Mosteiro de Bustelo / Igreja Paroquial de Bustelo / Igreja de São Miguel

IPA.00003882
Portugal, Porto, Penafiel, Bustelo
 
Arquitetura religiosa, barroca. Mosteiro beneditino composto por igreja de planta cruciforme e zona regral composta por dois claustros, dispostos no enfiamento do lado esquerdo da igreja, surgindo o corpo da hospedaria perpendicular à fachada principal, envolvido por ampla cerca, definida pelo aqueduto, antecedido por terreiro com cruzeiro monacal. Igreja composta por nave, transepto marcado exteriormente, apenas com dois braços no interior, e capela-mor, com sacristia adossada ao lado esquerdo, com coberturas em abóbadas de caixotões e iluminada uniformemente na capela-mor e unilateralmente na nave, por janelas retilíneas em capialço. Fachada principal tripartida, tendo sobre os panos laterais, duas sineiras, criando uma falsa fachada harmónica, O pano central remata em empena em cortina e tem os vãos rasgados em três eixos, compostos por portal de verga reta e dois janelões ovalados. Interior com coro-alto amplo, assente em arco em asa de cesto, contendo cadeiral com uma fiada, de decoração rococó, prolongando-se em duas tribunas com órgãos. Confrontantes, vários nichos e capelas laterais. Arco triunfal maneirista, de volta perfeita e assente em pilastras toscanas, encimado por vãos e silhares com moldura rendilhadas. Sobre supedâneo de degraus centrais, o retábulo-mor de talha dourada joanina. Sacristia com amplo arcaz, oratório e lavabo em dependência separada. A zona regral desenvolve-se em torno de dois claustros, o principal com dois pisos, tendo arcadas abertas no inferior e janelas de varandim no superior; ao centro, chafariz do tipo centralizado. As escadas regrais acedem ao segundo piso com alas e corredores com tetos de madeira em masseira. A hospedaria desenvolve-se de forma simétrica, apresentando uma estrutura de final do séc. 18. No lado direito e formando parcialmente o muro da cerca, o aqueduto com arcadas de volta perfeita assentes em pilares, tendo caleira interna. Mosteiro rural, de estrutura simples, comparando com os seus congéneres da Ordem beneditina, mas mantendo a tendência de implantar a hospedaria a prolongar a fachada e a zona regral, criando um corpo autónomo, este claramente de execução tardo-setecentista, com panos simétricos e vãos em arco abatido, que contrastam com outros retilíneos, dinamizando a fachada, marcada, ao centro, por remate em frontão e por portal amplamente decorado por pilastras e encimado por janela de sacada com balaustrada de cantaria. A fachada principal da igreja é bastante simples, sendo uma sobrevivência da estrutura maneirista, de que se conserva o portal ornado por almofadados e florão, contrastando com a exuberância das janelas do coro, ovaladas e enquadradas por molduras retilíneas; sobre o portal uma enorme imagem do orago, triunfante sobre a heresia. Ainda da estrutura maneirista, as coberturas interiores em caixotões de pedra e o arco triunfal, encimado por vãos e silhares recortados, num esquema comum utilizado nos portais da época. O transepto, bem definido exteriormente, quer ao nível dos volumes, quer das coberturas, apresenta apenas dois braços internos, definidos pelo revestimento a cantaria. Apresenta confrontantes, duas tribunas que tinham órgãos, um deles talvez mudo, ambos desaparecidos, mas mantendo, no coro-alto, o cadeiral com talha rococó, e espaldares ornados por painéis pintados com grande riqueza de pormenores de trajes, adereços e paisagens, destacando-se a cena do Nascimento de São Bento e Santa Escolástica. As capelas laterais, que se mantêm protegidas por teias de madeira, ostentam retábulos de talha dourada do estilo nacional, com alguns elementos a denotar uma transição para o joanino, com a sistemática substituição das colunas torsas por pilastras. Entre eles, destaca-se o retábulo do Senhor dos Passos, com painéis relevados e pintados e profusa decoração de anjos de vulto e fénices, denotando influência joanina, mas com estrutura arcaizante, maneirista. Os púlpitos são de marchetados, também eles seiscentistas. O retábulo-mor é de talha joanina, de planta côncava e três eixos do mesmo período dos colaterais, instalados no transepto. Destacam-se, ainda, os altares das capelas da nave e transepto, todos semelhantes, de feitura setecentista, com sebastos e sanefas marcados, ornados por enrolamentos, acantos e rosetões. O sacrário, do período setecentista final, foi envolvido por estrutura de talha recente, pintada com marmoreados fingidos. Possui lavabo que constitui um reaproveitamento de várias peças, nomeadamente um espaldar seiscentista com taça mais tardia. No claustro, destaca-se o chafariz, com fonte barroca, encimada por imagem mais antiga e mutilada, alusiva à vitória sobre a heresia.
Número IPA Antigo: PT011311030019
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro masculino  Ordem de São Bento - Beneditinos

