Capela do Espírito Santo dos Mareantes
| IPA.00003452 |
Portugal, Setúbal, Sesimbra, Sesimbra (Santiago) |
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Arquitectura religiosa e hospitalar, gótica, maneirista, barroca. Vestígios do primitivo hospital gótico no piso sob a capela, com divisões marcadas por muros rasgados por um arco quebrado e 2 de volta inteira; da capela subsiste a fachada principal rasgada por portal e janelões com molduras em cantaria e ornatos em estuque de feição barroca. As escavações arquelógicas realizadas puseram a descoberto as estruturas do antigo hospício tendo sido possível reconstituir-se o quadro de uma albergaria portuguesa dos finais da Idade Média. São visíveis nas paredes vários desenhos de antigos navios, esboçados a negro, um deles de 3 mastros, hasteando à ré uma bandeira com símbolos muçulmanos ( crescente e 5 estrelas). (SERRÃO, 1997: 46). |
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Número IPA Antigo: PT031511020004 |
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Registo visualizado 3516 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Edifício de Confraria / Irmandade
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Descrição
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Planta longitudinal, rectangular. Volume simples com cobertura homogénea em telhado de 2 águas. Fachada principal orientada, formada por 2 corpos: o principal rematado por frontão contracurvado com cimalha envolvente, cunhais apilastrados terminando em pináculos, aberto por portal com frontão de volutas, a que se sobrepõe óculo de vão recortado, ladeado por janelões com frontão contracurvado e volutas; molduras com lacrimais nas jambas enquadram os vãos; à direita, pequeno corpo lateral rematado por cimalha rectilínea e unido ao principal por volutas, rasgado por porta com frontão contracurvado, em estuque. Do lado N. adossa-se um edifício de 2 pisos separados por moldura horizontal, aberto no piso térreo por 2 portas de arco contracurvado, e 1 janela de moldura recta no piso superior. A fachada lateral direita acompanha o desnível do terreno, desenvolvendo-se em dois pisos demarcados por friso e 3 panos separados por pilastras; o primeiro piso é aberto óculo no pano central e o segundo por 2 janelas de moldura em cantaria rectangulares; remate em beiral simples. INTERIOR de 2 pisos sendo o primeiro correspondente ao antigo corpo da capela; na parede fundeira dois nichos que davam acesso ao altar-mor; o piso inferior com acesso pelo exterior e pelo interior da nave, correspondendo à antiga hospedaria e hospital, com muros divisórios transversais e longitudinais, com comunicação feita por 3 arcos, um quebrado e dois de volta inteira. Vestígios de uma antiga lareira. Nas paredes encontram-se vários desenhos de antigos navios. |
Acessos
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Rua Cândido dos Reis, 17, Rua Rainha D. Leonor, Rua da República |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 129/77, DR, 1.ª série, n.º 226 de 29 setembro 1977 |
Enquadramento
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Urbano. Adossada a edifícios do lado N. e E., abre a fachada principal para um pequeno adro em meia lua, empedrado, separado da rua por murete rematado por cantaria. Do lado N. edifício de 2 pisos, com portais idênticos ao do corpo lateral da capela, fez certamente parte do conjunto edificado. Do lado S. a capela adapta-se ao desnível do terreno, em 2 pisos sobre a Rua da República. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Religiosa: edifício de confraria / irmandade |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: museu / Cultural e recreativa: centro interpretativo |
Propriedade
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Privada: associação |
Afectação
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Contrato de arrendamento de 29/12/1978, à CMS; entrou em vigor em 01 / 01 / 1979 |
Época Construção
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Séc. 15 / 18 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTO: João Seabra Gomes (projecto de adaptação a Museu) |
Cronologia
