Castelo de Veiros / Castelo e cerca urbana de Veiros
| IPA.00003952 |
Portugal, Évora, Estremoz, Veiros |
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Arquitectura militar medieval, gótica. Cerca urbana promovida por ordem religiosa militar (Ordem de Avis), com traçado irregular quase trapezoidal, dotada de quatro portas em arco quebrado, flanqueadas por cubelos de planta ultra-semicircular ou em U. O recinto intra-muros integra igreja matriz, igreja da Misericórdia e vestígios da torre de menagem. Assemelha-se ao Castelo de Viana do Alentejo (v. PT040713020002) pela sua área reduzida, forma poligonal e integração da igreja da Misericórdia. Cerca muralhada implantada em local pouco elevado e actualmente desprovida de torre de menagem. Cubelos com planta ultra-semicircular integrando estrutura trecentista. Adarve com duplo parapeito. Terão existido quatro portas, uma delas no local onde hoje está a torre do relógio, que seria a porta principal, também flanqueada por cubelos (CUNHA, 2000). A nível epigráfico destaca-se a originalidade da composição das inscrições medievais. Castelo que constitui actualmente propriedade privada. |
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Número IPA Antigo: PT040704130019 |
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Registo visualizado 3205 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Militar Castelo e cerca urbana
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Descrição
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Cerca de muralha, de linha sinuosa acompanhando a topografia, apresentando um traçado vagamente triangular, edificada em alvenaria de xisto. Apresenta três portas, a N. S. e O., sendo que existia uma quarta a E., no local da actual torre do relógio. Conserva nove torres: sete, de planta em U, seis delas enquadrando as portas N., S. e O, enquanto a outra se encontra orientada a NO. uma outra torre, de planta quadrangular, vigia e defende o amplo paramento N. e é acessível através de um caminho militar do séc. 17 (CUNHA, 2000). O adarve foi alargado e apresenta parapeito nos lados interior e exterior, substituindo o antigo remate com ameias. A torre do relógio, pertencente anteriormente às portas do Sol, é composta por volume inferior cilíndrico com escada externa coleante e volume superior paralelepipédico com campanário de sino de correr com quatro olhais rematado por coruchéu piramidal circundado por quatro urnas. Mostrador de mármore na face oriental, com numeração romana, apresentando, na parte inferior, uma face alada, feita no mesmo material. Abaixo desta figura, encontra-se uma tabela ovalada com cronograma de 1789. Possui um único sino de bronze fundido. Subsistiram três portas a S., O. e N, todas flanqueadas por dois cubelos. A porta S., possível Porta de Estremoz (CUNHA, 2000), apresenta vão em arco quebrado no exterior, e arco abatido no interior; a porta O., obstruída e próxima da cisterna, é flanqueada por dois torreões cilíndricos através de um arco de volta perfeita, no topo do qual existe uma abertura de onde os defensores largavam pedras para defesa da porta; a porta N. é composta por portal em arco quebrado com imposta saliente. No ponto mais elevado do recinto intramuros, encontram-se os vestígios da antiga torre de menagem, que compõem uma linha de alicerces graníticos. Escadaria de acesso ao adarve adossada junto à porta S., em avançado estado de degradação. No terreiro do castelo, sobre um murete, encontra-se um bloco de pedra, outrora colocado sobre a porta de entrada da torre de menagem, que mostra duas inscrições a ladear uma cruz da Ordem de Avis. Encontram-se adossados às muralhas vestígios de antigas construções. |
Acessos
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EN372, Largo do Castelo. VWGS84 38º57'10.59''N 7º30'30.48''O |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 41.191, DG, 1.ª série, n.º 162 de 18 julho 1957 |
Enquadramento
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Urbano. Situa-se a N. do concelho de Estremoz e a NE. da ribeira da Ana Loura, coroando a cumeeira da colina escarpada da vila de Veiros, a 300m de altitude, dominando vasto horizonte. Do adarve, é possível avistar a cidade de Elvas, Estremoz, Borba e Vila Viçosa, bem como as planuras da Estremadura castelhana. Integra no recinto intramuros, a Igreja Matriz de São Salvador (v. PT040704130026), a Igreja da Misericórdia (v. PT040704130043), vários muros baixos de separação, e outros edifícios de menores dimensões. |
Descrição Complementar
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INSCRIÇÕES: 1.(CEMP nº.517) Inscrição identificativa do mestre de obras da torre de menagem gravada no primeiro quarto de um bloco de pedra inferiormente decorado com uma arcada tripla quebrada; no canto superior esquerdo está lascada e restaurada com cimento; Mármore; Dimensões: Total: 48x174x19; Campo Epigráfico: 14x40; Tipo de Letra: Capitular carolino-gótica; Leitura: PERO ABROLHO FOI MESTRE DE FA ZER ESTA TORRE. No segundo quarto em campo quadrangular uma cruz da Ordem de Avis, em relevo, superiormente acompanhada de dois frutos e à sinistra um pequeno pássaro; 2. (CEMP nº. 517) Inscrição comemorativa da construção da torre de menagem do castelo gravada na segunda metade de um bloco de pedra que estava encaixado sobre o arco da porta da mesma; no canto inferior direito está erodida dificultando a leitura da última palavra; Mármore; Dimensões: Campo Epigráfico: 35x81; Tipo de letra: Capitular carolino-gótica; Leitura: ERA Mª CCCª XXXXVIª (=1346= ano 1308) AOS XX DIAS DE MAIO COMEÇARAM ESTA TORRE E MANDOU-A FAZER DOM LOURENÇO AFONSO MESTRE DA CAVALARIA DA ORDEM D' AVIS E POS A PRIMEIRA PEDRA EM O FUNDAMENTO E NAQUELE TEMPO REINAVA EL REI DOM DINIS E A RAINHA DONA HELISABHET(=ISABEL) SIT NOMEN DOMINI BENEDICTUM ET LOVOR(?). |