Descrição

Conjunto monacal composto por igreja e mosteiro desenvolvido no lado esquerdo, tendo parte da antiga cerca, fechada por muro de cantaria e aqueduto a desenvolver-se para SE.. IGREJA de planta em cruz latina, composta por nave, transepto pouco saliente e capela-mor, com sacristia adossada ao lado esquerdo, ocupando uma dependência da ala E. do claustro, de volumes articulados e coberturas diferenciadas em telhados de duas águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por socos de cantaria, flanqueadas por cunhais apilastrados, firmados por pináculos piramidais com bola, e rematadas em entablamentos. Fachada principal virada a O., tripartida, dividida por quatro pilastras toscanas, da ordem colossal, rematando em entablamento, tendo, ao centro, triglifos salientes, formando mísulas, encimado por empena central em cortina com cruz latina sobre plinto paralelepipédico e rasgada por óculo circular, pontuado por motivos fitomórficos. Ao centro, portal de verga reta, flanqueado por duas pilastras toscano-jónicas, que sustentam o remate em entablamento e frontão interrompido por alcachofra e rosetão ladeado por apainelados almofadados; está encimado por dois janelões do coro-alto, ovaladas e com molduras retilíneas, tendo seguintes almofadados, que centram um nicho em abóbada de concha, rematado por cornija, assente em três mísulas, onde se integra a imagem do orago. Os panos laterais estão divididos em dois registos, por frisos, o superior com pequenas frestas que iluminam o acesso às sineiras que se apoiam nas estruturas. Estas têm dois registos separados por entablamentos e remates semelhantes, o inferior rasgado por janelas quadrangulares, o do lado direito com o mostrador do relógio circular, e moldura recortada, e o superior com duas ventanas de volta perfeita assentes em impostas salientes. Fachada lateral esquerda adossada à zona conventual, rasgada por duas janelas retilíneas no corpo da nave, entaipadas, e três no corpo da capela-mor. No transepto, porta de verga reta, de acesso ao interior do templo, a partir do claustro e janela na fachada E.. Fachada lateral direita é semelhante, com duas janelas em capialço na nave e três na capela-mor, sendo visíveis, na primeira, duas janelas retilíneas e uma pequena fresta. O transepto remata em empena com cruz latina sobre plinto volutado no vértice, rasgada por óculo circular, tendo, nas faces E. e O., janelas em capialço. Fachada posterior em empena com cruz latina sobre plinto paralelepipédico no vértice, sendo rasgada por janela quadrangular. Sobre esta, é visível a empena do arco triunfal, com cruz latina sobre plinto. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por rodapé de cantaria, com coberturas em abóbadas de berço com caixotões com molduras de cantaria e painéis rebocados e pintados de branco, assentes em entablamento, e pavimento da nave em taburnos de madeira com réguas de cantaria. Coro-alto sustentado por arco em asa de cesto e cornijas laterais, com guarda de madeira torneada, que se prolonga lateralmente em duas tribunas confrontantes, com bacias em cantaria, assentes em três consolas, tendo guardas de madeira torneada e dourada, com a zona central côncava, onde se instalavam os órgãos, enquadrados por arcos abatidos sustentados por pilastras toscanas; no lado do Evangelho, enquadra painel pintado com a representação de Nossa Senhora da Assunção e, no lado oposto, um órgão de tubos, positivo e de feitura moderna. As janelas do coro estão encimadas por sanefas de talha dourada, compostas por decoração assimétrica de enrolamentos e concheados, sendo recortada inferiormente, centrando pequena cartela. Possui cadeiral disposto em U, que centra uma estante de coro. Portal axial protegido por guarda-vento de madeira almofadada e