Quartel do Casarão / Museu Militar de Elvas

IPA.00035793
Portugal, Portalegre, Elvas, Caia, São Pedro e Alcáçova
 
Quartel de cavalaria construído na 2.ª metade do séc. 18, sobre as estruturas de um quartel anterior e mais pequeno, com projeto do engenheiro Valleré, responsável pelas alterações ao plano inicial do Forte da Graça, constituindo o quartel edificado de raiz em Elvas de linguagem mais erudita e com maior riqueza decorativa. É formado pelo edifício das casernas e o das cavalariças e palheiros desenvolvidos em posição confrontante, separados por ampla parada, e não sobrepostos, como é mais comum e sugerido por Luís Serrão Pimentel, no seu "Método Lusitano". O edifício do quartel, propriamente dito, adossa-se à escarpa interior, situação considerada menos conveniente por os tornar doentios e húmidos e por impedir a livre subida por toda a parte aos terraplenos. Apresenta planta poligonal, adaptada ao perfil regular da fortificação, composta por duas alas retangulares alongadas, formadas por módulos de compartimentos retangulares, interiormente cobertos por abóbada de berço, à prova, truncadas por corpo central, trapezoidal, destinado ao corpo da guarda e aos oficiais. Possui fachada principal muito comprida, em talude, de um piso, terminado em cornija e platibanda plena, e marcada pelo ritmo sequencial dos portais, de verga reta, com moldura ornamentada com falso fecho e pináculo tipo bola, encimados por apainelados, com ligeiro recorte e prolongados até ao remate, pintados em cores diferentes. Este ritmo é apenas interrompido, no corpo central, de tratamento mais cuidado, e nas alas laterais, onde, entre 1946 e 1950, se abriram dois túneis para o fosso, alargando as antigas poternas integradas nas casernas. Na ala sul, o compartimento contíguo à poterna conserva o seu primitivo prolongamento, com compartimentos complementares e canhoneira para defesa da mesma. O corpo central possui arcada avançada, de cinco arcos de volta perfeita, sobre pilares, com fecho igual ao dos portais, encimados por almofadados, o central sobreposto pelas armas de Portugal entre panóplias, flanqueado pelas escadas de acesso ao terrapleno e ao cavaleiro do baluarte. No enfiamento dos arcos, abrem-se portais e janelas do corpo da guarda, de igual modinatura. As casernas possuem acesso individualizado, mas comunicam entre si, por vãos dispostos nos extremos das paredes laterais, criando eixos transversais à frontaria, tendo no topo lareira, evidenciada exteriormente pela chaminé colocada no alinhamento posterior do compartimento, e várias cantareiras em arco. Nos extremos de cada uma das alas laterais existiam paióis, com sala de receção, acedidos pelos compartimentos contíguos, que funcionavam como paióis de bateria, tendo, no entanto, sido posteriormente transformados em arrecadações, devido à humidade danificar a pólvora. Em frente das casernas, desenvolviam-se as cavalariças, de planta em L invertida e irregular, por parte deles se adossar, de ambos os lados, à muralha Fernandina, compostas por amplos compartimentos retangulares, quatro dos quais são mais antigos e já representadas em 1757, interiormente abobadados, e com manjedouras de cantaria nas duas faces compridas, intercalados por compartimentos mais pequenos, que serviam de palheiros. Têm a fachada principal de um piso, com cunhais de cantaria e remate em friso e cornija pintada, rasgada regularmente por vãos de arco abatido, com moldura terminada em cornija, as janelas inicialmente jacentes, mas algumas delas transformadas em peitoril. A ala das cavalariças mais a norte apresenta um esquema semelhante à fachada dos quartéis, resultante de uma possível construção posterior ou reforma a outras funções. A atual Porta de Badajoz, virada a poente e interrompendo a ala norte das cavalariças, é contemporânea do quartel, tendo arco de volta perfeita entre pilastras em silharia fendida, firmadas por armaduras metálicas e espaldar curvo central. A fonte de São José, em frente da zona central dos quartéis, do tipo misto, tem linguagem barroca e segue um esquema menos frequente, apresentando algumas afinidades à Fonte da Carranca, em Queluz, mais tardia (v. IPA.00025453). É composta por tanque retangular, no centro do qual se ergue um falso espaldar vazado, formado de volutas e enrolamentos, escalonados, rematado em frontão triangular com fogaréu, e tendo entre as volutas três bicas, as laterais inseridas em carrancas, distintas por face.
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Quartel    

