Igreja Paroquial de São Mateus da Calheta / Igreja de São Mateus / Igreja Velha
| IPA.00034955 |
Portugal, Ilha Terceira (Açores), Angra do Heroísmo, São Mateus da Calheta |
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Igreja paroquial reconstruída no final do séc. 17 / início do 18, e posteriormente abandonada devido à deslocação do núcleo populacional para uma zona mais acessível, e na sequência de vários danos causados por um temporal. Tem planta retangular composta por nave e capela-mor, atualmente sem cobertura e com iluminação axial e bilateral. As fachadas são rebocadas e pintadas, com os elementos estruturais e as molduras dos vãos a cantaria, tendo a fachada principal terminada em frontão recortado e rasgado por portal de verga reta, encimado por aletas e pináculos relevados, e por janelas retilíneas. Torre sineira de dois registos e fachadas laterais rasgadas por porta travessa e janelas retangulares; a posterior é cega e termina em empena reta. A estrutura denota intervenções de várias épocas, já que na frontaria os vãos que ladeiam o portal não possuem moldura, devendo, por isso, ser mais recentes, as janelas laterais da capela-mor têm modinatura distinta, abrindo-se na lateral esquerda quatro vãos retilíneos, que se integrariam num anexo, entretanto demolido, correspondendo os centrais a armários embutidos. No interior conserva pia batismal do séc. 16. |
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Registo visualizado 1617 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Igreja paroquial
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Descrição
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Planta retangular composta por nave única e capela-mor, mais baixa e estreita, tendo adossado à fachada lateral esquerda torre sineira quadrangular e à lateral direita sacristia retangular. Volumes escalonados, sem cobertura na igreja e com telhados de três águas na sacristia, rematado em beirada simples. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com pilastras toscanas nos cunhais e terminadas em alguns troços em cornija, tendo a sacristia cunhal frontal e a cornija do remate pintado de cinzento. Fachada principal virada a S., percorrida por soco, terminada em frontão recortado, encimado por acrotério, e rasgada por portal de verga reta de moldura encimada por friso e cornija reta, sobreposta por dois pináculos relevados e duas aletas, enquadrando relógio de sol circular; sobre o portal abre-se janela retilínea moldurada, interrompendo a cornija do frontão, e, lateralmente, duas janelas, também retilíneas, mas sem moldura e gradeadas. A torre sineira tem dois registos, separados por friso, o primeiro rasgado por janela jacente e o segundo rasgado, em cada uma das faces, por sineira em arco de volta perfeita sobre pilastras; remata em coruchéu piramidal, de alvenaria pintada de branco. Fachadas laterais com a nave de dois panos definidos por pilastras, rasgados, no primeiro, por porta travessa de verga reta e moldura simples e, no segundo, por janela de capialço (esquerda) e arco de volta perfeita, entaipado. Na fachada esquerda desenvolve-se escada de pedra de acesso à torre, com guarda plena, possuindo superiormente, na face posterior, porta de verga reta; a capela-mor é rasgada por quatro vãos quase da mesma altura, correspondendo a dois portais e duas janelas centrais, e, num plano superior por fresta de capialço. Na lateral direita, abre-se na capela-mor janela retangular moldurada e, na sacristia porta de verga reta a S., entaipada, e janela de peitoril, sem moldura e gradeada, a E.. A fachada posterior tem a capela-mor cega e terminada em empena reta. INTERIOR com as paredes em alvenaria de pedra aparente e, em algumas zonas, com vestígios de reboco e pintura a branco, e pavimento em paralelos e coxias em cantaria. Na parede fundeira surgem orifícios marcados regularmente, revelando a zona de apoio do antigo coro-alto; no lado do Evangelho possui batistério, em arco de volta perfeita, albergando pia batismal, de taça hemisférica sobre pé circular decorado com vários motivos, abrindo-se, na parede do fundo, vão retilíneo de antigo armário embutido. No topo da nave abrem-se lateralmente, dois arcos, de volta perfeita, sobre pilastras toscanas, atualmente entaipados. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras toscanas. |
Acessos
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São Mateus da Calheta, Caminho Velho |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Peri-urbano, em zona plana, de povoamento disperso, a O. da povoação, implantada no Biscoitinho e na Prainha, em torno do porto, e junto ao Caminho Velho *1. Possui amplo adro frontal, virado ao mar, com escada de quatro degraus bastante largos, adossando-se lateralmente muro alto, de alvenaria de pedra, que circunscreve o cemitério, interiormente com zonas arrelvadas. Do local vê-se, ao longe, a cidade de Angra do Heroísmo, o Monte Brasil e o vulcão da serra de Santa Bárbara. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Religiosa: igreja paroquial |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: marco histórico-cultural |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica (Diocese de Angra) |
