|
Edifício e estrutura Edifício Saúde Hospital
|
Descrição
|
De planta em cruz latina organizada em torno de claustro quadrangular, o edifício apresenta volumetria paralelepipédica, sendo a cobertura efectuada por telhados a 3 e 4 águas, e em cúpula hemisférica. Em reboco pintado, o edifício compõe-se de 2 pisos separados por friso de cantaria, rasgados por vãos. O alçado principal do edifício, a N., organiza-se em 5 corpos, separados por pilastras em cantaria rematadas superiormente em plinto com bola. O corpo central que se destaca em alçado pela elevação de um 3º nível, apresenta no piso térreo, 3 arcos de volta perfeita, a inscrever janela nos arcos colaterais, sendo o central vazado por porta de verga recta com bandeira radial. A eixo, sobre a porta principal, reconhecem-se pedra de armas (*1), no 2º andar e nicho em cantaria albergando escultura no 3º, sendo ambos ladeados por janelas. Acima da cornija, no enfiamento do corpo central, eleva-se frontão triangular, com o símbolo da Ordem de Cristo, e plintos com bola nos acrotérios. Os corpos laterais, em simetria, apresentam pano de muro ritmado por janelas nos 2 níveis: destacam-se os 2 corpos extremos pela presença no piso térreo de janela idêntica às existentes na base do corpo central, sendo sobrepujadas por janela de verga recta destacada, guarnecida de balaústres. O alçado lateral a O., é ritmado por janelas, independentes ao nível do solo e agrupadas no piso superior. No enfiamento do corpo central, ressalta no conjunto uma cúpula. Acede-se ao interior por um pequeno pátio, intercomunicante com o claustro, que se caracteriza por alas em arcadas de volta perfeita em cantaria, no piso térreo, e por pilastras de cantaria intercaladas com varandim em ferro forjado com anel a meia altura, no andar superior. Corresponde à cúpula, a capela de planta longitudinal, localizada no andar superior apresentando entrada encimada por frontão curvo, e cobertura em cúpula e em abóbada de berço. A compartimentação interna organiza-se segundo eixos de circulação e distribuição (corredores). |
Acessos
|
Largo da Luz; Azinhaga da Fonte |
Protecção
|
Incluído na Zona Antiga de Carnide-Luz (v. IPA.00006114) |
Enquadramento
|
Urbano, destacado, isolado por recinto gradeado e murado. Integrado na área do Colégio Militar (v. PT031106110389) é designado como edifício principal; a fachada principal é voltada a N. para o Largo da Luz, ficando-lhe próximo, a O., a Igreja de Nossa Senhora da Luz (v. PT031106110019) e, do lado E., no seguimento do muro do Colégio que acompanha a Estrada da Luz, o Palácio dos Condes de Mesquitela (v. PT031106111081). |
Descrição Complementar
|
O nicho existente no pano de muro localizado no corpo a eixo do alçado principal, apresenta-se inteiramente trabalhado com nuvens, querubins e resplendor raiado, envolvendo representação escultórica de Nossa Senhora dos Prazeres sobre peanha. O interior da capela, é ornamentado com grotescos e ferroneries, exibindo no retábulo-mor pintura em tela representando a Infanta. Verifica-se a existência de azulejos polícromos, dispostos em lambris, no claustro e corredores, de padronagem e de maçaroca (séc. 18). |
Utilização Inicial
|
Saúde: hospital |
Utilização Actual
|
Educativa: academia / escola militar e paramilitar |
Propriedade
|
Pública: estatal |
Afectação
|
Ministério da Defesa Nacional |
Época Construção
|
Séc. 17 |
Arquitecto / Construtor / Autor
|
APONTADORES: Luís Machado da Costa (1611); Luís Veloso (1611-16). ARQUITECTO: Baltazar Álvares (1611-13). CALCETEIROS: António Esteves (1616); Cristóvão Rodrigues (1616) e Francisco Afonso (1616). LADRILHADORES: Francisco Luís (1611); Gaspar Vicente (1611). MARCENEIROS: Domingos Luís e filho (1616). MESTRE-DE-OBRAS: António Inácio Branco (1842). PEDREIROS: Luís Gonçalves (1611-16); Pero Luís (1611-16). |
Cronologia
|