Descrição

Complexo formado por vários edifícios de desenvolvimento retangular construídos em posição confrontante e separados por larga e comprida parada, com portões de acesso a sul, a norte e a poente. EDIFICIO DOS QUARTÉIS: planta poligonal composta por duas longas alas retangulares truncadas por corpo central trapezoidal, adaptados ao perfil da praça. Volumes articulados, com coberturas planas, revestidas a placas cerâmicas, a da ala norte e zona central betumada, possuindo junto ao parapeito das fachadas principais bancos de pedra e, no limite posterior, separado do terrapleno, platibanda plena integrando, em ritmo regular, chaminés quadrangulares com cobertura piramidal. Fachadas rebocadas e pintadas de amarelo, com faixa vermelha. A fachada principal surge virada a poente, em talude e com um piso, rematado em cornija, pintada de branco, ritmada regularmente por gárgulas de cantaria, para escoamento de águas da cobertura, e platibanda plena. As alas laterais são rasgadas regularmente por vãos de verga reta, com moldura em cantaria de falso fecho com pináculo tipo bola, encimado por apainelado relevado, pintado de vermelho, e moldura com falsos brincos retos, pintada de branco, prolongando-se superiormente pela platibanda do remate. Cada apainelado contém lápide inscrita com nome de locais onde o regimento se distinguiu. O vão dos topos exteriores de cada uma das alas possui, entre o pináculo e o apainelado superior, vão retangular, igualmente moldurado e com falso fecho e pináculo em bola. O esquema da fachada das alas laterais é interrompido no sexto compartimento da ala norte, a contar do baluarte da Porta Velha, e no segundo da ala sul, a contar do baluarte do Casarão, na zona das antigas poternas, onde se abre túnel de ligação ao fosso, com amplo arco de volta perfeita, de fecho semelhante ao dos portais, encimado por almofada côncava, pintada de branco, tendo na face interna portão de ferro. O corpo central do quartel, na gola do baluarte do Casarão, desenvolve-se em arcada avançada, ladeada por escadas de lanços convergentes, de acesso à cobertura e ao cavaleiro do baluarte, rematando em platibanda plena, capeada a cantaria, a qual se prolongada na guarda plena da escada. A arcada é formada por cinco arcos de volta perfeita, com chave relevada e pináculo tipo bola, sobre pilares, encimados por vários almofadados relevados, pintados de vermelho; nos três centrais existem lápides inscritas, e o do centro é sobreposto por brasão com as armas de Portugal, ladeado de panóplias militares. Os panos das escadas são pintados de vermelho com frisos e molduras a amarelo. Sob a arcada, com pavimento de cantaria e cobertura em abóbada de aresta, abrem-se três portais e duas janelas de peitoril, de verga reta e moldurados, com falso fecho e pináculo tipo bola; de ângulo, abre-se ainda uma outra porta semelhante e uma simples. Os pilares que flanqueiam o portal central são sobrepostos por lápides com as insígnias do Batalhão de Caçadores n.º 8. A fachada lateral da ala norte é rasgada por porta de verga reta, atualmente entaipada, junto ao cunhal, em cantaria. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, vãos com molduras em tijolo de burro, pavimento cerâmico e cobertura em abóbada de berço, à prova. As alas laterais possuem módulos de 24 (ala norte) e 22 (ala sul) casernas retangulares, desenvolvidas em eixo relativamente à fachada principal, acedidas diretamente pelos portais e comunicando entre si por dois vãos em arco, rasgados nos extremos, criando eixos transversais. No topo de cada caserna existe ampla lareira, de arco abatido, ladeado por duas cantareiras, em arco; sobre o vão da lareira existe olho de boi. Na parede lateral esquerda rasgam-se duas cantareiras, enquanto na direita apenas uma ao centro, todas elas com o interior rebocado e pintado de branco, cobertura curva e base revestida a placas cerâmicas. Nos extremos de cada ala existiam ainda paióis, acedidos diretamente pelo compartimento lateral ou pelo corpo central, onde ficava o corpo da guarda e compartimentos dos oficiais. Uma das casernas da ala sul revela a sua adaptação posterior a instalações sanitárias, conservando esse equipamento. Possui as paredes com alto silhar de azulejos brancos, pavimento cerâmico mais recente, cobertura plana em pladur, e lavatórios corridos de mármore, marcando a zona para o sabão, disposta na parede esquerda, em frente dos sanitários. Uma outra caserna, onde funcionava o balneário, tem lavatórios corridos de ambos os lados, atualmente transformados em expositores envidraçados. O primeiro compartimento da ala sul, a contar do baluarte do Casarão, devido às obras, conserva a estrutura aparente; tem o mesmo esquema de vãos, com uma chaminé no topo, mas descentrada, ladeada, à esquerda, por largo vão de comunicação com os compartimentos sequenciais, um em eixo, com arcos de volta perfeita nos topos, e um lateral quadrangular, onde se rasga canhoneira para bater a antiga poterna. EDIFÍCIOS DAS CAVALARIÇAS: de planta em L invertida e irregular, composta por vários edifícios, de planta retangular e cobertura em telhado de duas ou quatro águas, rematadas em beirada simples. Apresentam fachadas de um piso, a principal rebocada e pintada de amarelo e faixa vermelha, com cunhais de cantaria, e remate em friso e cornija, pintada de branco. O edifício maior, desenvolvido a nascente do troço da muralha Fernandina, tem a fachada principal virada a sudeste, rasgada regularmente por vãos de arco abatido, correspondendo a janelas jacentes ou transformadas em peitoril (na metade do topo direito) e a portais, cuja moldura termina em cornija. No topo nordeste possui painel de azulejos policromos, com representação de Mouzinho de Albuquerque. A fachada lateral esquerda, disposta de ângulo, é rasgada por duas janelas jacentes sobrepostas, a superior com moldura pintada de branco, e porta de verga reta, sem moldura, de acesso às bilheteiras do museu. Perpendicularmente dispõem-se dois outros edifícios, desiguais, com fachada principal virada a nordeste, interligados pela Porta de Badajoz. O primeiro é rasgado por três amplos portais e duas janelas de peitoril laterais, em arco contracurvo e moldura terminada em cornija. O segundo edifício, ligeiramente mais baixo, é rasgado por dezasseis portais, de verga reta, com falso fecho e pináculo tipo bola, encimado por apainelado relevado, pintado de vermelho contendo, alternadamente, lápides inscritas, e moldura com falsos brincos retos, pintada de branco, prolongando-se superiormente até ao remate, num esquema semelhante ao dos quartéis. A Porta de Badajoz, virada a poente, possui vão em arco de volta perfeita, de fecho saliente, entre duplas pilastras em silharia fendida, firmadas por armadura metálica, viradas à rua pública, sobre plintos e espaldar curvo central; alberga portão de ferro, com bandeira de motivos volutados. No topo norte, junto a outro portão de ferro, ergue-se TORRE de planta quadrangular, com cobertura em terraço, e fachadas terminadas em platibanda plena, rematada em cornija. É rasgada por portal de verga abatida, com falso fecho e pináculo tipo bola, envolvida por moldura formando aletas superiores. É encimado por instrumento relevado relativo ao Regimento de Infantaria e vão retilíneo com empena angular. Junto à torre ergue-se um outro edifício, num plano rebaixado, de planta retangular irregular, com cobertura em terraço, fachadas de um piso, terminadas em platibanda plena e rasgadas por vãos retilíneos. FONTE DE SÃO JOSÉ composta por tanque, de planta retangular, de bordo plano, seccionado a meio por soco, sobre o qual evolui espaldar vazado. Este é formado por três amplas volutas e enrolamentos, escalonados, formando dois registos, lateralmente almofadados, rematado em frontão triangular, coroado por fogaréu. Em ambas as faces possui três bicas entre as volutas, as duas laterais inseridas em carrancas, distintas entre as faces.

