Aqueduto da Amoreira
| IPA.00003217 |
Portugal, Portalegre, Elvas, Assunção, Ajuda, Salvador e Santo Ildefonso |
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Aqueduto construído no séc. 16, para abastecimento da cidade, tendo sofrido obras nos séculos imediatos, de demolição ou reconstrução, consoante foi necessário adaptar estruturas militares a este importante reduto de defesa, especialmente no contexto das Guerras da Restauração. Ao longo do tempo, foi recebendo várias aduções de água, respondendo às necessidades de uma população crescente. Funcionou como meio de abastecimento de água a Elvas até quase ao final do séc. 20. |
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Número IPA Antigo: PT041207030008 |
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Registo visualizado 4526 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Estrutura Hidráulica de condução Aqueduto
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Descrição
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Tem 7054 m desde a nascente na Serra do Bispo até ao Chafariz do Jardim, tendo deste à Fonte da Vila mais 450m. Em subterrâneo tem 1367m, ao nível do terreno 4049 e, sobre arcadas, 1683m. No Outeiro de São Francisco começa o segundo canal, que inflece para o Outeiro dos Pobres e encontra-se com a arcada no Rossio. Lança-se num total de 833 arcos que nalguns pontos se sobrepõem em quatro registos, de arcos de estribo de volta perfeita, com ombreiras diminuindo em função da altura. As arcadas apoiam-se em pilares quadrangulares, fortalecidos por contrafortes semicirculares e piramidais de diferentes alturas. A mãe de água, na Horta de Trinta-Alferes, é circular e na baixa de São Gonçalo (Herdade da Serra do Bispo), uma arca com tanque de decantação na nascente da Borracha. Ao longo do percurso, existem várias armas municipais, as mais antigas em mármore e outras em azulejo. |
Acessos
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EN 4 *1. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,878008; long.: -7,172244 |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG, 1.ª série, n.º 136 de 23 junho 1910 / ZEP, Portaria, DG, 2.ª série, n.º 210 de 05 setembro 1956 / MN - Monumento Nacional / ZEP, Aviso n.º 1517/2013, DR, 2.ª série, n.º 242 de 13 dezembro 2013 / Património Mundial - UNESCO, 2012 |
Enquadramento
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Urbano, destacando-se na planície a atravessar os vales de São Francisco e do Rossio, encontrando-se a nascente na Fonte da Amoreira na Serra do Bispo e terminando na Fonte da Misericórdia. Em frente do aqueduto fica o Jardim Municipal (v. IPA.00001860). A sul, o troço que pegava com a antiga cerca do Convento de São Francisco (IPA.00003765) é protegido a sudoeste pelo Forte da Piedade / Forte de São Domingos (IPA.00035779). |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Hidráulica: aqueduto |
Utilização Actual
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Hidráulica: aqueduto |
Propriedade
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Pública: municipal |
Afectação
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Sem afetação |
Época Construção
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Séc. 15 / 17 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ALVANEIROS: Francisco Martins (1702); João Fernandes Cordeiro (séc. 18); Manuel Moniz (séc. 17). ARQUITECTOS: Afonso Álvares (1573); Diogo Marques Lucas (1610); Francisco de Arruda (1537); Pero Vaz Pereira. ENGENHEIRO: Francisco de Paula e Sousa Pegado (1825-1827). MESTRE-DE-OBRAS: Francisco Ferreira (séc. 17); Diogo Mendes (1543); Miguel Martins (1610); Pêro Fernandes (1610). |
Cronologia