vidro, estando ladeado por duas pias de água benta em cantaria de granito, compostas por pé circular sobre pequena base, e taça hemisférica quadrilobulada, com elementos relevados concêntricos, formando um falso gomeado. Confrontantes, surgem, no sub-coro com cobertura em abóbada de berço abatido, rebocada e pintada de branco, quatro nichos de volta perfeita, assentes em impostas salientes e com molduras de cantaria, protegidas por teias de madeira torneada. No lado do Evangelho, forma um nicho dedicado a Nossa Senhora de Fátima, e, no lado oposto, um nicho de São Bento e pequeno batistério, com silhar de azulejo de padrão policromo sobre rodapé em pedra torta, em roxo manganês, com painel pintado com moldura recortada e representando o Batismo de Cristo; encerra a pia batismal, em cantaria de granito, com pequena coluna estriada e taça hemisférica gomeada. Ainda confrontantes, surgem, na nave, dois nichos semelhantes aos anteriores, o do Evangelho dedicado a São Miguel, encimado por painel pintado com a representação da "Ceia em Emaús", surgindo, no lado oposto, São José; ao nicho do Evangelho, sucede um confessionário de madeira. Confrontantes, quatro capelas laterais, embutidas no muro e formadas por arcos de volta perfeita, assentes em pilastras toscanas, que enquadram estruturas retabulares, dedicadas a São Brás e Crucificado (Evangelho) e Sagrado Coração de Jesus e Senhor dos Passos (Epístola); encontram-se protegidas por teias de madeira torneada, dispostas em U. Ainda confrontantes, dois púlpitos quadrangulares. O transepto encontra-se marcado no pavimento, alteado por um degrau e lajeado, criando um presbitério e por dois braços, não havendo qualquer marcação ao nível das coberturas; os braços destacam-se pela sua estrutura em cantaria, formando dois amplos arcos de volta perfeita, assentes em pilares toscanos, possuindo coberturas semelhantes às da nave e capela-mor e pavimento em lajeado. No braço do lado do Evangelho, porta de verga reta dá acesso à zona regral, encimada por painel pintado a representar São Bento, havendo uma segunda porta no lado do Evangelho, ladeada por pia de água benta em cantaria, embutida no muro, hemisférica e ornada por folhagem, tendo bordo boleado. No lado oposto, capela semelhante às da nave, com retábulo, sendo dedicada a Nossa Senhora do Rosário. O braço da Epístola possui duas capelas, a de topo de menor dimensão, com estruturas retabulares, sendo dedicadas ao Santíssimo e à Virgem, a primeira ladeada por nicho de alfaias. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, sobrepujado por dois silhares almofadados e ornados por folhagem, duas janelas com molduras recortadas e fitomórficas e, ao centro, criando um falso fecho, as armas da Ordem de São Bento. Elevada por um degrau, a capela-mor com as paredes percorridas por silhares de azulejo de padrão policromo 2x2, e pavimento em lajeado. As janelas e as portas laterais possuem sanefas de talha pintada de branco e dourado, com espaldar vazado e recortado, percorridas, inferiormente, por festões de louros. Mesa de altar de talha dourada, em forma de credencia, ornada por cartelas recortadas. Sobre supedâneo de cinco degraus centrais, sendo os maciços ornados por almofadados e flanqueados por consolas, o retábulo-mor de talha dourada de planta côncava e três eixos definidos por quatro colunas torsas, percorridas por espira fitomórfica e com o terço inferior marcado, ornado por motivos fitomórficos, as exteriores com festões, assentes em consolas, ornadas por enrolamentos e mascarões, sobrepujadas por fragmentos de frontão invertidos, os exteriores encimados por anjos de vulto. Ao centro, tribuna de volta perfeita e boca rendilhada, com a base protegida por balaústres, encimada por dossel de onde pendem drapeados a abrir em boca