Acessos

Caia e São Pedro, Avenida de São Domingos; Largo de São Domingos; Beco dos Quartéis, Rua Mouzinho de Albuquerque; Parada Mouzinho de Albuquerque; Parada D. Nuno Alvarez Pereira. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,880216; long.: -7,157676

Protecção

Incluído no Núcleo urbano da cidade de Elvas / Cidade Fronteiriça e de Guarnição de Elvas (v. IPA.00001839) e na Zona de Proteção da Fortaleza de Elvas (v. IPA.00035956)

Enquadramento

Urbano, adossado, no interior da praça de Elvas, no seu limite nascente, adaptado ao declive do terreno. Os corpos do quartel desenvolvem-se adossados à escarpa interior, formando o terrapleno das cortinas, entre o meio baluarte de São Domingos e o baluarte da Porta Velha, enquanto os edifícios das antigas cavalariças se dispõem a poente, possuindo a meio ampla parada, tendo em frente da gola do baluarte do Casarão *1 a Fonte de São José. A parada é delimitada parcialmente a poente por longo troço da muralha Fernandina, com parte em alvenaria aparente, conservando numa zona de inflexão o vão correspondente à antiga porta do carro do convento, e uma outra zona rebocada e pintada, à qual se adossam os edifícios. Ao longo dos edifícios virados à parada, pavimentada a alcatrão, existe passeio, pontuado de árvores, com bancos de cantaria encostados às fachadas, entre os portais. À frente do corpo central dos quartéis e da Fonte de São José, existe placa retangular com calçada à portuguesa, de motivos geométricos. Na gola do baluarte da Porta Velha ergue-se o paiol da Porta Velha (v. IPA.00035792) e, em frente dele e da torre do topo norte, existe tanque bebedouro, de planta retangular. O terrapleno dos baluartes da Porta Velha e do Casarão têm oliveiras e o meio baluarte de São Domingos encontra-se ajardinado, com monumento comemorativo aos mortos de Infantaria de Elvas. O complexo que atualmente compõe o Museu Militar abarca ainda a zona conventual de São Domingos (v. IPA.00001862), a poente, o picadeiro erguido no início do séc. 20, na cerca do mesmo, e outros edifícios mais recentes, nomeadamente os construídos a nascente, no exterior das cortinas, entre o meio baluarte de São Domingos e o baluarte do Casarão e, entre este e o da Porta Velha. O acesso ao Museu faz-se pela denominada Porta dos Mártires, amplo portal na gola do meio baluarte de São Domingos, ladeado por aletas e duas guaritas quadrangulares, com cobertura em domo facetado.

Descrição Complementar

A falsa chave do primeiro compartimento da ala sul, a contar do baluarte do Casarão, possui lápide de mármore com a inscrição "SALA / TCOR JOÃO PEREIRA TAVARES / CMDT BINST / 07 DE AGOSTO DE 1996 / 03 DE MARÇO DE 1997 / 21 JUN 98". A chave do arco que lhe segue é sobreposto por filactera metálica com a inscrição "PO ...RNASUL". Junto a um dos portais da ala norte dos quartéis existem duas lápides, com as inscrições: "CENTRO INTERPRETATIVO / DO PATRIMÓNIO DE ELVAS" e "Centro Interpretativo do Património / Inaugurado a em 28 de Outubro de 2011 pelo / Presidente da Câmara Municipal de Elvas / José António Rondão Almeida / e Vice-Chefe do Estado-Maior do Exército / Tenente-General Paiva Monteiro". No corpo central dos quartéis, as lápides têm as seguintes inscrições: a central: "BUÇACO 1810 / ALBUERA-LOS SANTOS-SOLANA E UZAGRE / CIUDAD RODRIGO - SALAMANCA - HUEBRA E SAN MUNOZ / OSMA - MORILLAS - VICTORIA E PYRENEUS / MOÇAMBIQUE 1895"; a da esquerda "REGIMENTO DE CAVALLARIA / DE ALCANTARA / 1707"; e a da direita "REGIMENTO DE CAVALLARIA N.º 1. / LANCEIROS DE VICTOR MANUEL / 1862". Na fachada da ala norte existe painel de azulejos policromos, com representação do condestável Nuno Álvares Pereira, ladeado por lápide com a inscrição: "ESTE PAINEL FOI INAUGURADO POR SUA EXª / O VICE CHEFE DO ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO / GENERAL NUNO VIRIATO TAVARES DE MELO EGÍDIO / EM 21 - 6 - 977". A fonte de São José possui afixada no tanque lápide com a inscrição: "FONTE DE SÃO JOSÉ / CONSTRUÍDA EM 1767 / SEGUNDO O DESENHO DO / ENGENHEIRO TENENTE GENERAL / GUILHERME LUIS ANTÓNIO DE VALLERÉ / AUTOR DO TRAÇADO DESTE QUARTEL / 21-7-73". No edifício da bilheteira do museu existem duas lápides, uma com a inscrição: "MUSEU MILITAR DE ELVAS / INAUGURADO POR SUA EXCELÊNCIA / O CHEFE DE ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO, / GENERAL JOSÉ LUÍS PINTO RAMALHO / ELVAS, 29 DE OUTUBRO DE 2009"; a outra lápide, inserida num vão, tem a inscrição: "OLHE VOSSA ALTEZA PARA O SOLDADO EM CAMPANHA / POR VENTURA VÊ-O SÓ A MARCHAR E A COMBATER? / - CAVA TRINCHEIRAS LEVANTA PARAPEITOS, BARRACAS, QUARTÉIS, / ATRELA-SE AS VIATURAS, REMENDA A FARDA, COZINHA O RANCHO, E O QUE / TEM DE SEU, TRÁ-LO ÀS COSTAS, NA MOCHILA. DESDE OS MESTERES MAIS / HUMILDES ATÉ O MAIS SUBLIME - AVANÇAR DE CARA ALEGRE DIREITO A NORTE / - TUDO FAZ, PORQUE TODO O TRABALHO. DESPIDO DE INTERESSE PESSOAL, / ENTRA NOS DEVERES DA SUA PROFISSÃO. / JOAQUIM MOUSINHO". No topo nordeste do edifício de cavalariças, o painel de azulejos do Mouzinho de Albuquerque tem a inscrição: "... ESSAS POUCAS PÁGINAS / BRILHANTES E CONSOLADORAS / QUE HÁ NA HISTÓRIA DO PORTUGAL / CONTEMPORÂNEO ESCREVEMO-LAS / NÓS, OS SOLDADOS LÁ PELOS SERTÕES / DA ÁFRICA, COM AS PONTAS DAS / BAIONETAS E DAS LANÇAS A / ESCORRER EM SANGUE / JOAQUIM MOUZINHO". É ladeado por duas lápides com as inscrições: "ESTE PAINEL FOI INAUGURADO POR / S. E. O SUBSECRETARIO DE ESTADO / DO EXÉRCITO TEN. CORONEL E. M. / FRANCISCO DA COSTA GOMES / EM 24-4-960" e "DO PAINEL ORIGINAL, MANTÉM-SE / A SUA MOLDURA TENDO O SEU / INTERIOR SIDO SUBSTITUÍDO EM / SETEMBRO DE 2014". Sobre o painel de azulejos existe lápide com a inscrição "PARADA / MOUZINHO DE ALBUQUERQUE" e sob o mesmo uma outra com a inscrição: "HOMENAGEM DO RC 3 / AO PATRONO DA CAVALARIA / - 12.SET.02 / - 09.SET.03 / - 15.SET. 04 / - 13.SET.05 / - 13.SET.06 / - 05.SET.07 / - 08.SET.09 / - 02.SET.10 / - 09.SET.11 / -07.SET.12 / - 06.SET.13 / - 05.SET.14 / - 04.SET.15 - / 09.SET.16".

