Casa do Monge Lagareiro / Lagar dos Frades
| IPA.00003336 |
Portugal, Leiria, Alcobaça, Aljubarrota |
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Lgar pombalino, de planta rectangular composta e alçados de 2 pisos, sendo o térreo para serviços e armazenamento de azeite e o 2º para habitação do monge lagareiro, reflectindo-se esta divisão social do espaço na própria decoração exterior. Interessante técnica construtiva, utilizando nas paredes interiores divisórias o chamado "taipal à galega". As principais instalações do lagar organizavam-se junto à fachada posterior. Foi um dos lagares construídos pelos monges alcobacenses mais completos e perfeitos, podendo-se considerar as suas instalações modelares para a época. O mecanismo de moagem com 4 varas de cada lado e os pesos voltados uns para os outros, conferia ao lagar uma organização elegante e única nos lagares da região. Paredes interiores divisórias com os materiais abundantes na região - estrutura com prumos e barrotes de travejamento, tendo pelas 2 faces fasquias, também de madeira, e preenchendo-se o interior com argamassa de argila, cal, cortiça e azeite, obtendo-se assim maior leveza e durabilidade da estrutura e o isolamento térmico, com paredes frescas no Verão e quentes no Inverno. |
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Número IPA Antigo: PT031001130026 |
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Registo visualizado 2148 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Extração, produção e transformação Lagar Lagar de azeite
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Descrição
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Planta rectangular. Volumetria composta por 3 corpos, sendo os laterais mais baixos; coberturas diferenciadas em telha de canudo a 1 água. Frontispício virado a E., com 2 pisos e corpos separados por pilastras de alvenaria. No corpo central, janelas baixas gradeadas e encimadas por janelas de brincos com frontão de lanços, enquadram janelão cego, de moldura recortada e frontão interrompido pela pedra de armas de Alcobaça. Os corpos laterais são esconsos e têm, ao nível do 2º piso, janela e óculo com moldura de cantaria; o corpo do lado direito está parcialmente derrocado. Na fachada S., o corpo lateral é rasgado por vão em arco pleno, interiormente fechado em recto. Virado a O., encontra-se a escada de acesso ao 2º piso, com porta de vão recto. Perpendicularmente, parede exterior da casa do lagar, rasgada por pequenas aberturas do pombal; possui ainda a mísula de apoio ao antigo alpendre e uma jamba da porta. A fachada posterior da casa do monge conserva parte dos prumos que amparavam o "coice" das 4 varas que ali se fixavam; superiormente revela 2 níveis de marcação do telhado; junto à parede, amontoam-se algumas galgas de pedra. A fachada N. do corpo lateral da casa já não existe. No interior, 1º piso com 3 divisões, 1 pequena e 2 amplas; a do fundo possui, a toda a volta, a marcação das pias de pedra que armazenavam o azeite; janelas e portas interiores com marcação dos gonzos. O 2º piso tem quarto de arrumos separado da cozinha, esta com lareira apoiada em mísulas de aresta em bisel. Seguem-se 2 salas, a última das quais tinha inicialmente 2 quartos junto à parede posterior; ao fundo, entrada para a latrina. Salas iluminadas por janelas conversadeiras; pavimento sobre grandes vigas de madeira. |
Acessos
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EM 553, junto a Ataíja de Cima, antiga Est. do Lagar dos Frades, transversal da EN 1 |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 67/97, DR, 1.ª série-B, n.º 301 de 31 dezembro 1997 *1 |
Enquadramento
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Rural, isolado, implantação harmónica. Ergue-se no meio de propriedade rural murada, junto à estrada municipal, que lhe passa a S.; para além desta, fica a Lagoa Ruiva ou dos Frades, na sua quase totalidade entulhada de pedras e lixo. Frontispício com excelente panorama para a Serra dos Candeeiros; fronteiro, a poucos metros, ergue-se construção destoante. |