de cena, contendo trono expositivo de três degraus, com as ilhargas, fundo e cobertura dourada, formando apainelados e caixotões; o trono apresenta profusa decoração de enrolamentos, festões e cartelas. Os eixos laterais formam apainelados retilíneos, que enquadram mísulas de acantos, sobrepujadas por baldaquinos e drapeados a abrir em boca de cena; na base, apainelados com cartelas recortadas, contendo bustos. A estrutura remata em frontão curvo ornado por enrolamentos, cornucópias concheadas, albarradas, encanastrados, festões e cartela central. Possui banco pintado de branco e dourado, apainelado, com porta central de acesso à tribuna, tendo, fronteira, a mesa de altar, paralelepipédica e decorada por motivos fitomórficos, formando sebastos e sanefas; lateralmente, concheado e pequenos querubins; sobre a mesa, o sacrário em forma de templete com cobertura em falsa cúpula concheada. A sacristia tem as paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por silhares de azulejo de padrão em bicromia, a azul e branco, de 2x2, com pavimento em lajeado e teto plano, dividido em caixotões pintados. Possui capela em cantaria, com arco de volta perfeita assente em pilastras toscanas e mantendo vestígios de pinturas murais, formando decoração fitomórfica; enquadra estrutura retabular dedicada ao Crucificado. Tem arcaz de madeira e ferragens com pequenos acantos enrolados, composta por seis gavetões e dois armários laterais. Sobre a porta, painel de talha com as armas da Ordem, ladeado por armários embutidos na parede para os cálices e amitos, protegido por portadas de madeira e ferragens. Ao centro, mesa com pé galbado e decorado, encimado por tampo de madeira. MOSTEIRO formado por um claustro e pátio adossados, sensivelmente quadrangulares, sendo a ala O. prolongada por corpo perpendicular, correspondente à antiga hospedaria; a ala N. do pátio de um único piso, adossando-se , de forma pouco articulada, com a ala E., que prolonga a ala do claustro principal. O conjunto é de volumes articulados e escalonados, com coberturas diferenciadas de duas águas. A zona conventual desenvolve-se em torno de um claustro quadrangular, evoluindo em dois pisos, o inferior composto por seis arcadas abertas, de volta perfeita e assentes em pilastras toscanas, surgindo, no superior, três janelas de varandim, com guarda metálica e portas-janelas retilíneas com molduras recortadas. A quadra está pavimentada a lajeado, possuindo vários canteiros com árvores e arbustos, que centram um chafariz. Sobre a cobertura, voltado a S., um relógio de sol em granito. As alas têm pavimentos em lajeado e tetos de madeira, para onde abrem várias dependências, através de portas retilíneas; duas escadas acedem ao piso superior, a regral com lambris de azulejos de padrão policromo, sendo a segunda simples. O piso superior é marcado por corredores que ligam a várias dependências, tendo tetos de madeira em masseira e pavimentos em madeira, algumas delas transformadas em núcleo museológico. Os dois pisos são rasgados por janelas retilíneas, onde se destacam, na fachada posterior, algumas de sacada, com guardas metálicas. O corpo da hospedaria tem a fachada principal virada ao terreiro, a S., composta por três panos simétricos, definidos por pilastras toscanas, o central de maiores dimensões, tendo, ao centro, portal saliente, ladeado por pilastras de fustes almofadados, que sustentam sacada de guarda balaustrada, para onde abre porta-janela em arco abatido, de moldura recortada e fecho com as armas da Ordem, enquadradas pelo remate em frontão triangular; possui, ainda portas de verga reta e janelas jacentes, no primeiro piso, surgindo, no segundo, janelas de peitoril e janelas de sacada com guardas em ferro forjado. Estes elementos repetem-se nos panos laterais.