Utilização Inicial

Militar: quartel

Utilização Actual

Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Ministério da Defesa Nacional

Época Construção

Séc. 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

: EMPREITEIROS: Eduardo Cordeiro Ildefonso (1987-1990), José Correia Colaço (1987), Manuel António Tapadinha Ferreira (1982-1984). ENGENHEIROS MILITARES: António Rodrigues (atr., séc. 17), Guillaume Louis Antoine de Valleré (1767). FIRMAS: Construções Colaço, Lda. (1991), Constrevora - Industrial de Construção Civil, Lda. (1991-1992), CUOP - Cooperativa de Unidade Operaria de Construção Civil Alentejana (1984), Construções Metálicas Serra Alves Filhos, Lda. (1995, 1996), Eletroal - Cool. Oper. de instalações elétricas SCARL (1983), Hinize Dias Mateus (1994), LISOOL (1980), Sotecnisol, Lda. (1990) Tecnisserra - Construção Civil e obras Públicas, Lda. (1986), URBEVORA (1992, 1995).

Cronologia

1663, 14 abril - carta patente de D. Afonso VI nomeando o engenheiro António Rodrigues sargento-mor "ad honorem", pelos serviços prestados na província do Alentejo, referindo ser autor do risco dos quartéis de Infantaria e Cavalaria de Elvas, este último correspondendo possivelmente ao existente no baluarte do Casarão e representado em planta na centúria seguinte; 1707, 15 novembro - criação do Regimento de Cavalaria de Alcântara, cujo ano surge inscrito numa das lápides do corpo central dos quartéis, certamente assinalando a sua presença em Elvas; 1715, 20 agosto - decreto mantém a denominação do Regimento; 1757 - planta da Praça de Elvas e seus contornos, do capitão de engenharia Miguel Luiz Jacob, na sua visita geral de 1755, assinala o terrapleno interior de metade do meio baluarte de São Domingos, do baluarte do Casarão e o da Porta Velha, com as respetivas cortinas de ligação, em terra, a Igreja do Convento de São Domingos, a partir da qual se desenvolvia troço da muralha Fernandina, terminada em torre quadrangular, uma construção circular na gola do baluarte do Casarão e umas cavalariças retangulares e outras construções não identificadas na gola do baluarte da Porta Velha; em frente da cortina, entre a torre fernandina e o baluarte da Porta Velha, do outro lado da parada, existe interrupção nas construções, marcando a porta de Badajoz; 1758, 05 abril - descrição das antigas estruturas do quartel e cavalariças pelo pároco da freguesia de São Pedro, nas Memórias Paroquiais *2; séc. 18, 2.ª metade - uma planta da autoria de Guilherme Frederico Westernacher representa os vários edifícios do quartel, coincidentes com a descrição do pároco da freguesia de São Pedro e dando ainda outros pormenores; assim, na gola do baluarte do Casarão, representa um edifício circular com alas laterais, identificando-o como corpo da guarda do Casarão, bem como umas "comuas", um armazém de pólvora na gola do baluarte da Porta Velha e um outro corpo do quartel da cavalaria junto ao orelhão deste baluarte, e, adossado à muralha fernandina, um "quartel de cavalaria" composto por dois corpos, um disposto a sudeste da muralha e outro a nordeste da mesma (Direção de Infraestruturas do Exército, GEAEM, SIDCarta, cota: 1703-1A-14-19); 1767 - início da obra da construção do atual Quartel do Casarão, ordenada pelo Conde de Lippe (GAMA, 1963, p. 63), e com projeto ou direção do coronel de artilharia Guillaume Louis Antoine de Valleré (1727 - 1796); 1771 - os quartéis ainda estão em construção (ALMADA, p. 17); 1788 - o erário régio ainda paga indemnizações pelas casas demolidas para construção do quartel; séc. 18, finais - data provável da "Planta inferior e superior ao Quartel Cavaleyro e cavallarices q. se fizeram de novo junto ao Baluarte do Cazarão da Praça de Elvas com os seus perfiz, e elevações", assinada por José Alvarez de Barros, capitão de engenharia (Direção de Infraestruturas do Exército, GEAEM, SIDCarta, cota: 1703-1A-14-19) *3; 1806, 19 maio - Decreto altera a denominação do Regimento para Regimento de Cavalaria n.º 1; 1824 - data do desenho das fachadas e perfis dos quartéis "soto-postos às cortinas contíguas ao baluarte do Casarão com o delineamento do projeto feito pelo coronel Lane" a fim de evitar a infiltração que manifesta; 1825 - é considerado "o único quartel, propriamente dito d'esta Praça", estando ocupado, nesta data, por uma Companhia de Infantaria n.º 20 e uma de Cavalaria n.º 3; só parcialmente ocupadas, cada caserna dispunha de uma única tarimba para 16 homens, ainda que a sua lotação fosse o dobro; muitas das casernas serviam nessa altura de armazéns, nomeadamente de paióis, mas por dificuldade de escoamento das águas pluviais, eram tão húmidos que deterioravam a pólvora; 1826 - desenho das casernas do Casarão; 1862, 20 novembro - Decreto altera a designação para Regimento de Cavalaria n.º 1, para Lanceiros de Victor Manuel, existindo no corpo central dos quartéis lápide com a data e denominação inscrita; 1875 - segundo o Relatório sobre a defesa da Praça de Elvas, feito pelo governador, o General de Brigada Francisco Xavier Lopes, o quartel do Casarão aloja nas casernas adossadas à cortina, entre o meio baluarte de São Domingos e o baluarte do Casarão, o Regimento de Lanceiros n.º 1, designado de Victor Manuel; nas 22 casernas que então possuía (hoje 21 com uma poterna), 8 eram destinadas a cabos e soldados, sendo as outras ocupadas por "oficiais inferiores", arrecadações, depósito regimental, cozinha, armazém de víveres e oficinas; algumas oficinas deste regimento estavam nas Ruas de Fagundes, dos Esteireiros e do Botafogo (alfaiates, coronheiros, seleiros, casa de ensaio de clarins e aula); em frente a estas casernas situavam-se 6 cavalariças, em edifício abobadado que podia alojar 300 animais, dispondo também, nas traseiras, de mais duas cavalariças (enfermaria), arrecadação, oficina e telheiro para ferradores; entre as casernas e as cavalariças situava-se a extensa parada, e no fosso, tinha lugar o picadeiro, com acesso pela poterna do Casarão; nas 24 casernas que se situavam entre o baluarte do Casarão e o da Porta Velha (hoje 23 com uma poterna), o quartel alojava o Regimento de Infantaria n.º 4, tendo 16 casernas ocupadas por praças e as restantes serviam de "calabouço, casa da guarda de policia, casão d'alfaiates, cozinha, arrecadação regimental, ensaio de musica e mais officinas do corpo (,...)"; "Do lado oposto às casernas estão as arrecadações das companhias ficando entre umas e outras a parada (...)"; 1896, 29 julho - entrega dos quartéis onde está alojado o Regimento de Infantaria n.º 4 e parte do Regimento de Cavalaria n.º 1 ao caserneiro da Praça; 1902 - construção do picadeiro do Regimento de Cavalaria n.º 1 na cerca do quartel do grupo de Artilharia de Guarnição n.º 5 (Quartel de são Domingos), separando-o da restante cerca por dois muros, então construídos; 1907, 17 março - havendo na obra coroa, onde está instalado o stand da sociedade de tiro aos pombos, logo à entrada, um acentuado desnível no sentido norte - sul, fazendo até uma cova, a mesma sociedade pede licença para regularizar a superfície do terreno sem tocar na muralha, ou seja, pede autorização para tirar terra do lado sul para colocar na depressão existente do lado norte; pede ainda autorização para colocar no terrapleno uma ligeira tribuna com zinco para a assistência das famílias dos sócios; 1908, maio - um grupo de indivíduos civis solicita a obra coroa e parte de uma cavalariça ali existente para escola de tiro aos pombos; 1908, 15 julho - termo de concessão da obra coroa e parte de uma cavalariça aí existente feita pelo Ministério da Guerra a um grupo de indivíduos que desejam fundar na cidade uma escola de tiro aos pombos *4; 1909, 24 abril - termo de concessão pelo Ministério de Guerra à Sociedade de tiro aos pombos para regularizar o terreno do stand, na obra coroa, e ali estabelecer uma tribuna muito ligeira, com toldo em zinco; 1911, 25 maio - Decreto do Ministério da Guerra, art.