Parque da Quinta do Monteiro-Mor / Parque do Monteiro-Mor

IPA.00003158
Portugal, Lisboa, Lisboa, Lumiar
 
Espaço verde de recreio. Parque romântico. Quinta de Recreio, romântica ao estilo pitoresco. Estrutura inicial de um espaço multifuncional lúdico e produtivo, constituído por partes programáticas e formais distintas. Apresenta linguagem romântica na sua concepção formal e conceptual e pelo gosto do coleccionismo botânico presente no horto da quinta. Advêm-lhe: do sítio, favorável ao desenvolvimento de vegetação luxuriante, pela presença de um microclima (semelhante a determinadas zonas de Sintra), e pela morfologia, da valoração botânica e da criatividade das resoluções técnicas encontradas. Por isso o lugar oferece diferentes contrastes, (espaços centrípetos e centrífugos) e rico em ambiências criadas pela vegetação e de grande valoração cenográfica.
Número IPA Antigo: PT031106180381
 
Registo visualizado 1904 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Espaço verde  Parque  Parque  Romântico    

Descrição

Ampla propriedade situada em vale encaixado, com as encostas armadas em terraço facilitando o processo de rega e o desfrute da totalidade da paisagem envolvente, possuindo uma linha de água, o elemento estruturante formal e funcional do espaço. A encosta virada a S., bastante suave, encontra-se revestida por mata, surgindo, nas expostas a NO. e a NE. um programa de jardim, área de edifício, palácio e acessos, constituída por diversas construções, destacando-se: o Palácio Angeja-Palmela / Museu Nacional do Traje (v. IPA.00006223), a Casa do Monteiro-Mor / Museu Nacional do Teatro (v. IPA.00003019), um pavilhão de chá neogótico, o actual restaurante do Museu do Traje, matas, relvados, estufas, aviário, etc, tudo rodeado por muros altos, rebocados e pintados de rosa, em algumas zonas capeados a cantaria. O acesso principal à propriedade, processa-se pelo Lg. Júlio de Castilho, através de portão encaixado em muro côncavo, rasgado por óculos elípticos, com molduras de cantaria, tendo, nos ângulos exteriores pilares em silharia fendida, encimados por urnas; o portal propriamente dito é rectilíneo, flanqueado por pilares em silharia fendida, rematados por fogaréus, tendo portão em ferro forjado, vazado com decoração fitomórfica, no terço inferior e no remate. No lado esquerdo do muro, surge um registo azulejar a representar o Sagrado Coração de Maria. A propriedade encontra-se dividida em patamares, sub-divididos em pequenos espaços, que podem aceder, individualmente, aos vários patamares. Um primeiro terraço, localizado à cota mais alta, permite dominar visualmente este e o segundo patamar, bem como toda a encosta envolvente, sendo o segundo um espaço de recolhimento e de transição (corredor / passeio), permitindo também contacto visual com o exterior; o terceiro patamar vive da estrutura e elementos do próprio espaço, onde surge a água, ao nível do pavimento, muros com alegrete, muros de suporte trabalhados, nichos e outros elementos arquitectónicos. No topo S. do terraço, uma varanda miradouro acompanha uma escadaria de acesso ao edifício, sob a qual surge uma nascente com vestígios de embrechados; entre o terceiro e o quarto patamares desevolve-se todo o sistema hídrico da propriedade, resultante do aproveitamento de uma linha de drenagem natural secundária definida pela dobra da encosta exposta a NO. originando uma CASCATA adossada ao muro de encosto entre o terceiro e o quarto patamar, que alimenta uma taça de água de traçado orgânico, constituindo o lago dos patos, já situado no quarto patamar, o qual possui uma linguagem mais orgânica, dada a sua maior área; a cascata tem vão em arco abatido, recortado, com moldura em cantaria, também recortada, formando enrolamentos e coroada por friso e cornija recta; interiormente forma apainelados e tem cobertura em abóbada de arestas. No terço inferior da encosta que confina com o terceiro e quarto patamares, encontra-se uma mata de ulmeiros (Ulmus minor), freixos (Fraxinus angustifolia), loureiros (Laurus nobilis), folhados (Viburnum tinus), oliveiras (Olea europaea) e adernos (Phillyrea latifolia) delimitada pela linha de água, destaca-se ainda a presença de árvores centenárias, como um Platanus hibrida, Fagus sylvatica, dois Ficus macrophylla e um Taxodium mucronatum. Estrutura da mata reticulada originada a partir do tanque octogonal, em que a presença de algumas árvores de fruto indicia a existência de um antigo pomar que a actual intervenção não terá respeitado. A ligação entre os vários patamares é feita por escadas e rampas, dando lugar a percursos periféricos e outros de carácter mais intimista de fruição dos espaços, definidos por pedra "rusticata", destacando-se, paralelamente à linha de vale, uma alameda de choupos (Populus sp.). Junto aos edifícios, os percursos abrem-se numa esplanada de enquadramento, com acesso permitido pela R. Júlio Castilho, através de pátio de planta regular que apresenta seis exemplares de Magnolia grandiflora e pavimento em seixo rolado. Na fachada S., surge um portão com gradeamento em ferro, que estabelece a ligação com o Parque através de uma alameda de palmeiras (Phoenix canariensis), pelo primeiro e segundo patamar. Pela estrada do Lumiar, acede-se directamente ao Jardim de Buxo e roseiral. Associado ao sistema hidráulico, surge uma NORA, adossada a uma CASA DE FRESCO, elemento central de uma composição arquitectónica que se oferece como um biombo cenográfico em que se abrem fenestrações para o exterior, e que resguar da aquele elemento utilitário, alimentando o JARDIM DE BUXO, junto ao Palácio do Monteiro-mor, composto por uma malha reticulada, que se forma a uma taça de água central, em cantaria de calcário, rodeada por sebes arbustivas, dispotas em canteiros geométricos, de dimensões distintas. Junto ao muro a E., ergue-se VIVEIRO DE AVES, de planta rectangular, com fachadas em alvenaria rebocada e pintada a branco, à excepção da fachada principal, com armação em ferro, forrada a rede. Tem fachadas laterais terminadas em empena, com cunhais e remates das empenas em cantaria, sendo os cunhais da fachada principal, adornados por mascarão pendendo festão de frutos, em cantaria. A fachada lateral direita é rasgada por janela em arco de volta perfeita, com moldura simples em cantaria, cerrada por rede. A N., nas traseiras da loja do Museu do Traje e no início do Parque, implanta-se o RESTAURANTE, de planta rectangular, desenvolvida horizontalmente, com fachadas terminadas em friso e cornija de cantaria, sobrepujadas por platibanda vazada, com fachada principal e laterais rasgadas regularmente por vãos de verga recta, intercalados por pilastras em cantaria, inserindo portas de ferro, pintadas de verde, envidraçadas, com bandeira formando arco quebrado. Interior com paredes e tecto em alvenaria rebocada e pintada de branco, à excepção da cozinha, com tecto em chapa ondulada, e pavimento em mosaico, com vãos de verga recta, à excepção de um em arco quebrado, com portas envidraçadas, com caixilharia pintada a verde, e bandeira, e as casa de banho com paredes revestidas a azulejo industrial creme e faixa preta.

