, Fevereiro 1946; LOBATO, Luís Guimarães - "A experiência de Alvalade", Separata da Técnica. Revista de Engenharia. Lisboa: IST, nºs 209-210, 1951; LÔBO, Margarida Souza - Planos de Urbanização: A época de Duarte Pacheco. Porto: DGOTDU/ FAUP, 1995; Ministério das Corporações e Previdência Social, Direcção-Geral da Previdência e Habitação Económica, Casas Económicas, 1966; MUMFORD, Eric - The CIAM Discourse on Urbanism, 1928-1960. Cambridge: MIT Press, 2000; PORTAS, Nuno - "Arquitectura da habitação no século XX português", in BECKER, Annette; TOSTÕES, Ana; WANG, Wilfried (dir.), Arquitectura do Século XX. Portugal. Munique: Prestel, 1997, p.119; RESENDE, Feliciano, Habitações Económicas. Coimbra, Coimbra Editora, 1961; ROSAS, Fernando - "Saber durar (1926-1949)", in MATTOSO, José (dir.) - História de Portugal: O Estado Novo (1926-1974). Lisboa: Círculo de Leitores, 1994; SILVA, Carlos Nunes - Política Urbana em Lisboa, 1926-1974. Lisboa: Livros do Horizonte, nº 26, 1994; SILVA, Carlos Nunes - "Política urbana em Lisboa: elementos para uma periodização", Actas das Sessões - I Colóquio Temático: o município de Lisboa e a dinâmica urbana (séculos XVI - XX), Lisboa, CML- Imprensa Municipal, 1995; TAVARES, Maria, Um percurso na habitação em Portugal: o caso da FCP-HE, in infohabitar, 2008; TOSTÕES, Ana - Os Verdes Anos na Arquitectura Portuguesa dos Anos 50. porto: FAUP, 1997; AA.VV - "Qualité architecturale et urbaine et satisfaction residentielle - Project nº 233 H3, rapport de mission". Programme de Cooperation Scientifique et Technique Luso-Française - CSTB/ LNEC/ laboratoire de Sociologie Urbaine Générative. Paris: CSTB, Setembro 1999; TOSTÕES, Ana - "O Bairro de Alvalade no quadro do desenvolvimento urbano de Lisboa", in AAVV - Lisboa: Conhecer Pensar Fazer Cidade. Lisboa: Centro de Informação Urbana de Lisboa, 2001; TRINDADE, Cachulo da, Casas Económicas: Casas de Renda Económica, Casas de Renda Limitada e Casas para Famílias Podres. Legislação Anotada, Coimbra Editora, 1951. |
Documentação Gráfica
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IHRU: SIPA |
Documentação Fotográfica
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IHRU: SIPA; DGEMN/DSID; DGEMN/Arquivo Pessoal Manuel Laginha; CML: Arquivo Fotográfico |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/Arquivo Pessoal Manuel Laginha; DGEMN/Arquivo Pessoal Guilherme Faria da Costa; CML: Arquivo Arco do Cego |
Intervenção Realizada
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Observações
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EM ESTUDO *1 - Licenciado em Arquitectura em 1936 pela Escola de Belas Artes de Lisboa, Faria da Costa complementou a sua formação no Institut d'Urbanisme de l'Université de Paris, onde obteve, em 1935, o diploma de urbanista com a apresentação de uma proposta para o Plano de arranjo, embelezamento e extensão da cidade da Figueira da Foz. A actividade profissional de Faria da Costa ficou fortemente associada à renovação do espaço urbano em Portugal, durante as décadas de 30 e 40, reconhecendo-se, nas suas propostas, a influência dos valores howardianos da cidade-jardim, os modelos espaciais da escola do urbanismo alemão e o legado moderno dos princípios estruturadores da Carta de Atenas. Para Lisboa, mais especificamente para o Plano da Zona Sul da Avenida Alferes Malheiro, desenvolveu um extenso e pioneiro trabalho de pesquisa tipológica, prolongando os estudos já encetados por Donat-Alfred Agache e Étienne de Gröer, figuras referenciais do urbanismo internacional, que exerceram uma acção determinante no domínio do planeamento em Portugal. |
Autor e Data
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Rute Figueiredo 2010 |
Actualização
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