Acessos

Desvio da EN 320 para a EM 1283. WGS84 (graus decimais) lat.: 41,229789; long.: -8,270495

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 29/84, DR, 1.ª série, n.º 145 de 25 junho 1984

Enquadramento

Rural, isolado, implantado numa cota elevada relativamente à área envolvente, desfrutando de uma interessante vista para S. e sobre o pequeno aglomerado de Bustelo. No lado O. é envolvido por zona rural com edifícios residenciais, surgindo, a SO., a Quinta da Eira e, no lado E., área de cultivo, correspondendo à antiga cerca, parcialmente delimitada pelo aqueduto (v. PT011311030116). Na antiga estrada de acesso ao Mosteiro e denotando a existência de uma amplo terreiro, cortado pela via pública, situa-se o Cruzeiro. No lado direito do Cruzeiro e no acesso ao edifício, situa-se uma capela.

Descrição Complementar

O cadeiral do coro é composto por uma fiada de 24 cadeiras dispostas em U, tendo ao centro o cadeirão do abade, em madeira de castanho. Os assentos, propriamente ditos são ornados por falsos almofadados, formados por filetes dourados, com braços recortados e assentos móveis, tendo, na base, misericórdias em forma de carrancas; estão encimados por espaldares ou por elementos decorativos dourados, nos existentes sob as janelas do coro, que ostentam decoração vazada e dourada, enquadrada por frisos, que ostentam asas de morcego, acantos e enrolamentos. Os espaldares são em talha dourada, surgindo, sobre cada cadeira um painel pintados com cenas da vida de São Bento, enquadradas por molduras recortadas e decoradas por acantos e por quarteirões pontuados por folhagem, assentes em plintos galbados, unidos por frisos de concheados, e firmados por acantos; a estrutura remata em friso, cornija interrompida por concha central e pequenos espaldares recortados e concheados. Nos painéis surgem, sucessivamente, as seguintes cenas: o "Nascimento de São Bento e Santa Escolástica", "São Bento sai de casa dos pais", "São Bento é alimentado por um monge", "São Bento acolhe São Mauro e São Plácido", "São Mauro e São Plácido partem em missão", "Pregação de São Bento", "Visão celeste de São Bento", "São Bento e o rei Totila", Visão da morte de Santa Escolástica, "Eleição de São Bento como abade". O cadeirão do abade, elevado por um degrau tem espaldar semelhante aos anteriores, mas com remate em cornija de perfil contracurvo, do tipo borromínico, sobrepujada por amplo pináculo ornado por acantos; possui painel pintado com a "Apresentação da Regra"; tem estante decorada por acantos e concheados que centram cartela assimétrica com as armas da Ordem. No centro do coro-alto, a estante do coro, em madeira de castanho, pontuada a dourado, ornada por enrolamentos e acantos, com pé do tipo balústre e base ornada por frisos e concheados. Os retábulos laterais dedicados a São Brás e ao Sagrado Coração de Jesus são semelhantes, de talha dourada e pintada de vermelho, de planta reta e um eixo definido por duas colunas torsas ornadas por pâmpanos e assentes em consolas e por quatro pilastras, a exterior ornada por acantos, que se prolongam em três arquivoltas, a exterior de acantos e a intermédia torsa, unidas por aduelas salientes, formando o ático. Ao centro, nicho de volta perfeita com o fundo pintado, o do Evangelho com motivos florais e o oposto a imitar o firmamento, contendo mísulas com imaginária, a do Evangelho em forma de globo e ornada por acantos; o nicho está envolvido por triplo friso e ladeado por mísulas com imaginária. Altar paralelepipédico, decorado por motivos vegetalistas, tendo sebastos e sanefas, encimado por painéis facetados, decoradas por querubins e acantos. A Capela do Crucificado é de talha dourada, com corpo de planta côncava e um eixo definido por quatro colunas torsas ornadas por pâmpanos e anjos encarnados, assentes em consolas, e por duas pilastras ornadas por acantos e assentes em plintos paralelepipédicos, que se prolongam em quatro arquivoltas, as intermédias torsas, unidas por aduelas decoradas com acantos e querubins, formando o ático; a pilastra e arquivolta interiores formam a moldura do painel central, de volta perfeita e com o fundo pintado com a cidade de Jerusalém, a enquadrar a imagem do orago. Altar paralelepipédico, semelhante aos anteriores, encimado por sacrário embutido na estrutura, ornado por anjos de vulto, enrolamentos, acantos e, na porta, a cruz envolvida pelo sudário. O retábulo do Senhor dos Passos é de talha dourada, pintada e estofada, de planta reta e um eixo definido por duas pilastras com o fuste ornado por acantos e anjos encarnados, com capitéis coríntios e assentes em plintos paralelepipédicos ornados por anjos de vulto, também encarnados. Ao centro, nicho de volta perfeita assente em pilastras decoradas por anjos atlantes e fénices, criando falsos quarteirões, que se prolongam em arquivolta decorada por acantos e seguintes ornados por querubins. O nicho é interiormente paralelepipédico, pintado, o teto com resplendor, contendo a imagem do orago. Está ladeado por painéis representando as Almas no Purgatório, resgatadas por anjos. A estrutura remata em friso de acantos e querubins, cornija e frontão