Chafariz das Janelas Verdes
| IPA.00003147 |
Portugal, Lisboa, Lisboa, Estrela |
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Arquitectura infraestrutural, barroca. Chafariz urbano, implantado numa ampla praça, construída em função dele, fronteiro a um antigo convento e a um dos palácios dos futuros Marqueses de Pombal, que integra o plano de abastecimento de água a Lisboa, pelas Águas Livres, do tipo centralizado, composto por plataforma, a que se adossam dois tanques num nível inferior, interrompidos por escada que acede ao nível superior, num esquema semelhante ao do Chafariz da Armada (v. PT031106260234), que sustenta uma taça fechada e galbado, com bicas em forma de carrancas, que vertem para um tanque circular; os três tanques são de perfil galbado e bordo simples. O conjunto é rematado por um grupo escultórico alegórico. Chafariz que se integra num amplo largo, construído para lhe servir de pano fundeiro e aumentar o seu efeito cénico, compondo um muro de suporte de terras, que termina, no fundo, em escadaria de perfil circular, de dois lanços convergentes, dando acesso a um patamar fechado, em passadiço, com dois acessos flanqueados por pilaretes, rematados por plintos piramidais. Ao centro, o chafariz, onde se destacam as bicas, em forma de uma figura híbrida, meio homem, meio demónio, rematado por grupo escultórico composto por uma figura graciosa feminina, possivelmente Anfitrite ou Vénus, porque um golfinho a ladeia, vestida com vestes flutuantes arregaçando parte de um manto com a mão esquerda, enquanto a outra, ampara um Cupido que lhe oferece uma seta; é um dos poucos chafarizes de Lisboa com estátua cimeira, restando mais dois, o da Armada (v. PT031106260234), cuja plataforma com dois tanques laterais é semelhante ao exemplar em estudo, e o do Lumiar, este mais tardio (v. PT031106180997), mas que foi uma solução comum ao longo dos séculos 17 e 18, como se depreende ao analisarmos os desaparecidos chafarizes do Rossio, com estátua de Neptuno, do Terreiro do Paço, com estátua de Apolo ou o do Loreto, ao Chiado, com uma estátua de Neptuno (séc. 18), apeado em 1855 e actualmente no lago do Largo D. Estefânia. |
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Número IPA Antigo: PT031106260356 |
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Registo visualizado 5335 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Estrutura Hidráulica de elevação, extração e distribuição Chafariz / Fonte Chafariz / Fonte Tipo centralizado
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Descrição
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Chafariz de planta circular, assente em ampla plataforma circular, pavimentada a lajeado de calcário, com acesso, nos lados N. e S., por cinco degraus em cantaria, desenvolvendo-se nos lados opostos, dois tanques semicirculares formados pelas guardas plenas das escadas, em cantaria almofadada e por espaldar côncavo, também almofadado e capeado, tendo, cada um deles, uma bica quadrangular, que verte para o tanque com muro galbado e bordo liso. No centro da plataforma, surge a zona superior do chafariz, composto por plinto paralelepipédico, com os ângulos côncavos, com remate toreado, onde assenta um pedestal galbado, compondo duas zonas convexas e a central côncava e bojuda, todas almofadadas e possuindo, em cada lado, uma bica em forma de carranca, que emerge de uma concha; é composta por uma figura envelhecida e barbuda, com os cabelos atados por uma fita, que deixam antever umas orelhas pontiagudas, saindo a água da boca. Jorram para um tanque circular, de perfil galbado e bordos lisos, tendo, na zona frontal às bicas, um elemento elevado, onde assentam as réguas metálicas para apoio do vasilhame, e adossado ao tanque, um pequeno degrau em cantaria. No topo do pedestal, surge um grupo escultórico, representando uma alegoria ao Amor e à Água, com as figuras de Vénus, ladeada por um golfinho e pela figura de Cupido. |
Acessos
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Largo Dr. José de Figueiredo |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 45/93, DR, 1.ª série-B, n.º 280 de 30 novembro 1993 / ZEP, Portaria nº 512/98, DR n.º 183 de 10 agosto 1998 *1 |
Enquadramento
