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Edifício e estrutura Edifício Residencial unifamiliar Casa Palacete
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Descrição
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De planta regular, organiza-se planimétricamente dentro de quadrilátero desenvolvendo-se através de um conjunto de volumes de três pisos que se articulam entre si com cobertura de duas águas, realçado nos cantos por torreões salientes de secção quadrada cujas coberturas, de telha vidrada com beirais salientes, em tronco de pirâmide com mansardas são sobrepostas por pirâmides de maior abertura. Na fachada leste, composta por dois andares e uma mansarda, a reentrância provocada pelo avanço dos torreões deu lugar a um alpendre que se divide em três zonas: as laterais, em que a arquitrave recta forma varandas no andar superior com balaustrada de cantaria; e a central correspondente à zona do alpendre em que a arquitrave, em curva, acompanha a elevação da entrada nobre, de arco de volta redonda com frontão triangular sobre pilastras. No piso térreo, abrem-se três vãos e é visível um lambril de azulejos do tipo navio e flor. O primeiro piso com varanda delimitada por balaustrada, abrem-se cinco vãos de sacada com arco abatido. Do telhado de duas águas que cobre o corpo central, elevam-se três trapeiras. Esta lógica de fachada repete-se um pouco pelas restantes. A fachada Sul, com carácter de excepção, apresenta três pisos, está virada para o jardim e também aqui o recuo do corpo central da lugar a uma galeria sobre o qual decorre uma varanda com balaustrada, que serve o andar superior. Sob esta varanda abrem-se vãos separados por pilares de secção quadrada. O acesso ao jardim faz-se através de uma escadaria de lanços divergentes paralelos ao plano de parede que terminam num extenso terraço limitado por balaustrada. INTERIOR: há a destacar o átrio - com pavimento de mármore e tecto de estuque, apresenta no muro de fundo uma porta de ferro forjado (Vasco Regaleira, Fábrica Granja, séc. 20) e emolduramento de cantaria; a escadaria - com um 1º lanço que se desdobra em 2 no patamar médio, o qual possui tecto de estuque abaulado, com clarabóia e lanternim, e ostenta revestimento azulejar nos muros (séc. 20); a Sala de Entrada - com tecto de estuque, levemente relevado, e uma porta de serralharia artística (Vasco Regaleira) e emolduramento de cantaria ; a Sala de Jantar e Sala de Estar - ambas com tectos de estuque; Capela - de pequenas dimensões, com galeria superior limitada por balaustrada de madeira e silhares de azulejos setecentistas - do tipo rótulos e pendurados, com figuras episódicas e pilastras nas bordaduras laterais. A sanca apresenta pintura ornamental policroma (grinaldas e cartelas com versículos dos salmos). O denominado jardim grande, fronteiro ao alçado S., apresenta traçado setecentista com muretes de azulejos (cenas de caça), bustos de mármore e espécies vegetais notáveis. |
Acessos
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Rua da Junqueira, n.º 138 / Calçada da Boa Hora, n.º 3 - 5 e 29 |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 2/96, DR, 1.ª série-B, n.º 56 de 06 março 1996 *1 / Incluído na Zona Especial de Proteção conjunta da Capela de Santo Amaro (v. IPA.00006224), Palácio Burnay (v. IPA.00006535), Salão Pompeia (v. IPA.00006536) e Casa Nobre de Lázaro Leitão Aranha (v. IPA.00006221) / Parcialmente incluído na Zona de Proteção da Cordoaria Nacional (v. IPA.00003181) / Parcialmente incluído na Zona de Proteção do Palacete Polignac de Barros (IPA.00025572) |
Enquadramento
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Edificado numa antiga zona de ocupação de cariz aristocrático em que a sucessão de casas nobres de recreio ao estilo barroco, o Palácio das Águias, com a sua quinta e jardins, constitui um comprido e estreito rectângulo afunilado a Norte. Hoje integrado no plano urbano definido pela Rua da Junqueira, é confinado, a Sul, pela Rua da Junqueira, a Nascente e a Norte pela Travessa da Boa-Hora, e a Poente pelo Rio seco. Situa-se nas proximidades do Palácio do Ega do Edifício da Fabrica Nacional de Cordoaria (v. PT031106320175) e do Chafariz da Junqueira (v. PT031106320373). |
Descrição Complementar
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Porta guarnecida a cantaria e enriquecida por portal de ferragem portuguesa da autoria de Vasco Regaleira, rematado pela águia heráldica dos Sampaios (Átrio). Tecto de estuque branco dividido em doze quadrelas geométricas, cavadas, sobrepostas com relevo de estuque no estilo Luis XVI (Sala de Jantar). Pintura atribuida ao pintor francês Pierre - Antoine Quillard (Capela). |