º 315 define como fortificações de 2.ª classe a Praça de Elvas e suas dependências; 1913, 22 novembro - o Regimento de Infantaria solicita autorização para aproveitar a obra coroa para carreira de obstáculos, uma vez que o terreno utilizado para tal fim ser impróprio, não só por ser de área muito reduzida, mas também por se tornar extremamente perigoso, devido a ser de rocha a descoberto, acrescido do facto do mesmo não ser vedado, resultando em não se poderem conservar convenientemente os obstáculos e na necessidade constante de reparações; 1914, 10 março - a Secretaria de Guerra participa que o Ministro da Guerra autoriza a cedência ao Regimento de Cavalaria n.º 1 do terrapleno da obra coroa para ali estabelecer a carreira de obstáculos do Regimento; 23 março - auto de entrega ao Regimento de Cavalaria n.º 1 do terrapleno da obra coroa; 1915, 30 junho - data limite do arrendamento das pastagens na obra coroa; 1918 - mudança do portão poente do Quartel de Cavalaria n.º 1; 1920, 11 março - ofício do comandante do Regimento Cavalaria n.º 1 à Câmara Municipal de Elvas a explicitar uma porção de terreno para construção de retrete para as praças do 2.º Grupo de Esquadrões; 31 março - Município informa que a Comissão Executiva da Câmara acede ao solicitado para construção de nova sentina no quartel, de modo a fazer desaparecer o recanto entre o prédio particular do terreiro do Vasco Martins e o portão da parada, fronteiro à Rua da Porta Velha; 1923, 25 abril - em sessão do Senado de Elvas resolve-se ceder gratuitamente o terreno do recanto do Terreiro de Vasco Martins para construção da nova serventia do Quartel Cavalaria n.º 1; 1926, 06 maio - Tombo do Prédio Militar 79/Elvas - Quartel do Casarão *5; 1930, 14 abril - auto de entrega ao Regimento de Cavalaria n.º 1 do baluarte do Casarão, cortinas adjacentes e meio baluarte de São Domingos; 1938, 12 novembro - auto de entrega ao Regimento de Cavalaria n.º 1 do PM n.º 76 - Paiol de Santa Bárbara (v. IPA.00035787), PM 78 - Convento de São Domingos, constituído por um edifício de dois pavimentos, parada, cisterna e pátio, e PM 104 constituído pela cavalariça grande de São Domingos; 1940, 31 dezembro - avaliação do valor patrimonial do PM 79 em 1.500.000$00; 1946, 03 junho - Despacho Ministerial autoriza aquisição para o Estado dos prédios pertencentes a Joaquim Abelha Florentino e João José Santana Banazol, por 30.000$00 e 10.000$00, com destino a serem integrados no edifício do Regimento de Cavalaria n.º 1; 1947, 30 abril - Despacho do Ministério das Finanças autoriza a aquisição ou expropriação de um prédio pertencente a Joaquim Abelha Florentino para ampliação do Regimento Cavalaria n.º 1, ficando disponível a partir 1 janeiro 1948; 1948, 03 dezembro - auto de cessão ao Ministério das Finanças de 2 prédios de morada de casas no Beco da Muralha, também conhecido por Beco Pero Picão ou Ferreirinho de João Domingues, na freguesia de São Pedro, confrontando a norte com casas de Joaquim Bernardo, a sul com Portão do Quartel de Cavalaria 1, a nascente com o referido quartel e a poente com o Largo do Portão ou Ferreirinho de João Domingues; estão inscritos na Matriz Predial sob o n.º 179 e descritos na Conservatória Registo Predial sob n.º 1101, FL. 54 do Livro B3, como morada de casas composta de r/c com 5 divisões e 1.º andar com 5 divisões e uma varanda sobre parte do prédio, com superfície coberta de 95 m2; destina-se à ampliação das Instalações do Quartel do Regimento de Lanceiros n.º 1; 1946 - 1950 - alargamento das duas poternas integradas nas casernas do quartel e construção de vários edifícios: um parque para dois grupos de esquadrões no exterior da cortina entre o meio baluarte de São Domingos e o baluarte do Casarão, um parque para o esquadrão do comando e um parque do esquadrão de engenhos no exterior da cortina entre o baluarte do Casarão e o baluarte da Porta velha, uma oficina de reparação auto, uma estação de transmissões no cavaleiro, e um depósito de carregamento de baterias; 1960, 24 abril - inauguração do painel de azulejos com representação do Mouzinho de Albuquerque na fachada do edifício das cavalariças, com a presença do subsecretário do Estado do Exército, tenente coronel Francisco da Costa Gomes; 1976, 16 fevereiro - cedência a titulo precário e gratuito à Câmara Municipal de uma parcela de terreno, em meia lua, junto à Igreja de São Domingos para valorização da cintura de muralhas; a meio do muro constrói-se o portão de acesso, ladeado, à direita, por uma guarita; 1977, 21 junho - inauguração do painel de azulejos do condestável Nuno Álvares Pereira, na fachada da ala norte dos quartéis, pelo vice-chefe do Estado Maior do Exército, o general Nuno Viriato Tavares de Melo Egídio; 1978, 24 novembro - o prédio militar é ocupado pelo RIE - Regimento de Infantaria de Elvas, tendo a área coberta em r/c de 9.950m2, a área coberta em outros pisos 100m2 e a área de terrenos 14.500m2; 1979 - data do Tombo do Complexo do Quartel do Casarão *6; 1987 - 1991 - negociações pela DSFOE/REP Património, entre o Exército e o proprietário de uma área contígua ao quartel com vista à sua aquisição, para ali se construir uma caserna de dois pisos, para alojar uma companhia de Instrução, ampliando o prédio militar; 2006 - no âmbito da reorganização do Exército, é extinto o Regimento de Infantaria n.º 8 e o quartel do Casarão, o último a funcionar na cidade; 28 junho - auto de mudança de utente do PM 79, a afetar a partir de 1 julho, à Direção de História e Cultura Militar; 28 junho - auto de mudança de utente, cedendo-se à Direção de História e Cultura Militar o PM 78 - Quartel do Comando de São Domingos; 2007, 05 outubro - ofício da Cruz Vermelha Portuguesa a solicitar a utilização temporária do PM 79, o que não é autorizado visto o Museu Militar de Elvas estar em fase de instalação e não haver previsões sobre a disponibilidade de instalações; 2009, 29 outubro - inauguração do Museu Militar de Elvas, com a presença do chefe de Estado-Maior do Exército, General José Luís Pinto Ramalho *7; ainda neste ano os Museus Militares concorrem à rede Portuguesa de Museus; 2010 - protocolo de colaboração entre o Exército e o Município de Elvas para cedência temporária de espaços do Museu Militar (zona do convento de são Domingos) à Câmara para instalação de duas turmas do ensino pré-primário (no piso térreo e no segundo); 2011, 28 outubro - inauguração do Centro Interpretativo do Património numa parte da ala sul dos quartéis, pelo presidente da Câmara Municipal de Elvas, José António Rondão Almeida, e pelo vice-chefe do Estado-Maior do Exército, tenente-general Paiva Monteiro; 2016, outubro - inauguração da exposição da coleção de viaturas militares no Museu Militar, obra que determinou a ocupação do espaço coberto disponível na sua quase totalidade.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de pedra e tijolo e cal; placas em betão; molduras dos vãos exteriores e pináculos de cantaria; portas de madeira; vidros simples e espelhados; grades e gatos em ferro; lápides, brasão e fonte em mármore; molduras dos vãos no interior em tijolo de burro; pavimento cerâmico; silhar de azulejos brancos; painéis de azulejos policromos; cobertura interior em pladur; lavatórios de mármore; cobertura em placas cerâmicas. Os edifícios modernos dos parques têm pavimentos, sapatas e pilares de travamento em betão, paredes em alvenaria hidráulica, em tijolo, cobertura chapa ondulado de lusalite sobre armação de madeira e ferro, caixilharia de casquinha e portas em chapa de ferro ondulada, pavimento em cubos de granito com argamassa de cimento.