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Séc. 15, final - edificação do hospital e capela pela Confraria do Corpo Santo, corporação dos mareantes e pescadores de Sesimbra; 1516 - A descrição da visitação efectuada por D. Jorge, mestre da Ordem de São Tiago, mostra serem avultados os bens do Hospital do Espírito Santo; 1527 / 1564 / 1570 - outras "visitações" efectuads a Sesimbra atestam a riqueza da capela e a importância socio-económica atingida pela confraria dos pescadores; 1739 - a "visitação" efectuado pelo Dr. Henrique Henriques da Maia refere o abandono do piso do hospital, sob a capela, dando ordens para o seu entaipamento; 1858 - A Corporação dos Mareantes passa a ser designada por Associação de Socorros Mútuos Marítima e Terrestre da Vila de Sesimbra; 1944 - demolição das estruturas interiores da capela para aí instalar a biblioteca municipal, tendo sido destruídas as lápides epigrafadas dos mareantes e confrades da Confraria; encontram-se no Museu Arqueológico Municipal algumas pinturas oriundas deste hospital; 1973 - sondagens arqueológicas feitas no pavimento do anexo da capela, do lado S., puseram a descoberto parte das estruturas e dependências do primitivo hospício quatrocentista; 1978 - a Câmara Municipal de Sesimbra celebra em 29/12/1978 um contrato de arrendamento com a Associação de Socorros Mútuos Marítimos e Terrestres, que entrou em vigor em 01 /01/1979; 1979 / 1981 - as escavações arqueológicas foram orientadas pelo arqtº Lyster Franco da DGEMN e o Dr. Eduardo da Cunha Serrão, Director do Museu Arqueológico Municipal; 1985 - o Instituto José de Figueiredo fez uma sondagem radiográfica a duas das tábuas pertencentes à antiga capela, tendo reconhecido que a Adoração dos Pastores e a Adoração dos Magos conservam sob a camada visível uma outra de melhor qualidade, tratando-se, provavelmente, das cenas de um Pentecostes e de uma Nossa Senhora do Rosário, do séc. 16 e ao gosto oficinal de Gregório Lopes. (SERRÃO, 1997: 41); 2004, 18 Dezembro - inauguração do Museu, segundo projecto dos arquitectos João Seabra Gomes e Mónica Cruz da Direcção Regional de Monumentos de Lisboa. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Cantaria de pedra, alvenaria de pedra e tijolo rebocada e caiada, telha cerâmica, vidro, madeira; 2002 /2004 - madeira de afzélia, aço cor-ten A, mdf lacado, painéis de alta densidade revestidos a madeira. |
Bibliografia
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GOMES, João Seabra, Intervenção na antiga Capela e esprital do Espírito Santo dos Mareantes em Sesimbra, Revista Monumentos, nº 23, Lisboa, 2005, pp. 156 - 163; SERRÃO, Eduardo da Cunha, SERRÃO, Vítor, Vestígios da antiga capela do Espírito Santo dos Mareantes em Sesimbra, Lisboa, 1978; Sesimbra Monumental e Artística, Sesimbra, 1986; 2ª. ed., 1997. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID, DRML; CMS |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID, DRML; CMS |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID, DRML; CMS |
Intervenção Realizada
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Séc. 18 - obras gerais no edifício, tendo sido efectuado o entaipamento do piso do hospital; edificação da actual fachada; DGEMN / CMS: 1973 - sondagens arqueológicas feitas no pavimento do anexo da capela, do lado S., puseram a descoberto parte das estruturas e dependências do primitivo hospício quatrocentista; 1979 / 1981 - escavações arqueológicas e remoção do entulho através de vãos abertos na fachada S. (*3); CMS: 1998 - colocação de uma cobertura provisória; 1999 - fixação e protecção dos grafitos com colocação de "facings"; DGEMN / CMS: 2000 / 2001 - substituição da cobertura com recuperação das asnas em madeira, limpeza de cantaria e execução de novos rebocos, reparação de caixilharias exteriores e remoção da totalidade dos entulhos existentes nos espaços interiores; 2002 - Intervenção arqueológica orientada pela CMS; 2003 - início da 2ª. fase de obras gerais de beneficiação do interior, com recuperação e integração dos grafitos, e adaptação a museu; 2004 - conclusão das obras e abertura do museu ao público, arranjo do largo fronteiro á antiga capela; 3º fase de conclusão dos trabalhos relativos ao fornecimento e colocação de mobiliário e equipamento expositivo. |
Observações
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*1 - As escavações efectuadas entre 1979 e 1981 sob o pavimento da capela (então biblioteca municipal), puseram a descoberto as estruturas de um antigo hospício. Nas paredes divisórias do mesmo são ainda visíveis esboços a carvão representando embarcações antigas. *2 - A confraria do Corpo Santo, das primeiras corporações de pescadores, esteve aqui instalada. *3 - Do espólio recolhido merecem referência: um grupo de cachimbos de argila, de fabrico inglês e holandês, dos séculos 17 e 18, tendo sido possível identificar os fabricantes; moedas, fragmentos de louça e de azulejos. *4 - 2004 - as sondagens efectuadas na zona do antigo adro, testemunham a existência de ossadas humanas. |
Autor e Data
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Isabel Mendonça 1992 / Cecília Matias 2004 |
Actualização
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Seabra Gomes 2005 |
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