Povoado fortificado de Santa Luzia / Ruínas da cidade velha de Santa Luzia

IPA.00003626
Portugal, Viana do Castelo, Viana do Castelo, União das freguesias de Viana do Castelo (Santa Maria Maior e Monserrate) e Meadela
 
Aglomerado proto-urbano. Povoado da Idade do Ferro com oucpação romana. Povoado fortificado / castro de grandes dimensões *1 localizado estrategicamente no topo de um monte dominando vastas áreas da zona litoral e ribeirinha e controlando o movimento de entradas e saídas na foz do Rio Lima. Integra-se na tipologia dos Castros do Minho e Galiza em que a romanização se fez sentir, e possuindo três linhas de muralhas com torreões de reforço e casas de diferentes plantas e aparelho. Os seus achados são semelhantes aos da Citânia de Briteiros. Constitui um dos castros mais conhecidos do N. de Portugal e um dos mais importantes para o estudo da proto-história e romanização no Alto Minho. Apresenta características muito próprias, sobretudo ao nível das estruturas arquitectónicas, sendo famoso o aparelho helicoidal de algumas casas, com planta redonda, com vestíbulo ou átrio, possuindo por vezes fornos de cozer pão semelhantes aos existentes, por ex., no Castro de Santa Tecla, na Galiza. Todas as casas alpendradas e as de planta rectangular são de soleira baixa, enquanto as que não têm alpendre têm entrada alta. A existência de 1 pedra ao centro das casas revela que a sua cobertura seria de materiais ligeiros, sustentados por pé-direito, enfiado na dita pedra.
Número IPA Antigo: PT011609310007
 
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Registo

 
Conjunto urbano  Aglomerado urbano  Povoado  Povoado da Época do Ferro  Povoado fortificado  

Descrição

A zona explorada era constituída por três linhas de muralhas (a 3ª já desaparecida pela construção da estrada de acesso), com fossos intermédios, e 74 casas, especialmente concentradas no espaço limitado pela muralha mais interna. As muralhas são formadas por 2 muros paralelos, com o interior preenchido por pedras e terra, e tendo no extremo N., devido ao terreno ser de mais fácil acesso, maior espessura e torreões de reforço, um semi elíptico colocado no lado de dentro e outro semi-circular exteriormente, no ponto em que vira para O; encostado à muralha e um pouco mais adiante possui escada de acesso à muralha. As casas distribuem-se de modo pouco compacto e irregular, separando-se por ruas ladrilhadas e formando grupos ou bairros fechados por parede própria. Têm plantas redondas com e sem alpendre, elípticas com e sem alpendre, de paredes rectas, mais ou menos rectangulares com um ou mais ângulos arredondados, e mistas; a Nº 7, de planta redonda, sem alpendre, é precedida por espécie de pequeno corredor. Foram construídas geralmente com a entrada virada a SO. / SE., coincidindo com a inclinação do terreno, em aparelho poligonal e helicoidal, sendo por vezes o aparelho exterior distinto do interior. Os pavimentos são de saibro ou terra argilosa batida. Algumas casas têm escoadouro para a água da chuva cair. Várias têm junto ao exterior pias ou bebedouros, possivelmente para o gado, fornos e mós.

Acessos

Ramal da EN. 1 - para Britónia. VWGS84 (graus decimais) lat.: 41,705253; long.: -8,835282

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto nº 11 454, DG, 1.ª série, n.º 35 de 19 fevereiro 1926

Enquadramento

Rural, isolado, implantação harmónica. Implanta-se no topo do monte de Santa Luzia, entre a igreja do mesmo nome e o Hotel, aproveitando o declive do terreno como defesa natural.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

DRCNorte, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163 de 24 agosto 2009