Bibliografia

AA.VV - Elvas Duas Décadas de Poder Local. Elvas: Câmara Municipal de Elvas, 2013; AA.VV - Fortificações de Elvas. Proposta para a sua inscrição na lista do Património Mundial. Elvas (Portugal): texto policopiado, 2008; ALMADA, Victorino d' - Elementos para um Dicionário de Geographia e História Portugueza Concelho d'Elvas. Elvas: Typ. Elvense, 1888, Tomo 1; BUCHO, Domingos - Cidade-Quartel Fronteiriça de Elvas e suas Fortificações. Lisboa: Edições Colibri; Câmara Municipal de Elvas, 2013; MORGADO, Amílcar F. - Elvas: Praça de Guerra, Arquitectura Militar. Elvas: Câmara Municipal de Elvas; Grupo de Apoio e Dinamização Cultural de Elvas (G.A.D.I.C.E.), 1993; PIMENTEL, Luís Serrão - Método Lusitâno de Desenhar as Fortificações das Praças Regulares e Irregulares. Lisboa: edição fac-simile da Direcção da Arma da Engenharia, Direcção do Serviço de Fortificações e Obras do Exército, 1993; SEPULVEDA, Christovam Ayres de Magalhães - História Organica e Política do Exército Português. Provas. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1919, vol. VIII, pp. 458-460; VALLERÉ, Maria Luiza de - Elogio Historico de Guilherme Luiz António de Valleré. Paris: Officina de Firmin Didot, 1808.