Utilização Inicial
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Militar: castelo e cerca urbana |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: marco histórico-cultural |
Propriedade
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Privada: fundação |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 14 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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MESTRE DE OBRAS: Pedro Abrolho (torre de menagem). |
Cronologia
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1217 - Segundo Túlio Espanca, os cavaleiros da Ordem de Avis e o seu mestre D. Fernão Anes conquistaram "Valerius", topónimo romano pelo qual Veiros era conhecida durante a Idade Média, situando-se numa colina escarpada onde existiam vestígios de uma estrutura fortificada da época proto-histórica; 1258 - Rui de Azevedo considerou que só nesta data Veiros foi fundada e povoada pela Ordem de Avis (AZEVEDO, 1937, p. 59); 1299 - Martim Fernandes ocupou o cargo de Comendador de Veiros, gerindo os bens da Ordem de Avis nessa vila (CUNHA, 1989, p. 130); 1308, 20 de Maio - início da construção da torre de menagem, pelo mestre de obras Pedro Abrolho, a expensas da Ordem de Avis, sendo mestre D. Lourenço Afonso como comprova a inscrição nº. 2; 1377 - segundo António Maria Cunha (2000), terá sido em Veiros que nasceu D. Afonso, primeiro duque de Bragança; 1381 - no contexto das guerras com Castela, as forças combinadas dos mestres de Alcântara e de Santiago lançaram fogo à porta da barbacã, embora não tenham conseguido tomar o castelo; 1510, 2 de Novembro - concessão de foral por D. Manuel I; 1646 / 1661 - ataques a Veiros no contexto das guerras da Restauração; 1662 - a torre de menagem foi integralmente destruída pela explosão ordenada por D. João de Áustria, para castigar a resistência armada da população; 1665 - ocupação do castelo pelo marquês de Caracena, época em que várias zonas da vila foram incendiadas; séc. 17 - durante as Guerras da Restauração, no reinado de D. Afonso VI e por ordem do Conselho de Guerra, o adarve foi reforçado por sólido parapeito cego que substituiu as ameias, formando caminho de ronda mais largo destinado ao movimento de bocas de fogo; a porta E. foi obstruída pelo casario; 1812 - o quartel-general dos Regimentos de Infantaria 4 e 10 esteve estabelecido no recinto muralhado, em conjunto com um parque de artilharia e um Regimento de Highlanders Escoceses; 1872, 4 Novembro - extinção do concelho de Veiros, passando a integrar o de Monforte; 1895, 26 Setembro - passagem de Veiros para o concelho de Estremoz; 1956, 13 Março - ofício da Direcção-Geral de Finanças do Distrito de Évora segundo o qual o castelo de Veiros entrou na posse do Asilo de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro de Veiros por testamento da Condessa de Cuba, D. Maria Francisca Borges Coutinho de Medeiros Sousa Dias da Câmara e Lencastre (processo de imposto sucessório no 6º Bairro Fiscal de Lisboa ); 2005, Julho - elaboração Carta de Risco do imóvel pela DGEMN; 2022, 14 dezembro - queda de um troço de muralha com cerca de cinco metros, devido ao mau tempo. |
Dados Técnicos
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Estrutura mista |
Materiais
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Alvenaria de xisto, cantaria de granito, mármore em elementos secundários. |
Bibliografia
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Rui de Azevedo - "Período de formação territorial: expansão pela conquista e sua consolidação pelo povoamento. As terras doadas. Agentes colonizadores". História da Expansão Portuguesa no Mundo, Lisboa: Ática, 1937, vol. I; ALMEIDA, João - Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses. Lisboa: Edição de Autor, 1948; CUNHA, António Maria - Monografia Geral sobre a Freguesia de Veiros. Arraiolos: MONTE desenvolvimento Alentejo Central, 2000; ESPANCA, Túlio - Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Évora, Lisboa: Sociedade Nacional de Belas Artes, 1975, vol. VII, p. 250; CUNHA, Maria Cristina - A Ordem Militar de Avis (Das Origens a 1329), Dissertação de Mestrado em História. Porto: Universidade do Porto, 1989, p.130; BARROCA, Mário Jorge - Epigrafia Medieval Portuguesa (862-1422). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2000, vol. II, pp. 1348-135.2 |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco, DGEMN/DREMS |
Intervenção Realizada
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1939 - restauro geral; CME: 1998 - 2000 - obras de recuperação no âmbito do Plano Global de Intervenção do Centro Rural de Veiros. |
Observações
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Autor e Data
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Manuel Branco 1993 / Filipa Avellar 2005 |
Actualização
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Margarida Contreiras 2013 |
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