Acessos

Largo Júlio de Castilho

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 95/78, DR, 1.ª série, n.º 210 de 12 setembro 1978 *1 / Incluído na classificação do Paço do Lumiar (v. IPA.00021768)

Enquadramento

Urbano, destacado e isolado, implantado em encosta, exposta a NO. e vale fechado, inserido no Conjunto do Núcleo Antigo do Lumiar (v. IPA.00021768), nas proximidades da Igreja de São João Baptista (v. IPA.00005063) e da Quinta do Espie (v. IPA.00016803). A fachada principal da Quinta abre para o Lg. Júlio Castilho (antigo Lg. da Duquesa) calcetado à portuguesa e usado como estacionamento, dando as demais fachadas para a Est. do Lumiar, encontrando-se totalmente murado, confinando com zonas residenciais e zonas de cultivo. Nas proximidades, assinala-se a presença de edificações com interesse cultural, decorativo ou arquitectónico, como o Chafariz do Boneco / Fonte de São João Baptista (v. IPA.00022161), os Edifícios Setecentistas na Travessa do Coutinho (v. IPA.00025455 e IPA.00025456) e os Edifícios da Rua Pena Monteiro (v.IPA.00022159 e v. IPA.00022160).

Descrição Complementar

Junto ao acesso principal, no muro, surge um painel de azulejar policromo (azul, manganês, ocres e verdes) com a representação hagiográfica do Sagrado Coração de Maria inserido em nicho quadrangular em cantaria. De composição verticalizante de 3x3 azulejos encontra-se sobrepujado por pedestal com a inscrição "1963" e cruz assente sob peanha, rematado lateralmente por duas volutas e contra volutas que encerram folhas de loureiro e, inferiormente, por base simétrica e recortada com a inscrição "AM". A rematar inferiormente o conjunto, inscrição monocroma, azul sobre fundo branco, inserida em cartela azulejada policroma (azul, manganês, vermelho, ocre e verde): "M.P.F. / CENTROS Nº 57 E 112 / 1963"; é composta por moldura simétrica que se desenvolve em largos enrolamentos, sobre os quais se adossam elementos concheados onde se sobrepõem, ao centro, flores e ramos e, inferiormente, inscrição "C. LUSITANIA (?)". SAGRADO CORAÇÃO DE MARIA. A imagm de Nossa Senhora está em pé, vestida com um manto ao redor do corpo e da cabeça, tendo a cabeça ligeiramente inclinada para a esquerda e, ao seu redor, a auréola da divindade, segura na mão esquerda um pêndulo com o Sagrado Coração flamejante e apresenta a mão direita dobrada sobre o peito. A figuração está envolta por moldura simétrica policroma (manganês, ocres e verdes) que se desenvolve em largos enrolamentos sobre os quais se adossam elementos concheados e vegetalistas sendo rematada inferiormente por reserva oval com a inscrição "SAGRADO.CORAÇÃO DE MARIA".

Utilização Inicial

Recreativa: parque

Utilização Actual

Recreativa: parque

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

IMC, Decreto-lei n.º 97/2007, de 29 março

Época Construção

Séc. 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Domingos Vandelli (séc. 18, atr.); Joaquim Cabeçada Padrão (1970-1984); Manuel de Carvalho e Negreiros (1789). ENGENHEIRO: Luís Filipe Sousa Lara (1976). ESTUCADOR: João Grossi (séc. 18, atr.). JARDINEIROS: Friedrich Welwitsch; Jacob Weiss e Rosenfelder (1844-1853); João Baptista Possidónio (1912).