Documentação Gráfica

Direção de Infraestruturas do Exército: GEAEM, SIDCarta, Tombo dos Prédios Militares: PM n.º 79/Elvas - Quartel de Cavalaria (Processo n.º 5)

Documentação Fotográfica

DGPC: SIPA

Documentação Administrativa

Arquivo Histórico Militar: 3.º Divisão, 9ª Secção, Caixa n.º 68, Número 18 ("Conta resumida do Estado presente do Aquartelamento da Praça por Inspecção própria do Governador dela e Suas Observações", Carlos Frederico de Paula, 1825) e 3.ª Divisão, 9.ª Secção, Caixa 73, Número 11 (Relatório sobre a defesa da Praça de Elvas feito pelo seu governador, o General de Brigada Francisco Xavier Lopes, 1875); Direção de Infraestruturas do Exército: GEAEM, SIDCarta, Tombo dos Prédios Militares: PM n.º 79/Elvas - Quartel de Cavalaria; DGALB/TT: Memórias Paroquiais, vol. 13, n.º (E) 14b, p. 121 a 142 (São Pedro)

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1922 - construção de retretes para as praças do 3.º e 4.º esquadrões; 1946 / 1947 / 1948 / 1949 / 1950 - calcetamento de faixas à frente dos parques; terraplanagens na estrada de comunicação entre os parques; alargamento de duas saídas de fosso para a estrada nacional n.º 4 e portas de São Vicente; ligação das sarjetas ao cano de esgoto geral e reparação deste; 1948 - obras no quartel de São Domingos para instalação do Comando, Secretaria, oficiais, aulas de camaratas de sargentos milicianos e arrecadações gerais; estuda-se ainda a adaptação do edifício anexo à Igreja a residência do comandante do Regimento; 1971 - impermeabilização da cobertura das alas norte e oeste (2.º fase) e remodelação dos telhados da residência do comandante e quartos dos oficiais *8; reparação dos telhados do refeitório e casernas noroeste; reparação de uma dependência do grupo de Mobilização; adaptação de antigas arrecadações a quarto de pernoita para sargentos e cabos milicianos; arranjo total do telhado da antiga dependência dos óleos; reparação do teto e pintura das instalações sanitárias de oficiais; remodelação do piso do picadeiro e caiação e reparação das paredes; construção de novas pistas para condução auto; 1980 - remodelação total da cobertura e beneficiações diversas no depósito de géneros, trabalhos a mais, pela firma LISOOL; 1982 / 1983 - remodelação da cobertura das oficinas auto por Manuel António Tapadinha Ferreira; 1983 - remodelação da instalação elétrica e iluminação das paredes do R.I.E. pela firma Eletroal - Cool. Oper. de instalações elétricas SCARL; 1984 - reparação de dependências para arrecadações do material de guerra, por Manuel António Tapadinha Ferreira; construção de um campo polivalente, adjudicado a CUOP - Cooperativa de Unidade Operaria de Construção Civil Alentejana; 1986 - construção do circuito de treino pela Tecnisserra - Construção Civil e obras Públicas, Lda.; 1987 - remodelação de instalações para Companhia de Apoio de Combate e reparação de casernas - instalações sanitárias, pela firma Eduardo Cordeiro Ildefonso; construção do sistema de aquecimento de água pela firma Termo Sul - Projetos e Instalações Lda.; construção de circuito de treino, pela firma José Correia Colaço; 1988 - reparação das casernas - instalações sanitárias, trabalhos a mais, pela firma Eduardo Cordeiro Ildefonso; 1988 / 1989 construção da porta de armas (1.ª fase), por Eduardo Cordeiro Ildefonso; 1989 / 1990- construção de porta de armas (2.ª fase), por Eduardo Cordeiro Ildefonso; 1990 - remodelação de instalações para companhia de apoio e combate, por Eduardo Cordeiro Ildefonso; impermeabilização da muralha (1.ª fase) pela firma Sotecnisol, Ldª; 1991 - reparação do edifício do CICA - cobertura, à firma Construções Colaço, Lda.; 1991 / 1992- construção de porta de armas, trabalhos a mais, por Constrevora - Industrial de Construção Civil, Lda.; 1992 - autorizada a adjudicação dos arranjos exteriores da casa da guarda e edifícios anexos, à firma URBEVORA; 1994 - adjudicação da remodelação da sala de praças e bar, à firma Hinize Dias Mateus; 1995 - adjudicação da reparação da cozinha do rancho geral, à firma Construções Metálicas Serra Alves Filhos, Lda.; arranjos exteriores da casa da guarda e edifícios anexos, por URBEVORA - Construções e Empreendimentos Imobiliários, Lda.; 1996 - adjudicação da remodelação da cozinha do rancho geral - trabalhos a mais, à firma Construções Metálicas Serra Alves Filhos, Lda.; CMElvas: 2010, cerca - iluminação do Prédio Militar n.º 079/Elvas - Quartel de Cavalariça "no âmbito da requalificação ambiental e paisagística da envolvente da muralha - Iluminação dos Monumentos (2.ª fase), inserida na Regeneração Urbana da Cidade de Elvas; PROPRIETÁRIO: 2014, setembro - substituição da zona central do painel de azulejos a representar Mouzinho de Albuquerque.