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Urbano, isolado, implantado no centro de um amplo largo, pavimentado a calçada, construído para o enquadrar, com forte pendor de inclinação, pelo que possui um muro que sustenta as terras, de planta em U invertido. O muro é em cantaria de calcário lioz, em aparelho isódomo, rematado por platibanda plena do mesmo material, tendo, ao fundo, a escadaria de acesso à via que lhe corre superiormente; é em cantaria de granito, de perfil curvo e composta por dois lanços convergentes, que acedem a patamar pavimentado a lajeado de calcário, protegido em ambos os lados por muro de cantaria, o posterior com dois acessos abertos, flanqueados por pilaretes de fustes almofadados, rematados por pináculos piramidais. O largo possui vários bancos de calcário e árvores de médio porte, bem como candeeiros, em ferro. A N., desenvolve-se o casario do Olival e a S. a fachada lateral do Museu Nacional de Arte Antiga (v. PT031106370084). |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Hidráulica: chafariz |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: fonte ornamental |
Propriedade
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Pública: municipal |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTO: Reinaldo Manuel dos Santos (1774). ENGENHEIRO: Rainieri di Bernardo (1994). ESCULTOR: António Machado (1783). |
Cronologia
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1774, 25 Novembro - certidão de D. José I relativa a 3 propriedades de casas que se mandaram demolir no sítio das Janelas Verdes, para aí se edificar um chafariz público, conforme projecto de Reinaldo Manuel dos Santos; 1774, Outubro - 1775, Setembro - obras de desentulho e roços na Praça das Janelas Verdes; 1775 - demolição de seis casas, sendo os proprietários indemnizados em 16 535$000 réis; a água para este chafariz era fornecida pela galeria das Necessidades; 1777, 13 Agosto - suspensão da obra do chafariz das Janelas Verdes que se encontrava em construção, bem como os respectivos aquedutos; 1779 - abertura da Praça das Janelas Verdes, incluindo escadarias e sistema de canalização para os sobejos; 1782, 14 Julho - é ordenada a construção do aqueduto para o chafariz das Janelas Verdes; 23 Dezembro - por alvará, os sobejos de água fora concedidos metade a Mauricio Cremer Wanzeller e a outra metade às freiras de Santo Alberto; 1783, 30 Junho -compra de uma grande pedra de Liós que veio de Pêro Pinheiro para executar a estátua que serve de remate ao chafariz das Janelas Verdes, executada pelo escultor António Machado; 1791, 2 Março - a Rainha mandou executar o chafariz para o lugar de Buenos Aires, encostado ao aqueduto, que conduz a água para o chafariz das Janelas Verdes; 1811, 14 Agosto - as freiras cederam a sua parte ao Marquês de Pombal, confirmado por Aviso; 1812, 13 Abril - a cedência das freiras foi alvo de escritura no Tabelião Marteniano José Vicente; 1980 - Despacho, de 20 Março 1980, do Secretário de Estado da Cultura que aprovou o estabelecimento da Zona Especial de Protecção. |
Dados Técnicos
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Estrutura autónoma. |
Materiais
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Estrutura em cantaria de calcário lioz; bicas com canos em bronze; gatos de ferro a consolidar a estrutura. |
Bibliografia
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ANDRADE, José Sérgio de, Memória sobre Chafarizes, Bicas, Fontes, e Poços Públicos de Lisboa, Belém e muitos outros logares do termo, Lisboa, 1851; ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, Lisboa, sd.; CHAVES, Luis, Chafarizes de Lisboa, Lisboa, sd.; VELLOSO D'ANDRADE, José Sérgio, Memória Sobre Chafarizes, Bicas, Fontes e Poços Públicos de Lisboa, Belém e muitos logares do termo, Lisboa, 1851; ALMEIDA, Fernando de (dir.), Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, 3º Tomo, Lisboa, 1975; CAETANO, Joaquim de Oliveira, SILVA, Jorge Cruz, Chafarizes de Lisboa, Sacavém, Distri-Editora, 1991. |
Documentação Gráfica
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Museu da Cidade |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH |
Intervenção Realizada
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CML: 1994 - obras de limpeza e restauro do chafariz, sendo o técnico responsável Ranieri Di Bernardo; arranjo da área envolvente, execução da calçada junto ao chafariz. |
Observações
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*1 - Zona Especial de Proteção Conjunta do Museu Nacional de Arte Antiga (v. PT031106370084) e edifícios classificados na zona envolvente. |
Autor e Data
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João Silva 1992 / Paula Figueiredo 2007 |
Actualização
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