Afectação
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Sem afetação |
Época Construção
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Séc. 17 / 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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1557, cerca - construção da primitiva igreja paroquial de São Mateus, na ponta de São Mateus, para substituir a Ermida de Nossa Senhora da Luz como centro de culto; desde cedo a igreja mostrou ser pequena e demasiado próxima do mar, visto que o recuo da linha de costa a colocava quase sobre a falésia; 6 fevereiro - primeira referência documental conhecida ao templo, no testamento de Pedro Cota da Malha, revelando ainda não estar concluído, já que inclui a cláusula: "Mandamos e cremos que o que vivo ficar de cada um de nós mande acabar à custa de nossas terças o corpo da igreja do apóstolo S. Mateus da Calheta"; 1560, cerca - elevação da povoação a paróquia de São Mateus, a qual, segundo o tenente-coronel José Agostinho, estava compreendida entre as canadas da Cruz Dourada e do Capitão-mor, com a igreja ao centro; 1568 - referência documental à paróquia de São Mateus da Prainha; 1611 - uma relação dos acontecimentos ocorridos aquando do desembarque da Baía das Mós e da subsequente ocupação espanhola da ilha refere, mais abaixo da freguesia de São Bartolomeu, " mais perto da cidade, está outra do apóstolo S. Mateus, ao longo do mar"; 1640, primeira metade da década - segundo Frei Diogo das Chagas, "... junto ao mar, em umas terras de boas lavranças, ainda que não muito largas a respeito dos biscoitos que as cercam, fica a freguesia e paróquia do glorioso apóstolo S. Mateus, que pode estar por esta costa do mar distante dos biscoitos de vinha um tiro de mosquete, e daí para avante até entrar na cidade tudo são vinhas, por entre as quais estão algumas boas quintas e boas e autorizadas ermidas"; 1641 - data dos primeiros registos paroquiais conhecidos; 1690, abril - o padre Manuel Luís Maldonado, na "Fenix Angrense" descreve os atos de penitência feitos na paróquia, na sequência do temporal de 26 de março e do sismo de 5 de abril daquele ano, permitindo perceber a forte ligação com a vizinha freguesia de São Bartolomeu dos Regatos e a existência da paroquial já no local da Igreja Velha, na Ponta de São Mateus; 1694 / 1700, entre - demolição da primitiva igreja e sua reconstrução mais para o interior, mantendo-se uma cruz no adro da nova igreja a assinalar o local da antiga capela-mor; durante as obras, o culto retornou para a Ermida da Luz; 1695, cerca - segundo Frei Agostinho de Monte Alverne a paróquia de Mateus, na Calheta, tem vigário, cura e tesoureiro, 100 fogos e 250 pessoas de confissão, e uma ermida de Nossa Senhora da Luz; 1700 - conclusão da nova igreja de São Mateus, atualmente conhecida como Igreja Velha; 1710, década - segundo o padre António Cordeiro, o lugar de São Mateus tem mais de cinquenta vizinhos, "posto que espalhados"; 1891 - o padre José Alves da Silva destaca a necessidade de uma nova igreja, visto que a então existente, além de ser pequena, estava distante do centro da povoação, então já implantada no Biscoitinho e na zona da Prainha, em torno do porto; 1893, 28 agosto - furacão provoca grandes danos na igreja, destelhando-a; 1895, 21 setembro - lançamento da primeira pedra da nova igreja num terreno doado por uma benfeitora, no interior da povoação e afastado do mar (v. IPA.00029671); abandono da antiga igreja paroquial e da estrada litoral de acesso. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura em alvenaria de pedra, rebocada e pintada; soco, pilastras, cornijas, molduras dos vãos, elementos decorativos e outros em cantaria de basalto; grades de ferro; portas e portadas de madeira pintada; pavimento da igreja em paralelos e cantaria basáltica; cobertura de telha. |
Bibliografia
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BORBA, Liduino - Subsídios para a História de São Mateus da Calheta. São Mateus da Calheta: Junta de Freguesia, 2008; SAMPAIO, Alfredo da Silva - Memória Sobre a Ilha Terceira. Angra do Heroísmo: Imprensa Municipal, 1904; SARAIVA, José Hermano - História das Freguesias e Concelhos de Portugal. Matosinhos: QuidNovi, 2004. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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SIPA |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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Observações
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EM ESTUDO. |
Autor e Data
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Paula Noé 2013 |
Actualização
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