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1498 - a única fonte de abastecimento de água potável à Vila é o Poço de Alcalá, junto da Porta do Bispo; dado o poço ter começado a perder água e dada a dificuldade de abastecimento a partir das nascentes que circundavam a vila, devido ao desnível existente entre a povoação e os terrenos, em Cortes, D. Manuel autoriza um imposto, o Real de Água, para concerto do poço; a iniciativa porém não alcançou os resultados pretendidos surgindo então a ideia de ir buscar a água à Amoreira, a cerca de 8km; 1529 - início da construção do aqueduto; 1537 - o monarca D. João III intervém no processo de construção da estrutura, enviando a Elvas o arquiteto Francisco de Arruda, que terá feito aditamentos ao projeto primitivo; perante a falta de dinheiro para a obra, o rei autoriza a aplicação dos dinheiros das multas e a venda de terrenos municipais; recurso ao empréstimo de verbas, provenientes dos Cofres dos Órfãos de Elvas e de Estremoz; 1533, 09 setembro - carta de quitação a Lourenço Domingues, recebedor das obras de Elvas, Campo Maior e Olivença; 1542 - devido a vários desvios de água, é criado o cargo de Visitador do Cano; 1543 - é responsável pela manutenção do aqueduto Diogo Mendes, pelo que recebia 6 mil reais, pagos pela cidade; 1558, 20 março - carta da rainha D. Catarina recomendando à Câmara a obra do aqueduto; 1560, 01 novembro - carta da rainha D. Catarina recomendando à Câmara a obra do aqueduto; 1571, 25 janeiro - D. Sebastião autoriza a aplicação de uma finta aos moradores, considerando os rendimentos de cada um; 23 agosto - D. Sebastião manda inspecionar o aqueduto; 1573, 29 maio - D. Sebastião manda que o Senado se consertasse com Afonso Álvares sobre o acabamento da obra; 1579 - D. Henrique solicita aos bispos de Elvas que participem monetariamente nas obras; 1580 - perante a invasão castelhana, deu-se prioridade à fortificação da cidade e decidiu-se, se necessário, derrubar a obra que estava feita; na negociação com os castelhanos para a entrega da cidade, uma das condições era a poupança e conclusão da obra do aqueduto; 1602 - exploração de várias nascentes, para aumento do caudal; 1606 - recomeçam as obras no aqueduto, com o lançamento de novo imposto do Real de Água; 1610 - obra no aqueduto por Miguel Martins e Pêro Fernandes; 05 março - após várias paragens na obra, a Câmara solicita ao rei a continuação da construção do aqueduto, bem como a necessidade de elevar a estrutura 25 palmos para permitir o abastecimento das zonas mais altas da povoação; as juntas deveriam ser fechadas com betume de cal, azeite e linho; 11 julho - Filipe II autoriza a continuação da obra; 26 julho - Diogo Marques Lucas vem estudar a zona de entrada da água na cidade, para ser mais eficaz o abastecimento à população, decidindo-se que tal ocorreria junto ao hospital, sendo necessário elevar o aqueduto 25 palmos; 1622, 23 junho - inauguração do Aqueduto e da Fonte da Misericórdia (v. IPA.00023851); 1625 - perante problemas estruturais, decide-se a construção de contrafortes que deveriam ser ocos, de alvenaria, preenchidos com terra e pedras soltas; encanamento da água pela Rua de São Lourenço, obra morosa devido à rocha que constituía o solo; 1627, 01 agosto - prolongamento dos impostos por mais dois anos, para a construção dos chafarizes da cidade; 1628 - o aqueduto alimenta a Fonte da Misericórdia, o Chafariz da Madalena, o Chafariz de São Lourenço, o Chafariz de São Domingos, o Chafariz de São Vicente e o Chafariz da Alameda; são doadas várias penas de água a entidades públicas e privadas; construção das fontes da Biquinha, Cavaleiros e São José; 1641 - D. João IV autoriza a demolição do aqueduto para construção da nova fortificação; Martinho Afonso de Melo, Conde de São Lourenço, propõe a construção de uma cisterna, mantendo o aqueduto; 1646 - queda de dois arcos na sequência de um temporal; 1644 - durante as invasões castelhanas, o aqueduto sofre alguns danos; 1648, maio - discussão sobre a necessidade de destruir o aqueduto, para defesa da cidade; 1652 - o Conde de Soure manda fazer um cano subterrâneo para que a água entrasse na cidade, sem prejudicar a Fortaleza, sendo derrubado