Descrição Complementar
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Armas de Alcobaça organizadas em cartela recortada: 2 flores-de-lis no cantão direito do chefe; 5 castelos alinhados e firmados no chefe, postos em pala e 2 outros alinhados no flanco esquerdo; 5 escudetes postos em cruz no cantão esquerdo do chefe; banda xadrezada e flor-de-lis no cantão direito da ponta; encima-as coroa fechada, de que resta só a metade posterior. |
Utilização Inicial
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Extração, produção e transformação: lagar de azeite |
Utilização Actual
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Devoluto |
Propriedade
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Privada: pessoa singular |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 18 (conjectural) |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido |
Cronologia
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Séc. 18, 2ª metade - Frei Manuel de Mendonça promove a plantação de grandes olivais na zona serrana; provável construção do lagar e casa do monge lagareiro pelos monges alcobacenses; 1833 - com a extinção das ordens religiosas, os monges abandonam o mosteiro de Alcobaça e as várias dependências dos coutos, multiplicando-se neles roubos; 1833, 22 Dezembro - a quinta da Ataíja e cerca é arrendada por 23$000 reis a António Dias; 1834 - avaliada em um conto e duzentos mil reis; 1834, 1 Julho. - descrita nos Autos de Inventário do Convento de Alcobaça como sendo constituída por "cazas altas, Armazem, corrays, e palheiros, lagar de azeite com oito varas, e quatro caldeiras, com sua cerca moráda de terra de semiár"; esta confrontava por S. com a lagoa da Ataíja, por N. com propriedade do Coronel Raimundo Veríssimo de Sousa, por E. com a de Alexandre Francisco e por O. com a estrada. Posteriormente foi dividida entre vários compradores; séc. 20, inícios - o então proprietário do lagar, Joaquim Marques Silvério, vendeu as madeiras do telhado, em cerne, a José Francisco Veríssimo; a casa do monge pertencia a Joaquim Palmeira, de Ataíja de Baixo, e a José Faustino e mulher, da Quinta do Mago; os herdeiros destes últimos venderam-na depois a Manuel dos Santos Faz-Tudo; 1920 - escritura de venda da casa do monge por este último a Francisco Vigalho, por 110 escudos; 1950, c. de - partiu-se portão de acesso à quinta; parece que Francisco Vigalho acabou por comprar também a zona do lagar; mantêm-se ainda na família; 1982, 14 outubro - proposta de classificação pela Comissão Instaladora do Museu Nacional de Arte Antiga. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes. |
Materiais
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Alvenaria de pedra calcária aparelhada em 2 faces e colocada à fiada coberta com reboco; madeira, terra crua e cortiça. Cobertura de telha. |
Bibliografia
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PINTO, Drº João de Deus Antunes, Autos de Inventário do Mosteiro de S. Maria de Alcobaça, Alcobaça, 27 Abril 1834, Arquivo Histórico do Ministério das Finanças, Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, Caixa 2192, fl. 479 vº; idem, Tresllado da descripção dos bens de rais, que se achão descritos nos Autos de 1 de f. 479 athe f. 508, Alcobaça, 28 Abril 1834, AHMF, Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, Cx 2193, fl. 1 vº; ibidem, Carta a sua Magestade Imperial sobre os Autos de Supressão Inventario e mais diligencias do Mosteiro de S. Maria de Alcobaça, Alcobaça, 28 Abril 1834, AHMF, Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, Cx 2193 fl. 1 - 3; LEITÃO, Lucas da Trindade e, Autos de Avaliação dos Bens situados nesta villa e sua antiga comarca, e que pertencião ao extinto Mosteiro de Santa Maria da Ordem de São Bernardo, Alcobaça, 