Cronologia

1147 - após a reconquista de Lisboa, os territórios do Termo do Lumiar foram sendo doados pelo rei aos nobres e às ordens militares e religiosas, em recompensa dos serviços prestados; séc. 13, 3º quartel - D. Afonso III escolheu o Lumiar para sua residência de campo e adquiriu grande quantidade de terras e casas na cidade, tornando-se o seu maior proprietário; 1266 - criação da freguesia do Lumiar; 1272 - a chamada Quinta do Lumiar, situada no local do Palácio do Monteiro-Mor, foi dada por D. Afonso III aos freires de Évora; 1312 - doação do paço que D. Dinis tinha no Lumiar a D. Afonso Sanches, seu filho bastardo, e que passou a designar-se Paços do Infante D. Afonso Sanches; 1320 - o Mestre D. Frei Vasco Afonso fez doação da Quinta do Lumiar a Estêvão da Guarda; 1334 - D. Teresa Martins, viúva de D. Afonso Sanches, fez doação da Igreja e do Paço, pelas almas do seu sogro e marido, ao novo Mosteiro de São Dinis de Odivelas (v.IPA.00004067); séc. 14, meados - após D. Afonso IV ter confiscado todos os bens ao seu irmão, esta residência nobre tomou a designação de Paço do Lumiar, a qual acabou por abranger a povoação vizinha; séc. 16, inícios - os freires de Avis habitavam a meio caminho entre o Lumiar e o Paço do Lumiar, junto da Estrada que ia do Paço à Igreja, sendo ainda possível verificar-se hoje um marco junto ao Museu do Teatro e uma ombreira quinhentista chanfrada numa residência contígua ao palácio; descrição quinhentista do actual palácio do Monteiro-Mor, pertencente ao antigo cartório conventual de Avis, incorporado no Arquivo Histórico do Ministério das Finanças e referido por Cordeiro de Sousa *2; 1530 - a Quinta foi aforada por outro mestre a Manuel Correia de Lacerda por 6000 reais brancos anuais; séc. 18 - D. Henrique de Noronha, Monteiro-Mor, residia na Quinta; 2ª metade - a Casa do Monteiro-Mor pertencia a D. António Beja Noronha e Almeida, 2º marquês de Angeja e fidalgo da Casa de Sua Majestade, que herdou o morgado do seu avô materno, António Luís de Beja Noronha; habitavam no palácio dois monteiros-mores, D. Henrique de Noronha, filho do 2º marquês de Angeja (Monteiro-Mor em 1717 após casamento com D. Maria Josefa de Melo, filha do Monteiro-Mor Francisco de Melo) e D. Fernando Teles da Silva, 3º filho do conde de Tarouca e Monteiro-Mor do Reino (Monteiro-Mor em 1728 e segundo marido de D. Josefa), que adquiriu o palácio a D. António de Beja Noronha e Almeida e o adaptou; mais tarde, foi adquirido pelos marqueses de Olhão que o venderam ao conde da Póvoa, avô materno da 2ª duquesa de Palmela, a qual acabou por recebê-lo em herança; 3º quartel - construção do Palácio Angeja-Palmela, no local onde outrora habitaram os freires de Avis, aproveitando estruturas antigas que estão na base de um traçado muito irregular no andar inferior e alteração dos limites iniciais da antiga propriedade por D. Pedro José de Noronha de Albuquerque Moniz e Sousa (1716-1788), 3º marquês de Angeja e 4º conde de Vila Verde *3, que pretendia instalar neste local, num anexo ao palácio, um Museu de História Natural; o autor seria um arquitecto da segunda geração pombalina, contemporâneo de Reinaldo dos Santos ou de Manuel Caetano de Sousa; execução de parte da decoração interna do palácio, que inclui azulejos, pinturas e tectos estucados, provavelmente da oficina de João Grossi; 1750 - início da plantação do parque botânico, dotado de importantes espécies tropicais e aves exóticas, segundo projecto atribuído ao botânico italiano Domenico Vandelli (1735-1816), professor de ciências naturais e química, na época director do Jardim