parte do aqueduto; 1654 - o governador André de Albuquerque Ribafria pede ao rei a demolição do aqueduto, decidindo-se que nas zonas onde colidisse com a fortaleza, passaria a subterrâneo; 1663 - durante as invasões castelhanas de D. João de Áustria, o aqueduto sofre alguns danos; o aqueduto éi protegido por dois redutos no Outeiro dos Pobres e no Outeiro de São Francisco, sendo reforçado, na zona que atravessa o fosso de uma cassamata com duas canhoneiras; 1683 - desenho do aqueduto por Francisco Álvares Ribeiro, o qual tem 7790m; 1689, 30 março - nomeação de Manuel Moniz para o cargo de mestre do aqueduto, por morte de Francisco Ferreira, que exercia este cargo; recebia 12$000 anuais; 1698 - rutura no cano que liga ao Hospital; séc. 18 - existência de deficiências de caudal, devido à acumulação de calcário, problema que persiste no séc. 19; construção de uma arca de decantação na nascente da Borracha; nomeado alvaneiro do aqueduto João Fernandes Cordeiro; 1702, 20 junho - é nomeado Francisco Martins como mestre dos canos do Aqueduto da Amoreira, por falecimento de Manuel Moniz, com o ordenado de 12$000 anuais; 1708 - uma intempérie provoca danos na estrutura; D. João V sugere a substituição da canalização pelo sistema de repuxo (sistema de sifão invertido); contudo, a Câmara decide reconstruir os arcos, pois o esquema sugerido não era prático em caso de rutura, tendo que se abrir toda a obra para localizar o problema; reforço da estrutura com pegões; 1715 - reforço do abastecimento com a utilização do Poço do Concão; o aqueduto é alimentado por nove nascentes; introdução da água da nascente da Serra do Bispo; 1727, 05 junho - confirmação do cargo de alvaneiro do aqueduto a João Fernandes Cordeiro; 1733 - adução das águas de uma nova nascente, situada na Herdade de Trinta-Alferes; 1738 - reforço do abastecimento com a exploração do Poço do Gorgulhão; 1745, 17 março - confirmação do cargo de mestre do aqueduto a José Ramalho Rogado, que exercia há 12 anos, com o ordenado de 20$000 anuais; 1753-1754 - reforço do abastecimento intramuros com o Poço Seco; 1761 - novo recurso ao Poço Seco; 1796, janeiro - um terramoto derruba dois arcos no Outeiro dos Pobres; termina o reforço da estrutura; 1825 - deteta-se bastante água na Herdade de Trinta-Alferes, passando-se a explorar duas fontes conforme projeto do tenente Francisco de Paulo de Sousa Pegado; 1825 - 1827 - obra no aqueduto, dirigida por Francisco de Paula e Sousa Pegado; 1846, 26 e 27 fevereiro - um temporal derruba um contraforte; 1864 - feitura de azulejos com as armas municipais; 1870 - a vereação pede às Cortes a limpeza e reboco da estrutura e a construção de um canal suplementar para facilitar a limpeza; define-se a remoção do calcário dos canos de 10 em 10 anos; séc. 19, década 70 - exploração de nascentes na Herdade dos Vales de Santarém; 1872 - 1890 - sofre importantes obras de conservação e restauro, com a construção de um segundo cano e o acrescento de 462 arcos para o suportar; 1873 - colocação dos painéis de azulejo; 1902 - as fontes não eram consideradas salubres, exceto a de Ruy de Mello e a de São Lourenço, esta abastecida pelo aqueduto; séc. 20, década 80 - o aqueduto continua a abastecer a cidade, através da cisterna, com a água de Trinta-Alferes e Algaravenha; 1995 - obras de limpeza no local. |
Dados Técnicos
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Estrutura autoportante. |
Materiais
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Alvenaria de pedra argamassada e tijolo maciço (arcos). |
Bibliografia