19 Julho 1834, AHMF, Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, Cx 2193, fl. 63 - 66; NATIVIDADE, M. Vieira, O Mosteiro de Alcobaça (Notas Históricas), Coimbra, 1885; Escritura de venda da Casa do Monge Lagareiro, em Ataíja de Cima, por Manuel Faz-Tudo e mulher, Rita Carvalho, a Francisco Vigário, Alcobaça, 17 Abr. 1920, Conservatório do Registo Predial de Alcobaça, Livro 129, Fl. 7; SOUZA, José Pedro de Saldanha Oliveira e, Subsídios para a História da Agricultura em Alcobaça. Coutos de Alcobaça. As Cartas de Povoação, Lisboa, 1929; NATIVIDADE, Joaquim Vieira, As Granjas do Mosteiro de Alcobaça, Sep. do Boletim da Junta da Província da Estremadura, nº 5, Lisboa, 1944; idem, Olivais e Lagares in Obras Várias, vol. 1, Alcobaça, s.d., p. 89 - 100; ibidem, Indústria Oleícola in Obras Várias, vol. 5, Alcobaça, s.d., p. 39 - 45; NATIVIDADE, M. Vieira, Mosteiro e Coutos de Alcobaça, Alcobaça, 1960; PEREIRA, Nuno Teotónio, FREITAS, António Pinto de, DIAS, Francisco da Silva, A Arquitectura Popular em Portugal, vol. 2, Lisboa, 1961; FERREIRA, Maria Augusta Lage Pablo da Trindade, Mosteiro de Santa Maria de ALcobaça. Roteiro, Lisboa, 1987; GONÇALVES, Iria, O Património do Mosteiro de Alcobaça nos Séculos XIV e XV, Lisboa, 1989; QUITÉRIO, José, Uma casa em Atíja de Cima (Texto para exposição "Reconstituição de uma casa rural em Ataíja de Cima"), Maio / Junho, 1993; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/74418 [consultado em 5 agosto 2016]. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID; CMA: DGPU |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID; ANTT; Arquivo Histórico do Ministério das Finanças; Conservatória do Registo Predial de Alcobaça, livro 129, fl. 7 |
Intervenção Realizada
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Observações
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*1 - Casa do Monge Lagareiro, também denominada «Lagar dos Frades». A casa do monge lagareiro e a sua quinta chamada de "cerca" ou somente de "quinta", tal como o nome indica, era propriedade dos monges de Alcobaça sendo, no entanto, incerta a sua inclusão nos coutos do mosteiro já que, segundo Iria Gonçalves, a povoação de Ataíja de Cima, a que pertence, ficava no perímetro exterior dos mesmos. A sua construção integra-se na política de reconversão dos grandes senhorios levada a cabo pelo Marquês de Pombal. O fomento e recuperação económica de Alcobaça deveu-se, mais directamente, ao seu primo e geral do mosteiro, visitador e reformador da Ordem, Frei Manuel de Mendonça. Este, mandou plantar ou replantar grandes olivais na zona serrana, integrando-se a Casa do Monge num vasto olival, chamado dos Frades ou do Santíssimo. Em 1885, segundo Manuel V. Natividade, era propriedade do Dr. Francisco Baptista Pereira Zagallo, médico de Alcobaça. Posteriormente pertenceu a Olímpio Trindade e no início do séc. 20 foi comprado por Matias Ângelo, pela então fabulosa quantia de 100 contos de reis. A produção de azeite no Lagar dos Frades era tão elevada que, por vezes, os trabalhos se prolongavam até Maio ou Junho. A água indispensável à tarefa era canalizada da Lagoa Ruiva, que ficava muito próxima do lagar, para um poço, através de uma galeria subterrânea que, segundo testemunho local, tinha quase um metro de largura e mais de metro e meio de altura, sendo as paredes de pedra cobertas com lajes e o chão de pedra trabalhada com agueiro central. Em 1920 a casa do monge era descrita como sendo "uma casa com loja e primeiro andar, metade de uma arrifana (cabana coberta de colmo para recolher o gado / curral / palheiro) e chouso (redil) de semeadura ..." e confrontava a N. com Joaquim Ângelo, a S. com rocio da lagoa, a E. com Florinda Maria e a O. com Joaquim Ângelo e serventia. Nº CMA: 15003 |
Autor e Data
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Paula Noé 1995 |
Actualização
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