Botânico da Universidade de Coimbra e do Jardim Botânico da Ajuda; 1789 - o arquitecto Manuel de Carvalho e Negreiros, filho de Eugénio dos Santos, desenhou alguns chafarizes e pedestais de estátuas; 1790, cerca de - decoração do interior da capela; 1793 - o jardim botânico era citado como sendo um dos três mais belos jardins de Lisboa e como uma das mais importantes colecções de plantas do reino; séc. 19, inícios - pinturas neoclássicas na capela; 1808 - no fim da primeira invasão francesa o General Wellesley estabeleceu o seu quartel-general no palácio; 1827 - a quinta foi herdada por uma filha do segundo casamento do 6º marquês de Angeja; 1833 - após falecer e sem descendentes a quinta foi herdada pela terceira esposa e viúva do 6º marquês de Angeja, D. Mariana de Castelo Branco; 1840 - aquisição da propriedade pelo 1º marquês do Faial e 2º duque de Palmela, D. Domingos de Sousa Holstein Beck (1818-1864) à herdeira da casa de Angeja, D. Mariana de Castelo Branco; a propriedade sofreu significativas alterações e obras de restauro no palácio e no jardim de acordo com o gosto romântico da época, com a incorporação da vizinha Casa do Monteiro-Mor, aumento com várias fazendas que se compraram a diversos indivíduos, transformação do palácio num verdadeiro museu de obras de arte, reconstrução do pavilhão neo-gótico (destinado a viveiro de aves e hoje ocupado pelo restaurante do Museu Nacional do Traje), colocação das armas dos Palmelas no tecto da galeria, delineação numa vasta zona de um jardim à inglesa com pequenos recantos românticos, lagos de recorte natural e fontes escondidas e introdução no parque de cascatas, grutas com embrechados, a definição de canteiros com remates de pedra e novas espécies exóticas raras importadas de Inglaterra (sob orientação dos botânicos belga Rosenfelder e o austríaco Friederich Welwitsch e dos jardineiros Jacob Weist e Otto *4); neste período o palácio atingiu grande notoriedade por nele se realizarem famosos bailes e recepções, um dos quais em honra da rainha D. Maria II, em que se procedeu à iluminação do jardim; 1841 - inauguração do palácio com duas festas para as quais interveio o pintor António Manuel da Fonseca que desenhou e pintou quadros alegóricos; 1842 - foi plantada no parque a primeira árvore em Portugal de uma espécie indígena da Austrália, a Araucaria heterophylla; 1844 / 1853 - Rosenfelder (jardineiro - botânico), F. Welwitsch (médico e naturalista) e Jacob Weiss (jardineiro) foram contratados para dirigir os trabalhos de melhoramento e conservação dos jardins; 1875 Edmond Goeze, escreve sobre os jardins no Jornal de Horticultura Prática; 1912, antes de - construção de uma casa solarenga na área do parque para João Baptista Possidónio, discípulo de Jacob Weiss, que assumiu a direcção dos jardins e ao qual sucedeu Friedrich Weldwitsh, após abandonar a direcção do Jardim Botânico da Escola Politécnica, hoje Faculdade de Ciências; 1932 / 1935 - instalação na Capela de Santa Rita de Cássia da freguesia de São João Baptista do Lumiar no período entre o incêndio e a reconstrução da Igreja Paroquial; 1939 / 1945 - a partir da 2ª Guerra Mundial o palácio Angeja-Palmela passou a funcionar como colégio religioso de belgas refugiadas; 1941 - um forte vendaval assolou Lisboa e provocou alguns estragos na quinta; 1969, antes de - a propriedade foi ocupada pela 3ª duquesa de Palmela e pela 7ª Marquesa de Tancos, irmã do 4º duque de Palmela, D. Maria José Holstein Beck Campilho, que faleceu em 1969; 1970 - funcionando no palácio do Monteiro-mor, a Embaixada de Marrocos regista-se um grande incêndio que destrói quase todo o palácio deixando de pé apenas as paredes exteriores; obras de restauro, coordenadas pelo arquitecto Joaquim Cabeçada Padrão; 1974, Fevereiro - conclusão das obras; 1975, 27 Setembro - Decreto-Lei n.