semicircular, composto por arquivolta exterior e com três apainelados, representando as Almas resgatadas por anjos, recebidas na Glória de Deus, no painel central; na base deste, nicho de volta perfeita, ladeado por semi-lunetas decoradas por enrolamentos e fénices. Altar semelhante aos anteriores. Os púlpitos são quadrangulares, com bacias em cantaria de granito, gomadas e assentes em consolas, com guarda de madeira torneada e marchetados , com acesso por portas de verga reta e molduras simples, a partir de escadas que saem dos braços do transepto; as portas estão encimadas por guarda-vozes de madeira e marchetados fitomórficos, ornados pela pomba do Espírito Santo. A capela de nossa Senhora de Rosário e a do lado oposto são semelhantes, de talha dourada e com os painéis pintados com motivos fitomórficos, de planta reta e três eixos formados por quatro colunas salomónicas, percorridas por espira fitomórfica, assentes em plintos paralelepipédicos decorados por querubins. Ao centro, painel de volta perfeita e boca rendilhada, contendo mísula. Os eixos laterais são retilíneos, contendo mísulas gomeadas, encimadas por baldaquinos, de onde se dependuram drapeados a abrir em boca de cena. A estrutura remata em friso convexo e cornija, interrompida ao centro pela arquivolta do painel central, encimado por acantos; sobre a cornija, fragmentos de frontão com anjos de vulto e remate em painel semicircular decorado por acantos, rosetões e concheados. Altar paralelepipédico decorado por acantos enrolados, rosetões, conchas e, ao centro, cruz enquadrada por resplendor; tem sebastos e sanefa marcados e franjados. A Capela do Santíssimo é de talha pintada de marmoreados fingidos rosa e verde, e pontuado por elementos dourados, de planta reta e um eixo definido por pilastras decoradas por folhagem. Ao centro, a estrutura do sacrário, composta pela porta de volta perfeita, ornada por ostensório e flanqueada por pilastras e acantos; remata em fragmentos de consolas, anjos de vulto e duplo frontão interrompido, que centra florão de acantos, sobrepujado por baldaquino de lambrequins sustentado por anjos de vulto. A estrutura remata em friso e cornija, encimado por frontão semicircular com arquivoltas de acantos, contendo, no tímpano, resplendor, coração inflamado e cruz. Altar semelhante ao anterior, enquadrado por estrutura de talha com marmoreados fingidos. O retábulo da sacristia é de talha pintada de vermelho, a imitar acharoado, e dourada, de planta reta e um eixo definido pelas molduras fitomórficas do painel, com o fundo estofado. Na base, predela e mísula ornada por acantos. No pavimento, integra lápide sepulcral. No centro do claustro, o chafariz, em cantaria, composta por tanque circular de perfil galbado, com coluna central composta por plinto galbado, tabuleiro e base em forma de urna, sobre a qual surge a representação de uma figura mutilada, de guerreiro (São Miguel) a matar o demónio. Numa dependência do piso inferior do claustro, a inscrição: "AOS XXVII DIAS DO MES DE SETEM / BRO DE MCMLIX POR OCASIÃO DA / VISITA PASTORAL DE SUA EXCELÊNCIA REVERENDÍSSIMA D. / FLORENTINO ANDRADE E SILVA, BISPO / AUXILIAR DA DIOCESE, E NA PRESENÇA / DAS AUTORIDADES CIVIS FORAM SOLE / NEMENTE INAUGURADAS AS OBRAS DE / RESTAURO DESTE CONVENTO SENDO / BISPO DO PORTO SUA EXCELÊNCIA REVERENDÍSSIMA D. ANTÓNIO / FERREIRA GOMES E PÁROCO DE BOSTE / LO O REVERENDÍSSIMO PADRE CELESTINO RAMOS". Ainda no mesmo piso, o lavabo, em cantaria de granito, enquadrado por nicho retilíneo, composto por espaldar, contendo silhar saliente e anepígrafo, o reservatório com pequena taça concheada e de bordo boleado e a torneira, que verte para taça ovalada e concheada, de bordo boleado; a torneira está ladeada por dois plintos embutidos na estrutura que sustentam pináculo piramidais com bola, semi-embebidos na parede. No muro exterior do núcleo e junto à igreja, um chafariz embutido no muro, com espaldar angular, fechado pelas armas de São Bento, tendo, na base, bica em forma de carranca que verte para pequena taça retilínea assente em plinto de perfil côncavo. No muro, um nicho encimado por ameias decorativas, e por escudo com as cinco quinas, contendo nicho de volta perfeita e duas mísulas salientes; no ângulo que este forma com o muro, uma mísula com imagem. O aqueduto é composto por várias arcadas de volta perfeita, assentes em pilares de alvenaria de granito aparente, parcialmente fechadas, formando o muro da cerca. O Cruzeiro monacal é em cantaria de granito, composto por plataforma de cinco degraus com focinhos salientes, onde assenta a base em forma de plinto paralelepipédico decorado com almofadas cartuladas, as das faces laterais semelhantes, com losango rodeado por contas, a da face principal com o escudo da Ordem beneditina e o posterior com elemento ovalado enquadrando flor estilizada de quatro folhas, envolto por motivo de contas. O fuste é estriado, com o terço inferior decorado por folhas estilizadas, e o capitel é coríntio, encimado por uma esfera gomeada, na qual assenta a cruz latina, com hastes almofadadas e remate lanceolado, exatamente igual ao de Tibães (v. PT010303250008).