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ALMADA, Vitorino de - Elementos para um Dicionário de Geographia e História Portuguesa - concelho d'Elvas. Elvas: Typographia Elvense, 1888, vol. I; CABEÇAS, Mário Henriques - «Obras e remodelações na Sé Catedral de Elvas de 1599 a 1638» in ARTIS. Lisboa: Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras de Lisboa, 2004, n.º 3, pp. 239-266; DENTINHO, Maria do Céu Ponce - Elvas Monografia. Elvas: Câmara Municipal, 1989, pp. 88-90; KEIL, Luís - Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Portalegre. Lisboa: Academina Nacional de Belas Artes, 1940, vol. I; MASCARENHAS, José Manuel de e QUINTELA, António de Carvalho - «O Aqueduto da Amoreira e o sistema de abastecimento de água a Elvas» in Monumentos. Lisboa: Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, Setembro 2008, n.º 28, pp. 92 - 101; MECO, José - «O Colégio jesuíta em Santiago, em Elvas» in Monumentos. Lisboa: Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, Setembro 2008, n.º 28, pp. 128-137; PEDREIRINHO, José Manuel - Dicionário de arquitectos activos em Portugal do Séc. I à actualidade. Porto: Edição Afrontamento,1994; PEREIRA, Paulo - «De Elvas a Olivença. O Renascimento antes de Vitrúvio» in Monumentos. Lisboa: Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, Dezembro 2008, n.º 28, pp. 82-91; VALLA, Margarida - «A praça-forte de Elvas: a cidade e o território» in Monumentos. Lisboa: Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, Dezembro 2008, n.º 28, pp. 34-43; VITERBO, Sousa - Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portuguezes ou a serviço de Portugal. Lisboa: Imprensa Nacional, 1904, 3 vols. |
Documentação Gráfica
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DGPC: DGEMN:DREMS |
Documentação Fotográfica
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DGPC: SIPA, DGEMN/DREMS |
Documentação Administrativa
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DGLAB/TT: Cartas Missivas, maço 2, doc. 118; Chancelaria de D. João III, Doações, Liv. 46, fl. 71 (publ. VITERBO); Arquivo Municipal de Elvas: Tombo dos bens do meio Cabeção desta cidade de Elvas |
Intervenção Realizada
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1708 - arranjo dos canos, financiado por D. João V e com pedra dada pela Câmara; MOP: 1872 - arranjo do aqueduto, por 16.140$780; DGEMN: 1964 - apeamento e reassentamento de silhares de cantaria, demolição de alvenarias, execução de isolamento no arco em ruínas, rebocos; 1971 - reconstrução de arcos, reconstrução de rebocos, execução de lintel em betão armado, refecho de juntas; 1973 - limpeza e reconstrução de rebocos; 1979 - construção de alvenaria hidráulica para construção de pilar, refecho de fendas, reconstrução de rebocos, refecho de fendas, arranque de ervas e arbustos; 1987 - arranque de ervas e reconstrução de rebocos; 1988 - arranque de formações vegetais, levantamento de laje de cobertura, limpeza de canal, reconstrução de laje de cobertura e refecho de fendas; 1989 - levantamento e reposição da laje de cobertura e remoção cuidadosa do "corroio" no interior, revestimento da caleira, colocação de tubos de drenagem no canal desactivado, assentamento do lajedo de pedra de xisto; 1992 / 1993 - recuperação dos canais adutores e arcos; 1994 - levantamento da laje (canal inferior e canal único), limpeza do corroio, revestimento da superfície da caleira, fornecimento e assentamento de laje de xisto e colocação de proteção; 1995 - remoção de laje de cobertura (canal inferior e canal único) limpeza com remoção de entulhos e "corroio" do interior dos canais, colocação de tubos para drenagem no canal inferior, colocação de guarda de proteção e porta no canal inferior, revestimento em argamassa da caleira pertencente ao canal único, revestimento das coberturas de ambos os canais em laje de xisto e recuperação do passeio e canal laterais. |
Observações
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*1 - o aqueduto atravessa as freguesias de Assunção, Ajuda, Salvador e Santo Ildefonso / São Brás e São Lourenço / Caia, São Pedro e Alcáçova. |
Autor e Data
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Rosário Gordalina 1991 / 2008 |
Actualização
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Maria Fernandes 1996 |
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