º 558 a autorizar a Direcção-Geral da Fazenda Pública a aquisição da chamada "Quinta do Monteiro-Mor" que incluía o Palácio Angeja-Palmela, a Casa do Monteiro-Mor, uma casa do século 18, o Jardim Botânico e uma zona verde com 11 hectares"; 1976, 4 Fevereiro - aquisição da propriedade (palácio e parque) pelo Estado Português a D. Isabel Juliana de Sousa e Holstein Beck Campilho, por intermédio do pintor Ruben A., então Director-Geral dos Assuntos Culturais; 23 Dezembro - criação do Museu do Traje por Decreto-Lei; realização de obras para adaptação do palácio a museu; a Quinta encontrava-se reservada como "zona verde" no plano director da cidade; foi realizado um estudo minucioso sobre o estado de conservação do parque e Luís Filipe Sousa Lara, engenheiro silvicultor, é convidado pela comissão instaladora do Museu, para proceder à recuperação da área verde; 1977 - inauguração do Museu Nacional do Traje no Palácio Angeja-Palmela e abertura ao público do jardim botânico do palácio; a ideia de criar este museu surgiu na sequência de uma exposição realizada no Museu Nacional de Arte Antiga sobre o traje civil em Portugal e a sua fundadora foi Natália Correia Guedes, que ambicionava ainda a criação do Museu Nacional do Teatro, do Museu da Música e da Casa do Brinquedo; a Araucaria heterophylla é salva de um fungo; 1978 - Vítor Pavão dos Santos propôs a criação de um Museu do Teatro no palacete; para o efeito pensou-se na sua demolição, apesar de Vítor dos Santos insistir na reconstrução das fachadas; a recuperação ficou a cargo do arquitecto Joaquim Cabeça Padrão; o Museu Nacional do Traje recebeu o Prémio Especial Museu do Ano pelo Conselho da Europa; o Jardim Botânico e o Roseiral já podiam ser visitados pelo público; 1981 - iniciou-se a construção de 4 albufeiras e 4 pontões de modo a permitir a retenção das águas do ribeiro que atravessa a propriedade; 1982, 22 Junho - criação do Museu Nacional do Teatro pelo Decreto Lei 241; instalação de rega automatizada no Jardim Botânico e no Roseiral; 1983 - inicia-se a construção da rede de caminhos na área que corresponderia às áreas de ultivos de arvenses e hortícolas; instalação do roseiral no Jardim de Buxo; 1984 - fim das obras de restauro coordenadas pelo arquitecto Joaquim Cabeçada Padrão; construção de um vestiário do pessoal e casa de ferramentas; 1984 / 1987 - foram oferecidas várias espécies (plátanos, sobreiro, pinheiro, choupos, castanheiros da Índia, cupressaceas, freixos, escalónias, medronheiros, piracantas, pitosporos, spiraeas) , com que foram plantados bosquetes; 1985 - inauguração e abertura ao público do Museu Nacional do Teatro no palacete; construção de instalações sanitárias públicas; 1987 - o Museu Nacional do Teatro recebeu da TRIONUS (trienal de museus) o prémio de melhor museu novo; 1989 - instalação de um horto de planta medicinais; 1993 - o Museu Nacional do Traje recebeu o Prémio Melhor Museu Português, pela APOM; 1994 - palácio, quinta e museus foram abrangidos pelo Plano Director Municipal, ref. 18.02; 1995 - inauguração do "jardim das esculturas" no Parque do Monteiro-Mor; 1997 - classificação do Conjunto do Paço do Lumiar; 26 Junho - afectação do imóvel e parque ao Instituto Português de Museus, pelo decreto-lei n.º 161/97; 2003 / 2004 - o Museu Nacional do Traje está a levar a cabo um projecto de valorização do Parque do Monteiro-Mor.