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial / Residencial: casa

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese do Porto) / Privada: Pessoa singular (convento)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

DESENHADOR: Frei José de Santo António Vilaça (atr., 1758). ENTALHADOR: José da Fonseca Lima (1742).

Cronologia

Séc. 10 - 11 - provável fundação de um primeiro mosteiro; 1586, 17 janeiro - primeiro registo de óbito na paróquia; 1588, 27 janeiro - primeiro registo de casamento na paróquia; 08 abril - primeiro registo de batismo na paróquia; 1633 - obras de reconstrução da portaria e galeria, patrocinadas por Frei Tomás do Salvador; 1650 - 1653 - construção da ala do claustro junto à Igreja; 1653 - 1683 - feitura do dormitório poente e as duas varandas do claustro iniciadas no período anterior, por Frei António dos Anjos; execução do mobiliário da sacristia, do terreiro da Igreja, do cruzeiro e do órgão, obras patrocinadas por Frei Alexandre da Paixão; 1684 - edificação da ala N. do claustro por ordem de Frei Martinho da Conceição; 1689, 23 agosto - início do dormitório novo a nascente até à sacada, a ala do claustro correspondente, a sacristia e o refeitório e incluiu mobiliário e ornamentos de damasco, obra de Frei Manuel do Espírito Santo; 1689 - 1692 - execução do arcaz da sacristia, com recurso a tremidos; 1692 - cobertura e teto do refeitório em abóbada, conclusão do dormitório a Nascente, forro desta varanda e a do lado N., obras do Padre Francisco dos Reis; 1695 - início das obras de reconstrução da Igreja, construção das torres laterais até meia altura pelo Padre Manuel do Espírito Santo; 1698 - Frei Jerónimo por ordem de Frei Matias de Lacerda manda fazer a livraria e desfaz o frontispício do templo, que estava a meia altura, mandado edificar por Frei Manuel do Espírito Santo; conclusão das torres e continuam as obras no mosteiro; 1707 - aparece a primeira referência às obras do aqueduto onde são substituídos alguns alcatruzes de barro por calões de pedra e é realizado o cruzeiro do lado do Evangelho na Igreja, pelo abade Frei Luís de São Boaventura; 1710 - surgem referências aos retábulos de talha dos altares e à continuação das obras na Igreja, por ordem de Frei Manuel de Macedo; 1713 - são mandados fazer mais retábulos por Frei José de Santa Maria; 1715 - D. João V concede a todos os Mosteiros Beneditinos o direito de nomearem escrivães privativos para a "factura dos empresamentos"; 1716 - é mandado erguer o cruzeiro de Bustelo por Frei Bento do Espírito Santo; 1740 - construção da capela-mor; 1742, 17 julho - feitura do retábulo-mor e frontal de altar por José da Fonseca Lima, do Porto, por 1:000$000; 1752 - revestimento a ladrilhos do claustro e construção da galeria, obra de Frei Manuel de São Tomás; 1755 - referência por intermédio de Frei Manuel dos Santos à notícia do órgão novo e talhas do coro; 01 Novembro - com o terramoto, os pináculos das torres caíram; 1758 - encomenda da obra do órgão, conjuntamente com tudo o que é trabalho de madeira no coro por Frei Manuel de São Jacinto; segundo Robert Smith, o cadeiral pode ter sido desenhado por Frei José de Santo António Vilaça, responsável pelo desenho do de Tibães; 1758 - 1761 - feitura das cadeiras do coro por 325$000; execução das sanefas e assentamento do órgão por 450$000; 1758, 06 maio - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco Frei Manuel de Santo Agostinho, é referido que a paróquia é dedicada ao Arcanjo São Miguel, tendo a igreja o altar-mor com o Santíssimo e as imagens de São Miguel, São Bento, Nossa Senhora da Saúde e Santa Gertrudes; no cruzeiro, o altar de Nossa Senhora do Rosário, no lado do Evangelho, com as imagens de Santa Ana e São Tiago, surgindo, no lado oposto, o de São Bento, ladeado pelas imagens de Nossa Senhora da Saúde e Santa Gertrudes; no corpo da igreja, no lado do Evangelho, os altares de Nossa Senhora da Piedade e de Santa Escolástica, com as imagens de São Sebastião e Santo António, surgindo, no lado oposto, os do Santo Nome de Deus, onde estão as Almas e a imagem do Senhor dos Passos, e o de São Brás; tem as confrarias do Senhor, do Rosário e do Nome de Deus; o pároco é vigário regular, apresentado pelo abade trienal do Mosteiro, tendo coadjutor e tem de rendimento cerca de 46$000 e o pé-de-altar; tem a Capela de São Sebastião, no terreiro do mosteiro e pertencente a ele, a do Santo Cristo do Calvário, também do Mosteiro; 1761-1764 - douramento dos três retábulos e quatro frontais, de toda a talha do coro, exceto os painéis de pau-preto e a estante; feitura de um arcaz de duas gavetas para a casa da tribuna; feitura de um Santo Cristo de marfim e cruz de prata, com respetivo dossel, para a Cela dos Prelados; as obras são patrocinadas por Frei Luís de São Caetano; 1764 - 1777 - douramento do órgão; colocação de um relógio na Sala; colocação de sete mochos na capela-mor; pintura e douramento das portas e janelas do coro-alto; 1795 - construção das instalações anexas ao Mosteiro; 1834 - 1850 - transferência do órgão para a Igreja da Misericórdia de Penafiel (v. PT011311240018); 1926 - obras no Mosteiro descritas na Revista de Penha Fidelis "nesta última restauração foram arrancados os lavabos, ante-missam e post-mossam duma talha belíssima e a mesma sorte tiveram uns pedaços de talha defronte, e os tetos de castanho foram pintados de óleo (na sacristia) (Abade Silva Azevedo); 1959, 27 setembro - inauguração do mosteiro e igreja após obras de restauro pelo bispo auxiliar do Porto, D. Florentino Andrade e Silva; 1997, 15 agosto - informação a solicitar autorização para a abertura do concurso de obras de beneficiação do Mosteiro, pela DREMN.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de granito rebocada e pintada; tetos da igreja com moldura de granito e painéis rebocados e pintados; coberturas com estruturas de madeira e revestidas a telha de barro; pavimento em madeira e réguas de cantaria; arcos, colunas, modinaturas, pedras de armas, pias de água benta, pia batismal, tribunas, mísulas, lavabo, chafarizes, pavimentos em cantaria de granito; tetos da zona regral de madeira; cadeiral em madeira de castanho; caixilharias de madeira e vidro simples; portas de madeira; púlpitos de madeira e com marchetados metálicos; teias de madeira; retábulos de talha dourada e pintada.