Época Construção

Idade do Ferro

Arquitecto / Construtor / Autor

Não aplicável

Cronologia

Séc. 08 a.C. - era já habitado, mas o seu grande desenvolvimento deu-se nos primórdios da romanização da região, tendo mantido uma ocupação pelo menos até ao séc. 05, como o comprova o aparecimento de um pequeno tesouro monetário com peças cuja datação entre 330 e 408 d.c.; 1722 - Referida pela primeira vez por Pedro de Almeida Couraças; 1876 - Primeiras escavações sob iniciativa de Manuel Possidónio Narciso da Silva, 1º Presidente da Associação dos Arquitectos Civis e Arqueólogos Portugueses; 1880 - No Congresso de Antropologia e Arqueologia Pré-Histórica, José Caldas faz comunicação onde descreve a citânia e esboça planta; 1902 - Albano Belino recomeça escavações; 1910 - estudada por Félix Alves Pereira, escolhendo uma parte da zona alta para sua tentativa de reconstituição; 1985 - Despacho conjunto determinando a afectação do citânia de Santa Luzia ao Instituto Português do Património Cultural (IPPC), que até então se encontrava sujeito à administração do Ministério das Finanças e do Plano, através da Direcção-Geral do Património do Estado; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 1994, 17 Agosto - abertura ao público com circuito turístico organizado, com passadeira metálica; 2003, Fevereiro - abertura de concurso público pelo IPPAR para adjudicação da empreitada de remodelação de duas construções para apoio dos visitantes; 2006, 19 outubro - proposta de definição de Zona Especial de Proteção da DRPorto, incluindo uma zona non aedificandi; 20 dezembro - parecer favorável à definição de Zona Especial de Proteção do Conselho Consultivo do IPPAR; 2007, 13 março - proposta de alteração à definição de Zona Especial de Proteção da Câmara Municipal de Viana do Castelo; 20 dezembro - o imóvel é afeto à Direção Regional da Cultura do Norte, pela Portaria n.º 1130/2007, DR, 2.ª série, n.º 24; 2011, 18 maio - parecer da SPAA do Conselho Nacional de Cultura a propor que se mantenha a Zona Especial de Proteção e a zona non aedificandi objeto do parecer favorável anterior; 16 Dezembro - anúncio nº 18737/2011, DR, 2ª série, n.º 240 relativo ao projeto de decisão do IGESPAR de fixar uma Zona Especial de Protecção com uma zona non aedificandi para as ruínas de Santa Luzia.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes

Materiais

Granito

Bibliografia

V., J.L. de, Cidade Velha de Santa Luzia in O Archeologo Português, vol. 8, Lisboa, 1903, p. 15 - 23; PEREIRA, Félix Alves, Habitações Castrejos do Norte de Portugal, Viana do Castelo, 1914; VIANA, Abel e OLIVEIRA, Manuel de Sousa, "Cidade Velha" de Santa Luzia (Viana do Castelo), Sep. Rev. Guimarães, vol. 64, Guimarães, 1954; VIANA, Abel, Citânia de Santa Luzia. Viana do Castelo, Portugal in ZEPHYRUS, vol. 6, Salamanca, 1955; CRESPO, José, Monografia de Viana do Castelo, Viana do Castelo, 1957; SANTOS, Manuel Farinha dos, Pré-História de Portugal, Lisboa, 1972; BARROS, Matias de, Viana do Castelo - Capital do Alto Minho, Viana do Castelo, 1973; ALVES, Lourenço, Aspectos da Cultura Castreja no Alto Minho, Sep. Rev. Caminiana, Nº 3, Caminha, 1980; ALMEIDA, Carlos A. Brochado de, Proto-História e Romanização da Bacia inferior do Lima, Estudos Regionais, número especial 7 / 8, Viana do Castelo, 1990; FERNANDES, Francisco José Carneiro, Viana Monumental e Artística, Viana do Castelo, 1990.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DREMN

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, SIPA, Arquivo Pessoal de Ilídio Alves de Araújo (IAA)

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DREMN

Intervenção Realizada

DGEMN: 1935 / 1939 - limpeza sob orientação de Tomás Simões Viana; 1936 - Obras de conservação; trabalhos de escavação e restauro; obras de beneficiação e restauro; 1937 - escavações e limpeza; obras de restauro; 1938 - Diversos trabalhos de reconstrução e limpeza; 1940 - Obras de conservação; 1941 - Obras de restauro; diversos trabalhos; 1946 - Colocação de sete marcos assinalando citânia; 1955 - Obras de limpeza e consolidação; 1957 - Arranque da vegetação e limpeza geral da zona a descoberto; 1969 - Limpeza e arranque de vegetação; 1973 - Planificação de obras de conservação e restauro a empreender; 1974 - Trabalhos de limpeza, conservação, consolidação e restauro; construção de uma casa-armazém desmontável na citânia; 1976 - Campanha de prospecção e limpeza; 1978 - Trabalhos de Conservação. IPPAR: anos 90 - vedação da área de interesse arqueológico-monumental com uma estrutura de arame; construção de um abrigo, restauro do prédio da casa do guarda (equipa projectista - Arquitecto Fernando Maia Pinto; obra a cargo de Augusto de Oliveira Ferreira & Ldª - Construtores Civis); construção de um percurso pedonal para os visitantes, frequentemente percorrido através de passagens superiores sobre as estruturas em ruínas, mas sem prejudicar a visão das mesmas; execução de um projecto de enquadramento paisagístico com todo o conjunto e envolvente, com a comparticipação financeira do programa comunitário INTERREG; 2018 - limpeza florestal; 2023, 16 junho - ação de limpeza, registo e consolidação das ruínas, promovida pela Direção Regional da Cultura do Norte, no Âmbito das Jornadas Europeias de Arqueologia.

Observações

*1 - A área do castro de S. Luzia era muito maior, prolongando-se na direcção S. / SO., hoje grandemente destruído pela construção de estradas, do reservatório da água, do jardim, do hotel e seu anexos. Mas sabe-se que há vestígios de habitações na zona arborizada a O. e a S. nas proximidades da Basílica de Stª Luzia.

Autor e Data

Paula Noé 1992 / 1996

Actualização

 
 
 
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