Dados Técnicos

Terreno armado em patamares; muros de suporte; guardas; passadiços

Materiais

Muros de pedra solta; pavimento em calçada, saibro, terra batida, mármores; varandins em ferro; passadiços em madeira

Bibliografia

BARBOSA, Inácio de Vilhena, Fragmentos de Um Roteiro de Lisboa (Inédito), in Annuario do Archivo Pittoresco, Vol. VI, Lisboa, 1863; CARITA, Hélder, CARDOSO, Homem, Tratado da Grandeza dos Jardins em Portugal, Lisboa, 1987; COSTA, Rui Manuel Rosário, O Parque de Monteiro-Mor, in Encontro sobre o Jardim Português (séc. 15 a 19), Lisboa, 1987; LARA, Luis Filipe de A. Sousa, Parque do Monteiro-Mor, Lisboa, 1978; NEVES, C. M. Baeta, Alguns Documentos do Arquivo Nacional da Torre do Tombo Sobre Monteiros-mores, Lisboa, 1965; PEREIRA, Gabriel, De Benfica à Quinta do Correio-Mor, Lisboa, 1905; PEREIRA, Gabriel, Pelos Suburbios e Vizinhanças de Lisboa, Lisboa, 1910; Agronomia Artística - A Quinta do Paço do Lumiar, in O Século Agrícola, Ano I, Nº 4,1912; RIBEIRO, Luis Paulo Faria Almeida, Quintas do Concelho de Lisboa. Inventário, Caraterização e Salvaguarda, Lisboa, Instituto Superior de Agronomia - Seção de Arquitetura Paisagista, texto policop., 1992.

Documentação Gráfica

UE

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; UE

Documentação Administrativa

"Zona Verde" - Plano Director da Cidade (CML)

Intervenção Realizada

1976 - Luís Filipe de Sousa Lara procede à limpeza de todo o jardim, retirando as infestantes que se teriam instalado, em prejuízo das árvores e arbustos; deu-se a reconstrução de partes degradadas ou desaparecidas dos canteiros, lagos, caleiras e outras construções, postas a descoberto com a limpeza; foi efectuada a plantação de herbáceas e arbustos, com a colaboração dos viveiros da Câmara Municipal de Lisboa, eestruturado o roseiral, plantadas algumas áreas relvadas e recompostas as sebes de buxo; na estufa abandonada foi criado um aviário; no horto de plantas medicinais foram instaladas espécies utilizadas no séc. 18 para fins medicinais, aromáticas e para o fabrico caseiro de bebidas alcoólicas e de perfumes.