Bibliografia

ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1988; AZEVEDO, José Correia de, Inventário Artístico Ilustrado de Portugal, Douro Litoral, Lisboa, 1991; BRANDÃO, Domingos de Pinho, Obra de talha dourada, ensamblagem e pintura na cidade e na Diocese do Porto - Documentação, Porto, Diocese do Porto, 1986-1987, vols. III e IV; Cadeirais de Portugal, Lisboa; CAPELA, José Viriato, MATOS, Henrique e BORRALHEIRO, Rogério, As freguesias do Distrito do Porto nas Memórias Paroquiais de 1758 - Memórias, História e Património, Braga, Universidade do Minho, 2000; CASTRO, D. Leite de, Memórias de Bustelo, in, Revista de Guimarães; Guia de Portugal, IV, I, vol. 4, Coimbra, 1985; IPPAR, Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado, vol. II, Lisboa, 1993; PEREIRA, Prof. Dr. António Sousa, Classificação do Convento de S. Miguel de Bustelo, Memória Descritiva, 1976; Porto: Do nome Portugal, Lema - Cultura e Divulgação Regional, Lisboa, 1992; SMITH, Robert, A talha em Portugal, Lisboa, 1962; VALENÇA, Manuel, A Arte Organística em Portugal, vol. II, Braga, 1990.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN / DSID; (IPPAR) 6.11.3 / 25 - 11 (2):83/12(6)

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN / DSID, SIPA; (IPPAR) 6.11.3 / 25 - 11(2):83/12(6); Diocese do Porto: Secretariado Diocesano de Liturgia

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSARH-010/191-0045; (IPPAR) 6.11.3 / 25 - 11(2):83/12(6); DGLAB/ADPorto: Paróquia de Bustelo

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1959 - obras de remodelação da zona regral; 1976 - Obras de conservação.

Observações

Autor e Data

Isabel Sereno 1994 / Paula Noé 1996 / Paula Figueiredo 2012 (no âmbito da parceria IHRU / Diocese do Porto)

Actualização

 
 
 
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