Utilização Inicial
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Residencial: casa |
Utilização Actual
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Devoluto |
Propriedade
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Privada: pessoa colectiva |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 18 / 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTO: Fortunato Lodi. ENGENHEIRO: Carlos Mardel (atr.). |
Cronologia
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1731 - Diogo Mendonça Corte Real (filho legitimado do estadista homónimo, secretário de Estado de D. João V) adquire a casa - talvez o núcleo primitivo da actual edificação - construída em 1713 pelo licenciado Manuel Lopes Bicudo na parte S. da propriedade que aforara e era, até então, parte integrante do domínio dos Saldanha e Albuquerque; c. 1735 / 1755 - Diogo Mendonça Corte Real terá feito significativas obras na casa e terá também sido o responsável pelo jardim que existe entre o palácio e a rua da Junqueira, com seus bancos e muretes de revestimento azulejar azul e branco da 1ª metade de Setecentos; 1758 - falecimento no palácio da quinta do cardeal patriarca de Lisboa D. José Manuel da Câmara, a quem a propriedade se encontrava arrendada; 1758 - D. João Pedro Mendonça, meio-irmão do proprietário, passsa a residir na quinta; 1771 - falecimento de Diogo Mendonça Corte Real iniciando a quinta um longo período de decadência e degradação; 1838 - resolução judicial do litígio relativo à herança de Diogo Mendonça Corte-Real ficando a quinta na posse da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa; 1841 - a propriedade é adquirida por José Dias Leite de Sampaio, contratador de tabaco e de sabões, que se torna o 1º barão e depois 1º visconde da Junqueira. Registam-se então modificações na propriedade da responsabilidade do Arquitecto Fortunato Lodi, amigo do proprietário; 1913 - morte da condessa da Junqueira, D. Emília Angélica Monteiro Sampaio, filha e única herdeira do visconde, passando a quinta por nova fase de decadência e degradação; 1933 - a quinta, sendo propriedade do Dr. Fausto Lopo de Carvalho, regista significativas obras, sobretudo no interior do palácio; 1937 - estariam concluídas as obras; 1999 - a casa encontra-se fechada há 10 anos e em processo de degradação devido ao abandono, por motivo de partilhas; 20 Maio - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes |
Materiais
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Alvenaria, cantaria de calcário, ferro fundido e forjado, azulejos, reboco pintado, mármore, estuque pintado, madeira. |
Bibliografia
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LAMAS, Arthur, A Quinta de Diogo de Mendonça no Sítio da Junqueira, Lisboa, 1924; ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, Fasc. 8, Lisboa, 1950; VIDAL, Frederico Gavazzo Perry, Os Velhos Palácios da Rua da Junqueira, in Olisipo, Ano XVIII, Nº 70, Abril 1955 e Ano XVIII, Nº 71, Julho 1955; ATAÍDE, M. Maia, (coord. de), Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Lisboa - Tomo III, Lisboa, 1988; GONÇALVES, José Manuel, Palácio das Águias, in Casa e Jardim, Lisboa, Setembro 1990 |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco; CML: Arquivo de Obras, Proc. Nº 2506; IGESPAR: IPPAR: Proc. Nº 89/3 (113) |
Intervenção Realizada
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PROPRIETÁRIO: 1914 - pequenas alterações em dependências anexas; 1927 - obras de manutenção geral; 1934 - obras de alteração do edifício principal, nomeadamente: construção de varanda fechada no alçado O., segundo projecto dos arquitectos Vasco Regaleira (m. 1968) e Jorge Segurado (1898 - 1990); 1940 - obras gerais de manutenção; 1947 - alterações várias nas dependências anexas, ampliações. |
Observações
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*1 - DOF: Quinta das Águias, também denominada Quinta de Diogo de Mendonça, Quinta do Visconde da Junqueira, Quinta do Prof. Lopo de Carvalho ou Quinta dos Côrte-Real. |
Autor e Data
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Teresa Vale e Carlos Gomes 1993 |
Actualização
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João Marques e Ricardo Porfírio 2003 |
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