Observações

1 - DOF: Palácio do Monteiro-Mor, edifícios anexos, jardins, parque e terrenos anexos. *2 - "Tem esta quintã do Lomear hum apousento de casas situado antre ho logar do Lomear e o logar do Paço do Lomear. Tem um recebimento e pateo fechado de portas grandes pello qual se vay ao dito apousento. He o dito pateo cercado de parede alta da bãda que parte cõ ha estrada que vay do Paço pera a egreja, e do cabo da dita parede volve pera o Norte com hum lanço de casas terreas, estrebarias, a entestar com huma porta no canto das casas do dito apousento. E por esta porta que assi entesta no dito canto, sae a hum chão e horta que jaz nas costas das ditas casas terreas e ylharga do dito apousento. E dhy volvem as casas do dito apousento sobre ho dito pateo, cõ huma salla encaniçada e huma camara forrada de castanho. E na salla huma chumine e huma genella sobre ho pateo e outra que cae sobre ho chão e horta. E por debaixo das ditas casas de sobrado são duas logeas do mesmo tamanho, e dellas volve pera o Poente em quadra, huma grande logea que serve de adega. E della volve outra quadra pera o Sul com dous lagares grandes de fazer vinho, e outro pedaço vão. E assy vay esta quadra entestar nas portas grandes per que se entra ao dito pateo e servintia do dito apousento. O qual pateo assy fica em quadra, e diante da porta da adega e lagares ha hum alpendre cuberto de telha sobre qualtro altas colunnas de marmore, do qual alpendre sobe huma escada de madeira pera a dita salla e camara. Começa ho sitio do dito apousento e chãos a elle cõtinos e anexos, sayndo pelas ditas portas grandes fora do dito pateo, volvendo sobre ha mão esquerda, yndo de rosto pera a porta principal da egreja pella traseira da parede do dito pateo e vallado que cõ ella corre do chão do dito apousento ao longo da estrada que vay dar na dita egreja (sic) medindo do canto do dito pateo onde cerrão as ditas portas grandes delle até ho dito canto da cerca de Lourenço Vieira, pela banda de fora, tem cento e duas varas e quatro dedos. E deste canto volve pera o Norte, partindo da banda do Levante com a dita cerca (sic) até dar em baixo no ribeiro que vem do porto pera o Lomear, e tem por hy oitenta e duas varas e meia. E dahy volve pera o Poente ao longo do dito ribeiro, até dar comaro do pomar de Ana Correa, por onde medindo (sic) per cordel direito, tem noventa e quatro varas. E dahy volve pera cima ao longo do dito comoro, cõtra ho pombal de Ana Correa, per onde tem vinte e quatro varas e duas terças. E hy entesta em hum comaro grande de sabugueiros altos, e dhy torna a fazer volta cõtra huma escada de pedra que dece pera a fonte, partindo da banda do Poente cõ pomar da dita Ana Correa, por onde tem, ate hua parede alta de pedra (sic) trinta varas. E dahy ao longo da dita parede ate ho cãto della tem sete varas e meia, e do dito cãto volve cõtra as casas e assento da quintã (...)".*3 - D. Pedro José de Noronha de Albuquerque Moniz e Sousa foi gentil-homem da Câmara de D. Maria I, Tenente-General dos Exércitos, Governador das Armas da Corte e Primeiro Ministro do Governo que sucedeu a Marquês do Pombal. *4 - Friedrich Welwitsch, jardineiro, em 1840 é nomeado conservador do Real Jardim Botânico da Ajuda, em 1844 dirige a Quinta do Paço do Lumiar; Jacob Weist, veio, como jardineiro, ao serviço da Casa dos Duques de Palmela em 1847, conheceu o Jardin des Plantes em Paris e foi o autor do Parque de São Sebastião da Pedreira, propriedade de José Maria Eugénio de Almeida, tendo dirigido os viveiros da Câmara Municipal à época, o seu discípulo João Baptista Possidónio também dirigiu o Parque: o botânico belga, Rosenfelder foi contrato em Paris para vir trabalhar nos Jardins da Família Palmela.

Autor e Data

Paula Simões 1998

Actualização

 
 
 
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