Observações

*1 - A sua denominação advém do nome de um edifício de grandes dimensões que Cosmander (1602-1648) ali mandara demolir. *2 - Segundo o pároco das Memórias Paroquiais da freguesia de São Pedro, de 1758, no local havia "hum pedaço de muro antigo muito alto, que hoje serve de Varandas aos Religiozos Dominicos, e no fim está huma torre Com Ameyas, e he depanultima fortificação, e no bacho deste muro estam Sinco Cavallarices de Abobeda para as Tropas dele Rey nosso Snr. Fora destas Cavalharicas estam mais três; hua que era antigamente a porta de São Vicente esta he de abobeda, e mais duas Cavalharicas de telhados; e junto a esta Cavalharice que era oarta está hum grande Cazaram de abobeda, que nesta ultima guerra sérvio de Almazem de pólvora, e Cavalherice de Cavalhos, e antigamente era Corpo de guarda" (Memórias Paroquiais de São Pedro, p. 194-195). No baluarte do Casarão, havia "no meio huma casa de abobeda que Serve de Corpo de guarda, e antigamente era Sede dos Artilheyros" (idem, p. 195). *3 - Esta planta e alçados revela grande importância para o conhecimento dos Quartéis do Casarão em finais do séc. 18, antes de se iniciarem as transformações inerentes à evolução das instalações. Assim, o edifício dos quartéis, cuja estrutura subsiste, era composto por duas alas retangulares de casernas, cada uma delas tendo nos extremos um paiol, precedido por sala de receção, num total de quatro, que funcionavam como paióis de bateria. A poterna da ala a norte não é marcada, mas a da ala a sul, no segundo compartimento a contar da gola do baluarte do Casarão, é diferenciada. Aí são marcados dois compartimentos no prolongamento da caserna, um deles com canhoneira para defesa da porta, ainda hoje existentes. O corpo central, correspondente ao corpo da guarda, possuía dois compartimentos separados para os oficiais. As fachadas dos quartéis já apresentavam o esquema que possuem atualmente. A fonte de São José, erguida em frente ao corpo da guarda, possuía canalização de adução de água a partir da cozinha do Convento de São Domingos, mas o seu abastecimento ainda não havia começado, já que a legenda da planta refere "(...) de onde se hade repartir a água para a fonte". Do outro lado da parada, desenvolviam-se os edifícios das cavalariças, formando um L invertido adossado à muralha fernandina, indicando as cinco cavalariças antigas (as já existentes em 1757) e as duas novas, construídas no prolongamento das pré-existentes a sudeste da muralha. As cavalariças tinham fachadas de um piso, rasgadas por vãos abatidos e interiormente os compartimentos, cobertos por abóbadas de berço e com manjedouras de ambos os lados, eram intercalados por pequenos espaços correspondentes a palheiros. No local onde já surgia marcada a Porta de Badajoz em 1757, fez-se um novo portal. Junto às cavalariças a sul, abria-se a porta do carro do convento, que ainda hoje existe sob a muralha. *4 - Uma das condições de cedência é não prejudicar em nada o terreno da obra coroa, de modo a que essa pudesse continuar a ser arrendada para pastagens e aproveitada para ali se ministrar instrução aos pelotões de Sapadores, continuando o Ministério da Guerra a utilizar a cavalariça-lazareto, situada ao fundo da obra coroa. O grupo concessionário desejava efetuar na cavalariça, à entrada da obra coroa, a construção de uma divisória, abertura de uma janela e de uma porta, colocação de uns varões de ferro, abertura de um pequeno cano para o condutor das caixas de pombos, etc., obras que seriam feitas de acordo com o arrematante das pastagens, a fim de evitar reclamações. *5 - O Prédio Militar 79/Elvas - Quartel do Casarão compreende os três baluartes da face oriental da fortificação e inclui o antigo PM 88, ou seja, a obra coroa; tem a área coberta a nível do r/c de 11.641,93m2, ao nível de outros pisos 177.00m2 e a área dos terrenos é de 123,044m2. Todo o edifício está ocupado pelo Regimento de Lanceiros n.º 1, sendo utilizado como aquartelamento e é constituído pelo antigo grupo de casernas e cavalariças da fortificação, nesta data completado com alguns edifícios construídos expressamente para parque de viaturas, oficina mecânica e estação de serviço; a edificação antiga é de sólida alvenaria de pedra e tijolo e cal coberta a telha e por terraços e compreende essencialmente, um corpo central (comando e secretarias) e duas alas de casernas, arrecadações e quarto de escrituração, etc. Paralelamente àquelas alas, dispõem-se outras duas alas de cavalariças, refeitório e arrecadações gerais. Em pavilhões isolados existem o picadeiro, retretes e cocheiras; as edificações novas são implantadas fora da cintura de muralhas, nos fossos de circunvalação, e são construídas de alvenaria de cimento cobertos a lusalite e por terraços; os fossos das esplanadas do baluarte e os mais terrenos não cobertos são utilizados como campo de instrução, paradas, serventias, sendo cultivada uma pequena parte. *6 - No Tombo o Quartel é descrito como disposto ao longo das cortinas que ligam o baluarte do Casarão ao de São Domingos e da Porta Velha, sendo composto de: 1) dois corpos de edifícios onde estão as cavalariças; 2) uma ala de casas térreas; 3) várias construções térreas em parte da antiga cerca de artilharia; 4) paiol da porta velha na gola do baluarte; 5) casamatas sobre o baluarte do Casarão e cortinas; 6) uma parada interior (antiga Rua de São José); e 7) campo de obstáculos. A área coberta é de 6.214m2, a parada interior, campo de obstáculos e fossos têm a área 30.000m2. Confronta a norte com prédios particulares, Largo Ferreirinho e baluarte da Porta Velha, a sul com muralha da fortificação, a nascente com as mesmas muralhas, poente com prédios particulares e quartel de São Domingos (PM 78). É ocupado pelo Regimento Cavalaria n.º 1. *7 - O Museu ocupa cerca de ¼ da cintura da fortificação moderna de Elvas, o antigo quartel do Casarão e a zona conventual do Convento de São Domingos e respetiva cerca, com a área total 144.000,00m2, correspondendo 13.904,80m2 à implantação dos edifícios. O núcleo museológico do Museu abarca as seguintes áreas temáticas: hipomóveis e arreios militares do Exército, história do serviço de saúde do Exército, armamento pesado, viaturas militares, história das comunicações do exército, centro Interpretativo do Património de Elvas. *8- Um relatório do Comando do Regimento de Lanceiros n.º 1, datado de outubro de 1971, refere que o aquartelamento, apesar de antigo e adaptado de uma fortaleza, é operacional e harmonioso; porém a sua antiguidade e o facto de depender da Direção de Serviços dos Monumentos Nacionais cria problemas extremamente morosos para a sua conservação. Nesta data os telhados de telha vã antiga, o pavimento em tijoleira, que são ao mesmo tempo coberturas de outras dependências, pelo poroso da sua constituição, dão lugar a infiltrações que ocasionam danos constantes nos interiores das casernas, quartos, escrituração, arrecadação, etc. Alguns destes telhados encontram-se já em vias de reparação.

Autor e Data

Paula Noé 2017

Actualização

 
 
 
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