1577 - falecimento da infanta D. Maria, estabelecendo o seu testamento a doação de todos os seus bens ao santuário da Luz e a construção de um novo hospital com capacidade para 63 doentes; 1601 - início da construção do hospital; 1611, 13 Agosto - pagamento aos apontadores da obra do hospital, Luís Veloso e Luís Machado da Costa, mantendo-se o primeiro até 1616; pagamento a Gaspar Vicente e Francisco Luís pela obra de ladrilhador, no hospital (4$470); 1611 - 1613 - pagamentos a Baltazar Álvares pela obra do hospital; pagamentos a António de Lima pela obra de carpintaria, 962$022; 1611 - 1616 - pagamentos aos pedreiros Pero Luís e Luís Gonçalves pela obra do hospital (1:308$622); 1613 - a construção do hospital encontrava-se muito adiantada; 1616, 11 julho - pagamento aos marceneiros Domingos Luís e filho, pelo retábulo da capela do hospital (80$400); entrega de 240$000 ao prior do mosteiro para adquirir um terreno para o adro do hospital; pagamento a António Esteves, Cristóvão Rodrigues e Francisco Afonso, calceteiros da obra do hospital (138$900); 1618 - inauguração do novo hospital; 1755, 01 novembro - grandes danos provocados pelo terramoto, especialmente na capela, nas enfermarias, nas casas do Provedor, Almoxarife, Médico, Cirurgião e Boticário; as varandas e telhados ficaram arruinados; o hospital sobrevive com três mil cruzados deixados por Lourenço Beaumont, sepultado no cemitério do hospital; sucede-se a reconstrução da torre e reforma de uma das enfermarias; 1758, 21 abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo cura Manuel José Nunes Tavares, é referido que o hospital é administrado pela Ordem de Cristo, que presta contas anuais à Mesa da Consciência e Ordens; as rendas são menores do que as deixadas por D. Maria, uma vez que dependiam de bens existentes em Castela, que deve 77:000$000; 1814 - instalação do Real Colégio Militar no que fora o antigo hospital da Luz; 1830 / 1838 - instalação da Escola de Medicina Veterinária em parte das dependências do antigo hospital; 1835 - o Colégio Militar abandona o local; 1842, 12 novembro - António Inácio Branco foi encarregado de proceder, com o Dr. Bernardino António Gomes, ao projecto de adaptação do edifício a hospital de alienados; 1859 - o Colégio Militar regressa ao edifício, após ter estado um longo período de 11 anos em Mafra; 1870 - a instituição abandona o edifício, sendo instalada no Convento de Mafra; 1873 - instalação definitiva do Colégio Militar nas dependências do antigo hospital; 1995, 30 janeiro - proposta de classificação do edifício pelo Gabinete da Direção do Colégio Militar; 17 março - por despacho, foi determinada a abertura do processo de classificação do Núcleo histórico do Colégio Militar que inclui o antigo Hospital da Luz e o Palácio dos Condes de Mesquitela; 2009, 23 outubro - o processo de classificação caduca nos termos do artigo 78.º do Decreto-Lei n.º 309/2009, DR, 1.ª série, n.º 206, publicado nesta data; 2010, 23 outubro - proposta de revogação do despacho de abertura do processo de classificação pela DRCLVTejo. |
Dados Técnicos
|
Paredes autoportantes |
Materiais
|
Alvenaria mista, cantaria de calcário, mármore, reboco pintado, ferro forjado, azulejo, betão |
Bibliografia
|
ALMEIDA, Jayme Duarte de, O Colégio Militar, Lisboa, 1953; ALMEIDA, Mónica da Anunciata Duarte de, O Porgrama Artístico da Capela-mor da Igreja de Nossa Senhora da Luz de Carnide, 2 vols., Lisboa, dissertação de mestrado na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 1997; Archivo Pittoresco, Vol. VI, Lisboa, 1863; CALADO, Maria, FERREIRA, Vítor Matias, Lisboa. Freguesia de Carnide, Lisboa, 1993; CARVALHO, José da Silva, Carnide e o seu Património Edificado. Um Percurso de Sete Rios à Pontinha, Lisboa, 1987; CONSIGLIERI, Carlos e OUTROS, Pelas Freguesias de Lisboa. O Termo de Lisboa, Lisboa, 1993; FRIAS, Hilda Moreira de, A Arquitectura Régia em Carnide / Luz, Lisboa, 1994; LEITE, Ana Cristina, O Jardim em Portugal nos Séculos XVII e XVIII - Arquitecturas, Programas, Iconografias, Lisboa, 1988 (Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa; texto policopiado); MATOS, Alfredo, PORTUGAL, Fernando, Lisboa em 1758. Memórias Paroquiais de Lisboa, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1974; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no Triénio de 1947 a 1949, Lisboa, 1950; PEREIRA, Gabriel, O Lindo Sítio de Carnide, Lisboa, 1898; VITERBO, Sousa, Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portuguezes ou a serviço de Portugal, Lisboa, Imprensa Nacional, 1904, vol. III. |
Documentação Gráfica
|
IHRU: DGEMN/DSARH, DGEMN/DRELisboa/DIE/DRC |
Documentação Fotográfica
|
IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
|
IHRU: DGEMN/DSARH, DGEMN/DRELisboa |
Intervenção Realizada
|
|
Observações
|
*1 - cuja leitura heráldica é a seguinte: em lisonja, partida, o 1º vazio, o 2º de Portugal, Timbre: a coroa real |
Autor e Data
|
Teresa Vale, Carlos Gomes e Maria Ferreira 1996 |
Actualização
|
João Machado 2005 |
|
|
|
|
| |